domingo, 17 de outubro de 2010

Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro de 2010- Fica O Que Significa












Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro de 2010- Fica O Que Significa*

*Marilena Chauí

“Film Socialisme” de Jean-Luc-Godard

Um Godard aos 80 anos que está em plena forma, único como ele só sabe ser/estar no Cinema. Se não for atrevimento escolher um fio que perpassa toda a obra eu diria que se trata de um inventário ensaístico e poético sobre o que foi feito dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, mas sem chorar o leite derramado e sim com precisão cirúrgica, um distanciamento crítico formidável apoiado em imagens de tirar o fôlego de tanta beleza. De Dziga Vertov de “O Homem com a Câmera”, um dos filmes que deve ser um dos Faróis de Godard, vem uma montagem magnífica, sensorial. Mas ao contrário de Vertov, Godard não abre mão de suas pensatas e das que recolhe em livros (muitas geniais) de autores citados no começo do filme, como por exemplo: “O Islã é o Ocidente do Oriente”- Rudyard Kipling.

Godard faz da filosofia poesia e da poesia filosofia, que ora acompanha as imagens, ora corre em paralelo. Mas tudo com muita beleza. Não há um plano que não seja construído de forma bem pensada, lembrando-nos sua visão de que a escolha de um plano é uma decisão quase que ética e moral.

Se o espectador não embarcar nas especulações filosóficas&poéticas que jorram aos borbotões, ainda é possível curtir a obra pelo seu lado sensorial, com belíssima utilização da música.

Godard é único na História do Cinema, um dos grandes revolucionários da linguagem cinematográfica. Ele se permite uma liberdade invejável na composição de seu filme. Algo que mimetizado por quem não tem sua genialidade pode redundar em fracasso total, algo que tem acontecido mundo afora.

Numa sequência final de “Fama” de Alan Parker há uma sintomática sequência bastante cruel. Uma das atrizes formadas aceita trabalho de um jovem com tiques de Godard. Vai até o apartamento dele e se trata de um tarado à cata de uma vítima.

“Filme Socialisme” é ousado até no título, pois socialismo é considerado hoje uma palavra morta. Godard nos remete à Grécia e à herança grega e ao seu modo antecipa a crise na Comunidade Europeia que começou justamente por lá.

Não compartilho de muitas opiniões que Godard emite sobre o Cinema em geral. Em sua briga com Truffaut estou do lado deste. Mas quando sua visão de mundo está a serviço de um filme, o encantamento é incontornável. Godard mesmo aos 80 anos está antenadíssimo com o mundo que o rodeia. É um grande poeta, cerebral como João Cabral de Mello Neto, mas que não deixa de ser um grande poeta do audiovisual. Um cineasta que podemos dizer que é um gênio sem medo de cair no lugar comum.

“Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas" de Apichatpong Weerasethakul

Por mais que mergulhemos na incontornável angústia metafísica “quem somos, de onde viemos, para onde vamos”, paira sempre um grande mistério. Por mais que perguntemos “ O que é arte? O que não é arte?” paira também um grande mistério. “Tio Boonmee....” sem nenhum proselitismo, sem didatismo fácil, sem direcionar o espectador, sem nenhum pieguismo, sem ser sentencioso ( armadilhas em que caiu “Nosso Lar”), vai de encontro a estes mistérios imbricados e nos oferece uma obra única no panorama do cinema mundial.

Como nos filmes dos grandes cineastas não há plano ou sequência que não sejam elaboradíssimos, mas sem perder a singeleza e a espontaneidade. A aparição dos fantasmas se dá com delicadeza e naturalidade com soluções plásticas simples e convincentes. A mulher que ressurge do mundo dos mortos, bem como o filho peludo são aparições que passam a léguas de um terror barato. Ao tio Boonmee que sabe que vai morrer por insuficiência renal, tudo soa como presságio de seu destino e ele se prepara estoicamente para esta passagem. Perguntado sobre o céu, a mulher diz que não sabe que espaço espiritual é esse: ela revive depois da morte como que fazendo parte da natureza. Neste sentido para quem no Brasil tem alguma familiaridade com os cultos-afrobrasileiros não há espanto algum: temos aqui também forças da natureza que se manifestam no ego profundo dos seres como se o inconsciente fosse.

“Tio Boonmee Que Pode....” pode soar a um espectador algo cético e inconvincente, tanto quanto o espetacular “O Amuleto de Ogum” de Nelson Pereira dos Santos. Ambos retratam elementos enraizados da cultura dos povos que representam. Mas até mesmo para o cético que não acredita em transcendência espiritual , “Tio Boonmee....” pode ser fruído dentro de sua lógica interna , com imagens e sequências solidamente construídas: o peixe que transa falicamente com a mulher no rio é algo que se retém para sempre, assim como o abraço apertado que Boonmee recebe da mulher, dentre outras.

