sábado, 22 de janeiro de 2011

Iñárritu, Arriaga e Querelas Menores Diante da Grandeza da Vida Em Face da Morte















Iñárritu, Arriaga e Querelas Menores Diante da Grandeza da Vida Em Face da Morte

1- “Biutiful” de Alejandro González Iñárritu

Barcelona Me Engana

Afinal, um filme é em essência do diretor e atores ou do roteirista? Esta questão, que já se tornou bizantina pela falta de consenso, volta à tona com a estreia do impactante e emocionante “Biutiful” (Espanha, México/2010), primeiro filme de Alejandro González Iñárritu depois da trilogia que fez com o roteirista Guillermo Arriaga (“Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel”), agora com roteiro do próprio Iñárritu junto com Armando Bó e Nicolás Giacobane.

Se faltou a mão de Arriaga para polir/cortar/reeditar algumas cenas de “Biutitul” em seus 147 minutos de duração, que se tornam um tanto over, no conjunto a mão firme do diretor Iñárritu nos oferece um espetáculo pulsante e lancinante sobre o grande amor de um homem (Uxtal/ Javier Bardem) por seus filhos, em essência, quando vários fatores se contrapõem a esta dedicação comovente que ele devota à filha mais velha Ana ( Hanaa Bouchaibi) e ao pequeno Matteo ( Gillermo Estrella), que moram com este pai, longe da mãe Marambra (Maricel Álvarez) que mora em outra casa da parte marginal de Barcelona, sendo instável, bipolar, vivendo de massagens que se avizinham da prostituição.

Uxtal descobre que está com câncer de próstata em estado avançado e irrecuperável. Com quimioterapia durará aproximadamente dois meses. Seu ganha-pão consiste em agenciar imigrantes ilegais africanos e chineses para trabalhos ilegais (para o diretor estes “são os escravos do século XXI”) no submundo de Barcelona. Dois chineses, amantes homossexuais, serão perversos intermediários neste jogo perigoso. Uxtal precisa dar um nó em todas as pontas soltas de sua vida, profissionais e familiares para que possa morrer em paz. Uxtal tem mediunidade que explora com certo receio, revertendo também em ganhos.

Iñárritu pesquisou bastante este lado sem luz da tão badalada cidade espanhola e isto se reverteu em grande autenticidade. Uma perseguição policial que pretende prender negros traficantes é feita como bastante apuro técnico e convencimento, num trabalho com não atores, com um ar quase que hiper-documental.

Ainda que inclua novos elementos à sua filmografia, um deles permanece onipresente que é a morte. Sobre esta questão, assim expressou-se o diretor:

“Eu sempre observo a morte a partir da vida. Mais que a morte, me interessa a vida. E é ao sentir que pode morrer que Uxbal, paradoxalmente, sente que a vida está ganhando significado. Ele encontra esse sentido no amor, na compaixão".

"Senti-me sempre estimulado pela ideia de vida após a morte. É fascinante este debate se somos mais do que corpo, sangue e carne, embora eu esteja sempre em conflito entre crer e não crer. Ainda assim, me interessou colocar isso no diálogo do filme".

“Biutiful” foi exibido no Festival de Cannes 2010 onde Javier Bardem pela sua espantosa entrega na composição de Uxabal, correndo o risco do patético, mas resvalando para o sublime, ganhou o prêmio de melhor ator (dividido com Enio Germano em “La Nostra Vita” de Daniele Luchetti, uma obra também sensacional). Mas depois de maio de 2010 o filme teve de esperar até janeiro de 2011 para realmente estrear nos cinemas dos EUA e então no Brasil (com exibições curtas em dezembro de 2011 para garantir a possibilidade de concorrer ao Oscar em algumas categorias). Segundo o diretor seus filmes, por um tom melancólico inerente e por tratar de frente da morte, vão contra uma tendência de americanos de serem thanatosfóbicos, sendo exibidos num período outonal, tendo tido dificuldades de encontrar espaço num mercado em que o espectador também é avesso à língua estrangeira. O curioso é que filmes com muitos tiroteios, mortes e explosões são vistos como agradável passatempo em qualquer estação, como um parque de diversões.

Além da habilidade de trabalhar com situações limites imprimindo forte dramaticidade à qual não falta uma poesia crua, Iñárritu tem pleno domínio na direção geral de atores destacando-se também em “Biutiful” o trabalho das crianças e de Maricel Álvarez como Alhambra, a mulher leoa ferida, prisioneira de suas obsessões e uma circunstância marginal da qual não consegue elaborar planos de fuga, a não ser uma viagem breve aos Pirineus nevados.

Com “Biutiful” Iñárritu confirma (apesar de seus inúmeros detratores) que é um autor com seus temas obsessivos que merece ser acompanhado e que por via transversa nos faz valorizarmos nossas vidas ao nos defrontarmos com personagens à beira do abismo, sorvendo os últimos sopros de vida.

Para não fugir da questão levantada de início, tendo de optar, eu tendo a reconhecer o Cinema como uma arte muito mais do diretor (e dos atores) do que do roteirista. Um roteiro médio pode se transformar num grande filme pelas mãos de um grande diretor e atores empenhados. Já um grande roteiro pode se perder nas mãos de um diretor mediano, com atores ídem. “O Búfalo da Noite” com roteiro de Arriaga e direção de Jorge Hernandez Aldan resultou num filme ruim, confuso. Já “Três Enterros”, roteiro de Arriaga dirigido por Tommy Lee Jones é excelente, sendo provavelmente o melhor filme já feito até agora sobre os conflitos de fronteira México/EUA. Aqui tanto a direção como o roteiro são superlativos.

Em “Biutiful”, Iñárritu abandonou a estrutura de filmes corais dos seus três longas anteriores investindo na linearidade com grande progressão dramática, ousando apenas uma circularidade. A história assim o pediu. Tomara este jogo de vaidades seja superado e ele volte também a trabalhar com Arriaga e este experimente também histórias mais lineares, além de seus intrigantes roteiros corais.

*http://cinema.uol.com.br/ultnot/reuters/2011/01/20/biutiful-pode-ganhar-indicacao-de-oscar-para-o-mexico.jhtm

Os próximos dois textos contém spoilers, ou seja, detalhes fundamentais da narrativa são revelados para a pretendida análise, tendo sido publicados originariamente no Jornal Montblãat. Aqui se encontram com cortes, acréscimos, correções e atualizações.

2- “Babel” de Alejandro González Iñárritu

O Caos Ampliado Pela Intolerância Globalizada

Com a revolução que a microinformática e a robótica (dentre outras conquistas tecnológicas) representaram, a humanidade estava, em tese, com a faca e o queijo na mão para agir com sabedoria e ter um extraordinário salto quantitativo e qualitativo em qualidade de vida para todos. Mas com o poder concentrado em mãos egoístas, insensatas e argentárias, o que se viu foi crescer um abismo cada maior entre os ricos e pobres (eufemisticamente chamados de incluídos e excluídos respectivamente), bem como a eclosão de classes médias reféns de empregos estáveis como bolhas de sabão e desastres ambientais em cascata. Com os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 e a guerra terrorista desencadeada pelos EUA contra o terror, a humanidade passou a ter acirrados além dos seus conflitos de classe, aqueles de ordem religiosa, com religiões estigmatizadas e outras tidas como superiores. Israel construiu muros para isolar palestinos. Os EUA idem para controlar a entrada de mexicanos e outros potenciais imigrantes latinos. Passamos a viver numa era em que o trânsito globalizado de capitais e mercadorias é bem vindo, mas o de pessoas não. Enfim a passagem bíblica da Torre de Babel, em que Deus puniu os homens obrigando-os a falar línguas distintas, por terem tentado construir uma grande obra em direção aos céus, de forma que amariam muito mais as criações do que o criador, não querendo se espalhar pelo planeta, pode ser tomada, metaforicamente, como sintoma deste mundo em crise agônica.

Dado que nascemos e um dia morreremos, vá construir uma vidinha decente neste intervalo...”- ironizou, não sem razão, o papa do teatro do absurdo Eugène Ionesco. Assim a condição humana, independentemente da organização social que os homens construam já implica também em dor e sofrimento. “Babel” (EUA/2006) de Alejandro González Iñárritu, assim como os outros filmes de sua trilogia iniciada por “Amores Brutos” (México/2000), feito em seu país de origem, com continuidade em “21 Gramas” (EUA/2003), sua primeira incursão no cinema americano, são filmes que nos mostram homens que vivem essa precariedade humana inextirpável de que nos fala Ionesco, num mundo socialmente altamente desorganizado e injusto. O que é fascinante em Iñárritu é que, baseando-se nos brilhantes roteiros de Guillermo Arriaga ( responsável também pela escrita do excepcional “Três Enterros” de Tommy Lee Jones), seus personagens são sempre complexos e a dimensão existencial se junta à social, gerando histórias doídas, difíceis de serem vistas pela exposição lancinante de dores humanas que trazem, mas que são recompensadoras e elucidativas dos limites a que pode chegar o ser humano, para quem se dispor a enfrentá-las. “Babel”, fecho desta trilogia de dor, vida, morte, amor em suas várias facetas, culpa, vingança, redenção, é o mais ambicioso de todos e aquele que melhor situa os personagens neste quadro babélico contemporâneo já traçado.

