quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Desejo Pelo Avesso- Um Conto













O Desejo Pelo Avesso


"Há sempre um copo de mar para o homem navegar"- Jorge de Lima

Rio de Janeiro, anos 80

O dia lhes tinha sido mais do que intenso e Leonardo e Gabriel foram ao cinema na ambição de relaxarem um pouco. Mal podiam pressentir que a noite lhes reservaria emoções tão inquietantes quanto as experimentadas pelo casal de assassinos de “Festim Diabólico”. No país em que vivem os nossos heróis, mesmo os delírios hitchcokinianos mais contundentes transformam-se em histórias açucaradas perto das surpresas e contratempos que podem aqui e ali acontecer no dia a dia. Não foi o que sentiram propriamente. As circunstâncias não eram tão dramáticas. Mas o suspense instaurado em suas vidas os fez se sentir assim. Toda paranoia amplia aquilo que cria, com fundamento ou não.

- Gostou do filme? – perguntou Gabriel.

- Gostei até certo ponto. A história é muito bem desenvolvida até quase o final, mas ai pinta um discurso um tanto inconvincente, moralista, piegas até. Lembra-se daquela frase do James Stewart – “Ele (o morto) poderia ter vivido e amado como vocês jamais poderiam”? Acho que aqui o roteirista e diretor se traíram: está expressa, inconscientemente, a visão que eles têm a respeito do relacionamento possível entre os dois cruéis assassinos. Afinal pessoas “com esse tipo de vida” são capazes de cometer friamente, patologicamente, crimes como esse...

Gabriel riu da observação do amigo: - Você é incorrigível Leonardo, tem sempre que intelectualizar a coisa. Não sei como você com o dia de cão que lhe espera amanhã, ainda tem cabeça para entrar nessas elucubrações...

Sim. Amanhã seria um dia muito difícil. Leonardo como presidente da Associação dos funcionários da E.B.T.P. convocara para as oito horas da manhã uma assembléia geral extraordinária onde quase duzentos membros decidiriam se entrariam em greve ou não. Era uma assembléia sem precedentes na história da E.B.T.P. Pela primeira vez os servidores se reuniriam, não em defesa de causa própria diretamente, reivindicando aumento de salário e sim em solidariedade a um grupo de cinquenta pessoas que haviam sido despedidas no dia anterior. A E.B.T.P. modernizava-se cada vez mais e segundo alguns dirigentes a sua expansão já não era mais compatível com a morosidade que determinadas atividades ainda apresentavam. Daí então a necessidade imperiosa da introdução de microcomputadores dos mais modernos, para realizarem aquelas atividades consideradas “indignas da inteligência humana” de tão repetitivas que eram por mais sofisticadas que fossem.

As reivindicações dos servidores a serem votadas seriam: readmissão imediata dos cinquenta funcionários e a formação de um grupo que prepararia um programa de readaptação destes às inovações tecnológicas introduzidas. Os computadores iriam diminuir sensivelmente o trabalho de alguns setores? Ótimo! Então os funcionários premiados poderiam ser realocados de tal modo que diminuíssem o desgastante serviço de outros setores nos quais ainda robôs maravilhosos não tinham sido adquiridos para suprirem essas carências.

Assim pensava Leonardo e assim pretendia dar início ao debate pela manhã na sede da Associação. Suas idéias lhe pareciam inalienáveis e tinha certeza que alcançaria uma boa repercussão. Pena que esta certeza abalou-se logo ao voltarem para casa.

