segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Três Filmes e Seus Limites ( “Além da Vida”, “A Árvore”, “O Mágico”)














Três Filmes e Seus Limites ( “Além da Vida”, “A Árvore”, “O Mágico”)

Os textos contém spoilers, ou seja, detalhes importantes são revelados para a análise pretendida.

Lá e Cá

Depois da Tragédia Serrana do Estado do Rio de Janeiro fica um tanto obsceno destacar o que “Além da Vida” (EUA/2010) de Clint Eastwood tem de inequivocamente melhor: a reconstituição antológica de um tsunami na Tailândia que colhe de surpresa, dentre outros, a jornalista francesa Marie ( Cécile de France) que estava fazendo compras, corre mas é coberta pelas águas após bater a cabeça em uma madeira e vive uma experiência de quase morte, quando tem visões esmaecidas do que seria “o lado de lá”. Esta experiência a marcará para sempre afetando até mesmo sua vida profissional, quando volta à França.

Em paralelo acompanhamos em São Francisco a recusa de George (Matt Damon) em continuar sendo um médium, pois acredita que “viver da morte não é vida”. Mesmo assim, por insistência do irmão, faz um último trabalho, segurando as mãos de um senhor que perdeu a esposa e lhe traz recados reconfortantes além de uma palavra misteriosa sobre a qual o marido irá reconhecer o porquê. Desconheço este tipo de mediunidade em que basta segurar as mãos das pessoas que palavras de vidas fora da matéria surgem de forma fácil, sem transe, da boca do médium, sem concentração maior, sem necessidade de psicografia. Mas este não é um problema maior do filme. George passa a fazer trabalhos proletários e a estudar culinária para garantir outra forma de subsistência.

Em Londres o menino Marcus (Frankie McLaren), que tem forte apoio do irmão gêmeo (George Mclaren) para lidar como o desajuste da mãe alcoólatra que os ameaça de serem colhidos por um colégio interno, acaba perdendo-o num acidente e se torna obsessivo em travar contato mediúnico com ele, mesmo que para tal se envolva com grandes charlatões.

Se as histórias narradas em paralelo acabam se ressentindo de certa superficialidade (suas premissas não vão aos limites extremos como se espera de um filme de Clint Eastwood) é na elaboração mais do que artificial dos encontros entre os três protagonistas que o filme expõe o seu maior calcanhar de Aquiles. Ironicamente, para um filme que procurava ser neutro, expondo mais do que fazendo qualquer proselitismo religioso ( muito longe do terrível “Nosso Lar” de Chico de Assis) o encontro dos três eixos ao fim soa como uma forte intervenção Deus Ex Machina. Mas o mais provável mesmo é que tenha sido um forte truque de roteiro de Peter Morgan para dar uma intersecção às suas histórias de um filme coral. Nem se espera George travar encontro com Marie em Londres numa feira de livros. Logo Marcus aparece e reconhece o médium que procurava por tê-lo visto na internet. E o happy end com Marie reencontrando George ao mesmo tempo em que Marcus reencontra a mãe constitui-se na cereja do bolo “arranjado” e não pertinentemente construído. Neste ponto estamos nos antípodas dos grandes filmes que Clint Eastwood nos tem oferecido, principalmente nesta primeira década do século XXI.

“Além da Vida” como tudo de Clint Eastwood é cinematograficamente solidamente construído, com tomadas clássicas e nos dando a impressão de que os planos filmados são os únicos que poderiam ter sido feitos. Clint faz sua grande parte, mas o roteiro de Peter Morgan tem vários elementos facilitadores para concluir que o importante é a vida aqui e agora, pois é esta que nós conhecemos. Para que este truísmo muito esquecido nos fosse colocado com mais força Peter deveria ter se cercado de maior conhecimento do universo que resolveu abordar e no qual toca só a superfície. Com todos os defeitos que os filmes que abordam espiritismo no Brasil possam ter e tem, são mais audaciosos neste sentido. Santo de casa não faz milagres, mas Chico Xavier pelo grande fenômeno humano e espiritual, por mais que alguns se arrepiem com a ideia, merece mais e melhores filmes.