Há sempre nos filmes de Iñárritu/Arriaga a ideia de conectividade das ações humanas. Seus personagens de uma forma ou de outra tem vidas que se conectam. Um acontecimento trágico tem sido o estopim para estes encontros. Em “Amores Brutos” é uma batida de carros que vai ligar a vida de três personagens (um jovem que decidiu fugir com a mulher do irmão; um homem que abandonou a mulher para viver com uma modelo; um ex-guerrilheiro que depois de anos preso, atua como matador de aluguel). Em “21 Gramas” um atropelamento onde as vítimas não são socorridas também une três personagens (um professor com problemas de coração, necessitado de um transplante; a mulher que perde a família no acidente; um homem com longa folha de pequenos delitos desde os 16 anos, que tenta se regenerar tornando-se um fanático cristão).

Em “Babel”, passado em quatro países (EUA, México, Marrocos, Japão), falado em 5 línguas (inglês, espanhol, berbere, japonês e na linguagem dos sinais), um camponês marroquino pela atenção que presta ao caçador japonês Yasujiro (Kôji Yakusho), ganha uma arma de presente. Esta arma é vendida a um camponês vizinho ( Mustapha Rachid). Os dois filhos deste, Ahmed e Yossef, passam a utilizá-la para defender o rebanho do qual cuidam, dos chacais que o espreita. Sem avaliar as consequências, numa brincadeira para testar o alcance da arma, atingem a americana Susan (Cate Blanchett) que viaja num ônibus turístico com o marido Richard (Brad Pitt). A empregada do casal Amelia (Adriana Barraza) não tem com quem deixar os dois filhos dos americanos, recebe ordens para ficar com eles e para não perder o casamento do filho do outro lado da fronteira, resolve levá-los para o México com a ajuda do sobrinho Santiago (Gael Garcia Bernal). Na volta, a intransigência e burocracia dos guardas de fronteira, os colocarão em sérios apuros. No Marrocos o que foi um gesto inconsequente passa a ganhar contornos de um ato de terrorismo internacional. Bastante ferida, Susan encontra abrigo numa pequena casa de uma região de parcos recursos. O clima paranoico de busca a terroristas vai dificultar os socorros de que necessita. No Japão a filha surda-muda de Yasujiro, Chieko (Rinko Kikuchi ), vive grave crise emocional enquanto seu pai é procurado para dar satisfações à polícia sobre o paradeiro de sua arma.

Iñárritu/Arriaga gostam de trabalhar com reflexos da Teoria do Caos, onde um incidente pode ter efeitos imprevisíveis. Este caos é consequência do que se chama “Dependência Sensível das Condições Iniciais” ou efeito borboleta, que é empregado para denominar um fenômeno no qual uma borboleta, batendo suas asas em algum canto do planeta pode provocar um cataclismo num outro extremo. Os filmes se estruturam com base nestes efeitos, mas numa mirada que é muito mais poética do que física ou sociológica e este bater de asas ganha proporções sombrias. Esta indeterminação aliada ao enfrentamento de um mundo inóspito é o que leva seus personagens a situações limites. Se isto já era patente nos filmes anteriores, em “Babel” tudo se torna crônico e fascinantemente engendrado, com exceção do núcleo japonês. Há aqui o caso do pai que é procurado por ter doado uma arma ao marroquino, sendo este fato rapidamente descoberto e comunicado à polícia. Aqui se mostra a ágil eficiência técnica de um mundo moderno em que em contrapartida a incomunicabilidade entre os seres atinge paroxismos. O drama da filha surda-muda, que até desnuda-se ostensivamente, para atrair afeto, é narrado com grande beleza e desempenhos maiúsculos, inclusive do policial e à sua maneira também comenta o clima de Babel que toma conta até mesmo de um dos países, em tese, mais desenvolvidos do mundo. A questão aqui é que ao contrário das demais histórias em paralelo, o cerne dramático se dá independentemente da “teoria do caos” desencadeada em que o filme se estrutura. O drama, muito bonito e bem filmado de uma filha com fortes carências afetivas que presenciou o suicídio da mãe é muito mais importante que o elo relativo à arma que foi doada.

Histórias paralelas já não são novidades no cinema. Os filmes de Robert Altman ( “Short Cut-Cenas da Vida”, “Nashville”, por exemplo), de Paul Thomas Anderson ( “Boogie Nights”, “Magnólia” ) e até mesmo “Crash-No Limite” de Paul Haggis trabalham várias histórias em que em alguns momentos se cruzam. Mas a experiência de “Pulp Fiction” de Quentin Tarantino, de além de alternar diferentes espaços narrativos, também trabalhar com tempos diferentes, é retomada por Iñárritu/Arriaga de forma muito expressiva e habilidosa. Em “21 gramas” a fragmentação é muito maior que nos demais filmes, o que faz sentido para o panorama que traça. “Babel” persegue uma maior clareza, sem deixar de alternar tempos e espaços.

Se o roteiro de Arriaga tem problemas conforme se comentou, a direção de Iñárritu é estupenda. O diretor consegue trabalhar todos os núcleos narrativos, de diversos cantos do planeta, com grande força dramática e bela composição de planos e sequencias. É um autêntico tour de force. O final é arrebatador ao enfatizar a solidão dos seres que retrata. Iñárritu também se mostra um grande diretor de atores conforme já constatávamos com Gael Garcia Bernal em “Amores Brutos” e a exasperação alucinada de Naomi Watts, Benicio Del Toro e Sean Penn em “21 Gramas”. Em “Babel” a interpretação conjunta dos atores é admirável, com destaque para Adriana Barraza, Rinko Kikuchi, todos os (não) atores marroquinos principais (em especial as crianças que deflagram a trama) e Brad Pitt como nunca vi antes (é a personificação da dor, do desalento e do sofrimento dos seres expostos a agruras atrozes imprevistas).

As verdadeiras fronteiras estão dentro de nós, já que mais que um mero espaço físico, as barreiras estão no mundo das ideias”, afirmou Iñárritu em entrevista no Rio de Janeiro na época de exibição do filme no Festival de 2006. Se pudermos resumir seu filme numa frase crítica única, seria essa.

Pode-se acreditar ou não em teorias do caos. O que não se pode negar é que “Babel” está em alta sintonia com os desacertos deste nosso mundo, que não serão mitigados apenas com visões unilaterais. Numa narrativa mais simples do que em seus filmes anteriores, Iñarritu expõe com mais força a complexidade dos dilemas em que vivemos na contemporaneidade. Outros filmes recentes como “Crash- No Limite” de Paul Haggis, “Neste Mundo” e “Caminho para Guantánamo” (do empenhado Michael Winterbotton) tem tentado de uma forma mais direta comentar os impasses em que a civilização humana está mergulhada, com resultados diversos. “Babel”, sem ser extraordinário, mas como consequência do trabalho de um grande roteirista e um diretor idem, vai muito além do que se possa chamar de “as boas intenções” e se constitui num belo, terrível e necessário bisturi para nossas cicatrizes acomodadas. Há os que enxergam na dupla de autores exatamente o contrário. Seriam oportunistas e meros manipuladores. Coisas da Babel em que vivemos.

Obs. Premiado em Cannes 2006 com melhor diretor, Iñárritu teve seu filme como vencedor do Globo de Ouro de melhor filme dramático. Sua obra foi indicada a sete Oscars: Melhor Filme, Diretor, Atriz coadjuvante (Adriana Barraza e Rinko Kikushi), Roteiro Original, Montagem, Trilha Sonora Original.

3- “Três Enterros” de Tommy Lee Jones

Uma Amizade Transcendente que Preenche o Deserto das Almas

“A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz

a esperança mesmo do meio do fel do desespero”.

Riobaldo em “Grande Sertão: Veredas”.

