sábado, 13 de novembro de 2010

“Café da Manhã em Plutão” de Neil Jordan/ "Conto de Fadas" Nos Embevece Mas Às Vezes Claudica














Este texto contém spoilers, ou seja, detalhes de filmes de Neil Jordan são revelados para a análise pretendida.

Estando “Ondine” de Neil Jordan em cartaz, achei oportuno trazer à tona este texto publicado originalmente no jornal Montblãat. Aqui se encontra com correções, cortes, acréscimos e atualizações.

“Café da Manhã em Plutão” de Neil Jordan

"Conto de Fadas" Nos Embevece Mas Às Vezes Claudica

Neil Jordan é um dos grandes realizadores do cinema contemporâneo, com obras surpreendentes, originais e fortes (“Mona Lisa”, “A Companhia dos Lobos”, “A Procura do Destino”, “Nó na Garganta”, “Fim de Caso”, etc). Foi com o sensacional “Traídos pelo Desejo” (1992) que ele ampliou seu prestígio aliado com o ganho de um sensível público proporcionalmente ao investimento pequeno do projeto. A história de um militante do IRA (Exército Republicano Irlandês) que indo a Londres numa missão de amizade para cumprir a promessa que fez a um preso negro que sua organização executou, se apaixona pela namorada dele e não recua ao saber que ela é um travesti, desligando-se do seu grupo e sendo por ele perseguido, ganhou o mundo, sendo indicada a 5 categorias do Oscar, uma façanha na época para um filme independente dos grandes estúdios, recebendo o prêmio de melhor roteiro. Jordan com a celebridade adquirida chegou até a realizar uma produção de contornos bastante hollywoodianos, com alto custo, “Entrevista com o Vampiro”, uma obra irregular, com a vantagem mercadológica de contar com os astros Brad Pitt, Tom Cruise e Antônio Banderas como vampiros.

“Café da Manhã em Plutão” (Inglaterra/Irlanda/2005) tem pontos de contato, mas são bastante tênues, com o festejado “Traídos pelo Desejo”. Em ambos temos uma história com travestis com a violência dos embates do IRA e o exército britânico como pano de fundo. Mas o tom da narrativa destes filmes difere completamente. O filme mais recente almeja ser um conto de fadas (somente adulto?), bizarro e surreal, vertente que Jordan explorou com forte clima psicanalítico em seu sensacional “A Companhia dos Lobos” (1984), uma caixa de surpresas de histórias que puxam outras, com belíssima circularidade e efeitos especiais admiráveis para uma era que não a digital. Já seu premiado e mais consagrado filme com seus arrebatadores progressivos desdobramentos das situações e dos conflitos interiores de seus protagonistas, além de uma visão candente dos imperativos do amor e desejo, se constituía numa parábola de encenação realista, onde se lidava com a suposta maior persistência de caráter do nativo em Escorpião, para o bem e para o mal. A famosa parábola do escorpião que quer atravessar o rio nas costas de um sapo nos é contada.

Baseado em romance de Patrick McCabe (autor também de “Nó na Garganta”/”The Butcher Boy”) com ambientação nos anos 60 e 70, “Café da Manhã em Plutão” é narrado em 36 capítulos, com títulos literários, sem nenhuma rigidez, obedecendo apenas a um charmoso bom humor que tenta captar os estados de espírito de seu protagonista. Numa pequena cidade da Irlanda, Patrick “Kitten” Braden (em português chamado “Gata”), num trabalho minucioso, arrojado e excelente de Cilliam Murphy, quando bebê foi abandonado num cesto pela mãe na porta da casa do Padre Bernard ( Liam Neeson*). É criado por uma família que não aceita a naturalidade com que vai mostrando suas inclinações homoeróticas e seu gosto pelo travestismo. Na escola católica onde estuda tem conflitos com um professor e até mesmo com o diretor que se mostra de início solidário. O pai de um amigo com síndrome de Down conta-lhe que sua mãe trabalhou como empregada na casa do padre, era a mais bela garota da cidade, se assemelhava com a estrela de cinema Mitzi Gaynor, tendo ido depois morar em Londres. Numa redação escolar Patrick fantasia um encontro amoroso da empregada com o padre. Numa caixa de dúvidas dos alunos, levanta a questão de como fazer uma operação de mudança de sexo. Mal visto na escola e sem apoio na família que o acolheu Patrick sai de casa. Uma amiga constante que terá é Charlie (Ruth Negga). Inúmeras pessoas cruzarão sua vida em situações pitorescas, surreais, ora trágicas, ora cômicas, ora tragicômicas.