Em termos de questionar religião (no caso a protestante) e concluir pela necessidade imperiosa de felicidade terrena, por mais que esta seja fugidia e se dê em momentos, não como algo tecido por um longo tempo, não conheço no Cinema nada que supere a grandeza da obra-prima “Gritos e Sussurros” ( Suécia/1972) de Ingmar Bergman, um dos filmes essenciais da História do Cinema. Pra mim o maior de todos. O melhor entre os melhores.

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Obsessão

Dawn (Charlotte Gainsbourg) vive bastante feliz com o marido e quatro filhos numa região australiana afastada dos grandes centros. Quando o marido tem um enfarte e morre jovem, “A Árvore” (França/Austrália/2010) de Julie Bertucelli, nos mostra o apego que a filha de 8 anos Morgana (Simone O'Neil, excelente) passa a ter por uma enorme árvore que circunda a casa, onde ela acredita que o pai enquanto espírito agora esteja.

Curiosamente “como se o espírito do pai fosse brincalhão” as raízes da árvore passam a causar sérios problemas à estrutura da casa e também na vizinhança. Um namorado de Dawn (Marton Csokas) que surge de uma forma muito fácil na narrativa, depois de muitas hesitações, propõe-se a derrubar a árvore mas para isto terá de convencer Morgana a descer dela, o que ela se recusa terminantemente a fazer. A mãe desiste da empreitada.Um providencial e potente ciclone surge para efetuar mudanças que os personagens não tinham coragem de fazer.

O problema de “A Árvore” é que ele almeja o lirismo do começo ao fim, sem que de fato o consiga e perde, por exemplo, a oportunidade de fazer um filme de suspense a la M.Night Shyamalan. Elementos sobrenaturais vão se impondo à narrativa (o ciclone é uma força externa muito conveniente que não emana da árvore e suas ramificações que fazem surgir sapos e outros animais), a mãe também passa a ter uma relação de afetividade e confissão com a árvore, mas no conjunto o filme vai esmaecendo o seu envolvimento com a plateia.

Charlotte Gainsbourg num tom menor, com emoção à flor da pele, nos remete à mulher hiper-deprimida de “Anti-Cristo” de Lars Von Trier, mas enquanto este vai aos extremos de sua premissa com bastante coragem e verdade cinematográfica, “A Árvore” cai numa regularidade aceitável, mas pouco fascinante.

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Decadência e Elegância

Jacques Tati deixou um roteiro não filmado. Adaptando este material para um desenho tradicional (com poucos efeitos de computação, se é que os tem), Sylvain Chomet de “As Bicicletas de Belville” (2003), fez “O Mágico” ( França/2010) num andamento muito mais próprio de Tatit do que da féerie do anterior, como era de se esperar.

Num filme praticamente sem diálogos temos a via-crúcis de um mágico que pouco a pouco vai percebendo sua obsolescência num mundo cada vez mais dominado pelo consumismo mais imediato. A ira santa de Tatit/Chomet é tal que chega a apresentar um conjunto de rock caricatura de Beatles e Rolling Stones onde o crooner arrasta-se no chão do palco com seu microfone e saem todos dele saltitantes como caricaturas de homossexuais.

O único companheiro do mágico é um coelho que está sempre aprontando e recusa-se a ser bem comportado saindo da cartola somente quando o mágico deseja. Indo para a Escócia o mágico encontra uma jovem camareira por quem passa a sentir afeto e a leva para suas tentativas cada vez mais precárias de trabalhar em sua atividade, sendo seu maior desatino usar seus dons numa vitrine para vender roupas íntimas e outras.

O grande atrativo de “O Mágico” é emular os tiques de Monsieur Hulot de Tati em desenhos cativantes da era pré-efeitos computadorizados, pois estes chegaram num ponto em que os rostos de humanos ou animais estão um tanto padronizados demais, ressoando à repetição e para tal não há necessidade nem de ver os filmes, bastando olhar as imagens dos cartazes e da internet. Faça o teste com o cartaz de “Enrolados”. Você já não viu isto antes?

Mas “O Mágico” se ressente de um roteiro um tanto esquemático e previsível em que na metade do filme já sabemos que tudo irá por ladeira abaixo, restando a surpresa de em que nível isto se dará. O coelho deixado à natureza bem como a homenagem explícita a “Meu Tio” de Tati são especialmente tocantes. A relação como a jovem é construída de uma forma elíptica demais.

