quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reminiscências do Passado Cultural Recente



















Reminiscências do Passado Cultural Recente

(Alguns dos textos apresentados contém spoilers, ou seja, detalhes das narrativas são adiantados para a análise pretendida)

1- “Homens e Deuses” (França/2010) de Xavier Beauvois

Um dos grandes triunfos de “Deuses e Homens” é que independentemente da religião que tenhamos ou ainda do agnosticismo e ateísmo, desde que não sejamos fanáticos, não há como não nos compadecermos do destino dos monges trapistas que vivem na Argélia na pós-colonização francesa, dedicados à algumas tarefas de sobrevivência como plantar, produzir mel e à servir muçulmanos pobres que precisam de atendimento médico e que são recebidos por Luc (Michael Lonsdale). Uma das grandes e simples cenas do filme nos mostra Luc atendendo uma criança com uma ferida na testa e depois a beijando com um carinho tal, que este gesto vale mais do que “mil” discursos retóricos de autoridades cristãs maiores. Não deixa de ser curioso ver Lonsdale, que já participou de filmes anti-clericais e perversos ( no melhor sentido da palavra) de Luis Buñuel, agora extremamente convincente como um monge, papel que lhe rendeu o César de melhor ator coadjuvante de 2010, sendo que a obra ganhou o prêmio máximo de melhor filme.

A Argélia em que vivem os monges passa a estar entre dois fogos: um governo nitidamente corrupto e ataques de extremistas islâmicos capazes até mesmo de degolarem pessoas. Como no monastério há um nobre ecumenismo onde se estuda até mesmo o Alcorão, quando os monges ficam entre a cruz e a espada, tendo que aceitar ajuda de um governo que nada admiram (o que pode danificar a imagem que as pessoas comuns têm deles) ou ficar ali sujeitos a ataques terroristas, Christian ( Lambert Wilson, num personagem completamente distinto do que estávamos acostumados a ver em trabalhos de Alain Resnais) decide que ficarão ali sem ajuda governamental e nem voltarão para a França. Reprovado pela decisão unilateral, assume seu erro e coloca a delicada questão em votação: a maioria decide ficar e sem proteção de políticos suspeitos.

A mais bela sequência de um filme pontuado de rituais belíssimos ao som de músicas sacras e rezas comoventes se dá depois que os sete monges recebem uma visita que lhes traz remédios, hóstias e resolvem comemorar com uma meditação, sentados numa mesa, onde na cabeceira fica Christian, tudo ao som de uma música sacra, que meus parcos conhecimentos de música clássica não permitiram que eu gravasse em minha mente nem soubesse seu título. A câmera depois de uma visão panorâmica desta que é uma espécie de “Santa Ceia” , flagra os rostos de cada um, mostrando as emoções variadas que os contagia. Do rosto de Christian cai uma lágrima, do mais velho deles também. Mas os demais também têm emoções à flor da pele, com sorrisos suavemente beatíficos, no melhor sentido da palavra. Esta que é uma das mais belas sequências do cinema contemporâneo marca a despedida de todos eles. Pois logo o ataque terrorista será intenso.

Durante a noite as portas são arrebentadas, Christian é acordado, o velhinho se esconde debaixo da cama e a maioria é feita prisioneira. Os fundamentalistas islâmicos terroristas fazem os prisioneiros darem uma declaração de que estão bem e exigem que, inegociavelmente, sejam trocados por companheiros presos. A voz de um dos monges nos relata o estado de espírito deles e aí surge o que talvez seja o único senão do filme: é-nos dito que eles sabem separar o Islã, dos fundamentalistas islâmicos, algo que já estava implícito antes pelas imagens e não havia a necessidade de ser reiterado.

Dois monges sobreviventes se abraçam com força. Prisioneiros caminham com dificuldade na neve em fila e contemplamos os esforços que estão fazendo para a empreitada. Um letreiro nos informa que foram todos mortos e que paira um mistério sobre estas mortes. Ou seja, tudo leva a crer que foram mortos pelos fundamentalistas islâmicos, mas há a possibilidade de terem sido mortos por agentes do corrupto governo da Argélia (ou outros?).