A relutância do monge entre dedicar-se ao mundo espiritual ou ao material é mostrada com grande poesia, deste que é um dos mais singulares cineastas em atividade, com um tempo narrativo pleno de paciência, mas que não exorbita, não saturando os planos sequências como já virou moda e clichê num cinema que se pretende cult.

Mais belo e intrigante que “Síndromes e Um Século”, “Tio Boonmee...”exige bastante do espectador em termos de mudar suas noções de velocidade competitiva e nos convida a conhecer um outro universo. É um filme transformador. Se não passamos a recordar nossas vidas passadas ao sair do filme, passamos no mínimo, a recordar a vida por que temos passado nesta encarnação. E quiçá, procurando transformá-la.

Tim Burton, outro grande cineasta que também toca os mistérios da arte&vida&morte não poderia ter ficado indiferente a “Tio Boonmee......”. Daí a Palma de Ouro de melhor filme mais do que justa que Apichatpong Weerasethakul recebeu em Cannes 2010.

“Nostalgia da Luz” de Patricio Guzmán

No deserto de Atacama no Chile, bastante elevado e seco, cruzam-se entrevistas com três tipos de arqueólogos: arqueólogos propriamente ditos que pesquisam inscrições e vestígios pré-colombianos; astrônomos- arqueólogos que pesquisam estrelas que já morreram quando observadas para criarem novas estrelas, dentre outros fenômenos; mulheres que na expressão feliz de Luiz Fernando Gallego são as “novas Antígonas”: não descansam enquanto não encontrarem vestígios de parentes mortos pela repressão de Pinochet, dado que instalações em que mineiros da virada do século XIX para o XX moraram se transformaram em campos de concentração após a queda de Allende e seus prisioneiros foram mortos e enterrados em Atacama.

O que poderia ser apenas um ótimo argumento, na direção e roteirização de Gusman se transforma em joia raríssima. A narrativa é a todo o momento poética e emocionante. Os depoimentos são sempre superlativos e reveladores daquelas almas atreladas ao deserto. Há ainda uma captação técnica dos vestígios e telescópios que resultam em belíssimas imagens.

Dentre vários relatos emocionantes destaca-se o de uma jovem casada, mãe de filhos, que teve os pais mortos pela repressão, foi criada pelos avós e agora integrada à vida, trabalha com astronomia, fala sem amargura que tem um defeito de fabricação, mas fica feliz que os filhos não terão este problema.

“Nostalgia da Luz” é um filme que irradia luz por todas as fendas que abre para o passado que incomoda o presente, para termos um futuro mais digno.

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No post

QUINTA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO DE 2010

Alguns Filmes Já Vistos no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro de 2010

encontra-se comentários mais detalhados sobre alguns filmes selecionados e alguns mais sucintos sobre outros. Aqui se fará comentários mais ou menos sucintos sobre mais uma leva de filmes vistos, bem como alguma complementação a filmes citados no referido post.

Cotações

0- péssimo

* ruim

** regular

*** bom

**** muito bom

***** obra-prima

Filmes vistos em ordem alfabética:

À Oeste de Plutão de Henry Bernadet e Myriam Verreault- ***

A Woman, A Gun And A Noodle Shop de Zhang Yimou- ****

Alila de Amos Gitai- ****

Amores Imaginários de Xavier Dolan- *

Andrés Não Quer Dormir a Sesta de Daniel Bustamonte- ***

Resistência e colaboracionismo com a ditadura militar argentina nos anos 70 sob a ótica de uma criança vis a vis a de uma velha senhora. O filme perde um pouco o foco.

Ano Bissexto de Michael Rowe- ****

Não é um filme extraordinário, mas é daqueles que carregamos para sempre pela sua contundência e ousadia em seus vários planos (e planos...). Se sentir vontade de ir embora, fique, resista. Tudo fará sentido ao final que é simples, inesquecível e brilhante. O filme chegou a perturbar meu sono de tanto que me impregnou. De quebra temos indiretamente um vigoroso comentário sobre a crise econômica mexicana que incita as pessoas a correrem riscos de humilhação nos EUA. Dizem aqui no Rio que as mulheres adoraram e os homens detestaram. Será que porque sou gay, eu gostei bastante?....rsrsrs

Biblioteca Pascal de Szabolcs Hajdu- ****

Surrealismo bem construído no Cinema como há muito tempo não víamos, tendo como apoio uma base realista. O espectador decide: fica com o surrealismo ou o realismo (ou os dois...). Sua sequência final, uma grande ironia sobre a sociedade de consumo desenfreado, é extraordinária.