Já “Toy Story 3” (EUA/2010/premiado com Globo de Ouro na categoria ontem) tem roteiro exuberante que nos leva a caminhos mais audaciosos, ainda que saibamos que a fofura predominará no fim, um tanto distante da melancolia que emana de “O Mágico”.

Tati profeticamente enxergou nosso mundo de grandes avanços tecnológicos e grande frieza nas relações interpessoais. Só que nosso mundo superou em muito as previsões mais pessimistas de Tati. Seria muito curioso vê-lo comentando num filme, nosso mundo de hoje, onde os celulares só faltam se transformar em vibradores sexuais e ao mesmo tempo as cidades serranas do Rio de Janeiro estão numa catástrofe tal, sem luz, com as pessoas pedindo que lhes enviemos velas e fósforos.

O fechamento provável do complexo de salas de rua Belas Artes em São Paulo, com sua tradição de grandes filmes exibidos por gerações, confirmando a tendência totalitária de termos cinemas hegemonicamente de shoppings centers é mais um dado de que Tati nada gostaria de viver no mundo em que vivemos. É a magia que cada vez mais se perde.

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Nelson Rodrigues de Souza

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Causas da Causa / No Fundo do Pântano Escuro: “Fora da Lei” e “Caché”















Causas da Causa / No Fundo do Pântano Escuro: “Fora da Lei” e “Caché”

“Fora da Lei” de Rachid Bouchareb

Causas da Causa

Rachid Bouchareb é um cineasta francês de origem argelina e assim como o turco-alemão Fatih Akin faz da sua condição uma visão privilegiada para focar os problemas que envolvem as duas nacionalidades. Em “Dias de Glória” (2006) Bouchareb acompanha as lutas pela França de quatro argelinos na Segunda Guerra Mundial e o ostracismo a que são relegados após a guerra por não serem franceses, por serem considerados “raça inferior”. O resultado é um filme de forte autenticidade com notáveis interpretações que rendeu ao conjunto de atores um prêmio coletivo em Cannes. Em “London-River- Destinos Cruzados” (2009) há o encontro de uma mãe que mora no interior com um imigrante africano, quando seus filhos desaparecem após atentados terroristas (seriam vítimas ou os próprios terroristas?). È um daqueles filmes “de encontro de contrários” que pela força de sua humanidade, que advém mais das interpretações do que de qualquer outro elemento fílmico, acaba se impondo.

“Fora da Lei” (França/ Bélgica/ Argélia/ 2010) assim como os filmes citados não ostenta originalidade em sua construção, mas traz uma paisagem humana singular. Uma família argelina é expulsa de suas terras na década de 20. Em 1945, término da Segunda Guerra Mundial os franceses promovem o que se chamou o Massacre de Sétif ( o número de mortos é polêmico até hoje, havendo fontes que sugerem até mesmo o limite 45000). Saïd (Jamel Debbouze), o filho mais novo, vê o pai morrer e convence a mãe a ir para a França. Abdelkader (Sami Bouajila) é feito prisioneiro e ao sair, numa educação que começou na prisão, vai paulatinamente se tornando líder do movimento de independência da Argélia na França (FLN-Frente de Libertação Nacional pró-Argélia com sede na Alemanha). Messoud (Roschdy Zem) se junta ao exército francês na Indochina e quando volta é instigado por Abdelkader a aderir à FLN, o que faz sem vocação. Já Saïd prefere manter certa distância da luta política, se envolvendo eventualmente e passa a ganhar a vida com cabarés, prostituição e lutas de boxe em Pigalle, para desgosto da mãe. Saïd ao fazer um argelino ter condições de lutar representando a França atrai a ira de sua comunidade que vive em insalubres barracos. Ao mesmo tempo cria-se na França, “A Mão Vermelha”, braço do serviço secreto autorizado destinado a destruir a resistência argelina, com uma violência também intensa, mas de “sinal contrário”.

Bouchareb não faz de seus personagens heróis a serem admirados incondicionalmente, mas sim personagens com grandes contradições, capazes até mesmo de sacrificar argelinos que não queiram colaborar com a causa, pois o lema a que muitos são quase que impelidos a aceitar é doar a própria vida se necessário.Uma das sequências mais belas do filme se dá quando a mãe está doente e Messoud confessa num choro convulsivo que matou muita gente, um momento de arrependimento que Abdlekader, com sua frieza extrema não consegue atingir. A mãe segura a mão de Messoud como que o perdoando.