O título original do filme dá conta das questões filosóficas que o filme impõe: “De Homens e Deuses”. É algo que não é explicitado, mas está latente no filme: se todos ali amam e acreditam em Deus com fervor, por que fugir e deixar o trabalho de assistência aos pobres da região de lado? Por que temer a morte? O filme se equilibra tanto em mostrar o lado dos monges enquanto mártires/Deuses como nos apresenta uma humanidade incontornável e cálida. Esta dualidade nos é apresentada com mais força no rosto pleno de emoções matizadas de Christian, com Lambert num trabalho soberbo.

Com planos rigorosamente compostos e emoções calibradas de forma exímia, mas sem frieza, temos um libelo sutil contra a intolerância, a corrupção e o fanatismo religioso, tendo como contraponto a tolerância e a generosidade. Nada mais atual. Nada mais necessário. Um filme essencial do Cinema Contemporâneo. Desde já um dos grandes filmes do ano a ser lembrado em qualquer balanço que se faça ao fim dele. Ou durante anos.

2- “Amor?” (Brasil//2010) de João Jardim

Sabemos que o amor (tanto espiritual quanto sexual) nunca vem sozinho: há componentes de ódio e ciúmes que ora irrompem com maior ou menor força. Em muitos casais este ódio é reelaborado e acaba por fim sendo controlado. João Jardim filmou oito depoimentos de pessoas de classe média que de forma passiva e/ou ativa passaram por cenas de violência doméstica em seus relacionamentos afetivos. Como estas falas envolviam terceiras pessoas, decidiu então que atores decorassem, fossem a fundo nas verdades encobertas dos discursos e nos trouxessem um filme bastante instigante dentro do tema, que só encontro paralelo no ótimo, mas pouco visto, “ Te Dou Meus Olhos” de Icilair Bolain ( Espanha/2003), prêmio Goya de melhor filme, em que um marido violento não consegue abandonar seus instintos agressivos nem com terapia de grupo, nem sua mulher consegue abandoná-lo de vez, mesmo sabendo dos riscos que corre.

Os atores que Jardim escalou para as falas não poderiam ser melhores. O conjunto é homogêneo e todos os discursos despertam grande atenção. Mas se tivesse que escolher um, ficaria com Ângelo Antônio no “personagem” mais complexo, que chegou a enfiar um revólver na boca da companheira e só desistiu não sabendo de onde veio a iluminação que o tirou das trevas da violência extrema.

Uma lésbica tem seu depoimento dividido por duas atrizes de temperamentos opostos (Sílvia Lourenço e Fabíola Nascimento) sem perda de unidade e interesse. Mariana Lima nos mostra como alguém que passou por violência doméstica na adolescência através do pai, traz esta condição para a vida amorosa, indo ao fundo do poço, mas dele se resgatando. Eduardo Moscovis retrata com pungência suas dualidades ( “nem com você, nem sem você”, algo que Truffaut levou a extremos na obra prima “A Mulher do Lado”), assim como Júlia Lemertz, Lilia Cabral, Letícia Colin, Claudio Jaborandy, Mariana Lima nos mostram como entraram no ventre da besta e saíram ( ou não saíram).

É claro que quando a violência irrompe numa relação não há só mocinhos e bandidos. Pode haver também provocações mais ostensivas ou sutis que a desencadeiam, sem querer aqui justificá-la, mas compreendê-la. É claro que há as reincidências que ocorrem em atos de violência que poderiam ter sido evitadas caso tivesse havido um afastamento definitivo e têm um quê de forte neurose. “No amor, a tortura está por um triz, mas a gente se atura, até se mostra feliz, quando se tem o álibi de ter nascido ávido e convivido inválido, mesmo sem ter havido”- canta Djavan/Bethânia. Mas nem todos os casais atingem esta sabedoria e as coisas descambam.

À pergunta do título “Amor?” podemos responder que sim: há amor. Mas este vem sempre acompanhado de sentimentos que podem estar presentes em maior ou menor grau, podendo ser administrados ou não, fazendo toda diferença: ciúme, ódio, inveja, compulsão, desejo, masoquismo, sadismo, solidão inerente ao ser humano (acompanhado ou não), satisfação, alegria, tristeza, etc. Não é à toa que os franceses chamam o orgasmo de petite mort (pequena morte). “Pós coito, animal triste”. Esta tristeza pode se estender a limites indevidos.

