domingo, 1 de agosto de 2010

Uma Noite em 67, Um Disco Voador Identificado que Passou em Minha Vida.










Uma Noite em 67, Um Disco Voador Identificado que Passou em Minha Vida.

1- Uma Fatia de Autobiografia

Nasci em 25 de outubro de 1954, assim em 21 de outubro de 1967 quando se passa o filme “Uma Noite em 67” contava praticamente com 13 anos. Já tinha assistido bastante fissurado aos festivais anteriores. Neste em questão tinha já visto as eliminatórias.

Minha família de Mogi das Cruzes é o que eu com dificuldade posso definir como “classe pobre alta”. Os seja, os filhos tiveram direito a estudar sem trabalhar durante o primário, o ginásio e o colegial. Meu pai foi pedreiro por uns tempos e depois alçado à posição de empreiteiro de obras, um trabalho que trazia muitas vezes uma incômoda sazonalidade: períodos de vacas gordas quando havia trabalho e períodos de vacas magras em que se tinha que esperar que ele aparecesse. Assim a economia doméstica era espartana. Isto não impediria meu pai de me dar uns trocados para lazer, principalmente o cinema que já era uma grande paixão. Mas tal não acontecia muitas vezes. Ficava observando amiguinhos chegarem das matinês e então me contavam os filmes que viram em programa duplo. Minha imaginação sobre os filmes era então ainda mais aguçada. Claro que havia momentos em que eu ganhava uma grana para este lazer, mas na maior parte do tempo da infância me foi negado. Aos cinqüenta anos meu pai parou de trabalhar e deu o recado indireto aos filhos: já fiz o que pude, agora vocês se virem. Éramos três irmãos. Eu o mais novo.

Em casa à noite depois de um dia bastante estafante no trabalho meu pai para recuperar o humor se transformava num Leão, o “rei dos animais”. Tínhamos que ver na tevê os programas que ele queria e não os que desejávamos. Quando coincidia de os gostos baterem era ótimo: algumas novelas como a essencial “Beto Rockfeller” de Bráulio Pedroso, com Luis Gustavo num papel antológico, “Irmãos Coragem” de Janet Clair, dentre outras. Já muitos seriados eu perdi. Mas vi junto com prazer a “Bonanza”, “Combate’, “O Fugitivo”, “Perdidos no Espaço”, “Terra de Gigantes”, “National Kid”, etc. Já de “Missão Impossível”, dentre outros, não vi um episódio sequer, pois meu pai não gostava.

Aos treze anos, no ginásio, eu já estava sofrendo o que se chama hoje de bulling, ou seja, hostilidade e humilhações de colegas. No ginásio, principalmente, o problema se agravava por eu ser um dos melhores alunos: a vingança reativa da crueldade do mundo infanto/ juvenil vinha com mais força e me chamavam “O Madalena”, pois já tinha traços de comportamento homoerótico. Por fim eu passei a ter uma escola toda que me chamava por este apelido. Sim pelo menos colocavam o artigo “O” para suavizar a pilhéria. Se eu me dispusesse a brigar teria de brigar com uma escola toda. E confesso que nunca fui bom de briga.

No colegial, também sendo um dos melhores alunos, chegou a ter um grupo bastante hostil que criou um jornal mural para me desmoralizar e fazer chacota, colado ao fundo da classe: “O Clandestino”. O que os movia era um sentimento negro: além de ótimo aluno era veado. Isto lhes era insuportável. Eu passei a fazer então sozinho “O Sombra” que colava ao lado, onde também fazia pilhérias e me defendia. Eu era ótimo aluno em História, Português/Literatura, Matemática, Inglês. De Ciências nem tanto. Nunca houve um professor sequer que tomasse partido e conversasse seriamente com a turma para me defender. O mestre de Português/Literatura tinha todo o jeito de ser gay também. Mas talvez justamente por isso, nunca me defendeu, pois se o fizesse estaria se expondo. Poderia estar tendo o medo de chamar então a atenção da turma para a sua própria homossexualidade.

Praticamente estava isolado na cidade com apenas um grande amigo, mas com o qual não conseguia me abrir inteiramente: não via espaço para isto. Sua relação comigo era ambivalente: quando estava junto a mim era meigo e atencioso, puxava pelo melhor de si; quanto estava em grupo se juntava aos preconceitos deste para me depreciar, o que me fazia dar um gelo nele até que não agüentava mais e quebrava. Era uma paixão platônica minha.