Foi Gabriel que primeiro viu o enorme envelope sem remetente sobre o tapete da sala, próximo à porta, ao acender das luzes. O conteúdo daria a ambos a maior dor de cabeça já experimentada em suas vidas. Nem quando Gabriel discutiu com a sua ex-mulher, colocando a pá de cal num relacionamento cambiante que se arrastava irritantemente, nem quando Leonardo denunciou e comprovou o peleguismo irrefreável do antigo presidente da Associação bem como corrupções correlatas, fato este que não só impediu a reeleição deste servidor Joaquim, mas possibilitou a ascensão do batalhador inquebrantável que Léo acreditava ser. Enfim, nem nesses pontos críticos de suas trajetórias, eles haviam ficado tão apreensivos como ficaram então. No entanto, não podia ser diferente. Além de uma foto em que Leonardo e Gabriel, facilmente reconhecíveis, se beijavam acaloradamente num baile de carnaval, o envelope trazia ainda um texto intimidador:

“Caso você, Leonardo, insista na assembléia amanhã, em uma greve por tempo indeterminado, fotos como essa serão distribuídas por todo canto da E.B.T.P. A única maneira em que você nos impedirá de agir é comparecendo à assembleia e demovendo-os dessa greve infame. Os servidores remanescentes devem dar-se por satisfeitos em terem sido preservados em seus empregos”.

O texto era todo feito em computador e examinado pelo próprio Leonardo com uma lupa, não apresentou nenhuma impressão digital além das dos dois que o manusearam.

Joaquim havia pedido demissão após comprovadas suas irregularidades e mantinha distância da E.B.T.P. Teria sido, entretanto, o seu grupo desalojado, agora na oposição, que ensaiara tal peça? Estariam em conluio com membros da diretoria da E.B.T.P.? Estariam agindo sozinhos? Seriam os próprios diretores que, ante a iminência de uma greve resolveram, dada a impossibilidade das vítimas provarem serem eles os autores da chantagem, agiram além da segurança de suas salas antissépticas ou teria sido um grupo novo, dissidente, que estava agora ensaiando os seus primeiros e pérfidos passos?

Essas dúvidas fervilhavam na cabeça de Leonardo e um pouco de calma só lhe foi possível quando Gabriel lembrou-se de um fato que poderia auxiliá-los a resolver o impasse. Um colega deles, Leandro, nem tão íntimo que lhes frequentasse o apartamento, nem tão distante que pudesse lhes querer mal, durante o carnaval havia perambulado pelos incontáveis bailes e fotografado os acontecimentos a seu bel prazer. Nunca se sabe quando a realidade formará uma composição que aguçará a sensibilidade de um fotógrafo. A cada cabeça um olhar! E Leandro estava presente ao baile que produziu a foto fatídica!

Os amantes abraçaram-se nervosamente. Gabriel soluçava:

- Nós temos que descobrir quem realmente está fazendo isso com a gente. Eles não podem ficar impunes. Eu não quero, não posso permitir, ninguém tem direito de nos expor assim. Jure pra mim Leonardo, qualquer que seja o nosso êxito esta noite, você vai dar um jeito deles não nos ridicularizarem! A nossa vida só a nós diz respeito! Eu não quero perturbar minha família, nem quero dar motivos para aquela exploradora que quer tudo que eu ganho pra ela, rir de mim! Promete pra mim Leonardo?!

- Por favor, fique calmo! Nós precisamos ter cabeças bem frias para poder agir. Ir na trilha de Leandro é um bom trunfo que nós temos. Se tivermos a certeza sobre qual grupo se trata poderemos processá-los. Em todo caso, essa é uma situação que já pressentia que um dia fosse acontecer com a gente. O nosso relacionamento é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que nos fortalecemos espiritualmente nos tornamos vulneráveis diante deste mundo hostil que nos rodeia. Mas nessa hora em que a solidariedade entre todos se faz mais do que nunca necessária, eu acredito que se eu lhes expuser o que está acontecendo eles compreenderão e nos darão força.

Gabriel que estava quase a ponto de ferir uma das mãos de tanto que a apertava entre os dentes, perdeu então de vez o controle e encarando o amigo energicamente, lançou-lhe penetrantes fagulhas:

- Você está ficando louco! Você acha que essa turba tão preocupada em defender a unhas e dentes o seu ganha-pão diário, embrutecidas pelas misérias do cotidiano, vai entender um relacionamento como o nosso, que vai contra todas as aspirações comezinhas que eles têm, além da sobrevivência?