Patrick envolve-se com motoqueiros cujo líder, alterado por drogas, lhe fala de uma viagem a espaços astrais onde se toma café da manhã em Plutão. Sem aderir de forma alguma a drogas e sim por temperamento, modo de enxergar o mundo, satisfeito com seus desejos, com conflitos sim com a sociedade que o cerca, ele está sempre no clima de quem está mesmo tomando um café da manhã em Plutão e não neste nosso planeta Terra. Patrick faz show vestido de índio (a) com Billy Hatchet (Gavin Friday), torna-se amante dele, mal entendendo as ligações que ele tem com o IRA, lidando de forma muito peculiar com armas escondidas. Ao testemunhar um atentado a bomba, ele terá reações que para si são as mais naturais, mas que lhe criarão sérios problemas.

Para Patrick, Londres, a cidade onde a mãe está, é a maior cidade do mundo e é para lá que vai a sua busca, fugindo das restrições do lugar de origem. Em Londres conhece o mágico Bertie (Stephen Rea, o ator fetiche do diretor, que faz um padre em “Ondine”/2010), com quem começa a trabalhar, alguém que se encanta por ele mas o explora no trabalho. Ao tentar a vida como prostituto é rechaçado pelas mulheres na atividade, agredido por um cliente, salvando-se de forma inusitada. Por mais percalços que encontre, não há, entretanto, nada que o faça sentir baixa autoestima. Segundo Neil Jordan sua proposta é nos mostrar “como alguém sobrevive num mundo profundamente agressivo simplesmente sendo ele mesmo”. Jordan acrescenta: “Através desta insana insistência em ver o mundo como um lugar bonito, Patrick nunca realmente perde até mesmo quando ele perde tudo”. No refinamento do roteiro, Jordan se lembrou muito de “Cândido” de Voltaire, o eterno otimista que acredita que vive “no melhor de todos os mundos possíveis” mesmo diante de grandes infortúnios. Patrick é o total oposto do protagonista da peça “Um Homem é um Homem” de Bertold Brecht, vista nesta época de lançamento do filme em questão, numa adaptação à era Bush/Blair pelo grupo Galpão com direção de Paulo José, onde um indivíduo comum pacato se deixa impregnar totalmente pelas sucessivas repressões de que é alvo e torna-se terrivelmente repressor, uma máquina de guerra, ironicamente nascido para matar. Jordan mais do que em política está interessado em saber “como os indivíduos trabalham com o que lhes é dado”. Num paralelo de seu filme, ambientado em momentos críticos de manifestações do IRA, com a conjuntura política atual, tem-se uma visão sua bastante intrigante e peculiar:

Com todas estas repugnantes ideologias tentando dizer a você, o que você deve ser, num mundo onde você pode ir a um bar e o bar pode explodir, como você vai se comportar neste mundo? Patrick faz um belo e bom trabalho”.

