segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Coração Amotinado- Um Conto











O Coração Amotinado

Como é que o Dr. Gustavo Ferraz sempre avesso às badalações sociais resolveu convidar toda essa gente para uma festa em seu apartamento, sem nem mesmo haver nenhuma efeméride à vista? Seu aniversário dos quarenta e dois anos já tinha três meses de vida, sua carreira de renomado endocrinologista progredia, mas nenhuma honra ao mérito, nenhuma condecoração estava a caminho (também pudera: há oito meses já tinha recebido uma). E no entanto lá estavam presentes sua ex-mulher, o novo marido desta, os dois filhos que teve ( já pródigos na vida universitária), outros familiares, colegas médicos, alguns raros amigos e os penetras de sempre. Será que os convivas seriam brindados com o anúncio de uma nova união? Será que finalmente o Dr. abandonaria esse longo período de solidão que adotou? Era o que comentavam todos, alguns sutilmente, outros espalhafatosos, pelos quatro cantos da sala enquanto degustavam os salgadinhos e docinhos de praxe e bebiam o clássico wisky com soda. As fofocas que corriam soltas só cessaram quando o anfitrião pediu alguns minutos da preciosa atenção dos cavalheiros e senhoras presentes e anunciou que tinha uma noticia muito importante a transmitir-lhes. Os olhares todos convergiam para a figura simpática do médico, com esparsos fios de cabelos grisalhos, a cara própria das pessoas confiáveis, o rosto de suave e bela melancolia, o porte altivo, a fala adocicada. Finalmente a platéia entenderia afinal que espetáculo viera assistir:

- Eu ouvi muitos de vocês sussurrando a respeito do porquê lhes convidei e lamento desapontá-los. Não é de uma nova união que lhes venho falar agora. Pra dizer a verdade o assunto que vou tratar está intimamente relacionado com o que vocês comentam. Entretanto justamente há uma semana eu terminei um relacionamento que me era muito caro. Isso me abalou, mas não é justamente sobre coisas tristes que eu vou me deter essa noite. Talvez o que eu vá dizer aqui para muitos não seja novidade, mas mesmo assim eu senti uma vontade de reuni-los e participar-lhes um fato da maior relevância para mim. Eu quis que vocês estivessem presentes num momento como esse. Pra mim é como se eu estivesse nascendo de novo e precisasse dessa cerimônia de batizado...

A essa altura os convidados já estavam impacientes. Alguns ameaçavam até interromper o orador, pedir-lhe que fosse logo ao cerne da questão e gritasse por música, pois a noite ensaiava os seus primeiros passos e muito havia ainda por dançar, por se divertir. Sem se deixar perturbar pelos olhares instigadores, Gustavo prosseguiu em sua catarse:

- Só ultimamente é que tenho me dado conta do quanto minha vida tem sido insossa apesar de todas as conquistas habituais que amealhei: casei-me, tive filhos, fui bem sucedido em minha profissão, ganhei honrarias, mas no quebra-cabeça da vida faltaram as peças chaves, no meu álbum faltou as figurinhas carimbadas. As coisas mais simples que as pessoas fazem sempre me foram negadas ou eu mesmo me furtei a elas talvez. Algo tão corriqueiro como andar pelas ruas e praças com a pessoa amada, beijá-la nas calçadas, sempre foi um fantasma para mim. Nunca pude apresentar socialmente a pessoa que eu amava, sempre me escondi como uma barata encurralada. Atrevi-me até a um casamento desastroso para me sentir aceito. Hoje eu não culpo a ninguém, nem a mim. O que eu quero é exorcizar-me de toda e qualquer culpa. Senhoras e Senhores, eu Gustavo Ferraz, endocrinologista consagrado nos meios acadêmicos e dono de uma fiel clientela vem a público hoje comunicar-lhes que é homossexual sim. Sempre foi. E convicto e irrecuperável. Se eu estiver apaixonado por alguém, onde eu for essa pessoa irá comigo, terá de ser bem recebida como eu tenho sido. Os que me amam realmente que me sigam... Música...Música... eu quero muita música hoje...