Guimarães Rosa

O roteiro de Guillermo Arriaga (premiado em Cannes 2005) de “Três Enterros” (EUA/2005), primeiro filme dirigido para o cinema pelo ator Tommy Lee Jones, vai nos passando informações preciosas com a habilidade que já conhecemos desde o excelente “Amores Brutos” de Alexandro González Iñarritu, de uma forma não linear, com idas e voltas no tempo, o que já não é mais novidade, mas aqui é empregada com mais beleza ainda. Quando praticamente todas as peças do tabuleiro de seu xadrez dramatúrgico em ação, já estão expostas com mais clareza e algumas brumas, a narrativa passa a ser linear com um ou outro flashback imprescindível. Trata-se de um procedimento excelente, pois, no caso deste filme em que temos um protagonista forte que é Pete Perkins (Tommy Lee Jones), além dos co-protagonistas, as quebras narrativas se fossem ostensivas no filme todo, esfriariam a emoção com que partilhamos de suas angústias e atitudes, o que Arriaga com talento não deixa que ocorra. Aqui neste texto nos permitiremos desde o início uma narração mais linear, já adiantando fatos que só são revelados com mais tempo de projeção.

Um coiote é visto à distância por policiais. O que estará fazendo? Logo saberemos que encarando o homem como mais um animal a fazer parte da natureza, ele tenta tirar pedaços de uma pessoa que está morta. Um corte brusco nos levará à desolação pouco exteriorizada do capataz de rancho Pete em saber que Melquiades Estrada, um imigrante mexicano que vive ilegalmente no Texas e trabalha para ele, um grande amigo seu, está morto. Não há dúvida: está diante do cadáver do amigo, de onde se retiram balas. Mas quem o matou? Por quê? O xerife Belmont ( Dwight Yoakam) não mostra o menor interesse em investigar. Afinal trata-se de mexicano, um indesejado intruso dentre aquelas vidas de Van Horn, localidade fronteiriça, no oeste do Texas e ao norte de Chihuahua, no México. Pete diz que quer levar o cadáver para um enterro digno. Não o obedecem: ocorre o segundo enterro de Melquiades Estrada num cemitério da localidade. O primeiro foi quase que simbólico: o mexicano foi enterrado ligeiramente com terra e pedras, possibilitando que o coiote lhe atacasse, duas criaturas da natureza entregando-se a um ritual de esfacelamento da carne, como dois animais quaisquer. Aqui já temos lançado um dos temas do filme: o ser humano como um animal da natureza. Naquela região com raras exceções, as relações humanas se dão com certa animalidade. Isto já estava muito presente em “Amores Brutos” em que a ferocidade de cães rivalizava com a ferocidade dos personagens ou das situações que eles viviam.

Belmont apalpa Rachel (Melissa Leo, grande atriz de “Rio Congelado”), garçonete de um bar. O marido atento a tudo vê de dentro da cozinha por uma pequena abertura o que acontece e pede para pararem. Sabe que a mulher tem um amante. Saberemos depois que ela também é amante de Pete. Barry Pepper (Mike Nortan), policial de fronteira, faz sexo anal com a mulher Januany Jones (Lou Ann Nortan) com os dois na maior displicência, vendo televisão. Este em outra oportunidade, num patrulhamento, sentindo-se isolado, tenta se masturbar com uma revista de mulheres nuas, Huster. Não consegue. Tiros pipocam. Ele corre para o carro, pega sua arma e atira em várias direções e acaba matando Melquiades. Saberemos depois que foi bestamente, pois numa estratégia simples de roteiro, mas muito interessante conheceremos o ponto de vista de Melquiades. Ele queria matar coiotes e atirou algumas vezes. Estamos aqui diante de um daqueles acasos perversos que nos faz duvidar, pelo menos por algum tempo, se há uma sabedoria maior acima de todos os nossos atos humanos.

Tudo no filme nos é mostrado com maestria narrativa em que vamos construindo um belo mosaico, promovendo sentidos para sequencias dispersas até que a situação que realmente mais interessa ao filme nos é apresentada definitivamente. Rachel observa policiais conversando. Sabem quem foi que matou o mexicano, mas vão fazer vista grossa tanto por corporativismo como por desprezo, racismo em relação à vítima. A mão de obra para uma boiada, por exemplo, dentre outras atividades, é bem-vinda porque este é um trabalho que querem superar a favor de uma modernidade ainda muito capenga (onde até a ideia de um Viagra para impotência causa estranhamento), mas não a ponto de ter apreço humano por ela. Rachel conta a Pete o que ouviu e aí estamos num momento de presenciar um turning point vigoroso da narrativa. Percebendo que na localidade não vão fazer justiça a Melquiades, Pete vai até a casa de Barry, cria um ardil e entra. Imediatamente com seu revolver imobiliza-o, prende a mulher Januany num sofá, calando-a com um adesivo, para ganhar tempo.

Pete obriga o policial de fronteira, agora sequestrado, a desenterrar Melquiades e a missão ingrata é feita com todo nojo deste mundo. Agora são três pessoas que vão fazer o caminho inverso dos imigrantes ilegais mexicanos (dois americanos e um mexicano morto sobre uma mula). Melquiades havia desenhado para Pete, seu companheiro de muitas conversas e até de farra com mulheres, o lugar onde deveria ser enterrado no México, bem como mostrado e entregado uma foto de sua mulher e dois filhos, ainda que o amigo americano fosse mais velho e tenderia a morrer antes. Caso o pior acontecesse com Melquiades, ele queria ser enterrado na sua terra natal, não neste país que mal o acolheu. Daí em diante acompanharemos a odisséia de Pete, carregando um cadáver em decomposição, obrigando pela força um policial a acompanhá-lo e perseguido pelos outros policiais e até por um helicóptero, no seu intento de chegar ao México. Pete passa decididamente a ser um personagem que tanto pode inspirar repulsa como admiração ou ainda um misto desconcertante destes dois sentimentos. Sua possível lucidez pode ser tida como loucura e vice-versa. Na homenagem mais explícita que o filme passa a fazer aos westerns, passamos a ter ecos de Sam Peckimpah (Tommy Lee Jones admitiu em entrevista ter como um de seus filmes favoritos “Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia”, um filme menos conhecido e pouco visto do grande mestre de “Meu Ódio Será Tua Herança”, dentre outras grandes obras).

A fronteira americano-mexicana é um dos lugares mais sangrentos do mundo, embora ninguém fale disso. É um absurdo, é um só rio e a mesma cultura dos dois lados”, declarou Tommy Lee Jones ao ganhar em Cannes o prêmio de melhor ator por sua interpretação deste americano, dilacerado, solitário, violento, terno, que entende espanhol e transita por estas duas culturas dentre outras nuances. Isto ele afirma com conhecimento, pois nasceu naquela região.

A obra atinge um grau bem maior de dramaticidade a partir desta perseguição a um homem obstinado que procura satisfazer o pedido de um amigo de uma etnia tida por inferior pelo povoado americano, no qual mesmo um nativo não se adapta ainda que com muitos anos nas costas. Este belo e poético drama já anunciado e sintetizado no título original se perde na tola escolha “Três Enterros”. A necessidade de fidelidade ao original é óbvia: “Os Três Enterros de Melquiades Estrada” é um título digno dos melhores romances latinos americanos. “Três Enterros” pode significar algo como três pessoas diferentes sendo enterradas, algo análogo a “Quatro Casamentos e um Funeral”, com seus quatro casamentos diversos e um enterro. Imaginemos se “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água” fosse traduzido nos EUA por “Two Deaths”. O jogo dramático e poético estabelecido já pelo título por Jorge Amado se perderia. Foi o que fizeram com Tommy e Arriaga no Brasil. Tivessem eles o poder que Stanley Kubrick tinha sobre suas criações mundo afora, tal não teria acontecido.

Conforme já mencionado, o filme ganhou prêmio de melhor ator (Tommy Lee Jones) e melhor roteiro (Guillermo Arriaga) no festival de Cannes de 2005. O segundo provavelmente com justiça. O primeiro apesar de Tommy estar excelente teria ficado melhor se tivesse sido dividido com Daniel Auteil e seu enigmático Georges de “Caché”. Mas porque um filme desta qualidade não fez sucesso de público e pouco de crítica nos EUA, de tal forma que no Brasil correu o sério risco de ser lançado direto em DVD? Pelo que saiba não frequentou a maioria das listas de melhores de nenhuma associação de críticos, a não ser quatro indicações ao Independent Spirit Awards, onde concorreu a melhor filme, ator coadjuvante (Barry), fotografia (do veterano e consagrado Chris Menges) e roteiro. Por quê? Arrisco-me a uma resposta um tanto melindrosa, mas necessária: porque (com exceção do subestimado e essencial “O Senhor das Armas” de Andrew Niccol) não houve em 2005 nos EUA, em termos mais nitidamente políticos, que eu saiba, filme mais subversivo do que este western moderno de grandes paisagens, de conflitos inusitados. Os americanos não suportaram a ideia de que um americano quisesse fugir para o México, na contracorrente do que se espera, ainda mais carregando obsessivamente o corpo de um mexicano morto e sequestrando um policial. Perto de “Três Enterros” o que pode haver de subversivo em “Boa Noite, Boa Sorte”, ”Crash-No Limite”, “Munique”, ”Sirianna” é muito diluído. Em nenhum deles (até mesmo no citado “O Senhor das Armas") um americano resolve abandonar sua terra. Já havia um enorme grau de insatisfação em Pete, o que era captado pelo seu olhar sempre triste. A necessidade de pagar uma promessa ao amigo foi o estopim para uma fuga daquela região de mortos-vivos onde vegetava e o calor humano maior surgia da amizade com Melquiades, bem mais do que com as transas esporádicas com a dividida Rachel.