Mesmo entendendo-se a proposta de Neil Jordan, com a reação saudável de seu protagonista a qualquer forma de despersonalização, não importa que violências psicológicas ou físicas o mundo exterior lhe apresente, lhe imponha e ainda sem esquecer a estrutura amável de conto de fadas do filme, onde até mesmo passarinhos são cronistas das situações (chegam ao requinte de citar uma boutade de Oscar Wilde), mesmo com todas estas idéias em jogo, o roteiro incorre em alguns momentos em facilidades demais, abusando da ótica não realista que o filme se propõe. Por exemplo, Patrick sendo vítima de uma explosão dentro de uma boate, é carregado em maca para um hospital com as pernas feridas e num corte rápido é mostrado sendo torturado e preso como suposto terrorista, mantendo suas reações bastante lúdicas (como o tempo todo) é um pouco demais. O roteiro força a barra aqui como em outras circunstâncias. Esses atalhos para emoções muito calculadas que envolvem também encontros incríveis (só explicáveis por um Deus Ex Machina muito brincalhão), até mesmo na última seqüência, diluem a força de um filme que se pretende ser um conto de fadas não ortodoxo. Em “Na Companhia dos Lobos” homens tiram camadas de peles e se transformam em lobos, mas acreditamos em tudo que nos é proposto através de uma corrente de histórias bastante atraente.

O que o filme tem de melhor, além da excelente entrega de Cillian Murphy a seu personagem, que se mostra bastante feminino sem deixar que enxerguemos um homem que se traveste, numa perfeita androginia, além das líricas bizarrices e muitas evoluções surpreendentes de seu roteiro, está na excelente direção de Neil Jordan. Um diretor menos talentoso com o material com que lida Jordan, levaria ao fracasso um projeto que exige muita delicadeza e cuidado para despertar rápida empatia com os inúmeros personagens que pipocam na trama. Mesmo assim, pela audácia e ambição do roteiro, Jordan fica algumas vezes limitado para dar vida satisfatória ao grande número de personagens do filme. O que pode representar riqueza por um lado, com muitas peripécias cômicas, trágicas, patéticas, por outro pode ser um sinal de superficialidade. A relação de Patrick com o cantor que está envolvido com o IRA é bem construída, mas outras relações não. Até mesmo a grande amizade com Charlie se ressente de melhor elaboração. É claro que a proposta do filme é nos mostrar como o protagonista lida com um torvelinho de situações muitas vezes até limítrofes. Mas a idéia básica de Patrick como alguém sempre infenso às repressões que sofre, mantendo o bom humor, o charme, se torna às vezes um tanto fabricada. Não é algo que se compartilhe invariavelmente com o personagem o tempo todo. “Um Homem de Sorte” (1973), obra-prima de Lindsay Anderson (de “Se...”/If..”), com Malcolm McDowell passando por muitas desventuras, mas sempre mantendo a paciência e o humor ( quase que numa atitude/beatitude Zen-Budista), um filme parente espiritual deste em questão, é muitíssimo mais bem sucedido e verossímel dentro da inverossimilhança.

“Café da Manhã em Plutão” tem muitos momentos de encantamento: a forma como se dão os encontros com a mãe e o pai (seqüências especialmente tocantes e de originalidade exemplar); algumas reversões de expectativas que realmente são formidáveis; o trabalho de direção impecável; a trilha predominantemente com hits dos anos 70, bastante adequada à pulsação do filme e de seu protagonista, onde se destaca o uso dramático da canção “Feelings” de Morris Albert; os devaneios espirituosos de Patrick etc. Ainda que no todo se faça restrições não é a qualquer momento que se vai ao cinema ver um filme de Neil Jordan. Sendo assim este café da manhã tomado na sala escura do cinema como se fosse Plutão é irrecusável. É um ótimo antídoto contra esse café da manhã amargo e indigesto na Terra que estão sempre querendo nos oferecer.

* Liam foi protagonista de “Michael Collins - O Preço da Liberdade”, grande filme de Jordan, sobre o líder criador do IRA, onde o cineasta mergulhou mais fundo, explicitamente, nos conflitos da Irlanda, dominada há séculos pelos ingleses, que culminaram em um sul autônomo numa partição em 1921, sendo que foi criada a Irlanda do Norte, onde continuaram os enfrentamentos com os ingleses que reverberaram na República. Em 28 de julho de 2005, o IRA anunciou formalmente o fim de sua luta armada contra o domínio britânico na Irlanda do Norte, prometendo buscar seus caminhos por meios políticos democráticos.