- Você subestima a capacidade de organização e compreensão de um grupo quando numa situação em que a solidariedade se faz necessária. Eles têm sentimentos nobres, apesar do que você acha uma pobreza!

- Você acha que a distância entre esses pobres explorados e os que exploram é tão grande assim? Pois eu não acho meu caro! Pra mim eles têm as mesmas aspirações. A diferença é que uns tem o poder e os outros estão desalojados dele. Mas os anseios, as expectativas são as mesmas: ter a sua casinha, a sua mulherzinha ou o seu maridinho, a trinca de filhos, a casa de campo, o carrão do ano, as viagens anuais durante as férias...

- Não seja tão simplista!

- Realismo meu caro! Enquanto você fica aqui enfurnado lendo, ou então enclausurado com os seus colegas de diretoria, discutindo como conscientizar a massa, eu ponho os pés na rua e converso com as pessoas. O que eu tenho de fingir que não ouvi, não entendi, para não me aborrecer...

- Você está confundindo as coisas. O seu medo está dando lugar ao ódio, ao ressentimento. Com esses sentimentos não se chega a lugar nenhum!

- Foi uma pena que a gente tivesse optado hoje por ir assistir ao filme do Hitchcock. Um festim diabólico mesmo nós iríamos ver se a gente tivesse ido assistir a esse pornô: “Os Rapazes da Calçada”no Vitória. A festa maior seria da platéia! Diante das cenas de homoerotismo eles gritariam: “Quero meu dinheiro de volta”, “Eu não sei o que estou fazendo aqui”, “É isso ai, mata esse viado pra ele aprender”...

- Você está generalizando negativamente com base em incidentes lamentáveis, envolvendo alguns pobres diabos embrutecidos pelas penúrias diárias. Mas o sentimento geral é outro!

- Por que é que esses outros pobres diabos, submetidos também às misérias de cada dia, pensariam diferente?

- Nós não vamos chegar a lugar nenhum com essa discussão. Vamos agir, ir a busca de Leandro. Se quiser a gente pode discutir no caminho!

Apesar das cortantes observações do companheiro, Leonardo estava satisfeito. A veemência do amigo injetou-lhe ânimo, sacudindo-o, transmitiu-lhe uma misteriosa vibração e energia. Do Flamengo, onde moravam, a Botafogo, onde vivia Leandro, caminharam silenciosamente como dois estranhos. Não estavam, entretanto, ressentidos um com o outro: apenas sentiam a necessidade de meditar. As palavras e observações de cada um havia calado fundo no outro, suas certezas haviam sido fertilizadas e talvez estivessem a ponto de gerar novos frutos. Precisavam rever, ampliar, reforçar as suas opiniões. Daí a necessidade e intensidade do silêncio. Silêncio este que só foi quebrado quando o fator Leandro os acordou do transe com uma decepcionante negativa. Foram convidados a entrar. O apartamento era pequeno. Não tiveram dúvida que Leandro lá não se encontrava. O travo de amargura que trespassava a voz de Márcio era mais do que convincente:

- Ele foi encontrar uns amigos no Vermelhinho e depois iriam para o Perez. De lá para “cair na vida” é um pulo!

O angustiado casal depois de procurarem em vão dentre as mesinhas do Perez algum sinal talvez do indiscreto fotógrafo, atravessaram a Galeria Flórida, tão atentos e interessados em desvendar as fisionomias que, mal interpretados, receberam inúmeros galanteios, piscadelas e inevitáveis convites à festa do corpo. Um rapaz de porte atlético, com uma das mãos acariciando o zíper da calça mostrando seu volume e a outra sugerindo uma aproximação, frustrou-se quando os dois lhe disseram o que realmente queriam, mas não deixou de lhes responder:

- Acho que vi um cara assim subindo para o Porão.

