quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ao Viajor a Estrela Guia- Um Conto











Ao Viajor a Estrela Guia

Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,

Nas nelle é que espelhou o céu.

Mar Portuguez – Fernando Pessoa

A Reinaldo não foi nada fácil seu último tour-de-force, o derradeiro desempenho, a máscara final, o ensaio e a representação definitiva num improvisado palco de hospital. Mas já que pressentia a inevitabilidade daquele fim de ato, o inexorável e inadiável encontro com o lado de lá, tratou de simular sua calma mais calculada e expor, apenas, a pontinha do iceberg que retinha sua incomparável angústia, a fim de não afligir ainda mais aqueles amigos que agora se viam forçados também a transmitirem adeuses pungentes, mas plácidos. Reinaldo só descuidou-se e contaminou-os de aflição quando Otávio, seu querido e inseparável amante de anos (onze para sermos exatos), não quis levar adiante naquele momento a idéia de um testamento às pressas para se resguardar de possíveis dissabores em mesquinhas disputas.” Você vai se recuperar amorzinho. Eu tenho certeza. Não se entregue “– repetiu Otávio catatônico, tentando insuflar nas palavras uma convicção que decididamente elas não transportavam. Concentrando o olhar no amigo do casal, André, o agonizante suplicou com doçura: “Vivam vocês o melhor que puderem os seus trinta anos por mim. Esse número trinta sempre me assustou. Meus pressentimentos hoje se confirmam... E eu que sempre corri atrás das novidades, quis sempre estar “in”, ciente e adepto de todo “dernier-cri”, não poderia mesmo passar incólume por essa novidade, não é meus queridos?” Os dois últimos espectadores da vida que se esvaia esboçaram um sorriso amargo. Reinaldo tratou logo de levantar-lhes o ânimo da melhor maneira que lhe ocorreu: “André meu querido amigo. Eu confesso a você que se o brilho dos seus olhos diante de Otávio foi motivo durante tanto tempo de recalcados e atormentadores ciúmes meus que me deixavam envergonhado, eu agora torço para que isso tudo não tenha sido insensatez minha e sim uma benfazeja lucidez, pois... Vejam só, eu aqui me saindo um alcoviteiro de primeira... última viagem”. O casal improvisado tentou insinuar ainda um sorriso tímido e cúmplice mas o outro lado chamou de vez o febril ator para um teatro, paradoxalmente mais vital, verdadeiro, transcendental.

O desejo manifesto de Reinado de ter suas cinzas confundidas com a poeira da impura atmosfera não foi atendido pela família. Leila, sua mãe, reclamou com toda veemência mais uma vez por não ter sido chamada para os últimos momentos do filho e mesmo com toda carga de um dia de pesares teve de ouvir de Otávio outra vez, pressionado, na defensiva, que não chamou a família do amante para o acompanhamento da agonia porque a vontade maior mesmo do filho era estar junto aos dois amigos. “ Se o pobre Reinaldo não tivesse se afastado tanto de nós em vez de seguir apenas essas falsas amizades ele não teria adoecido!” – advertiu Leila, irada, na tarde do enterro, constrangendo ainda mais a si mesma e aos dois amigos. Sentindo-se amparada e estimulada pelo opressivo silêncio e a cara amarrada do marido, Leila tentou ainda mais exorcizar sua dor, infligindo desespero ao insólito viúvo: “Mesmo com a miséria que o Reinaldo recebia com esses minguados trabalhos de ator (Eu não sei por que ele largou aquele ótimo emprego que tinha...), mesmo assim tinha alguma coisa, você explorava toda boa vontade dele. Espero que pelo menos nos faça o favor de a partir de amanhã abandonar de vez aquele apartamento!