“Fora da Lei” ainda que longe do pathos extraordinário de “Rocco e Seus Irmãos” de Luchino Visconti e até mesmo de “Três Irmãos” (1980) de Francesco Rossi, nos mostra um tanto da desintegração familiar vista no primeiro como dos descaminhos/ironias do destino que atingem os filhos do segundo. Mas é na inserção da temática melindrosa da violência que se pretende revolucionária que o filme atinge outros pontos de contato. O principal deles é o clássico “A Batalha de Argel” (1966) de Gillo Pontecorvo que num tom quase que documental mostra a luta dos resistentes ao colonialismo francês com uma riqueza de detalhes que fez a obra ser estudada por estrategistas americanos quando iniciada a chamada “guerra ao terror”, após os ataques de 11 de setembro de 2001.

O que é altamente incômodo em “Fora da Lei” é ser confrontado com a ideia de que por mais desatinos que tenham acometido os irmãos em sua luta, sem resistências acumuladas como aquela, a Argélia não teria se tornado independente. O que nos leva a lembrarmos de que gostando ou não, somos filhos da Revolução Francesa, que teve nos conflitos entre Danton ( moderado) e Robespierre (arauto do terror), bem dramatizados no cinema em “Danton- O Processo da Revolução”(1983) de Andrzej Wajda, uma síntese/parábola de como as revoluções podem comer os próprios filhos, o que aconteceu também com as Revoluções Cubana (1959) e Russa ( 1917).

O cardápio cinematográfico que pode ampliar o debate sobre os movimentos de libertação e revoluções&descaminhos é bastante variado. Dois filmes se destacam pela originalidade da abordagem. Em “O Assassinato de Trotsky (1972) de Joseph Losey, Richard Burton compõe um Trotsky exilado no México que é muito mais um personagem típico de Losey, amargurado e num beco sem saída existencial, do que aquele protagonista histórico de uma grande revolução. Em “A Inglesa e o Duque”( 2001) de Eric Rohmer temos o ponto de vista de uma inglesa durante o período jacobino da Revolução Francesa que não suporta a ideia de perpetrarem violência de qualquer espécie e vê com total desagrado a prisão de um amigo, o Duque d’Orleans. O filme não foi bem recebido na França ciosa de seus feitos históricos. Já sintomaticamente “Fora da Lei” enquanto estava sendo exibido em Cannes 2010 tinha como ressonância passeatas de protesto organizadas por partidários dos líderes de direta e extrema direita Lionnel Luca e Jean-Marie Le Pen respectivamente.

A problemática questão da violência que se pretende revolucionária foi tratada tanto por Albert Camus (um pied-noir ) na peça “Os Justos”, quanto por Dostoiévski em “Os Possessos”. Wajda filmou “Os Possessos” (1988) sem o mesmo sucesso de Danton. A melhor “definição” para o Abdelkader de “Fora da Lei” seria tratar-se de mais um “possesso” histórico. Mas sem esta condição de fora de si que acometeu muitos, haveria uma Argélia livre em 1962?

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Um filme que sem explicitar tanto os conflitos da França e sua ex-colônia Argélia chega a ser ainda muito mais contundente que os de Rachid Boucherib, ao evocar as responsabilidades por essas lutas, é “Caché” de Michael Haneke, que teve o seu “A Fita Branca” eleito como o melhor filme de 2010 pela Associação de Críticos do Rio de Janeiro. O texto adiante contém spoilers (detalhes fundamentais da narrativa são apresentados para a análise pretendida) e foi publicado originalmente no Jornal Montblãat, estando aqui com correções, cortes, acréscimos e atualizações.

“Caché” de Michael Haneke

Escondido no Fundo do Pântano Escuro

“ A minha surpresa é só feita de fatos

De sangue nos olhos e lama nos sapatos

Minha fortaleza

Minha fortaleza é de um silêncio infame

Bastando a si mesma, retendo o derrame

A minha represa ”

Chico Buarque / Ruy Guerra

Em 1961 houve um violento episódio em Paris de repressão aos argelinos que culminou na morte de 600 pessoas. Sim. Em Paris. Onde nós aprendemos isto? Do conflito da Argélia colonizada pela França, sabemos bastante coisa: o clássico “A Batalha de Argel” de Gillo Pontecorvo é um primor de exposições de diferentes pontos de vista, mas o coração do filme balança a favor dos argelinos da resistência anticolonialista. Mas tudo isso ocorria lá na Argélia, não na Cidade Luz.