O animal que se desgarra e despenca pelo despenhadeiro; o fogo que Pete coloca na cabeça do morto para afastar formigas; o encontro com o velho cego e camarada que ao fim da visita pede para ser morto porque Deus não permite que ele se mate e Pete se recusa ironicamente em nome de Deus também a matá-lo; a fuga do policial sequestrado que acaba se escondendo num buraco e é picado por um cobra; os mexicanos que tentam imigrar clandestinamente em bando e a aparição de Pete querendo que um deles o ajude a chegar no México e cuidar do ferimento do policial, pois o quer vivo; a negociação com um mexicano que de início quer milhares de dólares, depois vai cedendo, cedendo e aceita um cavalo...tudo e o que ainda surgirá compõe um quadro de respiração ofegante tanto para os personagens do filme, como para nós espectadores, até mesmo para Pete, ainda que este internalize sofrimentos, tristezas e emoções enigmáticas como todo bom herói/anti-herói misterioso de westerns.

Cabe aqui alguns comentários sobre o roteiro. Ele é sem dúvida muito bom de modo geral, mas pode-se apontar alguns exageros do destino que talvez sejam na verdade truques exercidos na escrita: a pessoa que lhes dá acolhida é providencialmente um cego que não enxergará nem as algemas de Barry, nem o cadáver Melquiades; são mexicanos os que escolhem um caminho que lhes mostrarão o policial desfalecido no buraco; a mulher que no México vai cuidar da mordida de cobra do policial, com muita raiva, reconhecendo-o e ele não, é a mesma que ele machucou antes quando ela e um companheiro tentaram atravessar a fronteira. São truques evidentes, como “ironias do destino”, que estão muito longe de derrubar esse filme fascinante, mas apesar de muitos poderem argumentar que são coisas que acontecem na vida, Arriaga poderia, ao meu ver, ter tomado mais cuidado ainda na feitura do roteiro, pois podemos sentir um pouco o cheiro de perda de nossa suspensão da descrença. Mas a rigor são detalhes que não comprometem a fortíssima pujança da obra como um todo. Não estamos aqui no terreno da genialidade, por exemplo, para ficarmos só no domínio do cinema americano, do roteiro de “Crepúsculo dos Deuses” de Billie Wilder com parceiros. O cinema não vive só de gênios. Arriaga é muito bem vindo com seus roteiros de grande pertinácia, inteligência, originalidade e sensibilidade para construção de um universo que nos é desconhecido e revelado sempre com grande impacto. O seu olhar de mexicano para um conflito de fronteiras é nítido no filme. Dificilmente um roteirista americano escreveria uma história assim onde o convívio de um morto com vivos se desse assim com uma inquietante naturalidade, algo que é próprio da sociedade mexicana que criou até sua festa do dia dos mortos. Mas obviamente não confundamos as coisas: trata-se aqui de um traço cultural e não de banalização da vida.

Com a ajuda do mexicano, Pete chega por fim ao México. A cura da picada de cobra é dolorosa para Barry e para nós: sentimos a sangria feita nos pés do policial como se tivesse sido feita em nós mesmos tal a quase explicitação do procedimento. Tommy Lee faz o tempo todo uma direção visceral, segura e contundente, sem maquiagens, não tendo receio de beirar a morbidez. “Três Enterros” é mais um filme que ao focar um universo (no caso o das fronteiras entre EUA e México), o faz de uma forma que fazemos uma autêntica viagem àquela paisagem tanto natural quanto humana. O fato de termos aqui um ator e ao mesmo tempo diretor, deve ter ajudado para termos um filme paradoxalmente com bastante calor humano de um grupo de pessoas ou animalizadas pelos seus preconceitos, suas dores e circunstâncias ou constrangidas pela pobreza e falta de perspectivas. O máximo de captação desta humanidade que surge, mas que hoje está muito comprometida, com a criação de muros extensos e controlados separando os dois países, é a belíssima e simples sequencia em que todos, americanos e mexicanos se reúnem para descascarem milho, inclusive Barry algemado.

Num jogo pirandelliano de verdades suspensas e dúvidas se acumulando, Pete e nós somos envolvidos numa teia de explicações que mais geram perguntas do que esclarecem. Pete descobre onde mora a mulher da foto que Melquiades lhe mostrou. Ela o recebe com enorme mal-estar, quer livrar-se logo desta visita inesperada. Diz que é uma mulher casada, que não conhece nem nunca conheceu o Melquiades da foto e se retira. Um velho patriarca/político da região é apontado como alguém que é a memória do lugar. Ele também não reconhece Melquiades, nem por foto, nem sua lenda pessoal. Afinal, tanto a mulher quanto o velho mentem ou foi Melquiades que mentiu? Se mentiu por que o fez? Não confiava no amigo Pete? E adiante veremos: por que as informações sobre onde queria ser enterrado foram tão imprecisas?

Com Barry já sem algemas, mas ameaçado se houver uma tentativa de fuga, saem os dois homens acompanhados do cadáver, em busca do lugar onde Melquiades queria ser enterrado. Pete entra num jogo de fantasias, depois de muito procurar, ao chegar a um interessante local. Afirma para o policial que é ali que devem enterrar pela terceira vez o morto. Barry o faz. Depois este é conclamado a pedir desculpas por ter, mesmo que involuntariamente, matado o mexicano. Barry hesita. Uma saraivada de tiros pipocam em seu entorno. Intimidado ou caindo mesmo em si (mais um mistério) pede então desculpas. Pete satisfeito vai se afastando. O policial admite que imaginava que não sairia vivo daquela aventura. Ele agora pode voltar aos EUA. Pete não. Este vai cada vez mais se afastando como grandes heróis (ou anti-heróis) de westerns clássicos. De alguma forma reconstruirão suas vidas. Sim. “A esperança pode surgir do meio do fel do desespero”.

Em “Céu Azul”, (lançado nos EUA em 1994 apesar de concluído em 1991), canto de cisne de Tony Richardson, Tommy Lee Jones é um militar que trabalha num projeto secreto e pelos seus sucessivos deslocamentos geográficos e de moradias provoca a desagregação mental de sua esposa vivida por Jessica Lange (Oscar de melhor atriz por este papel). Quando ela sente que o marido foi internado num sanatório porque era uma espécie de “homem que sabia demais”, ela procura se controlar e dar um jeito de tirar o marido desta arapuca. A inadequação destes personagens ao meio em que transitam, nos lembra um pouco a que sentem Pete, Melquiades e ao seu modo Barry em “Três Enterros”.

Ao terminar o filme, seu tema central fica patente: é a amizade, seus compromissos e sua força. É aquela que Milton Nascimento e Fernando Brandt cantam que deve ser guardada debaixo de sete chaves dentro do coração. Num ambiente do Texas, ironicamente ainda acalentado por muitos mexicanos como um sonho a ser perseguido, o que nos é dado a ver são criaturas com enormes desertos na alma. A relação amorosa que se tem, ainda que fugidia, um pouco menos fria, não tão mecânica é a de Raquel e Pete, enquanto amantes, mas, quando do México ele liga para ela pedindo-lhe que vá se encontrar com ele, pois ali pretende casar-se, ela desliga o telefone. O medo e a acomodação a fazem ficar com o marido velho que não respeita e com o outro amante, com eterna crise de impotência. Num ambiente texano assim, a energia da ligação de amizade entre Melquiades e Pete é algo que não pode ser quebrada. A amizade e o carinho ainda continuam, mesmo que carregando obstinadamente como um louco um cadáver, ateando fogo na cabeça para espantar formigas, passando um pente que traz cachos de cabelos já soltos. Se na tragédia, Antígona faz do seu desejo (que a todos se opõe) de enterrar com toda dignidade seu irmão Polinices, morto em batalha, sua danação, seu inferno, sua morte por causa da intolerância de Creonte, Pete faz de seu louco e santo sonho realizado, a possibilidade de uma nova vida, longe da morte em vida de onde fugiu.