Com a ajuda de um chaveiro Leila e o marido abriram a porta do apartamento do filho, incrustado numa pequena transversal do Flamengo e acordaram Otávio, sobressaltando-o logo pela manhã. Cansados das limitações de morarem com o outro filho e a nora, pretendiam se estabelecer ali imediatamente. O trabalho do Sr. Renato era no centro da cidade e a nova residência seria uma mão na roda. Otávio indignou-se com a invasão:” Eu sei bem e não nego que vocês têm direitos sobre este imóvel. Ele é grande. Tem dois quartos grandes. Com boa vontade caberemos todos aqui, pelo menos por certo tempo, até que eu me ajeite”. Renato franziu a testa e armou-se com sua cara mais sarcástica: “ Quer dizer que você, meu rapaz, acredita que tem direitos aqui também? Que audácia! Vá arrumando logo suas quinquilharias! Não queremos estranhos nos incomodando!” O intruso depois de uma breve indecisão não poupou palavras para retirar de si essa pecha que estava lhe sendo imposta: “ Vocês sabem muito bem que há mais de dez anos eu e o filho de vocês vivemos aqui, não digo que sem problemas de vez em quanto, mas sempre com a maior dignidade. Logo, eu me sinto com direito moral a continuar morando aqui. Há espaço para todos nós. Se não precisasse eu garanto que abriria mão de minha parte.” Leila foi incisiva: ”Você vivia aqui como um sanguessuga! Um parasita! Era um filho, um órfão que meu filho ajudou a criar, bobo como ele era!” Otávio os fulminou: “Os senhores sabem muito bem que éramos amantes. Neste tempo todo, nos aproximamos alternadamente, dependendo da disponibilidade de cada um, dos papéis que eram socialmente convencionados como de homem ou mulher, sem nos fixarmos em nenhum! A única diferença é que no início de nossa vida em comum Reinaldo ganhava muito mais que eu, mas depois meus senhores, quando ele recebeu de mim a maior força para trabalhar naquilo que ele realmente gostava (eu odeio comparações dessa ordem, mas me vejo obrigado), com meu trabalho, meus projetos, eu contribui muito mais para a ordem econômica dessa casa do que o Reinaldo. Cobri com maior prazer necessidades dele!” Renato investiu furioso em direção ao amante do filho, sendo contido pela mulher. Gotas de saliva jorravam de sua boca retorcida, trêmula. Otávio imaginou seu perispírito coberto de fluidos negativos e arrepiou-se chocado com a veemência do discurso do irado senhor:” Olha aqui seu pederasta, eu não vou admitir que você enxovalhe a memória do nosso filho. Eu não quero saber mais de conversa fiada! Até amanhã bem cedo é o prazo que eu dou para você tirar todos o seus cacarecos daqui. Depois das oito da manhã eu jogarei você com as suas bugigangas pela janela! E não se atreva a me dizer mais desaforos!

André, ressalvando que a casa que morava com os pais era pequena, se prontificou a receber o amigo pelo menos temporariamente, até que ele conseguisse alugar alguma acomodação. Otávio passou o dia desmontando estantes, a tevê de plasma, o aparelho de som, encaixotando livros, CDs, DVDs, quadros, pôsteres e alguns pequenos utensílios retirados à cozinha sob os olhos intrigados de Leila. O casal Rodrigues por sua vez, mesmo sendo já noite adiantada, para marcar presença, tão logo vislumbrou alguns espaços recém-desocupados tratou de preenchê-los com os seus pertences trazidos à tardinha numa Kombi dirigida pela nora. Na manhã do dia seguinte, depois de uma noite de sono conturbado, como despedida do quarto carregado de lembranças ternas, algumas desavenças e muitos sussurros de amor, Otávio segurou as duas malas de roupas que ainda não havia transportado para a casa do amigo e dirigiu-se até a porta, alheio ao casal que tomava o café da manhã, imperturbável e dirigia o olhar apenas de soslaio para o incômodo personagem que se preparava para abandonar o cenário. Otávio já com a mão na porta olhou para Reinaldo sentado à mesa junto aos pais e falou combalido: - É meu companheiro, o que eu posso fazer? Eles estão me mandando embora...” Renato nada viu e estampou no rosto a estranheza. Tão logo Leila terminou seu grito lancinante Reinaldo desmaterializou-se e não mais foi visto. Leila acalmou-se com dificuldade e pediu a Otávio que esperasse um pouco, que viesse tomar café com eles. Ao marido suplicou um copo de água com açúcar.” Renato, que coisa apavorante e maravilhosa, eu e o rapaz vimos nosso filho, tão bonito, sentado aqui conosco. Não é possível que você não tenha visto” – garantiu Leila, enfática, diante de um marido que compunha várias expressões em que o ceticismo era a tônica dominante. Leila não se deixou intimidar e continuou: ”Isso foi um aviso que recebemos, nós estávamos maltratando esse rapaz. Sendo ele realmente amigo do nosso filho não podemos desampará-lo. Renato apenas esboçou um “Você não deve estar passando bem...” e Leila muniu-se de uma coragem que só em ocasiões especiais a dominava e a fazia contrariar o marido: “Renato ou nós damos guarida a este rapaz, ele fica no quarto que já era dele ou eu volto para casa do Alfredo. Você ficará aqui sozinho!” À tarde Leila teve febre e palpitações e como o marido estava no escritório entendeu como era melhor ter outra pessoa amiga em casa e chamou por Otávio, que agora montava tudo o que havia desmanchado.