Um dos impulsos para Michael Haneke rodar “ Caché” vem deste episódio vergonhoso, que estava camuflado, escondido ( caché....) .Destas seiscentas pessoas mortas veio a inspiração para criar a história ficcional do personagem Majid. Seus pais foram mortos nesta contenda. A família Laurent que os tinha como empregados adotou seu filho, a criança Majidi ( já adulto interpretado por Maurice Bénichou). Georges (quando adulto interpretado por Daniel Auteuil, soberbo) não suporta a ideia de dividir atenções com outra criança, cria intrigas e faz com que os pais entreguem Majid para um orfanato. Este fato que Georges escamoteia, deixa escondido ( caché) durante anos e suas consequências, vai ser uma das, senão a principal, força motriz do filme. Mesmo confrontado com este seu passado, ele fará tudo para não sentir a menor culpa e responsabilidade.

Logo de início temos uma exposição de letreiros das mais originais já mostradas no cinema. Vemos uma fachada de uma casa, carros estacionados, uma e outra pessoa ou carro se movimentando na rua.O plano é fixo e demorado. Sobre ele surgem letras miúdas compondo toda ficha técnica do filme, item por item. Haneke já começa nos criando um incômodo para nós espectadores até para desvendarmos quem fez o quê em seu filme.Os letreiros que aparecem estão uns tanto escondidos, de diminutos que são, para nossa visibilidade. Depois de nos convidar de cara a uma paciência zen, tomamos conhecimento que aquele era um vídeo que a família Laurent recebeu enigmaticamente, um grupo composto pelo pai Georges que é o mediador de um programa de televisão de discussão de temas literários, a mãe Anne ( Juliette Binoche, sempre divina e ainda muito linda) que trabalha numa editora, o filho Pierrot (Lester Makedonsky), orgulho dos pais nos campeonatos de natação. A insistente chegada de mais e mais vídeos, embrulhados num papel em que aparece uma criança na qual jorra sangue pela boca, vai colocar em cheque a vida desta família de classe média francesa: os pais discutirão porque Georges não confia na esposa de imediato e vai contando suas descobertas e angústias de uma forma defasada; Pierrot vai se mostrando bastante arredio com a mãe e chega a dormir fora de casa, sem dar notícia de paradeiro, criando um clima ainda mais pesado e inoculando no espectador a suspeita de que pode estar envolvido no envio das fitas.

As fitas, que antes se restringiam a arredores de sua casa, passam a mostrar detalhes mais pessoais da vida de Georges. Desconfiando de Majid ele vai procurar sua mãe ( Annie Girardot numa participação forte e significativa). Ela não se lembra mais do ex-filho adotivo e filosofa sobre as agruras e vantagens da velhice, deitada numa cama e enfatizando como a televisão é sua boa companheira. O encontro dos dois é memorável, pois comprova como tanto temos um ótimo diretor de atores, como ótimos atores. Sem maiores pistas Georges resolve procurar Majid. Percorre um corredor bem pobre, é recebido com um misto de surpresa, prazer e desalento pelo colega de infância, composto de forma tal que em rápidas pinceladas nos passe ser uma pessoa bastante sofrida. Majid nega peremptoriamente ser o autor dos vídeos invasivos. Mas Haneke não dá sossego aos seus personagens e a nós espectadores: logo o casal recebe um vídeo filmado a certa distância onde vemos Majid na conversa que teve com Georges. Quem filmou dentro daquele apartamento? Sabemos depois que o argelino ou descendente de argelinos tem um filho (Walid Afkir). Então foi este! Elementar meu caro Watson?! Que nada! Não estamos diante de um thriller ou se estamos é um nada convencional. Os dois filhos devem estar mancomunados? Mais uma hipótese.