A Boca do Lobo de Pietro Marcelo- 0

Carancho de Pablo Trapero- ***

Um filme muito bem dirigido e interpretado, mas que tem como apoio um truque digno de Janet Clair: o “homem-abutre” que procura lucrar com acidentes por todos os lados envolvidos, tem forte relação amorosa com uma paramédica que cuida dos feridos, com um desfecho que não é difícil de se prever.

Copacabana de Marc Fitoussi - ****

Cópia Fiel de Abbas Kiarostami- *****

Um ensaio cinematográfico sobre arte e suas “cópias fiéis” que acaba tendo ressonâncias num relacionamento amoroso conturbado pela passagem do tempo (realidade ou fantasia dos personagens?). A rigor, uma poderosa meditação sobre o poder da ficção em criar “cópias fiéis” do mundo dito real. Juliette Binoche está tão extraordinária que faz o bom ator protagonista soar quase que como um canastrão, na comparação, o que ele absolutamente não é...

Dois Irmãos de Daniel Burman- ***

Um roteiro um tanto tênue demais e um tanto inverossímil, mesmo para um tom cômico, mas que é defendido com brilhantismo pelos atores protagonistas e que valem a ida ao cinema. Aqui e ali, humor de primeira.

Embargo de Antônio Ferreira- ****

Baseado num conto de José Saramago temos mais uma situação limite e os reflexos provocados: no caso a escassez de combustível. A história promete o que o cartaz anuncia: temos um clima à la Irmãos Coen, mas à moda portuguesa, com certeza.....

A Empregada/The Housemaid de Im Sang-Soo- ****

A Esperança Está Onde Menos Se Espera de Joaquim Leitão - ****

Um técnico de futebol desce ladeira abaixo na vida por não compactuar com corrupção. Seu filho e mulher sofrem também as consequências. A redenção já insinuada no título é construída de forma brilhante, inusitada e comovente.

Essential Killing de Jerzy Skolimowski - *****

Fé de Burhan Qurbani- ?

Visto em condições de grande cansaço. Enfim: precisa ser revisto.

Filho Eterno- O Projeto Frankestein de Kornéi Mundruczó - *

Uma chatice, mas tem gente que adora.

Film Socialisme de Jean-Luc Godard- *****

Flandrers de Bruno Dumont- ****

A guerra e seus efeitos mostrados de forma suis generis.

França de Israel Adrián Caetano- ****

Por trás de uma narrativa dinâmica e aparentemente infantil, uma visão bastante crítica de como o mundo adulto trata uma criança e esta reage em sua carência, enquanto pais estão numa ciranda amorosa egoísta.

Free Zone de Amos Gitai- ****

O encontro de três mulheres é o encontro de três culturas próximas e distantes que se chocam desconfiadas, em meio à barbárie. Só o pranto compulsivo de Natalie Portman no início já justifica o filme.

Hiroshima de Pablo Stoll- 0

Um filme que se pretende minimalista, mas que resulta mínimo, mínimo e descartável. Estamos longe do brilhante “Whisky” do mesmo Stoll e de seu parceiro codiretor que se suicidou. Creio que este está fazendo mais falta ainda do que se supunha.

Independência de Raya Martin - ***

Inegável grande beleza plástica. Mas um tanto lacônico e elíptico demais.

José & Pilar de Miguel Gonçalves Mendes- *****

O melhor documentário sobre escritor que já assisti. Se alguém conhece outro que me dê dica. Poucas vezes no Cinema se falou tanto na morte com tanta vitalidade e amor pela vida. Saramago é um mago da língua portuguesa e o filme não deixa de aproveitar este dom. Pilar é de uma consciência e força admirável (como o companheiro). Nunca o ateísmo nos foi mostrado com tanta espiritualidade (talvez só em Buñuel). Em Saramago escritor e cidadão se confundem, não sabendo nós qual possui mais bela grandeza e expressão. Saramago e Pilar viajam pelo mundo incansavelmente com muito vigor e bom humor, levando suas palavras quase que num tom missionário, mas sem um traço sequer de pieguismo e oportunismo.

Kaboom de Gregg Araki- ****

Kadosh- Laços Sagrados- ****

A praga do fundamentalismo religioso judaico oprimindo mulheres e sacrificando suas vidas, mostrada com rigor cinematográfico e interpretações poderosas.

Os Lábios de Santiago Losa- *

O que já virou clichê perigoso no cinema contemporâneo que é a interpenetração entre documentário e ficção, aqui resulta em clichê mesmo, sem transcendência. Se salva o trabalho das atrizes (atrizes?).