Como Otávio contou que André era um estudioso do espiritismo, na primeira oportunidade Leila crivou-o de perguntas. André indicou-lhe algumas leituras básicas e explicou o fato de só os dois terem visto a aparição de Reinaldo por eles terem uma mediunidade de vidência. Animou-se com o interesse da outrora ingrata senhora e lembrou-se, entusiasmado, de uma idéia expressa por Caetano Veloso que o havia marcado: “Da mesma forma que há uma repressão à sexualidade humana há uma repressão à religiosidade”. “Quem não tem a sensibilidade de reconhecer a grandeza da sexualidade humana sem preconceitos em todas as suas variantes, não terá a sensibilidade de descobrir Deus dentro de si, de descobrir a presença de Deus em todas as coisas” – entusiasmou-se André comovido, com o fulgor dos olhos agora meigos de Leila. “Muitos que se dizem religiosos não têm verdadeira fé, estão simplesmente temerosos, procuram crer em Deus mais por medo do que por respeito: querem garantir, por vias das dúvidas, uma boa travessia.” – arrematou. O encantamento de Leila com essas novas possibilidades só desvaneceu-se quando o árido marido chegou emburrado do trabalho com o rotineiro rosto de pouco-amigo. O jantar transcorreu silencioso e Leila indiferente ao mau-humor do esposo insistiu para que André saboreasse mais um prato de sopa de grão de bico.

Bobagem! Você está ficando com os miolos moles” – resmungou o marido à noitinha quando a mulher transmitiu-lhe emocionada as idéias assimiladas durante a prazerosa tarde. Entusiasmou-se a tal ponto que alheia às duchas de água fria lançadas pelo parceiro atreveu-se a falar, de início com certa timidez, mais depois atropelando as palavras, sobre a vida sexual que os dois andavam tendo. “ Você praticamente não me tem procurado, mas ao mesmo tempo nem disfarça as marcas no corpo que lhe fazem por aí. Eu não estou lhe recriminando não. Eu descuidei de mim, vesti minha capa de velhice e deixei você solto. Mas seria tão bom se você se tocasse que eu não morri não! Ainda tenho muita vontade de viver! Eu só tenho cinquenta e dois anos!. Renato acendeu o abat-jour e sentou na cama, ressabiado: “ Eu nunca ouvi você falando desse jeito, que minhocas andaram colocando na sua cabeça? Eu acho que você está precisando de um bom padre!

Com um olho no tricô e outro na novela, Leila lamentava a grande demora do marido e ora o imaginava nos braços de “alguma sirigaita” ora em algum acidente de trânsito. Como se lembrou que as noticias ruins chegavam logo, calculou que o marido estava mesmo é descobrindo o encanto do Flamengo e adjacências. Torceu para que a ideia de tragédia prevalecesse, mas arrependeu-se, só lhe restando lamentar-se por terem se mudado do tranqüilo Encantado para a devassa Zona Sul. Ouviu risos no quarto de Otávio, lembrou-se das novas amizades e arrependeu-se mais uma vez das lamentações interiores. A pretexto de chamar a atenção deles para um trecho mais apimentado da novela dirigiu-se ao quarto, de onde se ouvia murmúrios para escapar das teias tecidas de forma implacável pela solidão. Ao aproximar-se, por uma tênue fresta da porta contemplou um doce e prolongado beijo dos dois amigos, agora mais do que amigos, vencendo pudores, lembranças, sentimentos de culpa, de pé, sobre o tapete aveludado, submersos, mas num tal frenesi que aos olhos de Leila o beijo causou o mesmo impacto que seus olhos teriam diante de um cinematográfico giro de 180º. Seus olhos eram pura vertigem. Afastou-se inebriada a principio, mas depois aturdida, até mesmo colérica e ruminou: “Amanhã eu passo um sabão nestes dois! Assim é demais! Não foi para isso que eu permiti que ele ficasse nesta casa!