Quem, entretanto, se deter demais neste lado Agatha Christie do filme vai perder o melhor da festa: fazer um mergulho no que está mais escondido que são os sentimentos de culpa individual e coletiva, escamoteados, camuflados, que não querem vir à tona, sentimentos tais que fazem do filme de Haneke uma obra visionária. Ela antecipou e de certa forma explica os acontecimentos iniciados em outubro de 2005, em que a periferia de Paris criou um anel de fogo, com muito ódio, revoltas, carros incendiados, um corpo a corpo feroz com a polícia. Foi uma reação da população de descendentes de imigrantes e excluídos de modo geral, sem nenhuma esperança de uma vida melhor, tudo de uma forma atabalhoada. Mas são acontecimentos decorrentes de “uma gota d’agua a mais num pote até aqui de mágoa” , estopim este que foi a morte de dois jovens como eles, que ao se sentirem perseguidos pela polícia, esconderam-se num transformador de energia, sendo eletrocutados.

“Caché” admite várias leituras não só em relação ao fato policial em si e o que pode estar atrás dele, mas também visões metalinguísticas: afinal as imagens delituosas de certa forma representam o que Haneke faz com os espectadores: manipula-os (no melhor sentido da palavra, como um Hitchcock também faz.). Há leituras que se detém na questão do status da imagem: o que é hoje uma imagem verdadeira, o que é falsa. Mas estas questões me batem como periféricas: a mirada mais propriamente política é a mais forte. Não é à toa que seus cartazes nos trazem a mancha de sangue que rastreia a parede ou então um flash de um momento simples, mas chave do filme: Georges e Anne vão atravessar a rua e um ciclista negro quase os atropela. Georges xinga o negro, este desce da bicicleta, volta e o encara. O casal para não ser agredido, esquece suas queixas e admite que também estava atravessando a rua descuidado. Haneke nos mostra apenas momentos que remete a “Crash-No Limite” de Paul Haggis, mas sugere em rápidas pinceladas que a tensão racial latente captada de Los Angeles também está presente em Paris.

Em “Glória Feita de Sangue”(1957) de Stanley Kubrick , soldados franceses nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial recusam-se a continuar um ataque suicida contra os alemães. O mandante, um general francês, resolve levá-los à corte marcial, onde poderão ser julgados e condenados à morte. Este filme esteve durante anos proibido na França. Paris, tida como a capital mundial da cinefilia, durante anos não teve acesso a este clássico do cinema mundial. A França, terra onde eclodiu uma revolução que mudou a face do planeta, não tem coragem de encarar fatos desabonadores do seu passado. A morte de 600 pessoas em 1961 contada no início do texto é um assunto, pelo que saiba, até agora tabu. Além de “Caché”, uma ficção inspirada nele, mas que transcende este fato, deveríamos ter um bom documentário a respeito, se é que já existe e nos está sendo escondido...

“Lacombe, Lucien” (1974) de Louis Malle, um belíssimo filme onde um jovem rejeitado pela resistência, passa a ser colaboracionista dos nazistas foi um escândalo na época de lançamento. Foi uma questão de falta de coragem de encarar a realidade. Filmes franceses posteriores passaram a mostrar este lado negro da história da França, sem as mesmas ressonâncias, até mesmo o próprio Malle no autobiográfico e indispensável “Adeus Meninos”(1987), onde passamos a entender a mentalidade anti convenções sociais que o moldou ( alguém que quer entender antes de tudo, não quer fazer julgamentos de ordem moral etc.) e que é muito significativa para as abordagens originais de seus trabalhos de temáticas tidas como tabus a serem quebrados. Dentro desta tradição, “Caché” nos traz também outro lado escondido da vida na França.

Com o desaparecimento de Pierrot, Majid e seu filho são presos. Mas só por pouco tempo. Não há provas concretas contra eles, como também não havia antes. Majidi liberto chama Georges a seu apartamento. Este bate na porta e entra. Temos então um dos mais dolorosos gasps (algo de deixar a plateia quase sem fôlego) do Cinema: Georges se posta diante do anfitrião como na conversa anterior, este rapidamente pega uma faca e corta o próprio pescoço, deixando uma mancha de sangue na parede, que nos remete aos desenhos nos papéis que embrulham as fitas, num suicídio instantâneo. Seu filho procura Georges na televisão e depois de muita insistência, ameaçando até fazer um escândalo, diz que não é ele que manda os vídeos e alude também à educação que recebeu do pai. Estaria aí indiretamente uma crítica à educação burguesa de certo modo falha que o outro estaria dando a Pierrot?