Este grande e espinhoso tema da imigração ilegal nos EUA finalmente encontra expressão artística à altura de sua importância no cinema, com “Os Três Enterros de Melquiades Estrada”. Em memória deste personagem inesquecível vamos passar a utilizar o título que deveria ter recebido aqui.

Ps. O cineasta Cacá Diegues, que já concorreu três vezes ao prêmio principal do festival de Cannes, comentou em “O Globo” de 17 de maio de 2006 que alguns produtores americanos lhe disseram que chegam a evitar nos cartazes a menção a Cannes, pois se o fizerem podem afastar um público americano que acredita estar diante de obras muito difíceis...Quem sabe isto explique em parte, o pouco interesse com que “Três Enterros” foi recebido nos EUA... Como o diabo mora nos detalhes, esta ignorância colossal não explicaria de certa forma a sociedade americana como um todo e a população mexicanofóbica do filme?

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://trailerdefilmes.com.br/wp-content/uploads/2010/11/trailer-Biutiful.jpg&imgrefurl=http://trailerdefilmes.com.br/trailer-biutiful/&usg=__B_-KTKwVWmjIRAvDjjMfWQY_ip4=&h=800&w=586&sz=58&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=mTVk80WTCPqxrM:&tbnh=129&tbnw=122&ei=s0I7TZC-M4PVgQfXj62aCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Biutiful%2522%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=278&vpy=55&dur=4764&hovh=262&hovw=192&tx=108&ty=127&oei=s0I7TZC-M4PVgQfXj62aCA&esq=1&page=1&ndsp=29&ved=1t:429,r:1,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.wikinoticia.com/images/extracine/cdn.extracine.com.files.2010.09.biutiful-640x425.jpg&imgrefurl=http://pt.wikinoticia.com/entretenimento/Filmes/61650-oscar-de-melhor-filme-estrangeiro-o-pais-candidato&usg=__7FUGl6QtF_kiGReEJWNIwpyESVw=&h=425&w=640&sz=54&hl=pt-br&start=46&zoom=1&tbnid=SNINzW08-OzRzM:&tbnh=150&tbnw=200&ei=nUM7Tf2LJ4PHgAeR4fmcCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Biutiful%2522%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,989&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=383&vpy=258&dur=4061&hovh=183&hovw=276&tx=123&ty=95&oei=s0I7TZC-M4PVgQfXj62aCA&esq=3&page=3&ndsp=17&ved=1t:429,r:1,s:46&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.thelmagazine.com/imager/b/magnum/1884358/adb2/Biutiful625&imgrefurl=http://www.thelmagazine.com/newyork/biutiful-at-least-its-not-babel/Content%3Foid%3D1884358&usg=__38mIY23YRe5YZqBMbVNt_vtQyxE=&h=300&w=625&sz=140&hl=pt-br&start=63&zoom=1&tbnid=Pakz6wUa-X3zJM:&tbnh=101&tbnw=210&ei=IUQ7TafOEcaBgAft_N3OCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Biutiful%2522%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,1949&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=239&vpy=240&dur=566&hovh=120&hovw=250&tx=169&ty=95&oei=s0I7TZC-M4PVgQfXj62aCA&esq=4&page=4&ndsp=18&ved=1t:429,r:13,s:63&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://faggiani.files.wordpress.com/2007/07/babel-poster01.jpg&imgrefurl=http://faggiani.wordpress.com/2007/07/02/babel-e-pequena-miss-sunshine/&usg=__0Pw2aZF4R4zYGaS0uTPhBMZzzHA=&h=450&w=335&sz=53&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=wGriP9Mz1eIlhM:&tbnh=130&tbnw=96&ei=2EQ7TcHgBsSBgAf1l5SaCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Babel%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=120&vpy=42&dur=2366&hovh=260&hovw=194&tx=109&ty=150&oei=2EQ7TcHgBsSBgAf1l5SaCA&esq=1&page=1&ndsp=35&ved=1t:429,r:0,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisALI7nSNQI3atK_dgsDBWzlSyllP-pTPwy9LdjdxJ4TQl_zn5qCRXdbnrefUydGoi6MacTShlk-yojzEWNr3kIesUCn4mwEJ-SXXwxNIWjMQxpKJPcUFrtv0YES4YRwzkTA-2szHOPK8/s1600/brad+pitt+babel.jpg&imgrefurl=http://cajondehistorias.blogspot.com/2010/12/babel-de-alejandro-gonzalez-inarritu.html&usg=__LsYUAP38vJ4wGqAnPksXYZXtoco=&h=309&w=463&sz=21&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=9fMjcOWNkzqhNM:&tbnh=119&tbnw=159&ei=2EQ7TcHgBsSBgAf1l5SaCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Babel%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,30&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=549&vpy=347&dur=13&hovh=183&hovw=275&tx=121&ty=205&oei=2EQ7TcHgBsSBgAf1l5SaCA&esq=1&page=1&ndsp=35&ved=1t:429,r:30,s:0&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://blig.ig.com.br/nomundonaotemgentenormal/files/2010/06/babel.jpg&imgrefurl=http://blig.ig.com.br/nomundonaotemgentenormal/tag/babel/&usg=__SqvZIsUVC5dOE6MBC8oyvU0HkkE=&h=303&w=400&sz=29&hl=pt-br&start=35&zoom=1&tbnid=ld9c7WXfGjG33M:&tbnh=163&tbnw=215&ei=UUY7TcS0BYTQgAfappXOCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Babel%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,450&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=736&vpy=235&dur=4772&hovh=195&hovw=258&tx=132&ty=96&oei=2EQ7TcHgBsSBgAf1l5SaCA&esq=2&page=2&ndsp=17&ved=1t:429,r:3,s:35&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkTRWoQ_EOmp-VKrfk2YUQQw98CG3Ok8XEtwwGayEorlmsrdtgNpzS9EUq7D9WCb3JI12N7pLr0uIvb_WazP6wKplAnaQbd3oThRXioutlWSF-4beHniUbP3tj4wzvr51eyiMcPIIWFms/s400/PieterBruegel-TheTowerofBabel.gif&imgrefurl=http://ceoramalho.blogspot.com/2007/07/babel.html&usg=__3fr6Z8iKyZNEJrDHrILX9KPeoTk=&h=302&w=400&sz=288&hl=pt-br&start=35&zoom=1&tbnid=wB7abfwfQ3ykEM:&tbnh=156&tbnw=207&ei=qUY7TYG9MdLogAfDg6TSCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Babel%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,591&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=843&vpy=349&dur=2063&hovh=195&hovw=258&tx=135&ty=115&oei=2EQ7TcHgBsSBgAf1l5SaCA&esq=2&page=2&ndsp=17&ved=1t:429,r:15,s:35&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/_4iYrPO-y6RQ/TKoaGMhUuUI/AAAAAAAABKA/YYB23VcSZTI/s1600/Morte.jpg&imgrefurl=http://poseseneuroses.blogspot.com/2010/10/top-10-melhores-trilogias-do-cinema.html&usg=__F6_qx0XDuxv_IQFEQzcK5EgxA6E=&h=300&w=600&sz=140&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=29wmdQ4wMGLC-M:&tbnh=127&tbnw=156&ei=NEc7TZ2eKYGSgQeQz9CoCA&prev=/images%3Fq%3D%252221%2BGramas%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,27&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=913&vpy=338&dur=432&hovh=159&hovw=318&tx=171&ty=68&oei=NEc7TZ2eKYGSgQeQz9CoCA&esq=1&page=1&ndsp=34&ved=1t:429,r:23,s:0&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://juniorholden.files.wordpress.com/2010/04/21grams.jpg&imgrefurl=http://juniorholden.wordpress.com/2010/04/&usg=__VBrU02sWHHK8gOj1c3Ej2MmFjtk=&h=546&w=970&sz=119&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=5GAN770WoR30hM:&tbnh=95&tbnw=169&ei=HUg7Td3CHI2ugQeMoOSzCA&prev=/images%3Fq%3D%252221%2BGramas%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,27&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=747&vpy=334&dur=4743&hovh=168&hovw=299&tx=116&ty=72&oei=NEc7TZ2eKYGSgQeQz9CoCA&esq=3&page=1&ndsp=34&ved=1t:429,r:22,s:0&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://cinemacomrapadura.com.br/filmes/imgs/amores_brutos_2000_poster.jpg&imgrefurl=http://cinemacomrapadura.com.br/filmes/405/amores-brutos-2000/&usg=__QJH3iDD2Y_or3aGZImTkdDuNSEM=&h=475&w=336&sz=41&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=0NbsfQXgyCDwaM:&tbnh=129&tbnw=91&ei=M0k7TYrMAsbngQfDpqCsCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Amores%2BBrutos%2522%2B%2522I%25C3%25B1%25C3%25A1rritu%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DG%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=600&vpy=184&dur=1991&hovh=267&hovw=189&tx=103&ty=137&oei=rEg7TYGtA4OCgAelpNW9CA&esq=6&page=1&ndsp=31&ved=1t:429,r:11,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://img2.mlstatic.com/jm/img%3Fs%3DMLB%26f%3D155928253_1209.jpg%26v%3DO&imgrefurl=http://www.emule.com.br/lista.php%3Fcategoria%3D52516%26pag%3D1%26ordem%3DBARATOS&usg=__ebJeDwaa7D0qMvncItGimbiB4BQ=&h=500&w=350&sz=24&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=1qWrdunZdB7hFM:&tbnh=121&tbnw=99&ei=vkk7TcHDM4yugQetht21CA&prev=/images%3Fq%3Do%2Bbufalo%2Bda%2Bnoite%2Bfilme%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=1077&vpy=44&dur=103&hovh=268&hovw=188&tx=92&ty=152&oei=vkk7TcHDM4yugQetht21CA&esq=1&page=1&ndsp=34&ved=1t:429,r:6,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://lh4.ggpht.com/_8TPETlJEIqo/St0eEKmChVI/AAAAAAAAImo/zIumszCnz8E/The-Three-Burials-of-Melquiades-Estrada_thumb%255B3%255D.jpg&imgrefurl=http://0001coisas.blogspot.com/2009/10/tres-enterros-tommy-lee-jones-sem.html&usg=__vGpKpHS4jqW5mVHTXu1WKLpqKjk=&h=340&w=510&sz=85&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=7QXN-T8p00PNlM:&tbnh=127&tbnw=169&ei=b0o7TdbQNIj2gAewmeXFCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Tr%25C3%25AAs%2BEnterros%2522%2B%2522Tommy%2BLee%2BJones%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=994&vpy=79&dur=5200&hovh=183&hovw=275&tx=156&ty=91&oei=b0o7TdbQNIj2gAewmeXFCA&esq=1&page=1&ndsp=32&ved=1t:429,r:6,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cinemovies.fr/images/data/photos/G84431751623881.jpg&imgrefurl=http://magacine.blogspot.com/2006_02_01_archive.html&usg=__djS9v1sJalW-D56SG9_qUvB3f38=&h=400&w=600&sz=50&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=bqXAaYN0c4pfMM:&tbnh=132&tbnw=184&ei=b0o7TdbQNIj2gAewmeXFCA&prev=/images%3Fq%3D%2522Tr%25C3%25AAs%2BEnterros%2522%2B%2522Tommy%2BLee%2BJones%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,33&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=1044&vpy=362&dur=921&hovh=183&hovw=275&tx=156&ty=79&oei=b0o7TdbQNIj2gAewmeXFCA&esq=1&page=1&ndsp=32&ved=1t:429,r:31,s:0&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://sp5.fotolog.com/photo/53/58/26/marcinho_bass/1195750427_f.jpg&imgrefurl=http://www.fotolog.com/marcinho_bass/44787764&usg=__EmeN2Ej2thr3DFUJg1_wjjmjoxY=&h=375&w=500&sz=37&hl=pt-br&start=51&zoom=1&tbnid=zGmPVcUPtx4wLM:&tbnh=157&tbnw=213&ei=aUw7TZTpA4X4gAfWppm8CA&prev=/images%3Fq%3D%2522Tr%25C3%25AAs%2BEnterros%2522%2B%2522Tommy%2BLee%2BJones%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,971&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=1060&vpy=275&dur=2251&hovh=194&hovw=259&tx=153&ty=81&oei=b0o7TdbQNIj2gAewmeXFCA&esq=3&page=3&ndsp=18&ved=1t:429,r:5,s:51&biw=1360&bih=677

