Logo após a Segunda Guerra Mundial, num cassino de Montecarlo, rodeado de mulheres e perdendo boas quantias de dinheiro no jogo, Saloman Sorowitsch (Karl Markovcis, excelente) relembra, num longo flashback, as circunstâncias nada comuns de sua vida que o levaram até aquele momento.
Em 1936 era um judeu notório falsário de dinheiro e documentos. É preso e levado para um campo de concentração onde experimenta e vivencia os horrores do sistema nazista. O mesmo oficial que o prende (promovido pelo ato) depois de anos, agora tem novos planos para ele. Junto a outros técnicos é incitado a em nome da sobrevivência e de condições menos indignas de moradia e alimentação, com certas mordomias como um mesa para jogar ping-pong depois do trabalho, a iniciarem uma pequena indústria de falsificação de libras esterlinas para inundar e corromper o mercado inglês e depois de dólares, para um colapso mais geral.
Adolph Burger (August Diehel) é um comunista que passa a ser a única voz discordante do grupo. Não quer ajudar os nazistas a derrotarem os aliados preferindo a morte. Num misto de vergonha, frieza e cálculo bem controlados, Soloman adere ao projeto, chamado Operação Bernhardt, sendo ele baseado num personagem real.O seu trabalho gerencial realmente deu uma sobrevida ao nazismo agonizante.
Enquanto Saloman trabalha na falsificação em massa, ecos inevitáveis de massacres de judeus no campo de concentração chegam até todos. Mas se de início é fiel a uma máxima pessoal marcante, “Os nazistas não vão me fazer sentir culpado por estar sobrevivendo”, submetido a uma seqüência de forte humilhação pessoal, simples, mas suficiente para nos mostrar o horror que é o domínio do corpo dos outros, Saloman passa a refletir mais sobre sua atividade, mas ainda com cautela e dissimulações.
O problema com “Os Falsários” (Áustria/Alemanha/2007) de Stefan Ruzowitzky , Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2008 é que por mais que tenha um ponto de vista bastante original, baseado numa história em seus fundamentos real, não deixa de ser mais um filme sobre os horrores nazistas (cujos pontos culminantes no Cinema foram “O Pianista” de Roman Polanski, “Noite e Neblina” de Alain Resnais e “A Lista de Schindler” de Steven Spielberg, dentre os inúmeros filmes que assisti sobre o tema). Há um certo clima de "déjà vu" que arrefece um pouco o impacto da obra pois não há como não mostrar nazistas impiedosos praticando suas perversidades ( um jovem com tuberculose é sacrificado com um tiro na testa com o hipócrita pretexto de que contaminaria os demais).
Mas o que “Os Falsários” tem de melhor são os movimentos da alma de Saloman que não deixa de ser modificado pelas vivências do horror que acaba presenciando e sofrendo muitas vezes na própria pele.
O problema com mais um filme sobre nazistas e os dilemas morais e éticos acarretados deve ser muito mais deste que aqui escreve do que do próprio trabalho. Tenho receio que com este excesso de filmes sobre o nazismo (só nos últimos meses tivemos “O Menino do Pijama Listrado”, “Um Homem Bom”, “Operação Valquíria”, “Um Ato de Liberdade”) a cabala universal a favor dos horrores cometidos pelo Estado de Israel contra os palestinos fique cada vez mais forte.
Contrariando o que desejava Barack Obama em reunião que tiveram, o premier ultraconservador Benjamin Netanyahu do partido Likud ( eleito pelo povo israelense!), relutante em aceitar a óbvia solução imperiosa de dois estados para a região, continuou autorizando os assentamentos judeus na Cisjordânia, ignorando um Mapa da Paz desejado. Os conflitos Israel/Palestina estão além da Faixa de Gaza, onde vários civis, homens, mulheres, velhos e crianças foram assassinados há poucos meses atrás.
Assim passo a ter a suspeita que um filme como “Os Falsários” por mais integridade que tenha, num conjunto de filmes, passe a nos anestesiar para as barbaridades que o Estado de Israel tem cometido historicamente.
É impressionante a quantidade de filmes sobre o holocausto já premiados pelo Oscar. Não deixa de fazer um tanto de sentido a idéia de que há um lobby judáico muito forte por trás. Há indícios de que o extraordinário documentário “Na Captura dos Friedmans”(EUA/ 2003) de Andrew Jarecki, um emaranhado de verdades e mentiras sobre um pai e filho acusados de pedofilia, que nos deixa atônitos com as perguntas que nos lança, bem mais fortes do que as respostas, tenha sido boicotado por este mesmo lobby.
Mas deixando de lado estas considerações sobre a manipulação midiática que se pode fazer com “Os Falsários” é forçoso ressaltar que o filme tem grandes qualidades, é econômico e foca bem um tema escudado na realidade que já merecia ter sido filmado há algum tempo. O fato de chegar agora aos circuitos quando já estamos saturados de imagens sobre o nazismo que podem ter um efeito anestesiante para os horrores da Israel de hoje, não deve nos fazer evitá-lo. Quem sabe se, num sonho, em vez de aumentar a raiva interna com que Israel tem lidado com os palestinos como bode expiatório, o filme promova uma saudável comiseração por todos os oprimidos, sejam de que lado estejam? Mas sem falsificações como temos observado desde que o Estado de Israel foi construído, desalojando palestinos de suas terras. Estes deveriam ser tratados a pão de ló pelos israelenses, mas esta é outra história, outro filme que merece ser feito com urgência.
http://cinema10.com.br/upload/filmes/filmes_424_Os%20Falsarios%2010.jpg
http://www.cinepop.com.br/cartazes/falsarios.jpg
Nelson Rodrigues de Souza
Nelson,
ResponderExcluirAinda não assisti ao filme, mas concordo plenamente com você no que tange ao palestinos e ao Estado de Israel. Tenho viso, há um bom tempo, esses filmes que têm como pano de fundo o holocausto com bastante ressalvas. Á exceção do maravilhoso "O Leitor".
Abraços.
Gina
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