Por mais que a música se espalhasse por todo o ambiente, as pessoas como em transe conversavam nervosamente sobre o ocorrido. Enquanto dançavam os ouvidos eram presenteados com as mais desencontradas hipóteses. Teria enlouquecido o Dr.? Será que ele como médico descobriu que estava com os dias contados e agora nada mais temia? Teria sido uma peça que ele, brincalhão, lhes teria pregado? Aos que dele se aproximaram naquela noite, tentando entender melhor o que o levara a tais confissões ele respondeu que por enquanto o que se dispunha a dizer era somente o que disse. Pediu a todos, gentilmente, que comprasse os principais matutinos do dia seguinte, pois teriam mais subsídios para entender melhor porque sua cabeça fervilhava com tal intensidade.

Os que acorreram aos jornais não perderam por esperar. A audácia atual de Gustavo ampliou as cerradas fronteiras de seu apartamento e invadiu as ruas e lares. Uma saliente nota paga nos principais jornais conclamava todos os interessados a comparecerem num determinado escritório em Copacabana para tratarem da fundação do Centro de Estudos da Homossexualidade. O anuncio frisava que garantiria sigilo aos participantes e que o grupo formado se incubiria de coletar material bibliográfico, organizar palestras e seminários, preparar um serviço de informações ao telefone ou por carta sobre tudo que se relacionasse com o homossexualismo. Para isso teriam de se inteirar de todos os aspectos. Toda contribuição seria bem vinda, pois precisariam adquirir cultura na área em suas inúmeras filigramas. Teriam de discutir a homossexualidade à luz da psicanálise, psicologia, sociologia, antropologia, política, direito, filosofia, economia e outros logos que aparecessem. O objetivo maior em curto prazo seria prepararem-se, no ano corrente 1986 para a constituinte a caminho, dentro de maior número de tópicos possíveis.

A repercussão foi estrondosa, principalmente dentre as pessoas que conheciam Gustavo como consciente profissional. A associação dos médicos da qual fazia parte reuniu-se em sessão extraordinária e chegou a um parecer após muitas controvérsias: ainda que a homossexualidade não fosse mais considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma doença, não seria conveniente tê-lo mais como sócio pelo proselitismo que agora fazia dessa conduta. Dado que era um profissional competente não insistiriam em sua cassação, mas fariam questão de frisar perante a opinião pública que não comungam com suas idéias libertárias. À ex-mulher que lhe ligou preocupada com a hipótese de que ele viesse a investir todos os bens que possuía na construção da associação, Gustavo respondeu-lhe que ficasse tranqüila, que teria sua pensão assegurada. Em relação ao resto ele se permitia o direito de dar o destino que quisesse.

Na primeira reunião do Centro de Estudos da Homossexualidade, os sócios compunham um grupo de diferenciado caráter pelo menos no que diz respeito às profissões englobando desde jornalistas, engenheiros, arquitetos a psicanalistas. Do ponto de vista das classes sociais a homogeneidade predominava: eram todos de classe média que lutavam ferozmente contra a crescente tendência à proletarização. Na primeira reunião o que mais discutiram foi a ausência das pessoas de posição social mais humilde. A conclusão a que chegaram era que estas tinham, com certa razão, receio da festividade que poderia reinar. Se todos se dispusessem a um bom trabalho e este fosse dado a conhecer, eles compareceriam. Por maior que fossem as quatro salas conjugadas do escritório, elas já estavam pequenas para acomodar os trinta e quatro inscritos, dentre homens e mulheres. Caso mais pessoas aparecessem teriam de organizar mais reuniões em outros dias em variados horários.

O primeiro ponto polêmico das discussões foi o que pretendia a sociedade em termos de direitos de um casal homossexual. Estavam de acordo com a necessidade de leis que cuidassem eficazmente das discriminações contra homossexuais no trabalho, lazer, etc. A questão do casamento, entretanto, os confundiu. Ligações heterossexuais têm as leis que regem o matrimônio. E os homossexuais pretenderiam alguma coisa nesse sentido? Quando o engenheiro Chaves defendeu a necessidade de uma lei que regulasse a situação jurídica de um casal homossexual, uma lei que discutisse a comunhão de bens, sua idéia foi pulverizada por alguns espíritos mais exaltados. Foi acusado de querer transplantar para a vida homossexual um modelo que já se mostrava exaurido, falido. As línguas mais ferinas o arremedaram imputando-lhe o desejo de passear pelo tapete vermelho, de véu e grinalda e receber o noivo no altar. Gustavo teve de se valer do comedimento habitual para não permitir que a temperatura reinante não aumentasse.