Eu morava numa casa razoável que sofria muito com a poeira lançada pelos carros na rua não asfaltada bastante movimentada, que hoje é o início da Mogi-Bertioga. Talvez seja por isso que eu tenha até hoje uma forte alergia de ordem otorrinolaringolista. A última médica que consultei me disse que eu teria de me conformar com a alergia: assim não posso tomar gelados nem chuva que a minha gargantinha/voz de Maria Callas começam a se inflamar. Isto mesmo depois de ter feito uma perigosa extração de amígdalas aos 25 anos com duas fortes hemorragias (mas esta história de erros típica dos Irmãos Cohen fica para ser contada em outra ocasião). Em épocas de eleição as pedras para calçamento surgiam ao alto da rua. Após as eleições eram retiradas. Crescendo assim dá para ter uma boa imagem dos políticos?

Eu instintivamente me via como homossexual. Não era uma coisa muito consciente pra mim não. Tinha apenas como modelo uma lésbica bem macha que passava na rua alheia a desairosos comentários que se fazia sobre sua figura. Da televisão conhecia Clovis Bornay, Mauro Rosas, Denner, Clodovil. Pensava cá com meus botões: é isto que me espera na vida adulta, é nessas figuras que não me agradavam em nada que eu iria me transformar?

Bobinho eu ia para São Paulo fazer maratonas de cinema do meio-dia até dez horas da noite, quando então voltava para a Estação do Brás pra pegar o trem de volta para Mogi. Na própria estação e nos cinemas eu me deparava com homens de pau-duro como se estivessem urinando. Gente, eu não entendia o que era aquilo! Estavam ali para urinar e precisavam estar assim deste jeito? Eu que era capaz de fazer a exegese de “Solaris” de Andrei Tarkovsky visto no Largo do Arouche, depois de ter visto “Aguirre, a Cólera dos Deuses” de Herzog e “Ajuricaba, o Rebelde da Amazônia”, não sabia o que era pegação de banheiro! Acreditem se quiserem. Mas era assim mesmo que os fatos se davam. Algumas vezes chegava a pensar que essa gente de pau duro estava preparando uma emboscada para me assaltar. Até isto passava pela minha cabeça.

Enfim, com um pai muito machista em casa em que qualquer reação dos filhos era tida como um desrespeito e não entendia os signos homoeróticos que me cercavam, estava entrando na adolescência e tudo se constituía num beco sem saída. Não sabia que profissão seguir e com que meios e não tinha modelo masculino que me tranqüilizasse. Passei a desenvolver doenças psicossomáticas e certa vez indo a um gastroenterologista na cidade bastante conceituado, na hora do exame em que ele abaixou minha cueca e começou a me apalpar para entender as dores que eu sentia, eu então fiquei com pau-duro acompanhado de uma grande vergonha. Estava então na cara para ele que meus problemas eram de outra ordem. Tinha ido com minha mãe ao médico. Se este fosse realmente um bom médico, não tendo descoberto nada demais no meu aparelho digestivo, teria ido além de sua especialidade e conversado seriamente com minha mãe: o problema do seu filho é de outra ordem minha senhora. Mas não: se omitiu vergonhosamente.

Enfim eu não tinha um modelo masculino com quem me identificar. Quando Caetano Veloso surgiu no delicioso programa da Record “Esta Noite se Improvisa”, onde Blota Júnior dizia A palavra é .......e Caetano era o mais esperto, um craque e erudito em MPB clássica, logo indo cantar um trecho que continha a palavra medo por exemplo.....Enfim, quando vi essa criatura muito talentosa que veio da Bahia e tinha um ar andrógino que me agradava muito, eu passei a sentir que tinha salvação! Ou seja “se Caetano existe, eu também posso existir”. E não me importa aqui se Caetano é hetero, homo ou bi. Importa que sua persona inteligente, sensível, delicada, onde um lado feminino aflorado convivia muito bem com um lado masculino sem nenhum pudor era tudo o que estava procurando para ver soluções para o beco sem saída em que me encontrava e que poderia ter me levado até ao suicídio.

Quando surgiu então Secos&Molhados com Ney Matogrosso eu passei por outra revolução na minha vida. De novo uma criatura modelar, bastante feminina e andrógina com grande intensidade e verdade nos gestos, olhares e cantos que me davam alento e coragem para enfrentar adiante o que surgisse na minha frente. Assim eu poderia “romper tratados, trair os ritos, lançar uma lança” em direção ao futuro.