Ps1 As informações sobre as propostas do diretor foram extraídas do site original do filme que é bastante alentado, incluindo até mesmo detalhes de um novo projeto de Jordan, “Borgia”. É um site do gênero muito bem projetado em seus vários aspectos, uma coisa rara, quando deveria a regra: http://www.sonyclassics.com/breakfastonpluto/

Ps2 Uma das Fabulas Fabulosas de Millôr Fernandes explica um tanto os problemas de roteiro que “Café da Manhã em Plutão” tem e também “Ondine”, onde se pretende a encenação do mágico com forma realista ao fim e ao cabo.

Um Leão e um Ratinho foram a um restaurante . O garçom perguntou ao Ratinho o que queria comer. Este explicou. “E o senhor, Leão, o que vai comer”- perguntou o garçom. O Leão respondeu: “Seu imbecil, você acha que se eu estivesse com fome, estaria aqui com o ratinho?" Moral da história: mesmo dentro do mundo das fábulas temos que manter certa lógica.

Ps3 Revisto agora numa projeção decente ( ao contrário da horrenda digital do Festival do Rio) “Ondine” pode ser bem melhor apreciado.

Neil Jordan volta ao que sabe fazer melhor: histórias com forte pé na cultura irlandesa, além dos elementos mágicos que também aparece em algumas obras suas. Syracuse ( Colin Farrell, cada vez mais melhor ator) é um pescador separado da mulher e com uma filha pequena com problemas sérios de insuficiência renal. É ex-alcóolotra e pesca/salva uma bela mulher em sua rede, que se diz chamar Ondine e não quer contatos com o "mundo exterior". Elementos realistas e mágicos vão se intercalando de modo que dentro da realidade interna do filme confundamos estes limites. Este já é um recurso bastante presente no cinema contemporâneo, seja na ficção, seja nos documentários (em muitos destes não se sabe os limites entre a ficção e o documentário, o que já está virando um clichê, mas esta é outra história.. .).

Com o canto de Ondine, Syracuse aumenta sua pesca quantitativamente e chega até a pescar bastante salmão com uma rede de arrasto que não é apropriada para isto. A filha, espertíssima, vai a busca do entendimento sobre o que é fabulação do pai, o que é realidade.

Uma das coisas mágicas fortes de “Ondine”, em cartaz, é a grande coleta de salmões com rede não apropriada, enquanto Ondine canta. Isto é demais para que depois se tente uma interpretação realista para todos os fatos com imigrantes ilegais etc. Pode-se argumentar que seria uma coincidência. Mas que puta coincidência!!!! Numa lógica de ficção eu até que aceito que ela seja pescada numa rede e salva, mas a pesca com grande fartura me pareceu forte demais.

Quando entra o estranho na história, o filme que tinha uma evolução relativamente plácida passa a ser narrado em atropelos. Sinal de que o diretor não confiava tanto assim no seu roteiro para nos convencer na versão final de que tudo se passa no plano da "realidade" e não no dos contos de fadas, ainda que termine com um casamento, onde ”serão felizes para sempre”.

Conforme bem observou um amigo, Syracuse aceita rápido demais a versão de Ondine de que não é uma criatura mágica. Não se passa assim do mágico sonhado à luz do dia, para o realismo concreto com tanta facilidade assim.

Outra coisa estranha no filme: se a filha estava enfim recebendo o transplante de rim tão desejado depois do acidente, não era para Syracuse acreditar tanto na ex-mulher quando ela diz que eles estão numa maré de muito azar....

Mas reitero, o filme como um todo merece ser visto, pois é muito bem dirigido, com imagens e planos incomuns muito bonitos. E o roteiro mesmo com furos, conforme “Café da Manhão em Plutão” , é bastante atraente.