Pressionado pelo ritmo intensivo e freqüência das reuniões, mal Gustavo pensou em restringir as consultas como médico e a realidade se antecipou aos seus intentos. Ao mesmo tempo em que cessaram completamente os convites para simpósios, seminários, os clientes habituais foram se afastando. Uma nova clientela, entretanto, ainda que diminuta e carente de outra política de preços para a consulta passou a procurá-lo, sendo que uma impressionante característica unia alguns novos pacientes: todos apresentavam sintomas psicossomáticos dos mais variados sendo o mais comum deles uma pseudo-gastrite que ameaçava transformar-se em verdadeira. Por mais que fizessem exames de endoscopia, de fezes, de sangue, tirassem chapas, nada objetivo era detectado. Quando examinou um dos problemáticos adolescentes e apalpou sua barriga, o pênis do rapaz, perturbado pelas profissionais carícias, entumesceu. Gustavo inquiriu com paciência o envergonhado jovem e este confessou ter fantasias homossexuais. A receita dada a ele e a outros hipocondríacos foi o endereço do Centro: seriam bem-vindos.

A entrevista para o jornal foi marcada para sábado à tarde. As únicas condições impostas por Gustavo foram que ela teria de ser publicada na integra (ou não seria dada) e que ele se reservava também o direito de lê-la conforme seria impressa e fazer alguns comentários adicionais e reparos se fosse necessário. Os repórteres estavam excitados com o suculento material que tinham para trabalhar.

- Como é que tem sido a sua vida profissional, depois que o senhor anunciou a criação do Centro?

- Eu tenho me dedicado mais a atender uma faixa da população que pelos preços anteriores proibitivos não podiam me consultar, mas agora me procuram.

- Os seus amigos médicos como é que tem reagido a essa sua nova vida?

- Eu sempre tive colegas de profissão que eram médicos, pessoas que sempre me trataram com respeito e eu procurava corresponder. Mas o meu relacionamento com eles sempre foi estritamente profissional. Meus amigos mesmo são de outras áreas. Existem homossexuais dentro de todas as profissões. Dentro da medicina também. Mas estes não se aproximaram de mim. Não tive sorte.

- Há quem diga que o senhor está muito doente e por isso tem muita urgência em descobrir a sociedade transformada, em contribuir para...

O médico interrompeu a repórter bruscamente, o tom condescendente até então cedeu a uma notória irritação:

- É comum às pessoas dentro do seu conformismo só acreditarem que uma pessoa doente ou insana é capaz de tomar determinadas atitudes que são as mais corretas, dignas, mas dentro da hipocrisia reinante só podem ser fruto (é o que elas acreditam) de mentes perturbadas.

- Desculpe-me a indiscrição, mas é que é dever do jornalista dar forma a toda inquietação da opinião pública...

- Outras perguntas por favor ...

- O senhor e o pessoal do seu grupo pretendem seguir a carreira política?

- Não absolutamente, pelo menos quanto a mim. Eu não tenho paciência, temperamento para as mumunhas do cotidiano da vida política. Apenas como uma Assembleia Nacional Constituinte está para ser implementada, nós queremos dar a nossa contribuição. Se tiver eleições para constituintes nós participaremos. Mas queremos participar apenas da elaboração da nova constituição e depois voltarmos às nossas atividades. Acredito que meus colegas comungam também desse meu pensamento.

- O Centro se desfazeria depois?

- Não, ele continuaria. Existem muitos estudos a serem feitos.

- Quais os principais tópicos que os senhores desejam ver incluído na constituição?

- Antes de mais nada quaisquer resquício da lei nazista que nos taxava de doentes deve ser excluído. Em segundo, leis que impeçam a discriminação desenfreada que vem acontecendo aos homossexuais nos mais diversos setores. Uma lei de criminalização da homofobia seria muito bem vinda.

- Mesmo nas Forças Armadas?

- O Presidente da República como chefe supremo das forças armadas tem a obrigação de impedir que homossexuais sejam expulsos dos seus quadros. Nós temos direitos a exercermos a profissão que quisermos. Não nascemos apenas para sermos, como todo o respeito que estes merecem: cabeleleiros, costureiros, manicures...