Mas voltemos a aquela noite em 67. Meu pai não quis abrir mão de um programa humorístico que queria ver e apesar dos meus apelos me impediu de assistir em casa à finalíssima do Festival da Record que eu já sabia que seria uma noite revolucionária para a história da MPB. Talvez ele intuísse que seu filho procurava modelos capaz de fazê-lo ”matar a família e ir ao cinema...”

Com apreensão e uma dose de desespero fui pedir a uma vizinha que sintonizasse a TV Record e assim pude vibrar de cabo a rabo com esta grande festa. Curiosamente ( acreditem se quiserem) eu que gostava mais de “Roda-Viva” e “Alegria, Alegria” ( que prazer ver Caetano com a camisa de gola rolê e os Beat Boys com suas guitarras e cabelos compridos, sem prejuízo da grandeza da canção, onde o que mais me chamava a atenção era “Quem lê tanta notícia? ”....enfim eu que tinha estas duas como favoritas, tive uma forte intuição de que “Ponteio” de Edu Lobo iria ganhar. Não que não gostasse de “Ponteio” ( é uma lindíssima canção) mas não era aquela que falava mais ao meu coração.

Visto este festival eu passei a ter certeza que meu projeto de vida passaria pela Cultura. O que mais me vinha à mente era a Literatura. Mas Meu Deus! Escrever o quê? Ganhar a vida assim como? Fugir do jugo paterno como? Noutros posts eu conto mais sobre como minha vida cumpriu à perfeição o adágio popular “Deus escreve certo, por linhas tortas”. Aquela noite além de me despertar de vez para a Cultura numa família onde isto não era cultivado, houve a participação de Caetano que me sinalizava ainda mais que meu erotismo particularíssimo tinha futuro. Um modelo brilhante de homem tanto na inteligência quanto na estética me foi definitivamente apresentado. De lá pra cá, sigo Caetano Veloso como uma luz permanente, “a expressão do pouvir” conforme uma revista semanal o definiu de uma forma muito feliz.

Pra terminar esta fatia de autobiografia fica a lembrança de um fato muito curioso. Num concurso entre todos os alunos do quarto ano do primário instituído pelo Rotary Clube de Mogi com o tema “O que eu quero ser quando crescer” eu escrevi um texto em que dizia querer ser médico e lancei esta pérola de demagogia (ou não?): O bem estar do povo é o que me interessa. Não escolhi esta profissão porque sei que ela nos proporciona fama e fortuna”. Ganhei o concurso e recebi numa solenidade um belíssimo livro com adaptações de “Memórias de Um Burro”, “Os Irmãos Corsos”, “Moby Dick” e “Viagens de Gulliver”. Detalhe: este foi o primeiro livro de ficção que entrou lá em casa. Hoje eu tenho uma razoável biblioteca particular mas toda foi construída com o fruto do meu trabalho onde comi o pão que o diabo amassou ( mas esta é outra história para outros posts.)

Eu então me questionava. Será que eu quero ser médico mesmo? Mas como se não suporto ver sangue, gente ferida, etc.? Mais uma vez falava mais alto cá com meus botões: o que eu quero mesmo é escrever...

O meu Post SEGUNDA-FEIRA, 26 DE JANEIRO DE 2009

O Choro do Pai- Um Conto Semi-Autobiográfico Com as Mentiras Sinceras da Ficção retrata com muitas invenções, dilemas que vivi e foram aqui expostos.

2- Uma Noite em 67, o filme

“Uma Noite em 67” (Brasil/2010) é um filme muito tocante, brilhante, necessário (urgente para recuperarmos nossa auto-estima de brasileiros nestes tempos em que ficamos tão combalidos, onde os jornais nos remetem dia a dia às mais variadas formas de patifarias) e retrata um dos grandes momentos da História da Cultura Brasileira, com acuidade e sensibilidade impressionante.