Bastou Renato entrar na sala e já foi recebido com uma saraivada de lamentações da esposa. Ela enfatizou que estava cansada de ficar em segundo plano em sua vida.”Não se pode mais nem beber um pouco com os amigos” – defendeu-se o marido sem êxito. “ Pois chame algum dos seus amigos para lhe fazer companhia esta noite! – vociferou a mulher, deixando-o perplexo na sala e correndo para o quarto disposta a trazer lençóis, colcha e travesseiro para improvisar um leito no pequeno sofá, onde o marido deveria dormir doravante. Pela mente atordoada e ressentida de Leila bailaram desconcertantes fusões: imagens do marido rodeado de mulheres elegantes, charmosas, nuas, aparentemente imunes ao passar do tempo como as que invejava nas novelas, confundiram-se com o flagrado beijo dos amigos. Sentiu um calor no corpo que não era apenas resposta à temperatura do noturno verão e levantou-se, insone, para beber água. Ao passar pelo quarto de Otávio em direção à cozinha, apaixonados murmúrios chegaram-lhe aos ouvidos. Hesitante, a curiosidade mais do que espicaçada, meditou (se é que alguém medita numa situação dessas), meditou, e quando deu por si estava com os olhos arregalados no buraco da fechadura, lamentando por só poder olhar com um olho de cada vez. Um misto de terror e fascínio já suscitado antes quando da descoberta do beijo atingiu agora uma intensidade tal que Leila arrepiou-se desconcertada, temerosa até que traísse a sua presença ali como voyeur, dado a comoção que sentia ao ver os corpos nus entrelaçados sobre a cama, numa profusão de carícias e afagos, num demorado prelúdio. Nunca a vontade e contra-vontade se digladiaram tanto no íntimo da privilegiada espectadora. Parte de si queria ir embora imediatamente, enjoada, até enojada, outra parte não só queria presenciar tudo até o clímax e anticlímax como lamentava até as limitações impostas pelo pequeno buraco da inconveniente porta. Naqueles preciosos momentos sua região abissal venceu o embate, rechaçou a consciência, julgando-a tosca e ela acabou por ficar até o fim, intrigada, curiosa, até que constatou afinal que destino teria todo sêmen ejaculado. O fellatio combinado à sodomia e profiláticas camisinhas pouparam os lençóis de incômodas manchas. Desnecessário é acrescentar ao leitor, que o resto da noite Leila de modo algum conseguiu adormecer. Muitas vezes tentou, naquelas longas horas, que os olhos vidrados no teto a desviassem das oníricas e recentes lembranças que a atormentavam. Em vão.