- Que mais vocês pleiteiam?

- As nossas discussões ainda estão num estágio ainda bem embrionário. Não temos uma posição definida ainda sobre se vale a pena termos um casamento de homossexuais que lembre o que é adotado pelos heterossexuais ou uma união civil diversa. Eu quero lembrar que quem quiser discutir esses assuntos que compareça lá, mande cartas, telefone. Se forem criados outros grupos em outras praças ou os que já existem quiserem se juntar a nós, trazer as suas ideias, sugestões, serão bem-vindos. Se alguém quiser nos ceder um espaço maior também nos sentiremos agradecidos.

- A policia não tem incomodado vocês?

- Pode ser até que dentro os nossos sócios haja agentes disfarçados. Mas é um risco que devemos correr. Assim como na política, temos uma ultra-direita na polícia. Assim como certos grupos policiais em S.Paulo estavam interessados em forjar a necessidade de maior repressão conforme atestam os assassinatos recentes de prostitutas no Brás em S.Paulo, existe interesse de uma certa parcela da polícia de manter uma aura de marginalidade para o homossexualismo. Nós somos alvos fáceis. Uma fonte de lucros, de extorsão óbvia. Existe todo um complexo de motéis ordinários, guetos sórdidos, controle de michês etc. que lucra mais com a repressão à homossexualidade.

- A adesão ao Centro tem sido como o senhor esperava?

- Nós temos um bom grupo formado. Entretanto eu esperava mais. Infelizmente muitas pessoas que poderiam dar uma valiosa colaboração se escondem. Existem artistas, intelectuais consagrados que forjam famílias em revistas insossas para afastarem as suspeitas. Eu compreendo as razões que os levam a tal atitude. Mas eu não posso deixar de lamentar.

- Como o senhor encara a situação dos travestis e dos transexuais?

- Eu gostaria que eles aparecessem e se expressassem. Os problemas que temos tratado até então são diferentes. Nós estamos satisfeitos com os nossos corpos. Não estamos satisfeitos é com essa sociedade farisaica que ai está. Que eles se manifestem.

- E a questão da bissexualidade, como é que vocês tratarão?

- Essa é uma discussão que temos de aprofundar. Há quem afirme que só existe o bissexual, que o resto é uma forma de repressão, uma perversão até, um indício de limitação da afetividade. Eu pessoalmente me declaro homossexual convicto. Não estou interessado em fazer exaustivas seções de psicanálises para descobrir a minha “porção-masculina”. Estou satisfeito com os meus gostos. Se eu vejo um filme ou peça com o Perry Sales e a Vera Fisher nua, é pra ele que eu olho a maior parte do tempo. Eu não vou me torturar por causa disso. Mas de qualquer modo a idéia de que existem pessoas que são atraídas por esses dois gumes também deve ser considerada.

- Eu senti uma leve critica aos psicanalistas...

- O que não me agrada são esses profissionais que exploram clientes anos a fio prometendo uma cura que nunca virá. Com base nessas idéias de que somos todos bissexuais, muitas pessoas passam anos tentando descobrir o gosto pelas mulheres (ou pelos homens quando se tratam de mulheres) e perdem os melhores anos de suas vidas nessa empreitada inútil. Eu conheço homossexuais que completaram dezessete anos de análise e ainda lhe prometem “cura”. Muitos médicos também tem tido uma atitude lamentável em relação à homossexualidade. Sem nos ouvir, vão prescrevendo receitas cabalísticas com base nos preconceitos que tem em mente. A ética sucumbe ao desejo de reter lucrativos clientes: eles não conhecem o problema, a “doença” que ousam tratar.

- O senhor gostaria de fazer algum comentário final?

- Eu gostaria de pedir às pessoas que tivessem qualquer dúvida a respeito dessa questão que nos procurem. Os que tiverem algo a nos ensinar, também. Esse é um assunto que não diz respeito apenas aos homossexuais. O problema de repressão à homossexualidade está intimamente ligado à repressão da sexualidade de modo geral. O machismo, que é muito mais sutil do que imaginamos está muito mais relacionado com a corrupção que tem sido inerente ao poder do que pensamos. Se cair a repressão ao homossexualismo, muitas das tiranias tolas e estapafúrdias que atravancam com a felicidade na vida heterossexual cairão por terra também, se mostrarão nuas em todo o seu ridículo.