Georges chega em casa mais cedo e avisa por telefone à mulher que vai dormir.Toma calmantes e se deita. Temos então um dos planos mais importantes do filme e pouco comentado: com o distanciamento de quem filma os vídeos, de forma fixa, vemos a casa de infância de Georges. Galinhas passeiam pelo quintal. Uma criança foge de um casal. É recuperada e depois a contragosto entra num carro. É provavelmente o menino Majid que vai ser levado para um orfanato, um lugar que pode lhe dar tudo, menos o carinho que tinha na família Laurent. Mas como esta sequencia se enquadra na lógica do filme? Uma hipótese nada definitiva: é um sonho fruto da culpa recalcada que se instala na alma de Georges quando dormindo. Já havia sonhado antes com o outro quando criança, cortando a cabeça de uma galinha e tentando manchá-lo com sangue. Acordou em pânico.

Em “A Professora de Piano”, um filme muito bom de Michael Haneke, sem atingir a grandeza de “Caché”, Erika (Isabelle Huppert em mais de um de seus momentos de antologia) tem uma vida bastante esquizofrênica: ao mesmo tempo em que capta o sublime da música sendo uma dedicada professora de piano, em sua vida particular é capaz de automutilações, tem uma relação de beligerância e dependência com a mãe ( num momento puxa-lhe os cabelos, noutro deita com ela), vai a um drive-in espionar casais etc.Com o encontro com um aluno jovem ,Walter ( Benôit Magimel), uma tortuosa relação se estabelece entre os dois. O amor e o desejo não a apaziguam. Além de torturá-lo psicologicamente nas relações sexuais, seu sado-masoquismo fica mais aflorado. Ela chega ao requinte de colocar vidro moído no casaco de uma aluna e esta tem seus dedos feridos por esta perversidade. Aqui Haneke, nesta história que se passa em Viena quer nos mostrar uma sociedade que esteve no centro de grandes conflitos mundiais, mas por trás de uma capa de sofisticação trás um lado perverso que se manifesta de forma eloquente, de tal forma que a pianista é o emblema desta condição. Elfried Jelenick, autora do romance que inspirou Haneke, ganhadora de um prêmio Nobel de Literatura posterior à realização do filme, é impopular na Áustria e mal vista pelo governo. Thomas Bernhardt, considerado um dos grandes dramaturgos do século XX proibiu a encenação de suas obras em seu país de nascença, a Áustria. Nós que estamos aqui atolados em corrupções e problemas de todos os níveis, temos, com razão, dificuldade em entender o porquê deste país do chamado primeiro mundo, ainda em 2010 ser tão problemático. Haneke, sua mentalidade e seu cinema são frutos de toda esta contradição. Apesar de se passar em Paris, dificilmente um cineasta francês teria este mesmo olhar.

O que teriam em comum Georges e Erika? Ambos vivem uma vida dupla. Só que para o primeiro existe muito mais sutileza. Ele não se acanha em cortar de seu programa de literatura aquilo que não lhe convém, sua relação com o filho deixa muito a desejar, a vida em comum com Anne se for necessário se escora em mentiras e omissões. Ele ainda traz um ato terrível do passado, feito quando criança, que vislumbrado agora adulto, o faz não dar maior importância, mas lhe persegue nos sonhos.

O último plano fixo de frente para a escadaria que leva à escola de Pierrot é importante pelo suspense que instala, mas há ali revelações realmente significativas que redimensionem o filme? Pierrot é visto rapidamente com o filho de Majidi conversando. Seria este um primeiro encontro ou mais um daqueles que seriam responsáveis pelo envio das fitas? Na situação em que se encontra, depois da morte do pai, não seria natural o filho de descendentes de argelinos tentar conhecer o filho de Georges? Não seria uma forçação de barra muito grande, sob o ponto de vista psicanalítico, Pierrot por seu inconformismo em relação aos pais chegar a tanto, ou seja enviar fitas com tais requintes? Por que este filho odiaria tanto os pais assim? (Este encontro dos filhos na escadaria, até mesmo alguns cinéfilos calejados não veem; Haneke age como um autor de policiais que colocaria o desfecho de sua história na dependência de uma cena tão fugaz?). Acredito que o final que nos é mostrado não fecha o circuito de indagações. É ainda um final em aberto que as amplia. Ainda estamos no terreno das suposições.

O caráter documental do plano (aquelas pessoas estão entrando e saindo mesmo do lugar), aliado à pequena e rápida intervenção de atores, amplia as ideias de quem vê no filme um estudo do poder das imagens hoje, em que ela pode sofrer transformações de qualquer natureza e passar-nos uma noção de realidade bastante discutível.