Líbano de Samuel Maoz- *****

O Louco Amor de Yves Saint Laurent de Pierre Thoretton- ****

Parceiro de uma vida de Yves, o empresário Pierre Bergé nos introduz ao mundo da moda extraordinária de Yves em alta costura e pret a porter, bem como à sua personalidade frágil num mundo que conspira contra os talentos e homossexuais, sendo este amante o sustentáculo do estilista, sem o qual seu mundo desmoronaria. Mesmo quem não é ligado em moda como eu, tem prazer em ver um universo amplo e particular desvendado.

Memórias de Xangai de Jia Zhang-ke- ****

Enveredando mais uma vez por mostrar as transformações por que tem passado a China, se concentrando agora em Xangai e cidades correlacionadas pela vida de alguns depoentes, Jia perde a chance de fazer uma obra-prima, pois exagera tanto na quantidade de entrevistas com na duração delas. Um pouco mais de edição faria muito bem ao filme. O curioso é que seu “Inútil”, sobre o mundo da moda, peca no sentido contrário: é muito sucinto.

Minhas Mães e Meu Pai de Lisa Cholodenko- ***

Monstros de Gareth Edwards- ?

Estava muito cansado e mal vi o filme. Carece de revisão. Numa primeira e frágil visão a materialização dos monstros deixa muito a desejar. Melhor seria tê-los ocultado.

A Mulher Sem Piano de Javier Rebolo- *

Como muitos filmes do festival, mais um sobre uma mulher casada de vida vazia. Mas aqui vigora uma falta de energia criativa que quer se fazer passar por distanciamento narrativo. O espectador fica quase que sem filme.

O Mural de Hector Oliveira- ****

Nascidas Para Sofrer de Miguel Albaladejo- ***

Nostalgia da Luz de Patricio Guzmán- *****

La Nostra Vita de Daniele Luchetti- ****

O mundo da construção civil com trabalho de imigrantes ilegais e um pai que tem de criar os filhos após a morte da mulher num parto nos é mostrado com exuberância de sentimentos latinos e crueza, numa combinação que só o cinema italiano é capaz. Junto com “Rif-Raf” de Ken Loach, a melhor abordagem deste universo no cinema que conheço. O filme me toca especialmente, pois meu pai de pedreiro passou a ser um empreiteiro de obras que não empregava imigrantes ilegais obviamente, mas pagava salários mínimos que eram infames, mas não culpa dele. O ator protagonista está à altura de um prêmio em Cannes, onde ganhou em 2010.

O Que Mais Quero de Delfina Castagnino- ?

Visto na segunda fila do Estação 3, algo que não gosto e com cópia mal projetada, este filme de captação lenta e paciente das emoções de suas protagonistas precisa ser revisto. Mas no mínimo é um bom filme. Isto deu pra sentir.

Of Gods and Men/ De Deuses e Homens de Xavier Beauvois- *****

Ondine de Neil Jordan- ****

Mesmo visto numa péssima cópia digital em que no escuro mal se vê os contornos dos personagens, gostei bastante. Neil Jordan depois da buraqueira fascista “Valente” volta ao seu elemento: realidade interpenetrada por conto de fadas, ao meu ver, muito mais interessante que o decepcionante “A Dama na Água” de M. Night Shyamalan. Colin Farrell defende com talento um homem perdido entre a assim chamada vida real e um mundo fantasioso depois que pesca uma mulher enigmática que irá mudar a sua vida.

Passione de John Turturro- ****

Uma deliciosa incursão de John, ítalo-americano, pela música e arquitetura napolitana, suas gentes, assim como Fatih Akin fez com Istambul em “Atravessando a Ponte”. Imagens de arquivo se juntam a imagens contemporâneas de forma delicada e emotiva.

La Passione de Carlo Mazzacuratti- ****

Por ironias do destino um diretor de cinema vê-se obrigado a dirigir uma encenação de A Paixão de Cristo com atores mais do que amadores. Este ponto de partida resulta num filme deliciosamente engraçado e criativo, com mais um trabalho maior deste grande ator que é Silvio Orlando.

Paulo Gracindo- O Bem Amado de Gracindo Junior- ****

“Naquela mesa”(está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim)- esta maravilha da MPB composta por Sérgio Bittencourt para seu pai Jacob do Bandolim é o mote para se apreender este documentário bastante afetivo sobre a incrível história deste grande artista do rádio, televisão, cinema e teatro que foi Paulo Gracindo, numa trajetória de vida improvável e extraordinária.