Com a publicação da entrevista o telefone do Centro não teve trégua. Todas as taras e virtudes faziam questão de participar a sua posição. Houve até quem ligasse para dizer que uma bomba explodiria logo mais para depois rir estrepitosamente com a brincadeira de mal gosto. Alguns jornais se deram ao trabalho de em inflamados editoriais reclamarem de que enquanto o país mergulhava numa crise econômica profunda, com a miséria grassando em todos os campos, um grupo de entediados hedonistas viesse a público para desfiar as suas idiossincrasias, as suas mesquinhas e pervertidas preocupações. No entanto o número de sócios inscritos aumentou consideravelmente. O rodízio das reuniões teve de ser muito mais elaborado. No momento adequado várias propostas seriam colocadas em votação.

Dentre os novos participantes uma figura que parecia não se sentir muito à vontade dentro da camisa estampada e jeans que trajava, com um intimidador óculos escuros, chamou a atenção de Gustavo. Quando o insólito sócio aproximou-se do médico para cumprimentá-lo, este se espantou, mas alegrou-se ao reconhecê-lo: tratava-se do nobre Deputado Moisés Leibkovitz.

Moisés manifestou o desejo de conversar mais à vontade depois com o presidente do Centro e no encerramento dos debates esperou por Gustavo na saída e convidou-o para jantarem num lugar aprazível, mas que não fosse tão “in”, não invasivo. O indeciso deputado contou como já há algum tempo ansiava por participar de grupos como aquele, mas a auto-repressão continuava a falar mais forte. No momento em que leu a entrevista concedida por Gustavo é que realmente se decidiu a colaborar como pudesse para solapar a pecha de malditos que ronda os homossexuais. Gustavo garantiu-lhe que todos os cuidados estavam sendo tomados para que ninguém no grupo se expusesse publicamente sem desejar. Os sócios inscritos teriam sigilo absoluto. Fotografia das reuniões não eram permitidas e os advogados do Centro estavam preparados para processar qualquer imprensa que quisesse privilegiar a tonalidade marrom. Moisés lembrou os cuidados que lhe inspirava sua opinião enquanto deputado: se fosse conhecido notoriamente como homossexual os seus eleitores habituais se afastariam, “perderiam” a confiança depositada. Acrescentou que a vida ( com a mulher com quem se casou seguindo a tradição inquestionável da família judaico-cristã, onde ter um filho é pedra de toque da aceitação social, o passaporte para exilar-se do país da rejeição ) estava no mesmo nível de saturação pela qual o médico passara até a decisão de separar-se definitivamente. Apenas socialmente é que a Sra. Leibkovitz o acompanhava, pois em casa praticamente só se entendiam quando o filho tinha algum problema a ser resolvido. Gustavo sentiu que diante de si, o outro homem, um pouco mais novo, era a imagem da qual procurava se exorcizar nos últimos tempos. Moisés representava um passado que ele queria ver pelas costas. Ao mesmo tempo, entretanto, sentiu-se atraído pela elegância, o bigode e a barba bem escanhoados, os traços definidos e trabalhados pela natureza como as mais perenes estátuas gregas. Envolvido na roda-viva do Centro, Gustavo afastou como pode qualquer indício de depressão decorrente da recente separação de um caso de anos, mesmo que tenha se dado na clandestinidade. No semblante de Moisés sentiu, no entanto, decepcionado, refletir-se alguns detalhes do seu próprio rosto, os quais tentara espantar sem sucesso: a solidão e a angústia.

Os passeios durante o carnaval que o médico e o deputado, em recesso parlamentar se propuseram a fazer para discutirem mais pormenorizadamente os avanços e recuos do Centro foram decisivos para que uma atração escamoteada em outras ocasiões se tornasse incontrolável e a amizade cedesse a vez a sentimentos ainda mais nobres. Por mais que Gustavo se defendesse dos próprios desejos e alegasse que não queria um envolvimento afetivo mais forte, pois sua mente queria se concentrar nos preparativos das propostas do Centro, sem se desgastar com uma relação que teria de ocorrer às escondidas, contrariando a sua recente disposição de ter somente relacionamentos abertos, sem culpa e dissimulação, ele viu-se cada vez mais enredado nos atrativos do companheiro. Propôs claramente a Moisés que se tornassem amantes, amigos, mas que se vigiassem ao máximo para não se amarem irremediavelmente. Uma proposta que quando lhes fustigava a consciência pelo onipresente perigo de não ser cumprida era sublimada com a detonação dos problemas pelos quais certamente passariam quando tentassem colocar em prática as idéias veiculadas no grupo.