Comentar com maior ênfase o questionamento do status da imagem no mundo contemporâneo que “Caché” inegavelmente promove ( como de certa forma o faz “Blow-Up, Depois Daquele Beijo”(1966) de Michelangelo Antonioni), minimizando sua potência política mais explícita, palmar e extraordinária, ainda que sugerida de forma indireta ( não estamos aqui no terreno objetivo de Costa-Gavras..) faz parte de um certo discreto charme da burguesia crítica de hoje. Expandir e analisar o caráter premonitório da obra seria um clichê crítico (tanto quanto enxergar em “O Pântano” de Lucrecia Martel, uma alegoria de uma Argentina decadente e combalida). Estas óticas mais ostensivamente politizadas não dão mais status ao crítico que trabalha com elas. Daí as concentrações em análises mais estruturalistas que podem beirar a esterilidade. Esta tendência está de tal modo contagiando o ambiente crítico que uma cineasta como Leni Riefenstahl está sendo reabilitada como grande cineasta pela sua inegável força estética. Ora, é inegável também que ela, por mais que advogue uma falsa inocência e despolitização, fazia sim uma forte apologia do nazismo enquanto ideologia. Isto fica claro no extraordinário documentário “Leni Riefenstahl: A Deusa Imperfeita” (1993) de Ray Müller, onde sua máscara de inocência cai de vez quando ao ser questionada do porquê mandou um telegrama de felicitações a Hitler quando suas tropas invadiram Paris, ela com a maior desfaçatez diz que assim o fez, porque acreditava que com esta invasão a Segunda Grande Guerra Mundial iria acabar (sic)...

”Caché” recebeu os prêmios FIPRESCI (crítica internacional), júri ecumênico e melhor diretor no Festival de Cannes 2005, ganhou os principais troféus no European Film Award, levando os prêmios na categoria melhor filme, diretor e ator, para Daniel Auteuil. Provavelmente não é por suas ilações metalinguísticas que este filme tenha sido tão premiado....

A lembrança de um filme brasileiro talvez nos ajude a entender melhor “Caché”. José Jofflily em “Quem Matou Pixote?”(1996) nos propõe uma questão central muito importante e inquietante e algumas outras de ordem da linguagem. Afinal quem morreu foi Fernando Ramos da Silva e não Pixote. Pixote foi um personagem de Hector Babenco. Mas a aderência de Fernando ao seu personagem marginal, em termos estéticos e emocionais é de tal ordem que se entende o porquê do título. Joffily faz um filme que nos remete ao clássico de Babenco, “Pixote, a Lei do Mais Fraco”(1981), mostra cenas de sua filmagem e depois continua acompanhando a vida de Fernando ( Cassiano Camargo), suas tentativas frustradas de continuar a ser um ator, o que foi sem dúvida de uma forma grandiosa sob as lentes de Babenco. Numa sequencia chave do filme, José Louzeiro, escritor do livro que inspirou o filme e interpretando a si mesmo, constata o óbvio: Fernando é semianalfabeto.Como vai ler e decorar textos longos e ser um ator assim? “As portas estão fechadas e a chave é essa” - diz-lhe um dos irmãos apontando para um revólver. Os tormentos de Iracema (Joanna Fomm, comovente) não tem fim. O filho dela que ficou famoso no mundo todo, já tinha perdido seus quinze minutos de fama de Andy Warhol e dedica-se agora ao roubo como outros irmãos. Fernando é morto por policiais em circunstâncias duvidosas. Nós o vemos numa sequencia antológica do cinema brasileiro: Fernando cai baleado e se apoia com as mãos no cimento, deixando nele marcas de sangue. Foi sua calçada da fama possível.... O trabalho de Joffily ganhou 7 Kikitos no festival de Gramado, incluindo melhor filme, melhor ator. O filme foi um fracasso de bilheteria. Provavelmente os espectadores intuíram a resposta para a pergunta do título e ficaram sem vontade de pagar para isso. Quem matou Pixote? Fomos todos nós brasileiros.....

Quem afinal enviou estes vídeos em “Caché”? Com o tempo apuramos uma resposta mais forte: toda a sociedade francesa ...

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Nelson Rodrigues de Souza

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