O Pecado de Hadewich de Bruno Dumont- ****

Uma jovem de uma família de elite francesa tem amor profundo por Cristo/Deus fanatizado de forma que até mesmo as freiras a reenviam ao “mundo exterior” para uma revisão da vida. Como fanatismo atrai fanatismo ela se aproxima de um grupo fundamentalista islâmico terrorista. Estão unidos pela negação da vida aqui e agora em nome de algo que viria depois. Dumont nos mostra esta história com bastante rigor e com uma intérprete perfeita para a protagonista.

Picasso e Braque Vão ao Cinema de Arne Glincher- ***

A influência dos primórdios da linguagem cinematográfica na obra destes dois grandes artistas. Pena que o filme, curto demais, não acredite mais no seu potencial e não tenha mais fôlego.

Poesia de Lee Changdong - *****

Uma senhora com mais de 60 anos cuida do neto e trabalha com um velho com problemas de paralisia. Ao mesmo tempo em que estuda criação poética com um poeta tem de lidar com o fato de que o neto junto a colegas de escola contribuiu para que uma jovem se suicidasse. Um filme atroz e delicado como poucos que justifica plenamente o título. A narrativa fluente e redonda é banhada em muita poesia em meio a grandes agruras da vida. Um filme que nos “ensina” sobre o que é poesia muito mais e melhor do que muitos calhamaços tediosos que pululam por aí. O desfecho é mais um daqueles que não mais se esquece, coroando uma história muito bem contata à altura de um prêmio de melhor roteiro que ganhou em Cannes 2010.

Polanski- Procurado e Desejado de Marina Zenovitch - ****

Relatos e imagens de diferentes fontes formam um mosaico poderoso que nos explica por que Polanski teve toda razão em fugir da justiça americana e instalar-se na Europa. Um juiz confundindo a perversidade dos filmes de Polanski com o próprio autor agiu de forma perversa como um gato querendo matar um rato, injetando uma punição muito maior a Polanski do que teria uma pessoa que não fosse célebre. O filme é dinâmico, caleidoscópico, sedutor e intrigante, desnudando mecanismos hipócritas que tentam passar por justiça.

Por Que A Gente É Assim? de Guilherme Correia- ***

Vários curtas conectados, formando um média metragem de 40 minutos, tentando responder a pergunta título, onde se destacam um bizarro homem que é uma mistura de Lampião e Raul Seixas dançando como Michael Jackson, um travesti articulado que reflete diante de uma plateia sobre sua condição e um gay jovem que discorre sobre os preconceitos que sofre com bastante coragem.Mais curtas de mais regiões do Brasil daria um filme melhor, mais longo e elucidativo de nossa diversidade humana.

Protektor de Marek Najbrt - ****

Um radialista colaboracionista dos nazistas utiliza o poder recém-adquirido para dominar sua bela esposa, atriz e judia, mantendo-a sob suas rédeas. Uma original incursão no universo da perseguição aos judeus no cinema já tanto abordado. A narrativa é dinâmica e sedutora. A fotografia é impecável.

Quatro Noites Com Anna de Jerzy Skolimowski- ****

Uma história de voyerismo exacerbado composta como se fosse uma sucessão de quadros expressionistas, num virtuosismo raro. Um pouco menos de morbidez faria bem ao filme e teríamos uma obra-prima. Mas isto seria melhor analisado numa revisão. Quando vai estrear no circuito de arte este filme tão admirado por tantos???

Quebra-Cabeça de Natalia Smirnoff- ****

Uma mulher casada com filhos, viciada em quebra-cabeças se junta a um homem também praticante “desta arte” e surge em vista um concurso na Alemanha. Ao mesmo tempo vai descobrindo que faltam peças no quebra-cabeça de sua vida, o que a torna vazia. Ela terá então de ter coragem para mudar. Um filme argentino surpreendente que vai pouco a pouco crescendo cada vez mais e se tornando mais complexo. Admirável trabalho de atores com emoções mais sugeridas que mostradas. Um plano final contrapondo-se ao que foi visto antes é de grande beleza e significado.

O Retrato de Dorian Gray de Oliver Parker- ?

Visto numa escura cópia em digital e estando cansado. Tem de ser revisto. Mas deu pra sentir que o protagonista é um ator sem carisma e inadequado.

Rio Sonata de Georges Gachot- ****

Há quem despreze este filme feito assim como se fosse apenas um extra de DVD. Ledo engano. Este painel, afetivo, emotivo, colorido pela paisagem de Copacabana tão cara aos Caymmis, é uma delícia e uma grande emoção de se ver na tela grande. Os impasses criativos e a forte personalidade de Nana Caymmi são filmados por um estrangeiro que parece que sempre viveu no Brasil. Além das incontornáveis e belíssimas canções interpretadas por Nana como se viessem da alma direto para nossos ouvidos, sem passar pela garganta, temos belas e delicadas imagens que aos poucos vão nos mostrando sua razão de ser. Vi no Festival muitos filmes bem melhores. Mas o único que me fez verter lágrimas foi este, pois também é ao seu modo, uma visão não melancólica, mas muito tocante do passar do tempo e suas metamorfoses produzidas.