Aonde “Amor?” falha às vezes é nas imagens que escolhe para os entreatos. Umas são belíssimas como uma relação sexual em que mal distinguimos os amantes, num emaranhado de peitos, pernas e abraços, sem sabermos quem está em cima de quem. Noutras em que o mar aparece em sua calmaria sugere certa gratuidade e facilidade. Mas nada que atrapalhe o brilho deste filme incomum que, qualidades artísticas à parte, merece ser estudado nos meios acadêmicos e variados “psis”, como um documento precioso, assim como “Pro Dia Nascer Feliz” ( educação) e “Lixo Extraordinário” ( várias áreas), outros dois filmes muito bons de João Jardim, sem contar o também, o artisticamente elucidativo universo dos que mal enxergam, “Janela da Alma”, uma co-direção com Walter Carvalho.

João Jardim, sem ser nenhum gênio, é o típico cineasta que paulatinamente vai enriquecendo uma Filmografia, no caso a Brasileira, que não pode viver só de obras-primas.

3- “Bebês” (França/2010) de Thomas Balmès

Durante um ano, Thomas Balmès filmou do nascimento até esta idade, quatro bebês e seu meio humano e físico em quatro cantos do mundo: San Francisco, uma localidade da Namíbia, outra da Mongólia e em Tóquio. É uma operação fílmica que nas telas, pela sua espontaneidade, pode parecer fácil, mas que na prática deve ter sido dificílima. Mas o que importa mesmo é o que vemos na tela e isto é saboroso, gracioso, revelador e tocante.

Com letreiros iniciais que localizam as “ações” e uma música que vem aqui e ali, com predominante silêncio, temos um inventário de reações de crianças dessas diferentes latitudes e longitudes que muitas vezes nos levam a gostosas gargalhadas, até mesmo quando estamos diante das condições de pobreza das crianças africanas. O filme permite tanto um olhar mais descompromissado, comprometido com o lúdico, como também permite olhares mais sociológicos e/ou antropológicos. Assim temos uma sequência em que vemos três crianças se relacionando com gatos e a criança africana brincando com formigas.

Entretanto, por mais que fiquemos um tanto nervosos com as condições em que vivem/brincam estas crianças africanas que chegam a beber água suja corrente no chão, que identidade moral superior temos nós ocidentais e orientais, para levarmos ditames ditos civilizatórios para estas crianças e mães? Numas das belas sequências vemos uma mãe negra em pé se abaixar com seus peitos enormes para que seu filho sentado no chão passe a mamar. Já a mãe japonesa é vista colhendo leite do peito para depois colocar numa mamadeira para dar a seu filho.

Mas na maior parte das cenas predomina o lúdico das reações infantis da primeira infância. Uma menina tenta colocar um aro numa rodela algumas vezes. Dá-se conta da inutilidade da empreitada e se joga no chão várias vezes. O riso largo e franco da plateia é inevitável. Noutra sequência a criança da Mongólia está banhando-se numa tina. Um bode se aproxima por trás e bebe água. Ela só depois se dá conta disso. A criança japonesa passeia no zoológico e se depara com tigres etc. Seu olhar assustado, mas curioso enternece.

O grande achado de “Bebês” é mostrar gracinhas de crianças pequenas, mas com graça mesmo e não com pieguice, açúcar exagerado, enternecendo sempre, sem perder a fluidez “narrativa” da montagem de cenas paralelas.

Só me lembro na História de Cinema de filme que tenha flagrado crianças nesta faixa etária de no máximo um ano ( dentre outras), no imprescindível “A Idade da Inocência” (1976) de François Truffaut, cujo ponto culminante era um bebê se jogando de um prédio e depois saindo andando pelo chão, como se nada tivesse acontecido.

“Bebês” têm vários momentos de paciência, leveza, espontaneidade e humor que é puro Jacques Tati, ainda que nada tenha sido encenado e sim captado.

“Bebês” tem potencial para agradar a todas as plateias, não apenas às pessoas que tenham/tiveram seus pequenos pimpolhos em casa e se envolvam a guisa de comparação e reconhecimento.