Nelson Rodrigues de Souza

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Três Filmes e Seus Limites ( “Além da Vida”, “A Árvore”, “O Mágico”)














Três Filmes e Seus Limites ( “Além da Vida”, “A Árvore”, “O Mágico”)

Os textos contém spoilers, ou seja, detalhes importantes são revelados para a análise pretendida.

Lá e Cá

Depois da Tragédia Serrana do Estado do Rio de Janeiro fica um tanto obsceno destacar o que “Além da Vida” (EUA/2010) de Clint Eastwood tem de inequivocamente melhor: a reconstituição antológica de um tsunami na Tailândia que colhe de surpresa, dentre outros, a jornalista francesa Marie ( Cécile de France) que estava fazendo compras, corre mas é coberta pelas águas após bater a cabeça em uma madeira e vive uma experiência de quase morte, quando tem visões esmaecidas do que seria “o lado de lá”. Esta experiência a marcará para sempre afetando até mesmo sua vida profissional, quando volta à França.

Em paralelo acompanhamos em São Francisco a recusa de George (Matt Damon) em continuar sendo um médium, pois acredita que “viver da morte não é vida”. Mesmo assim, por insistência do irmão, faz um último trabalho, segurando as mãos de um senhor que perdeu a esposa e lhe traz recados reconfortantes além de uma palavra misteriosa sobre a qual o marido irá reconhecer o porquê. Desconheço este tipo de mediunidade em que basta segurar as mãos das pessoas que palavras de vidas fora da matéria surgem de forma fácil, sem transe, da boca do médium, sem concentração maior, sem necessidade de psicografia. Mas este não é um problema maior do filme. George passa a fazer trabalhos proletários e a estudar culinária para garantir outra forma de subsistência.

Em Londres o menino Marcus (Frankie McLaren), que tem forte apoio do irmão gêmeo (George Mclaren) para lidar como o desajuste da mãe alcoólatra que os ameaça de serem colhidos por um colégio interno, acaba perdendo-o num acidente e se torna obsessivo em travar contato mediúnico com ele, mesmo que para tal se envolva com grandes charlatões.

Se as histórias narradas em paralelo acabam se ressentindo de certa superficialidade (suas premissas não vão aos limites extremos como se espera de um filme de Clint Eastwood) é na elaboração mais do que artificial dos encontros entre os três protagonistas que o filme expõe o seu maior calcanhar de Aquiles. Ironicamente, para um filme que procurava ser neutro, expondo mais do que fazendo qualquer proselitismo religioso ( muito longe do terrível “Nosso Lar” de Chico de Assis) o encontro dos três eixos ao fim soa como uma forte intervenção Deus Ex Machina. Mas o mais provável mesmo é que tenha sido um forte truque de roteiro de Peter Morgan para dar uma intersecção às suas histórias de um filme coral. Nem se espera George travar encontro com Marie em Londres numa feira de livros. Logo Marcus aparece e reconhece o médium que procurava por tê-lo visto na internet. E o happy end com Marie reencontrando George ao mesmo tempo em que Marcus reencontra a mãe constitui-se na cereja do bolo “arranjado” e não pertinentemente construído. Neste ponto estamos nos antípodas dos grandes filmes que Clint Eastwood nos tem oferecido, principalmente nesta primeira década do século XXI.

“Além da Vida” como tudo de Clint Eastwood é cinematograficamente solidamente construído, com tomadas clássicas e nos dando a impressão de que os planos filmados são os únicos que poderiam ter sido feitos. Clint faz sua grande parte, mas o roteiro de Peter Morgan tem vários elementos facilitadores para concluir que o importante é a vida aqui e agora, pois é esta que nós conhecemos. Para que este truísmo muito esquecido nos fosse colocado com mais força Peter deveria ter se cercado de maior conhecimento do universo que resolveu abordar e no qual toca só a superfície. Com todos os defeitos que os filmes que abordam espiritismo no Brasil possam ter e tem, são mais audaciosos neste sentido. Santo de casa não faz milagres, mas Chico Xavier pelo grande fenômeno humano e espiritual, por mais que alguns se arrepiem com a ideia, merece mais e melhores filmes.

Em termos de questionar religião (no caso a protestante) e concluir pela necessidade imperiosa de felicidade terrena, por mais que esta seja fugidia e se dê em momentos, não como algo tecido por um longo tempo, não conheço no Cinema nada que supere a grandeza da obra-prima “Gritos e Sussurros” ( Suécia/1972) de Ingmar Bergman, um dos filmes essenciais da História do Cinema. Pra mim o maior de todos. O melhor entre os melhores.