Rock Hudson- Belo e Enigmático de Andrew Davies- ***

A carreira do astro Rock Hudson nos é mostrada em paralelo à sua vida privada enquanto homossexual só conhecido por amigos. Enquanto a tendência era mulheres suspirarem pelo ator em sua virilidade e os homens o admirarem e invejarem, Rock fazia tudo para manter sua vida dupla. Sendo o primeiro grande nome célebre a contrair o vírus HIV e estando bastante doente numa época em que não havia os coquetéis de hoje, Rock internou-se num hospital da França. Através de uma amiga fez questão de assumir publicamente que estava doente e que era homossexual. O efeito foi devastador. Pessoas passaram a retirar parentes de hospitais. Para voltar aos EUA amigos tiveram que fretar um Boeing ( algo mais caro que 4 anos de pesquisa segundo seu médico). De astro no armário, ele passou a ícone da luta contra a doença. O filme é muito bom naquilo que mostra, mas se ressente de entrevistas que não sejam a de amigos. O que deva ser mais um problema exterior do que propriamente do diretor, dado que um Kevin Spacey, por exemplo, ao ser indagado se era homossexual declara que a constituição lhe dá o direito de não responder ou num caso mais radical temos Ruppert Everett que declarou que sua carreira declinou quando se assumiu homossexual. De qualquer forma é um filme a ser prestigiado, ficando a curiosidade de se assistir “O Segundo Rosto” de John Franknheimer, um dos raros fracassos da carreira de Hudson, mas um cult em Paris. Aqui Rock Hudson procura fugir da persona cinematográfica mais consagrada que tinha e se arrisca mais.

Roman Polanski de Alê Primo- ***

Filmado no Brasil durante retrospectiva Polanski promovida pelo Sesc SP o filme traça um panorama variado sobre a obra deste genial artista, com muitas cenas de filmes dele e depoimentos bastante curiosos, além da fala de Polanski. Gilberto Gil o considera pop, Cacá Diegues ressalta o impacto de “A Faca na Água”, Hector Babenco admira a capacidade de trabalhar com tantos gêneros diversos, Caetano lembra que na prisão lhe deram O Bebê de Rosemary (A Semente do Diabo de Ira Levin) para ler, o que o deixou mais assustado, tendo visto o filme depois, etc. O filme tem certo excesso de didatismo que destoa do ar sempre transgressivo do diretor.

Sequestro de Um Herói de Lucas Belvaux- ****

Sinto Sua Falta de Fabián Hofman- ***

Um jovem tem sua vida perturbada pelo desparecimento de seu irmão durante a ditadura militar argentina nos anos 70, não conseguindo mais esquecê-lo. Muitas pessoas morreram, mas continuam “nem mortas nem vivas” na memória dos que ficam. O filme se ressente de certa falta de ritmo.

A Solidão dos Números Primos de Salverio Constanzo- *

Dois jovens se unem pelos traumas que sofreram numa história intrincada over, over, over, desde os letreiros gigantes, a música demasiadamente eloquente e as interpretações melodramáticas demais. Fiquei sonolento, mas neste caso é um problema muito mais do filme do que meu.

Somewhere de Sofia Coppola- *

A maior decepção do Festival dado que foi um filme que ganhou o Leão de Ouro em Veneza 2010 ( terá sido mais uma travessura grindhouse&pulp&spaghetti&etc. de Quentin Tarantino, presidente do júri e ex-namorado de Sofia?). Um ator se confronta com seu tédio e vazio existencial num hotel de luxo. O grande problema do filme é que este tédio e vazio contamina o contamina, ao contrário do que acontece com os filmes do mestre Antonioni em que não perdemos de forma alguma o interesse em acompanhar seus personagens em crises existenciais. Em “Encontros e Desencontros” esta mesma temática se escudava no trabalho de um grande ator que é Bill Murray e o filme “funcionava”. Já “Maria Antonieta”, com bela direção de arte também patinava no vazio ao mostrar o vazio da vida da protagonista, de uma forma anti-histórica, audaciosa certamente, mas um tiro pela culatra, pois ressoava como se Sofia tivesse o Cahier du Cinéma numa mão e a revista Caras na outra...Mas é forçoso reconhecer que Somewhere tem seus admiradores ferrenhos, tão impressionados como se tivessem visto um OVNI...