4- “Rio” (EUA/ 2010) de Carlos Saldanha

“Rio” incorreu em várias armadilhas: poderia resultar em “macumba para turista”, poderia engrandecer o clichê de a cidade viver só uma cultura sambista, futebolística, banhista e carnavalesca. Mas um roteiro esperto, sempre atraente ( em que uma arara azul (Blu) que foi capturada pequena e levada para o Minnesota, criada pela livreira Linda e vem ao Brasil a pedido de um ornitólogo que trabalha no Zoológico para se acasalar com Jewel, também azul, a fim de manter uma espécie em extinção, dentre outras aventuras) ‘encaixa” tão bem estes elementos típicos e de forma tão bela que não há como resistirmos e enxergarmos no fundo uma grande homenagem que a cidade merece por sua inegável beleza, que é conhecida no mundo todo e agora vai ser ampliada pela penetração que o filme tem.

A rigor, quem melhor sintetizou o Rio de Janeiro, não foi Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Lyra ou outro baluarte da Bossa Nova e sim Fausto Fawcet com seu já clássico “Rio Quarenta graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”. Quem disser que o Rio só tem belezas estará faltando com a verdade. Quem disser que só há caos também. A cidade é o purgatório da beleza junto ao caos. Parte deste é captado no filme por contrabandistas de animais de uma favela que com a ajuda de uma ave rancorosa e malévola, bicho de estimação do líder, capturam Blu e Jewel, enquanto ainda estavam contornando diferenças ( Blu não sabe voar) e os prendem em gaiolas junto com incontáveis aves prontas para serem contrabandeadas. Um menino que contribuiu para este sequestro será o elo arrependido que ajudará Linda e parceiro a recuperarem Blu, não sem antes sermos mergulhados em inenarráveis peripécias, pois precisam ser vistas antes de tudo (uma no Sambódromo em desfile), algo muito ao gosto de Saldanha ( o que vimos na franquia “A Era do Gelo), mas também das convenções do gênero.

A vista da baía do Rio de Janeiro de Santa Teresa é magnífica, assim como a introdução “escola de samba” na floresta do filme e toda sequência envolvendo a praia, um ultraleve, na tentativa de se fazer Blu aprender a voar. Mesmo os momentos que são puro cartão postal adquirem uma textura e magia que redimensionam estas paisagens.

Não fosse alguns momentos em que há certo pieguismo, “Rio” se aproximaria mais ainda dos patamares grandiosos de animação dos EUA mais recentes que vemos em “Ratatoille”, “Procurando Nemo” e a trilogia “Toy Story”. Mesmo assim é muito difícil aparecer animação melhor que “Rio” este ano. Por via indireta, pois Carlos Saldanha trabalha nos EUA, o Brasil pode receber seu tão sonhado Oscar, mas de melhor animação. Mas é algo que nos deixará bastante animados com o Rio e o país, ainda que por alguns momentos fugazes, até que o lado caos nos acorde, como por exemplo as famigeradas milícias e bueiros que explodem , para ficarmos apenas em dois “cartões postais” da infâmia cotidiana.

5- “Os 39 Degraus” adaptação de Patrick Barlow do filme de Hitchcock, direção de Alexandre Heineke- Teatro do Leblon- RJ

No Teatro mais do que no Cinema temos que fugir da fala naturalista. Quando se trata de uma comédia ainda mais. O problema desta adaptação brasileira feita por Clara Carvalho e Alexandre Heineke é que o que deveria ser over foi trabalhado pela direção como algo excessivamente over (e põe excesso nisto!). Assim, se o arcabouço do filme de Hitchcock se mantém, a rigor, estamos muito longe do universo deste grande cineasta que opera o humor com bastante sutiliza. Os personagens são tão caricatos que não há como ter empatia com eles (mesmo com o de Dan Stulbach, “o homem errado” da vez). Assim o que poderia ser suspense se desvanece. Ainda que aqui e ali haja momentos de brilho, como na sequência de sombras, do movimento do trem, da direção de um carro, da ventania etc., em muitos outros reina um clima de “Zorra Total” com piscadelas insistentes para uma plateia ávida por ver seu ídolo televisivo no Teatro. Um subtítulo que a peça em sua montagem brasileira poderia ter é “O Assassinato de Hitchcock”....