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&

Obsessão

Dawn (Charlotte Gainsbourg) vive bastante feliz com o marido e quatro filhos numa região australiana afastada dos grandes centros. Quando o marido tem um enfarte e morre jovem, “A Árvore” (França/Austrália/2010) de Julie Bertucelli, nos mostra o apego que a filha de 8 anos Morgana (Simone O'Neil, excelente) passa a ter por uma enorme árvore que circunda a casa, onde ela acredita que o pai enquanto espírito agora esteja.

Curiosamente “como se o espírito do pai fosse brincalhão” as raízes da árvore passam a causar sérios problemas à estrutura da casa e também na vizinhança. Um namorado de Dawn (Marton Csokas) que surge de uma forma muito fácil na narrativa, depois de muitas hesitações, propõe-se a derrubar a árvore mas para isto terá de convencer Morgana a descer dela, o que ela se recusa terminantemente a fazer. A mãe desiste da empreitada.Um providencial e potente ciclone surge para efetuar mudanças que os personagens não tinham coragem de fazer.

O problema de “A Árvore” é que ele almeja o lirismo do começo ao fim, sem que de fato o consiga e perde, por exemplo, a oportunidade de fazer um filme de suspense a la M.Night Shyamalan. Elementos sobrenaturais vão se impondo à narrativa (o ciclone é uma força externa muito conveniente que não emana da árvore e suas ramificações que fazem surgir sapos e outros animais), a mãe também passa a ter uma relação de afetividade e confissão com a árvore, mas no conjunto o filme vai esmaecendo o seu envolvimento com a plateia.

Charlotte Gainsbourg num tom menor, com emoção à flor da pele, nos remete à mulher hiper-deprimida de “Anti-Cristo” de Lars Von Trier, mas enquanto este vai aos extremos de sua premissa com bastante coragem e verdade cinematográfica, “A Árvore” cai numa regularidade aceitável, mas pouco fascinante.

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&

Decadência e Elegância

Jacques Tati deixou um roteiro não filmado. Adaptando este material para um desenho tradicional (com poucos efeitos de computação, se é que os tem), Sylvain Chomet de “As Bicicletas de Belville” (2003), fez “O Mágico” ( França/2010) num andamento muito mais próprio de Tatit do que da féerie do anterior, como era de se esperar.

Num filme praticamente sem diálogos temos a via-crúcis de um mágico que pouco a pouco vai percebendo sua obsolescência num mundo cada vez mais dominado pelo consumismo mais imediato. A ira santa de Tatit/Chomet é tal que chega a apresentar um conjunto de rock caricatura de Beatles e Rolling Stones onde o crooner arrasta-se no chão do palco com seu microfone e saem todos dele saltitantes como caricaturas de homossexuais.

O único companheiro do mágico é um coelho que está sempre aprontando e recusa-se a ser bem comportado saindo da cartola somente quando o mágico deseja. Indo para a Escócia o mágico encontra uma jovem camareira por quem passa a sentir afeto e a leva para suas tentativas cada vez mais precárias de trabalhar em sua atividade, sendo seu maior desatino usar seus dons numa vitrine para vender roupas íntimas e outras.

O grande atrativo de “O Mágico” é emular os tiques de Monsieur Hulot de Tati em desenhos cativantes da era pré-efeitos computadorizados, pois estes chegaram num ponto em que os rostos de humanos ou animais estão um tanto padronizados demais, ressoando à repetição e para tal não há necessidade nem de ver os filmes, bastando olhar as imagens dos cartazes e da internet. Faça o teste com o cartaz de “Enrolados”. Você já não viu isto antes?

Mas “O Mágico” se ressente de um roteiro um tanto esquemático e previsível em que na metade do filme já sabemos que tudo irá por ladeira abaixo, restando a surpresa de em que nível isto se dará. O coelho deixado à natureza bem como a homenagem explícita a “Meu Tio” de Tati são especialmente tocantes. A relação como a jovem é construída de uma forma elíptica demais.

Já “Toy Story 3” (EUA/2010/premiado com Globo de Ouro na categoria ontem) tem roteiro exuberante que nos leva a caminhos mais audaciosos, ainda que saibamos que a fofura predominará no fim, um tanto distante da melancolia que emana de “O Mágico”.

Tati profeticamente enxergou nosso mundo de grandes avanços tecnológicos e grande frieza nas relações interpessoais. Só que nosso mundo superou em muito as previsões mais pessimistas de Tati. Seria muito curioso vê-lo comentando num filme, nosso mundo de hoje, onde os celulares só faltam se transformar em vibradores sexuais e ao mesmo tempo as cidades serranas do Rio de Janeiro estão numa catástrofe tal, sem luz, com as pessoas pedindo que lhes enviemos velas e fósforos.

O fechamento provável do complexo de salas de rua Belas Artes em São Paulo, com sua tradição de grandes filmes exibidos por gerações, confirmando a tendência totalitária de termos cinemas hegemonicamente de shoppings centers é mais um dado de que Tati nada gostaria de viver no mundo em que vivemos. É a magia que cada vez mais se perde.

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://m4.paperblog.com/i/5/52723/alem-da-vida-novo-filme-de-clint-eastwood-L-72pe5B.jpeg&imgrefurl=http://pt-br.paperblog.com/novo-filme-de-clint-eastwood-52723/&usg=__Hv-zAQxyLwVQFRSmKexfhfTqsNc=&h=675&w=460&sz=42&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=LYfhq39kfs_MhM:&tbnh=131&tbnw=89&ei=yYk0TbvkDoPUgQf69eGYCw&prev=/images%3Fq%3D%2522Al%25C3%25A9m%2Bda%2BVida%2522%2522Clint%2BEastwood%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=435&vpy=37&dur=855&hovh=272&hovw=185&tx=114&ty=120&oei=yYk0TbvkDoPUgQf69eGYCw&esq=1&page=1&ndsp=29&ved=1t:429,r:2,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUScrm0ILU2URruHVQVAegwEtiGy5fkK3BuKeniqjn5lMvHw5k_z6XkWj4AoGfvWt10oI2btAFpYapuWuzZlFJMoGM26CbPOmwd6pkU3NsgMieVgUlpdFSPhlkpljLs2OUpPSNoiRAUWI/s1600/hereafter3.jpg&imgrefurl=http://vertentesdocinema.blogspot.com/2011/01/alem-da-vida.html&usg=__Kgd2uM9tKORcdxT4b-YzlY-Aubw=&h=407&w=586&sz=68&hl=pt-br&start=29&zoom=1&tbnid=OsQV0maa9fi9dM:&tbnh=161&tbnw=210&ei=X4o0TYGpOc_SgQfPzuXBCw&prev=/images%3Fq%3D%2522Al%25C3%25A9m%2Bda%2BVida%2522%2522Clint%2BEastwood%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,855&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=498&vpy=186&dur=887&hovh=187&hovw=269&tx=144&ty=98&oei=yYk0TbvkDoPUgQf69eGYCw&esq=2&page=2&ndsp=18&ved=1t:429,r:14,s:29&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.jornaldelondrina.com.br/midia/tn_620_600_alemda_vida_0601!.jpg&imgrefurl=http://www.jornaldelondrina.com.br/divirtase/conteudo.phtml%3Fid%3D1084237&usg=__EOwHXvYS5_z1jHMUaooFtsW1N-w=&h=394&w=620&sz=35&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=Cd4D3s87UwKXOM:&tbnh=122&tbnw=191&ei=1oo0TbqjO4PJgQfAnf3mCw&prev=/images%3Fq%3D%2522Al%25C3%25A9m%2Bda%2BVida%2522%2522Clint%2BEastwood%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,187&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=610&vpy=316&dur=13&hovh=179&hovw=282&tx=177&ty=91&oei=yYk0TbvkDoPUgQf69eGYCw&esq=4&page=1&ndsp=29&ved=1t:429,r:25,s:0&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.planetatela.com.br/images/critica/452.jpg&imgrefurl=http://www.planetatela.com.br/cri.php%3Fcri_id%3D452&usg=__mbLuZxi9HvBXXDoSOf4ZkKbO8qE=&h=377&w=376&sz=39&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=mbSLLKTSErel_M:&tbnh=122&tbnw=123&ei=yYk0TbvkDoPUgQf69eGYCw&prev=/images%3Fq%3D%2522Al%25C3%25A9m%2Bda%2BVida%2522%2522Clint%2BEastwood%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,187&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=478&vpy=301&dur=607&hovh=134&hovw=134&tx=109&ty=77&oei=yYk0TbvkDoPUgQf69eGYCw&esq=1&page=1&ndsp=29&ved=1t:429,r:24,s:0&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.marciosalem.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/09/Gritos.jpg&imgrefurl=http://www.marciosalem.com.br/blog/2010/09/&usg=__oMyPBioL42_qlCnCq9GxMRvhj7I=&h=252&w=448&sz=121&hl=pt-br&start=38&zoom=1&tbnid=WWDRQ-55YL4H5M:&tbnh=156&tbnw=211&ei=6Ys0TcLxDIbagAePpbDnCw&prev=/images%3Fq%3D%2522Gritos%2Be%2BSussurros%2522%2B%2522Ingmar%2BBergman%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D634%26tbs%3Disch:10,1022&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=226&vpy=377&dur=1578&hovh=168&hovw=300&tx=159&ty=113&oei=Zos0TczPMsrSgQe69cyQCw&esq=2&page=3&ndsp=21&ved=1t:429,r:15,s:38&biw=1360&bih=634