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Nelson Rodrigues de Souza

Um comentário:

  1. Gostei muito, Nelson, da análise que você faz de Café da Manhã em Plutão - um filme que pretendo rever. Reproduzo a seguir um texto que escrevi sobre o mais recente filme de Neil Jordan, Ondine:


    Ondine – Seduzidos pelo canto da sereia

    Neil Jordan me pescou em sua rede encantada com A Companhia dos Lobos e completou a sedução em Traídos pelo Desejo. Desde então tenho me mantido fiel a sua filmografia, aguardando com ansiedade cada nova obra. O que me fascina é a forma como ele introduz o fantástico, o fabular, ou simplesmente insólito na rotina de personagens comuns, insignificantes aos olhos de terceiros, para transformar suas vidas em algo especial, mágico, misterioso.
    Ondine tem falhas e incongruências. Não está entre os melhores trabalhos de Jordan. Mas, se o roteiro não alcança a perfeição, tem como grande mérito a criação de um universo extremamente poético, em que os personagens recebem do diretor um olhar carinhoso que ilumina o seu duro cotidiano, revisitado pelo viés do imaginário.
    A partir da lenda irlandesa das selkies, Neil Jordan conta a história de amor entre um pescador alcoólatra (Syracuse, chamado pela comunidade local pejorativamente de Circus – palhaço) e uma bela e misteriosa mulher “pescada” do mar. A ninfa (Alicja Bacled), autobatizada Ondine, passa a ser idealizada como uma criatura mítica por Annie (Alison Barry), filha de Syracuse, em sua sabedoria ao lidar com os problemas familiares e de saúde que a fragilizam. Ondinas (Fadas das Águas), sereias e selkies são criaturas ambíguas: benéficas e malignas, a um só tempo. Essa ambiguidade está presente na construção da trama, onde um fio tênue separa a magia, na qual se quer acreditar, e a realidade, difícil de se viver.
    Uma das características salutares de uma selkie, para os mortais, reside no seu poder de cura psíquica e orgânica. Para Syracuse isso representou a conquista paulatina da autoestima. Para Annie, o resgate da figura materna e a “sorte” de poder fazer o transplante do rim que necessitava – a “mulher do mar” tinha direito a um pedido e o fez: a recuperação total da menina.
    Em pleno século 21, acreditar em seres elementais (fadas, duendes, sereias) remete a manicômio. As fábulas são apenas para crianças, embora muito adulto sonhe em viver seu conto de fadas particular. Apostando nisso, Jordan trouxe uma ninfa do mar para o mundo dos adultos, mas com uma condição: à meia noite a carruagem voltava a ser abóbora. Só que o espectador já tinha se deixado seduzir pelo canto da sereia e ficou um pouco frustrado quando a fantasia rompeu-se bruscamente.
    A magia foi tão envolvente que a história real, ao se apresentar em sua violência e negatividade, quebrou o encanto. Indícios de que a ambiguidade seria desfeita foram lançados para quem quisesse perceber, como a cena, por exemplo, em que a menina vê pela televisão a banda islandesa Sigur Rós interpretar a bela música (All Alright) que a suposta selkie cantava. Mais à frente, cria-se uma nova ilusão, dessa vez de ótica: Ondine está numa ilha deserta e seu corpo, prolongado pelas pedras, parece ser o de uma sereia. Ao levantar-se o equívoco se desfaz.
    Sereia ou não; divindade ou mundana; vestindo pele de foca ou carregando mochila de drogas, o padre, interpretado pelo sempre dúbio Stephen Rea, aprovou a união do pe(s)cador e seu peixe. Assim o confessionário perderia sua função psicoterapêutica. A nós resta apenas continuar ouvindo o canto da sereia na trilha sonora de Kjartan Sveinsson. E guardar na memória as lindas imagens dos mares da Irlanda, que nos trouxeram em um único barco Neil Jordan e Colin Farrell. Benditos ventos.

    Gina Louise

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