Na boate Porão, enquanto Leonardo percorria a ala direita, discoteca e mesas mais ao fundo, Gabriel vasculhava a ala esquerda, o podium onde os mais desinibidos prostravam-se banhados pela luz caleidoscópica, observando os que dançavam, com suas taças tinindo desafiadoramente bem como o banheiro próximo, sempre comportando mais pessoas do que deveria, com muitas delas com mais vontade de saciar o desejo, nocautear a solidão do que dar vazão à urina represada. Nenhum sinal de Leandro. Se não fosse uma dica do garçom José eles teriam voltado para casa, dado as imprevisíveis direções que o fotógrafo poderia ter tomado:

- Por que vocês não dão um pulo na nova sauna que abriram agora, Termas Delírio. É aqui pertinho. Quatro quadras daqui.

Os dois adentraram a Termas Delírio como se fossem dois clientes habituais. Despiram-se, enrolaram-se em toalhas e desfilaram por todos os recantos à procura de algum indício confortador. Ao olharem sem o necessário disfarce aqueles que após uma sauna escaldante, tomavam uma caudalosa ducha, não deixaram de ser mal compreendidos por alguns. Estes não podiam adivinhar que naquele momento não era a plasticidade de seus corpos e a possível beleza de seus rostos que estavam em jogo. Nem o mais belo Apolo aliviaria o sofrimento, a angústia, por um momento sequer, das duas vitimas de uma chantagem enigmática. O que eles queriam encontrar era um rosto já conhecido, em que a beleza não teria maior importância e sim a sinceridade, a disponibilidade e generosidade advinda de um desejado arrependimento.

Leonardo e Gabriel percorreram as saunas todas, bem quente ou média, a vapor ou a seco, se desculpando algumas vezes por incomodarem casais que transavam como podiam, como sabiam, como lhes permitiam, amantes estes que por mais mecânicos que se esforçassem em ser, nunca eram o suficiente para deixar de exalar um perfume cálido que se misturava ao odor de eucalipto e uma tímida ternura que por alguns instantes, mesmo durando o tempo em que um trovão singra o céu, é uma forma de manifestação do mais puro amor. Só lhes restava uma chance, “o quarto semi-escuro dos prazeres”, que ficava dois andares acima, um quarto cujas particularidades eram sussurradas por alguns frequentadores, ansiosos por instigarem a curiosidade de uma companhia que lhes permitissem assim, freqüentarem tal ambiente sem o estigma do voyeurismo solitário.

Ao reconhecerem Leandro num grupo em que a compulsão de sentirem todos os prazeres, com todos, era maior do que qualquer carinho individual, simplesmente a dois, por mais intenso e sincero que este fosse, eles afinal respiraram aliviados. Não iriam chamá-lo, interrompendo suas fantasias. Deixariam-no simplesmente a mercê dos seus próprios impulsos, de seus fetiches. Quem sabe depois dessa comunhão carnal, Leandro, com a alma lavada lhes contaria a loucura que fez, os míseros trocados que recebeu e se dispusesse a ajudá-los da melhor maneira possível...

Leonardo e Gabriel, hipnotizados por aquele carrossel humano, ficaram ali parados, meditando, sonhando. Uma curiosa fantasia não deixou de aflorar à mente irrequieta de Leonardo: aqueles homens que ali se amavam sofregamente muitas vezes perdiam os seus semblantes originais. Em muitos deles, Leonardo enxergava amigos, pessoas queridas e até mesmo conhecidos mas que lhe eram distantes na E.B.P.T. Relatou essa fantasia ao companheiro mas este não se deixou seduzir pela imagem criada:

- Quem dera! Quem dera!... Eles precisariam nascer outra vez...

Saíram os três juntos dali e esticaram até o Perez. Leandro foi taxativo:

- Eu só não fico aborrecido com vocês, porque sei que estão um tanto perturbados pelos acontecimentos. Olha, essas fotografias que eu tirei nem eu mesmo as vi. Minha máquina foi roubada por pivetes em Cabo Frio na quarta-feira de cinzas. Além do mais eu tirei tantas fotos e tenho quase certeza que não tirei nenhuma de vocês. Olha, se alguém está a fim de um flagrante, é a coisa mais fácil do mundo!