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY6M6Gy25NC_tGJj04dCW3VVztHaazuzOdiY_aaxzGJoSHLRY2L8S2PWRdJufLBmdHq-iyEG6aMthLxY_OZYaA9B093PxIVC-XDsndF5nHAA6Vngm0kMmcCCEIx1PV23N0KynlAsfW_1B7/s1600/a+arvore.jpg&imgrefurl=http://cameracine.blogspot.com/2011/01/arvore-paisagem-e-luto.html&usg=__TIUmXJoNgfH_SxbKNb2jXBaiOIc=&h=755&w=528&sz=95&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=3M1x5CuuvNQ7UM:&tbnh=172&tbnw=149&ei=54w0Tc3YBsXpgQeV_dWtCw&prev=/images%3Fq%3D%2522A%2B%25C3%2581rvore%2522%2B%2522Julie%2BBertucelli%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D634%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=816&vpy=65&dur=720&hovh=269&hovw=188&tx=105&ty=128&oei=54w0Tc3YBsXpgQeV_dWtCw&esq=1&page=1&ndsp=20&ved=1t:429,r:4,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://ci.i.uol.com.br/album/finalistas_2010_f_003.jpg&imgrefurl=http://cinema.uol.com.br/album/finalistas_2010_album.jhtm&usg=__fN6N-jtfm4WM2_1yiNkYDMoih2k=&h=500&w=800&sz=270&hl=pt-br&start=20&zoom=1&tbnid=W1ZLYKRZZf3QkM:&tbnh=147&tbnw=194&ei=O400TYvmCcjagQeKqoG5Cw&prev=/images%3Fq%3D%2522A%2B%25C3%2581rvore%2522%2B%2522Julie%2BBertucelli%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D634%26tbs%3Disch:10,400&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=1035&vpy=243&dur=81&hovh=177&hovw=284&tx=195&ty=93&oei=54w0Tc3YBsXpgQeV_dWtCw&esq=2&page=2&ndsp=21&ved=1t:429,r:6,s:20&biw=1360&bih=634

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://static.blogstorage.hi-pi.com/photos/xtraga09.cineblog.com.br/images/gd/1274979534/Anticristo.jpg&imgrefurl=http://xtraga09.cineblog.com.br/39663/Anticristo/&usg=___hEuYmQrQ0EmVKgnfZ8QUidEDlc=&h=734&w=535&sz=64&hl=pt-br&start=45&zoom=1&tbnid=uC6-rCBAioWtRM:&tbnh=161&tbnw=121&ei=IY80TdHePNPAgQeOucyRCw&prev=/images%3Fq%3DAnticristo%2BLars%2BVon%2BTrier%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,1146&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=338&vpy=242&dur=481&hovh=263&hovw=192&tx=94&ty=131&oei=AY80TZy5FIHLgQeFpJCMCw&esq=3&page=3&ndsp=18&ved=1t:429,r:7,s:45&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.omelete.com.br/images/galerias/illusionist//O-Magico-poster-19102010.jpg&imgrefurl=http://www.omelete.com.br/cinema/o-magico-critica/&usg=__uteKkwKohh8MIUGveOL2xQ8kbG8=&h=879&w=600&sz=133&hl=pt-br&start=200&zoom=1&tbnid=FKhkGrUrlNBQSM:&tbnh=162&tbnw=111&ei=EZA0TfqzHszTgAfG5OHeCw&prev=/images%3Fq%3D%2522O%2BM%25C3%25A1gico%2522%2522Sylvain%2BChomet%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,5667&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=320&vpy=217&dur=881&hovh=272&hovw=185&tx=104&ty=144&oei=sY80TcDiDsbDgQe-u4WZCw&esq=7&page=11&ndsp=17&ved=1t:429,r:7,s:200&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://ci.i.uol.com.br/filmes/g/o_magico_2010_g.jpg&imgrefurl=http://dolangueiros.blogspot.com/&usg=__8lrnjlNHBYCz-YNnPqGp1z_yXUw=&h=400&w=583&sz=100&hl=pt-br&start=200&zoom=1&tbnid=TpzcpOwGn9Dg7M:&tbnh=161&tbnw=242&ei=bJA0TczYNYTqgQfYkLyQCw&prev=/images%3Fq%3D%2522O%2BM%25C3%25A1gico%2522%2522Sylvain%2BChomet%2522%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D677%26tbs%3Disch:10,5671&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=662&vpy=374&dur=1245&hovh=186&hovw=271&tx=161&ty=114&oei=sY80TcDiDsbDgQe-u4WZCw&esq=2&page=11&ndsp=17&ved=1t:429,r:14,s:200&biw=1360&bih=677

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.imagensgratis.com.br/imagens/original/imagens-de-toy-story-3.jpg&imgrefurl=http://www.imagensgratis.com.br/imagens-de-toy-story-3.html&usg=__VxRt8aAjPGt_ori8EI-5mCyPNLw=&h=313&w=394&sz=37&hl=pt-br&start=0&zoom=1&tbnid=vdP4V8xcozkr4M:&tbnh=166&tbnw=221&ei=MpI0Tay7Ecb2gAeY87mCCw&prev=/images%3Fq%3Dtoy%2Bstory%2B3%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26biw%3D1360%26bih%3D634%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=848&vpy=95&dur=2089&hovh=200&hovw=252&tx=154&ty=104&oei=MpI0Tay7Ecb2gAeY87mCCw&esq=1&page=1&ndsp=18&ved=1t:429,r:4,s:0

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPeyKLJ2VXMaye1Hs9a4wEHfqzAMvgcu3D7BGYPm6pejbuVkaO7OVcXigj758uvflEh8iXaFERiFlqQy906Z9IRj4TpSS-eqvaDHrl0dONIGsLo0xxtvT5pO97Mu8FsnAWX-O08CIe61jL/s1600/fotos-da-tragedia-da-regiao-serrana-do-rio-teresopolis-34.jpg&imgrefurl=http://www.superativa.com/&usg=__Ia-Sm0yCloOL_ChqC8_crjDjIOI=&h=540&w=720&sz=98&hl=pt-br&start=218&zoom=1&tbnid=coHbQ_IBWAACwM:&tbnh=147&tbnw=197&ei=pJM0TbnBD4TWgQfsy_zNCw&prev=/images%3Fq%3DDesastre%2Bna%2BRegi%25C3%25A3o%2BSerrana%26hl%3Dpt-br%26sa%3DG%26biw%3D1360%26bih%3D634%26gbv%3D2%26tbs%3Disch:10,6225&itbs=1&iact=hc&vpx=931&vpy=279&dur=1912&hovh=194&hovw=259&tx=127&ty=107&oei=qZI0TePtEcnagQfS87yrCw&esq=6&page=13&ndsp=18&ved=1t:429,r:10,s:218&biw=1360&bih=634

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://chicoandrade.files.wordpress.com/2011/01/34240-970x600-1.jpg&imgrefurl=http://chicoandrade.wordpress.com/&usg=__GtfTQh6keawQLuUn0PqsfTTBfXA=&h=600&w=970&sz=91&hl=pt-br&start=38&zoom=1&tbnid=KxCCVGd2mj5VDM:&tbnh=155&tbnw=226&ei=Opc0TanWFYHQgAf-zc2FCw&prev=/images%3Fq%3DBelas%2BArtes%2Bcinema%26hl%3Dpt-br%26sa%3DG%26biw%3D1360%26bih%3D677%26gbv%3D2%26tbs%3Disch:10,13810,1381&itbs=1&iact=hc&vpx=320&vpy=231&dur=824&hovh=176&hovw=286&tx=129&ty=115&oei=PpY0TYKdHIjDgQfTnumYCw&esq=5&page=3&ndsp=17&ved=1t:429,r:13,s:38&biw=1360&bih=677

Nelson Rodrigues de Souza