Um dos aspectos muito discutido no Centro era até que ponto as decisões ali tomadas representavam os anseios de toda comunidade homossexual. Estavam ali tentando definir conceitos que se tornariam leis, aplicáveis a todos e precisavam de uma satisfatória representatividade. Tinham notícia de outros grupos, mas até então nenhum contato tinha sido feito. Não podiam, entretanto, ficar parados. Por telefone e por carta se revelaram muitas sugestões iluminadoras bem como trotes e ofensas inqualificáveis. Quando a polícia vistoriou o lugar em busca de qualquer irregularidade dado que cartas nos jornais estamparam haver orgias em que o sexo “desenfreado” e irrestrito era impulsionado pelas drogas pesadas, os participantes acompanharam atentamente a vistoria feita nos colegas e recantos: todo cuidado seria pouco, pois algo falso poderia ser plantado.

Reconhecido por alguns sócios do Centro, Moisés relatou-lhes o estado de espírito que reinava dentre alguns deputados com os quais comentara os recentes eventos: a curiosidade e perplexidade eram maiores que qualquer opinião formada. Quando os políticos se arriscavam a uma posição o tom predominante era a condenação, a taxação de “levianos, fúteis”. Faziam sempre questão de lembrar os problemas prementes pelos quais passava o país e ressaltavam que não era adequado balançar a estrutura familiar tradicional numa época em que se precisava enormemente de sua fortaleza.

Nem um mês de namoro desfrutaram os dois cavalheiros e Gustavo após uma dilacerada entrega ao companheiro sob o lusco-fusco de um camuflado motel preparou a despedida. Os suados amantes, lado a lado no leito aconchegante, ainda ofegantes, contemplaram-se trêmulos, como se os espasmos não tivessem cessado. Moisés pressentiu pela face irrequieta e grave do companheiro que este, após aqueles inebriantes momentos, tinha uma acabrunhada revelação a fazer. Simplesmente Gustavo punha um ponto final na relação afetiva com o amigo. De agora em diante seriam apenas compenetrados membros do Centro. Forjando frieza e determinação Gustavo argumentou que o que mais temia no momento estava acontecendo: estava se apaixonando e sentindo-se correspondido por alguém de tal maneira que se veria obrigado a incalculáveis malabarismos para ocultar a relação e isto não só conflitava com a filosofia de vida que pretendia adotar doravante como também repercutiria na força que deveria concentrar no aprimoramento do Centro. Moisés não acreditou pela fala agoniada do amigo que estas seriam realmente as únicas razões: não poderia imaginar que alguém que lhe inspirava tanto carinho pudesse descartá-lo assim com razões tão frias, esquemáticas. Uma inquietação há algum tempo reprimida veio então à tona:

- Há algo que você deve estar me escondendo. Você está querendo me afastar de alguma coisa ruim. Por favor, não esconda nada de mim...você está...

Antes que Moisés prosseguisse no apelo, a pungência do ato do companheiro fez com que Gustavo se levantasse bruscamente da cama e procurasse dissipar as dúvidas de uma vez, encurralado o amigo, tentando feri-lo propositalmente:

- Você não acredita em mim não? Pois então saiba que se você amanhã tiver o mesmo desprendimento que eu tive e anunciar a Deus, ao mundo e à torcida do flamengo que é um homossexual e que o resto é o de menos, considere tudo que eu disse aqui como não dito, pois nós mais do que nos merecemos!

A convincente crueldade de Gustavo conduziu o amante ao pranto desesperador. O médico apertou a mão do amigo por alguns asfixiantes segundos, beijou-lhe a face transtornada pelas lágrimas insistentes e saiu.