Sunshine Cleaning de Christine Jeffs- ****

Numa era de reinante desemprego, duas irmãs americanas descobrem a mais triste das atividades, mas bastante lucrativa: depois de diferentes formas de mortes com fortes vestígios, elas são contratadas para limparem tudo até a última gota de sangue. O filme tem um tom agridoce e um desenvolvimento cativante e divertido, dentro do espírito “ o que dá pra rir dá pra chorar, questão só de peso e medida, problema de hora e lugar”. Num plano diferente, um filme que pode fazer o mesmo sucesso do independente “Pequena Miss Sunshine”. A sátira ao empreendedorismo americano protestante “There is no Gain, Without Pain/ Não Existe Ganho Sem Dor” ganha mais um ponto no Cinema.

Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas de Apichatpong Weerasethakul- *****

Turnê de Mathieu Amalric- ?

Visto quando estava também muito cansado tem de ser revisto. Se não for falha, a impressão que passou é que se trata de um filme estimável, mas que não está à altura de uma Palma de Ouro de melhor direção que recebeu em Cannes 2010.

O Último Sonho de Pina Bausch de Anne Linsel e Rainer Hoffman- **

Um grupo de jovens são candidatos a um trabalho de teatro- dança de Pina Bausch. O trabalho paciente, exaustivo da artista nos é mostrado de uma forma um tanto convencional e num ritmo que é mais para o aficionado de dança-teatro do que para o amante do cinema. As imagens do trabalho de Pina Bausch que realmente ficam na minha memória é o início de “Fale com Ela” de Almodóvar e a participação especial em “E La Nave Va” de Fellini.

Um Quarto em Roma de Julio Medem- ****

Assumidamente inspirado em “Na Cama” de Matias Bize, este filme de grande apuro estético e diálogos enigmáticos entre duas mulheres, que se escondem de si mesmas, tem cenas eróticas quentes e muito belas. Poucas vezes as intermitências do desejo foram mostradas no cinema de forma tão forte. O longo plano seqüência, no início, em que a câmera colhe os personagens na rua, sobe até uma sacada, uma janela, entra no quarto e surpreende as protagonistas abrindo a porta e entrando é fantástico. "Já vale o filme".

A Vida dos Peixes de Matias Bize- ****

Um filme singelo e complexo em que a metáfora simples dos peixes presos no aquário retrata bem a situação de seus personagens, que querem mudar o destino, mas estão presos “tchekhovinianamente” aos seus limites de todas as ordens. Andrés volta da Alemanha, onde vive, ao Chile e além de amigos, reencontra Beatriz, uma grande paixão que foi abortada, agora uma mulher casada, com filhos e que está grávida. Olhares tímidos e falas sutis permeiam o encontro. Um futuro feliz está muito claro ou então o mais obscuro possível.

A Vida Durante a Guerra de Todd Solondz- ***

Retomada de personagens visto em “Felicidade” (1998), este filme típico de Solandz exagera na acidez e no humor, não tendo o mesmo impacto do antecedente. De qualquer forma cenas como a mãe explicando ao filho como o pai praticava a pedofilia, dado que este já não se considera uma criança, é algo a se reter.

Viúvas Sempre As Quintas de Marcelo Piñeiro- ****

Enquanto Buenos Aires pega fogo com manifestações e repressões da polícia, num condomínio fechado que poderia ser na Barra da Tijuca ou Alphaville em São Paulo, por exemplo, homens e mulheres marcam suas diferenças e sublinham o amor ao dinheiro e ao conforto, sendo que de antemão já sabemos que homens morreram na piscina, o que pontua os letreiros de forma muito bela.Se tivermos um olhar acurado para a psicologia dos personagens o filme pode decepcionar mas o entendendo como uma alegoria ele ganha força. E é sob este viés que melhor admiro o filme que compõe junto com “Plata Quemada” e “O Que Você Faria?”, ensaios corrosivos sobre o poder corruptivo do dinheiro, quase que um personagem também.

Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos de Woody Allen - ****

Woody , incansável cineasta, faz mais uma obra cômico-dramática de diálogos bastante perspicazes, inteligentíssimos e introduz um novo ruído em sua obra: as antevisões de uma jogadora de cartas que influencia as decisões de uma senhora abandonada pelo marido em busca de mulheres mais jovens. O desfecho pode ser tanto uma grande ironia de Woody, como uma abertura para um sentimento de asfixia que contamina todos os personagens e do qual nem todos se livrarão.