De manhã bem cedo, Leila levantou-se antes de qualquer outro, extenuada. Com suaves olheiras em formação, tomou um ônibus para Encantado e dirigiu-se à igreja que costumava frequentar. Informada de que só às oito horas o padre estaria disponível para as confissões, aproveitou o tempo vago para perscrutar as imagens e viu sua angústia estampada em todas elas. Há algum tempo que só frequentava a igreja nos eventos fúnebres socialmente incontornáveis. Mesmo de certo modo, tendo recuperado a meditação num templo religioso consagrado, o sentimento de culpa que a acometia estendia seus tentáculos em múltiplas direções. Perturbava-se por haver afrontado alguns totens estabelecidos. Com a chegada do padre Dirceu a inquietação espiritual abrandou. “ Padre, me desculpe se eu só voltei a uma igreja como fiel,só num momento de aflição” – assim iniciou a confissão. “ Eu perdi um filho, isto me arrasou, me perturbou. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu passei a sentir raiva, até mesmo desprezo por meu marido que nunca me deixou faltar nada. Ele sempre teve suas aventurazinhas. Eu não sei por que não suporto mais isso... Deve ser sido a convivência com aqueles dois...” Leila passou a narrar compulsiva e detalhadamente toda a história envolvendo o filho, o amante e o amigo. Padre Dirceu ouviu tudo estarrecido. Leila apenas omitiu seus momentos voyerísticos, descrevendo somente os ruidosos murmúrios amorosos que ouviu, desavisadamente, no afã de saciar a sede na madrugada. O padre ajeitou os óculos de lentes espessas, pigarreou e reagiu incisivo, enérgico: “Eu vejo que a senhora descuidou tanto de sua vida religiosa nestes últimos anos que agora se deixou ser vítima de um engodo. Certas pessoas têm facilidades com o hipnotismo e exercitam essa façanha em proveito próprio sem nenhum pudor. Essas idéias espíritas que eles tentaram passar à senhora tal como reencarnações, mediunidades, presenças de espíritos, não são idéias sensatas para um cristão que se preze. Isso me lembra os pactos com o demônio. “A maior astúcia do demônio está em fazer-nos crer que ele não existe” – sabiamente escreveu um poeta que sabia dos perigos, mas deixou-se arrastar pelos maus impulsos: Baudelaire, que foi homossexual, contrabandista! (Acho que estou confundido-me de poeta. Mas de qualquer modo este também era um devasso!) Reze bastante minha senhora! Não há inquietação que uma reza sincera não aplaque. Cuidado com os Mandrakes minha senhora!

“Estou muito confusa padre” ”Reze minha senhora! Reze bastante.”

À noite Leila relatou toda conversa da manhã ao marido, reconduzido ao seu quarto e este arrematou o processo de reconciliação, valendo-se do clássico “Eu não disse?” Transando com o marido como há muito tempo não lembrava, mesmo assim Leila não conseguiu deixar de comparar os movimentos rápidos e bruscos, a pressa com que ele procurava desempenhar o seu papel, o corpo volumoso dele sobre ela, pleno de adiposidades, como que a esmagá-la, com a suavidade com que os corpos de Mandrake e seu parceiro revezavam-se em posturas as mais variadas. Sentiu vontade de pedir ao marido um beijo delicado, transbordante, perene, mas envergonhou-se, satisfazendo-se com o leve estalo no rosto.

Escorada pelo olhar cúmplice do marido, Leila no limiar da histeria saudou Otávio que se levantou, com calculada zanga: “Quando eu resolvi dar guarida nesta casa a você rapazinho eu não esperava que se atrevesse a ir tão longe. É uma desfaçatez muito grande passar a noite com o seu amigo no seu quarto! É uma tremenda falta de respeito aos nossos valores. Eu pensei que vocês fossem se comportar mas os murmúrios que temos ouvido à noite!... Além do mais, ontem, graças a Deus, fui alertada para o fato de que estive sendo engabelada por teorias exóticas, próprias de mentes demoníacas. Eu não quero mais saber dessas idéias nessa casa!” Otávio lamentou ter sido enganado com a abertura demonstrada por Leila nesta primeira semana e admitiu ter se precipitado um pouco. Quanto ao resto acreditava ser uma ignomínia de tal ordem que não sabia por quais primeiros ângulos refutar. Renato que havia se esforçado por deixar todo recado a cargo da esposa, interviu agora sem piedade: “Não me venha com discursos de porta de sindicato. Foi uma concessão nossa você ficar aqui. Nós não a concedemos mais e ponto final.”

O tom carinhoso e despudorado com que Otávio relatou a André por celular o que aconteceu incomodou Leila de tal modo que entornou o café que servia ao marido. Otávio lamentou ao amigo que não suportava mais aquela casa por nem mais um minuto e solicitou ao companheiro que viesse depois buscar as suas coisas, pois sua vontade era de sair imediatamente. Quando estava prestes a abrir a porta passeou o olhar por todo ambiente a guisa de despedida e deteve-se no sofá: “É Reinaldo, esse nosso mundo aqui está muito difícil. Que inveja eu tenho de você.” A mãe arregalou os olhos diante do filho materializado e saudou-o a seu modo, com um grito espetacular. Reinaldo que em vida nunca trabalhara o gênero terror, involuntariamente, ampliava o seu repertório.

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Nelson Rodrigues de Souza

Um comentário:

  1. Oi Nelson obrigado por este texto tão bonito, sensível e emocionante!

    Abraço do Elie

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