Vi Dan Stulbach no Teatro pela primeira vez numa obra-prima de interpretação e de texto que foi “Novas Diretrizes em Tempos de Paz” de Bosco Brasil, contando ainda com grande trabalho de Toni Ramos. Em “Os 39 Degraus” seu talento emerge aqui e ali, mas não consegui “comprar” o tom de voz de todos os atores, até mesmo dele. É forçoso reconhecer que a plateia sim. Riram muito e aplaudiram bastante ao final, onde de uma forma justa os técnicos que trabalharam na peça foram chamados ao palco, pois o trabalho deles é fundamental para os efeitos da montagem. Mais uma vez estou na contramão da visão de Tia Bárbara Heliodora: com algumas restrições ela adorou o espetáculo. Mas desconfio que se ela entende muito mais de Shakeaspeare do que eu, eu conheço mais Hitchcock do que ela.... Aliás, um dos mimos da peça é uma rápida aparição do mestre como há em seus filmes.

Danton Mello e Henrique Stroeter fazem vários personagens, mas a rapidez que leva ao incompreensível e o ar caricatural com que os realizam, arrefecem qualquer entusiasmo. Fabiana Gugli ( uma das últimas musas crias de Gerald Thomas) tem papéis variados com empatias geradas variadas.

“Os 39 Degraus” trabalha um gênero dificílimo que é a comédia. Aqui estamos longe da qualidade constante que Miguel Falabella dirigindo Claúdia Gimenez e outros em “Mais Respeito que Sou Tua Mãe” conseguiu, para ficarmos num exemplo mais recente. Aqui reina a sutiliza por mais escabrosas que sejam as situações. Já em “Os 39 Degraus” sutileza passa longe. Somos tentados a dizer que temos “muito barulho por nada”, por mais que haja inegável grande empenho de todos os envolvidos.

Ps1 Um dos CDs que está no meu Hit-Parede aqui de casa é “Outro Sentido” do português António Zambujo, que tem uma voz belíssima a serviço de fados clássicos e modernos/pouco conhecidos, além de músicas brasileiras como “Lábios que Beijei” e “Bilhete”, com participações de Ivan Lins, Zé Renato e Roberta Sá. Assim como, com honrosas exceções como Manuel de Oliveira, Pedro Costa, João Pedro Rodrigues (vistos mais por cinéfilos e críticos em festivais), o Cinema Português é praticamente desconhecido no Brasil, a música portuguesa também o é. António Zambuja tem tido certa penetração por aqui, mais ainda está muito aquém do que o imenso talento que tem merece conduzi-lo.

Ps2 Vocalista da Orquestra Imperial, Nina Becker é mais uma das cantoras que se lançam em carreiras solos. Paixão imediata, não paro de ouvir nos últimos meses a “Azul” e “Vermelho”, seus CDs complementares. Há quem diga que um é mais calmo que o outro. Pra mim mesmo estando muito longe do rótulo new age, estes dois trabalhos, indistintamente, com a voz incrivelmente suave de Nina, me levam a uma grande sensação de paz, por mais que não se desviem aqui e ali de alguns tormentos amorosos em muitas composições que são dela ou de outros. Desnecessário dizer que recomendo os dois trabalhos a todos os que se interessam por MPB. ”Belezas são coisas acesas por dentro, tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento” (“Lágrimas Negras” de Jorge Mautner/ Nelson Jacobina); “Essa pétala olha aqui dentro, nasce morrendo para despetalar” (“Flor Vermelha” de Nuno Ramos/ Romulo Fróes); “Incorporar o silêncio, anestesiar qualquer chance de sofrer, me diga o que fazer para te esquecer” ( “Pedido” de Nina Becker). Etc.Se estes versos são belíssimos, imaginem na voz de Nina.

Ps3 O Festival de Cannes 2011 a se realizar em maio tem muitos medalhões disputando na Mostra principal. Que ganhe o melhor filme. Se é que é possível distinguir isto mesmo nitidamente em arte. Já pensou em um festival em que Fellini concorresse com “Amarcord”, Bergman com “Gritos e Sussurros” e Antonioni por “Passageiro: Profissão Repórter”? Eu no júri escolheria Bergman. Mas não sem dor no coração.

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Nelson Rodrigues de Souza

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