Nas reuniões que se seguiram prevaleceu o retraimento na atuação de ambos. Moisés alertou a todos sobre as incertezas que ainda pairava sobre o como, onde e por quem seria feita a constituinte e Gustavo relembrou os aspectos positivos já desenvolvidos, no intuito de tripudiar o desânimo que começava a se abater sobre todos. O carisma do médico como elemento catalisador do grupo era inegável. Daí a imensa consternação que atingiu a todos quando, mal fevereiro chegava ao fim, receberam a notícia de que o carro e as roupas de Gustavo tinham sido encontrados na praia de São Conrado pela manhã e não havia o menor indício dele. Apesar do rompimento brusco que tiveram, de uma mágoa ainda não cicatrizada, Moisés ainda o queria muito. O deputado tinha certeza que o companheiro não se suicidaria, tinha o maior gosto pela vida e principalmente não abandonaria o grupo justamente quando as mais importantes articulações ainda estavam por serem feitas. Quando jornalistas apareceram no Centro para avaliarem a repercussão do fato junto aos companheiros do desaparecido, Moisés despiu-se dos óculos escuros habituais e valendo-se de toda a sua eloqüência como deputado bem votado, anestesiado em relação às seqüelas ao expor-se desta maneira, efetuou um estonteante discurso:

- As pessoas dignas desse país não podem se omitir num momento como esse. Um cidadão da maior dignidade, generosidade e espírito de luta expõe-se o mais que pode para defender uma causa justa. As animosidades que o seu destemor despertou nos setores mais retrógrados foram incalculáveis. Os telefonemas desrespeitosos e ameaçadores que recebemos foram inúmeros. É urgente a necessidade de uma criteriosa investigação para apurarmos o que deve ter acontecido. O Dr. Gustavo tornou-se uma pessoa inconveniente para a parte malsã, para os mais arraigados conservadores de nossas instituições. São muitos os setores interessados em tê-lo calado. É vital uma imediata averiguação!

Num dos matutinos não só saiu o desabafo do deputado como também um inconformado editorial:

Como se não bastasse as blasfêmias todas lançadas pelo senhor Gustavo Ferraz durante esse primeiro e decisivo bimestre do ano, vem a público o parlamentar Moisés Leibkovitz, que como se os problemas que tem que resolver em louvor à comunidade que o elegeu não fossem poucos, ainda tem tempo para se envolver em corriolas pervertidas, injuriar as nossas mais caras instituições, imputando-lhes tendências homicidas. Ora Sr. Leibkovitz, pela irresponsabilidade com que o Sr. Gustavo conduziu sua vida nos últimos tempos é nos lícito supor que ele como médico já deveria saber que estava com os dias, infelizmente, contados. Não resistindo às trovoadas que semeou ultimamente sem medir a sua condição de mortal optou, provavelmente pela solução mais fácil e abreviou o sofrimento. E dizemos provavelmente porque assim como o deputado (pobre dos seus eleitores!) se julga no direito de despertar a suspeita sobre os cidadões que não comungam com as suas inefáveis preferências, nós também nos julgamos no direito de supor que o senhor também possa ter interesse como político que é em assumir o controle deste bizarro Centro. Tomara que o Sr. Deputado não tenha nada a ver com o incidente e seus dividendos eleitorais. Nossos cidadões precisam de calma, paz e trabalho e estão fartos de escândalos!”

Ainda que a diretoria do Centro e outros grupos que lidam com a questão homossexual viesse a público rechaçar o malicioso editorial contra Moisés (principalmente), o líder de última hora foi chamado a depor. Nenhum sinal de Gustavo foi encontrado. Parte da imprensa aventou a hipótese de tubarões terem devorado um possível intrépido, tenaz e suicida nadador. Dado que o testamento do médico deixava tudo que fosse possível para o Centro, as suspeitas sobre Moisés redobraram. Moisés não negou terem sido amantes, mas rebateu qualquer alusão a crime passional.

À noite, em seu apartamento, refestelado sobre o sofá, lembrando-se das agruras do dia e consolando-se com a notícia de que outros grupos formados em outros Centros se interessavam agora em estreitar os laços, em unir as forças, em confrontar as idéias, Moisés não pode deixar de arrefecer o entusiasmo com o pensamento de que as pessoas só abandonam a passividade quando a culpa as impulsionam por terem permitido o flagelo de um mártir. Quando adormeceu, sonhou com Gustavo, nu em pelo, correndo e pairando sobre as águas, balançando, lascivo e incorrigível, o avantajado pênis, como um despudorado irmão de Iemanjá.

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Nelson Rodrigues de Souza


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