Um tanto por estarem envergonhados e quererem contrabalançar esse sentimento com uma eterna suspeita, outro tanto porque a frieza de Leandro os tenha incomodado, eles voltaram para casa não só sem uma pista convincente como sem amainar as desconfianças que tinham sobre o rapaz. Afinal, quem e a mando de quem os teria fotografado?

Aos dois nada restava senão entreolharam-se e buscarem um no outro algum sinal de alívio, alguma anestesia. Mas o que de início parecia confortador logo se transubstanciava em inquietação, um quase rancor, um temor um do outro que só se dissipou quando se abraçaram, chorando e soluçando demoradamente.

Depois de um prolongado silêncio Gabriel tomou a palavra:

- Você já conhece a minha expectativa. Mas eu sei que por mais amor que tenhamos um pelo outro, esse amor não pode ser forte o suficiente para passar por cima de determinadas coisas. Eu gostaria de compartilhar do seu otimismo em relação às pessoas. Mas não consigo. A gente passa a vida toda sendo gato escaldado e não vai ser de uma hora para outra que a gente vai mudar os nossos condicionamentos. Eles num primeiro momento podem até compreendê-lo, mas é só esse sufoco diminuir e eles vão descarregar uma bateria de preconceitos contra você. Contra nós. As oposições, no mínimo, vão acusá-lo de agitador barato, que tem todo o tempo do mundo para se dedicar a uma Associação de trabalhadores, sem tanto medo das conseqüências. Afinal não tem mulher nem filhos para sustentar, essas coisas todas e daí pode se dar ao luxo de fazer propostas audaciosas: Greve já!... Mas por favor, querido, entenda bem, apesar de eu prever essas nuvens todas carregadas, eu deixo você livre para tomar a decisão que quiser. Como um modesto funcionário eu estarei lá amanhã para votar e ouvir o que meu “líder” tem a dizer...

- Gabi, por favor controle a sua ironia. Não pense que a minha decisão tem alguma coisa de heróica. Essas inquietações que você tem muitas vezes eu as apresento, dolorosamente, a mim mesmo. Mas eu tento espantar esses fantasmas, exorcizá-los como posso. É lógico que se eu tivesse plena confiança neles todos eu não teria me enrustido desse jeito. Mas agora independentemente do que possa acontecer só há uma direção a tomar. Qualquer outro caminho é mais perigoso: só me resta ir lá na assembléia, fazer as propostas todas, controlar e contabilizar a votação e deixar os cães ladrando a vontade. A nossa caravana há de passar!

Exaustos, Gabriel e Leonardo foram dormir no que ainda restava de madrugada. Amaram-se voluptuosamente. Gabriel que sempre preferia possui-lo a ser possuído, nesta noite fez questão de dar-lhe o máximo de um prazer diferente. Ainda que junto ao gozo, alguma aflição, uma pequena dor associada fosse inevitável, dessa vez Gabriel controlou-se o mais que pode e deixou transparecer apenas toda emoção, todo regozijo e deleite que o coito anal lhe proporcionava. Leonardo beijou-lhe suavemente as orelhas e sussurrava-lhe “eu te amo” no mesmo ritmo das estocadas. Gabriel respondia-lhe “eu te amo também” ao mesmo tempo em que suas mãos entrelaçadas às do amante, faziam inesgotáveis evoluções sobre o próprio pau. Os gozos foram fulminantes e quase simultâneos.

Não se pode dizer que Léo e Gabi adormeceram naquela madrugada. Deram uma cochilada bem rápida e logo se viram lúcidos, insones. Estirados na cama, nus, os olhos vidrados no teto, um vulcão prestes a entrar em erupção em suas cabeças. Só lhes restaram amarem-se e amarem-se e amarem-se até de manhã quando a claridade já havia invadido o quarto irreversivelmente. Até que chegou a hora de acordar, mesmo para os que não dormem.

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Nelson Rodrigues de Souza

Um comentário:

  1. Lindo conto...imaginação fértil...e,o suspense caracteristico do autor mas, dá ao leitor, a possibilidade de imaginar o final....adorei!!!!

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