segunda-feira, 2 de março de 2009

Cesse Tudo que o Grande Cinema Canta/Conta que um Valor Tão Alto se Alevanta




Fui ver a exposição de Vik Muniz no MAM-RJ e saí completamente chapado. Há anos uma individual no Brasil não me deixava tão encantado. Pode-se sem nenhum favor dizer que se trata de um trabalho de gênio. Gênio sim, mesmo que esta palavra esteja um tanto gasta. Mas o fato é que temos a obra de um artista com grande sensibilidade, originalidade e criatividade e de grande comunicação com o público por mais sofisticado que seja seu trabalho.

Vik se vale dos mais diferentes materiais perecíveis, permanentes, recicláveis ou não, forma suas composições e as fotografa, imortalizando-as e eternizando-as em outro suporte. Os resultados são deslumbrantemente belos: ícones de terror construídos com caviar; divas de Hollywood evocadas com diamantes; personagens da coleta de lixo de Gramacho em belíssimas composições (há uma instalação onde pessoas correm trazendo materiais que formam figuras humanas que é atordoantemente bela); rostos de meninos que ganham nova dimensão quando pulverizados com açúcar; paisagens feitas com linhas; um mapa-múndi construído com computadores e outros gadgets que é uma grande expressão do mundo frio, globalizado, belo e “tecnologicizado” que vivemos; recortes de um quebra-cabeças que evocam “O Jardim das Delícias” de Bosch; duas bandeiras americanas construídas com flores; paisagem de guerra feitas com soldadinhos de brinquedo; nuvens feitas de algodão que remetem a animais; uma Medusa construída num prato de macarrão e muitas outras maravilhas mais com outras técnicas e posturas.

Com Vik o efêmero ganha permanência e transcendência e conforme uma frase sua da entrada tudo o que faz é só metade do trabalho, que fica “no escuro de um museu”; a outra é feita pelo público que freqüenta a exposição. Vik dialoga com vários ícones da História da Arte como Duchamps, Warhol, Bosch, artistas renascentistas, etc. Mas sempre mantendo uma grande marca pessoal e sem hermetismos. Sua exposição no domingo,1 de março, à tarde, estava sendo fruída por um enorme e heterogêneo público.

Moderno? Contemporâneo? Pós-Moderno? Vanguarda? Trans-Vanguarda? Vick escapa a qualquer rótulo nesta época de tantas empulhações de falsas “grande arte”. O que ressalta é um trabalho de grande impacto e beleza que com toda justeza tem transcendido em sucesso as nossas fronteiras e nos faz sentir orgulho de termos nascido no mesmo país que ele. Como o baiano Glauber no Cinema, este paulista nascido em 1961, é uma das nossas forças que o mundo admira e que veio para permanecer no nosso imaginário, no “museu” eterno que construímos em nossa cabeça.

Nelson Rodrigues de Souza

2 comentários:

  1. CONCORDO EM GENERO, NUMERO E GRAU...AGORA TUDO SEM ACENTO.
    ESTA TUDO MUITO BEM, TUDO MUITO BOM, MAS O QUE FAÇO COM OS ACENTOS DO TECLADO DO MEU COMPUTADOR?

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  2. Vik é realmente genial e a exposição no MAM, IMPERDÍVEL - em letras garrafais. Ainda a visitarei umas duas vezes mais.
    Ele lava a alma da arte contemporânea, que peca, muitas vezes, por excesso de conceitualismo versus ausência de vigor estético.
    Em Vik, forma e conceito caminham juntos e se complementam. Sua arte é exuberante e profunda, popular e refinada, acessível e intelectualizada. Uma explosão de criatividade!
    Raramente compro catálogos após as exposições, porque são muito caros. Mas, dessa vez eu não resisti. Eu tinha que guardar comigo um registro daquele momento mágico em que entrei em contato com a obra de um artista singular.
    Abraços. Gina

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