A pecha de convencional que querem pregar ao filme é totalmente equivocada. Quando se tem um grande tema como este, um argumento extraordinário que é evocar o que foi a finalíssima do melhor Festival da Record e o melhor de todos os festivais, confrontando as entrevistas da época (feitas com argúcia por Randal Juliano e Cidinha Campos) e apresentações na íntegra das cinco músicas finalistas, com depoimentos de figuras envolvidas no evento, no presente, 43 anos depois, o melhor a se fazer é não estragar todo este potencial. Ricardo Calil e Renato Terra, os diretores, fugiram acertadamente de invencionices estéreis que os fizessem, em vão, concorrer com o arranjo mais arrojado e belo que é o de Rogério Duprat para “Domingo no Parque” com Gilberto Gil e Os Mutantes.

Dzi Croquettes (Brasil/2009) de Raphael Alvarez e Tatiana Issa é inegavelmente um filme irresistível e bom. Mas poderia ser melhor se os diretores na montagem não tivessem se acometido, muitas vezes, da famigerada ”editite”, ou seja, vários depoimentos são truncados sumariamente para dar um ritmo ao filme que corresponda ao frenesi dos grandes dançarinos performáticos e ficamos com um frustrante gosto de quero mais em relação aos depoimentos potenciais mais aprofundados que poderiam estar no filme.

Já em “Uma Noite em 67” temos toda a paciência necessária para os depoentes darem seu recado, o que filia o filme à escola de Eduardo Coutinho e João Moreira Salles que jamais sucumbiram às armadilhas da edição clipada. Claro que em “Dzi....” há os depoimentos com tempo razoável mas outros foram sabotados na edição final. Vamos ver o que nos reserva o DVD.

A impressão que tenho é que muitos documentários já são feitos de olho no formato DVD que terão vários extras. Alguns diretores acreditam, a meu ver erroneamente, que o espectador impaciente de hoje não vá querer ver documentários longos, o que é uma bobagem, pois quando o tema é forte e há pessoas com muito a dizer, dar bom espaço para que elas foquem o tema envolvido ou criem mais subtemas é uma atitude muito saudável.

Lembro-me de ter visto extasiado “Woodstok-Três Dias de Paz, Música e Amor” (EUA/1970) de Michael Wadleigh com três horas de duração, duas vezes em seguida. Um prazer que só nos proporcionam agora se pagarmos de novo o ingresso... Enfim me defrontei com a arte de Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Joan Baez, etc. durante seis horas e esta foi uma experiência inesquecível com reflexos até hoje (fiquei também baratinado com o nudismo sem pudor dos participantes). Foi meu “Rock in Rio” na poltrona do cinema.

O momento mais dramático de “Uma Noite em 67” se dá quando a platéia extrapola o seu direito de vaiar e insistindo nesta atitude não permite que Sérgio Ricardo (o mais experiente e velho de todos, nos seus trinta e cinco anos, já tendo feito a trilha maravilhosa de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha) consiga nem ouvir o som dos instrumentos em jogo, inviabilizando sua apresentação. Sérgio diz “vocês venceram”, quebra no canto seu violão e o atira na platéia. Foi um gesto de grande coragem, dignidade. Teria sido mais elegante se ele tivesse simplesmente ido embora mas prefiro seu gesto mais humano de sacudir a platéia e mostrar a ela o quanto ela estava sendo autoritária e fascista. Uma das máximas que mais mal causou à História da Humanidade” vem do rabino reformista ( segundo expressão de Gore Vidal em “Juliano”) Jesus: “Se lhes baterem numa face, ofereçam a outra; a quem lhes tomar a túnica, cedam também o manto”. Eu hein, rosa...? Não sou adepto do olho por olho dente por dente que é o outro extremo mas a máxima cristã apresentada é um engodo perigoso criando multidões de carneirinhos que sofrem estoicamente desistindo de uma vida digna, honesta e feliz aqui na Terra em nome de algo que virá para os supostos justos quando atravessarem a porta. Não é um grande desatino?

O filme flagra as ambivalências de Gilberto Gil e seus raciocínios transversais, nem apolíneos nem dionisíacos e sim a afirmação e o seu contrário ou ainda uma outra coisa, pois tanto pode fazer uma música “Eu Não Tenho Medo da Morte” como dizer “Eu Tenho Medo da Morte”. Assim Gil é visto na ridícula passeata contra a guitarra que envergonhou, com razão, Caetano e Nara Leão que a viram de uma janela do Hotel Danúbio, como poucos meses depois surge com arranjos arrojados de guitarra em seu sensacional “Domingo no Parque”. Não é à toa que o filme mostra que ele amarelou antes de sua apresentação, algo que o Gil de hoje comenta com sua inescapável espiritualidade.