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Numa confraria de cinéfilos (confrarialumiere@yahoogrupos.com.br) da qual faço parte, num exercício quase que como uma brincadeira, dado que é muito difícil, senão impossível, ordenar filmes em ordem de preferência, ficam assim as minhas escolhas, incluindo também uma lista de “piores” filmes vistos em ordem de desagrado:

Melhores Filmes:

1- Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas de Apichatpong Weerasethakul

2- Essential Killing de Jerzy Skolimowski

3- Of Gods and Men/ De Deuses e Homens de Xavier Beauvois

4- Nostalgia da Luz de Patricio Guzmán

5- Cópia Fiel de Abbas Kiarostami

6- Poesia de Lee Changdong

7- José & Pilar de Miguel Gonçalves Mendes

8- Líbano de Samuel Maoz

9- Film Socialisme de Jean-Luc Godard

10- Ano Bissexto de Michael Rowe

( 11- Sequestro de Um Herói de Lucas Belvaux )

(12- Biblioteca Pascal de Szabolcs Hajdu)

(13- Copacabana de Marc Fitoussi)

(14- La Nostra Vita de Daniele Luchetti)

Piores Filmes

1- Hiroshima de Pablo Stoll

2- A Boca do Lobo de Pietro Marcelo

3- A Mulher Sem Piano de Javier Rebolo

4- A Solidão dos Números Primos de Salverio Constanzo

5- Somewhere de Sofia Coppola

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Gerais

- Muito deselegante, no mínimo, a atitude da organização do Festival em não permitir a utilização do passaporte para ingresso nas sessões da repescagem que não lotarem. Fui em algumas delas e as sessões, de modo geral, estavam com muito pouca gente. O tiro saiu pela culatra? Compensou?

- O Globo cobriu bem a Première Brasil. Houve entrevistas interessantes com cineastas convidados ou à distância com filmes no Festival. Mas em termos de crítica mesmo foi muito pobre. O que houve? Falta de sessões para a imprensa? Desinteresse da editoria do Segundo Caderno? O gigantismo do Festival atrapalhou?

- Alguns filmes foram exibidos em péssimas cópias digitais. Será que isto é algo com o qual temos que nos resignar? Antes isso do que nada? Nivelamento por baixo?

- Muitos filmes demoraram a serem liberados para venda. Isto atrapalha muito a programação de qualquer cristão. Este é um problema sem solução? Mais uma vez: o gigantismo do festival atrapalhou?

- Muitos filmes importantes ou nem tanto, mas fora do perfil Midnight Movies ou Mundo Gay, mesmo não tendo chegado de última hora, foram exibidos em sessões da meia noite, o que é no mínimo, contraproducente para o amante do grande cinema que tem ver filmes cansado. Por que isto aconteceu? Qual a lógica por trás deste desatino?

-O ateliê culinário do Espaço de Cinema e do Estação Botafogo continuam com preços proibitivos para a maioria dos cinéfilos. “Comida mínima.Preço máximo”. Ainda bem que um pé sujo de esquina fechou e abriu uma lanchonete modesta, mas decente e com preços convidativos para os vários dias de sessões de cinema.

- Diretores participaram de sessões em tese para debates com o público após a exibição. O que aconteceu na prática é que mal surgiam algumas perguntas já tinha que ser encerrado o debate, pois a próxima sessão iria começar. Se é para ser assim era melhor não ter. Não é possível planejar isto?

- Ilda Santiago aparece em muitas fotos do jornal “Redentor”, informativo do Festival, junto a cineastas convidados. Espera-se que haja também bastante empenho no dia a dia, junto aos distribuidores, com incansáveis trocas de emails e reuniões, para que filmes importantes como, por exemplo, “Essential Killing”, não deixem de ser comprados e exibidos comercialmente.

- Um dos fatores que mais atrapalha a vida do cinéfilo durante o festival é a insegurança de que mesmo filmes ditos como já comprados podem ser engavetados ou lançados diretamente em DVD. O sistema exibidor hoje não é confiável. Isto é um problema sem solução? Eu, por exemplo, esqueci se pode ser exibido ou não e não arrisquei: vi todas as figurinhas carimbadas por Cannes, Veneza e Berlim que pude. Caso a exibição durante o ano fosse mais sensata, eu poderia ter arriscado mais.

- Muito simpáticas as fotos grátis tiradas por stand da Petrobrás, entregues em 15 minutos. Entretanto funcionários que tiravam fotos chegavam a pedir para a gente posar. Não há ago errado nisto? Por que tanto afã de marketing?

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Nelson Rodrigues de Souza

Um comentário:

  1. Nelson,
    Adorei seus comentários. Alguns, muitos pertinentes, outros, insanos.... Sim, sou um dos piscodélicos que viram um OVNI: acho "Somewhere" espetacular!
    Gustavo

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