“Uma Noite em 67” é uma realização que nos traz de volta o orgulho de sermos brasileiros, não pela força de seus políticos, latifundiários e neocoronéis de celulares comandando trabalho escravo, mas sim pela força de seus artistas compositores e/ou cantores(as) da múltipla MPB, sem nenhum favor uma das melhores do mundo.

Significativo do mar de mediocridade que querem nos impingir hoje é o fato de vivermos na televisão aberta a era da fartura nauseante de telenovelas, realities shows e futebol. Nada contra estes programas, mas tudo contra a hegemonia deles. Não há quase mais espaço para a grande MPB e seus novos valores que vão surgindo, para os novos CDs lançados, sejam de uma última geração ou até mesmo de medalhões. Atualmente estou ouvindo maravilhado “delibáb” onde Vitor Ramil canta divinamente músicas feitas por ele para poemas de Jorge Luis Borges e João da Cunha Vargas; claro que o cantor maior (além de genial compositor) ”meu farol” Caetano, comparece neste grande evento artístico dividindo a faixa “milonga de los morenos” com Ramil. Quando é que a TV vai dar espaço para isto?

Na Record nos seus áureos tempos tivemos “Esta Noite se Improvisa”, uma deliciosa competição para descobrirmos quem melhor conhecia canções brasileiras, “O Fino da Bossa” com Elis Regina e Jair Rodrigues, “Bossaudade” com Elizeth Cardoso, “Jovem Guarda” com Roberto&Erasmo&Wanderléa e ainda o imponente “Show do Dia Sete” em que se misturava toda essas vertentes.

Um dos programas da Globo que ainda dá bom espaço para a MPB é “Altas Horas” com o delicado,culto e atencioso Serginho Groisman. Mas quem agüenta ficar na madrugada de sábado para domingo para ver os artistas falarem de suas vidas e cantarem?

No filme, Chico Buarque “de hoje” ao confrontar-se com o passado mostra-se um tanto blasé. Mas só aparentemente. Com tantas canções, peças e livros, enfim com tantos trabalhos em sua magnífica trajetória artística, há sinceridade quando ele diz não se lembrar da letra inteira de Roda Viva.

De uma forma elíptica o contexto político da época nos é mostrado. A reação histérica de parte da platéia, constituindo-se em autênticos macacos (as) de auditório, na sua maior parte estudantes, mostrando-se agressiva de forma até a provocar a ira santa de Sérgio Ricardo, era assim porque de certa forma tomavam as músicas que não lhes apeteciam como bodes expiatórios de suas frustrações cotidianas numa época de feroz ditadura militar.

“Uma Noite em 67” retrata uma noite que foi um cometa que passou em nossas vidas e nossos corações se deixaram levar...

Enfim, “Uma Noite em 67” é um filme imperdível que merece ser colocado numa nave a ser lançada no espaço para que extraterrestres que a encontrem no futuro, quando só sobrarem as baratas na Terra, saibam que num país chamado Brasil havia muita gente inteligente e sensível. E eles cantarão nostálgicos do que não viveram: “Quem me dera agora eu tivesse uma viola pra cantar....pra cantar....Ponteio, todo mundo a pontear...”

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Nelson Rodrigues de Souza

4 comentários:

  1. Nelson, meu caro!! Você se superou neste post, com seus "insights" e ao fazer um paralelo entre sua trajetória, contextualizando-a político-culturalmente à época em questão, me fez entrar numa espécie de cápsula do tempo. Brilhante o seu texto. Só um detalhe: quem acompanha Caetano Veloso em "Alegria, alegria" é um grupo argentino chamado "Os Beat Boys".
    Abraços!!!

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  2. Sívio,

    Que bom que você gostou bastante.Também acho que foi dos melhores posts que fiz. Aquele em que me expus mais.Uma grande entrega ao texto.

    Já corrigi o detalhe que você menciona.
    Um grande abraço,
    Nelson

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  3. Errata: No comentário anterior onde se lê Sívio, leia-se Sílvio.
    Nelson

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  4. Adorei este post. Quantas e quantas vezes eu ouvi as histórias de meu pai sobre sua infância e adolescência em Mogi, e agora tive o prazer de me emocionar lendo este post, que me fez voltar ao mesmo tempo e o mesmo cenário que as histórias de meu pai me levavam. Parabéns pelos belos textos que o senhor escreve.

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