sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Duas Formas de Ressurreição: “A Vida dos Outros” e “Luz Silenciosa”















Duas Formas de Ressurreição: “A Vida dos Outros” e “Luz Silenciosa”

“A Vida dos Outros” de Florian Henckel von Donnersmarck

Um Homem Mau e Seu Avesso

O que um filme como “A Vida dos Outros” (Alemanha/2006), estreia de Florian Henckel von Donnersmarck tem a ver com “Central do Brasil”(1998) de Walter Salles? A relação de Salles com os road movies de Wim Wenders, cineasta de anos áureos do cinema alemão em que tínhamos Fassbinder, Schlöndorff, Kluge, Herzog e outros, é conhecida. Mas com o novato Florian o que há é uma identidade que não é formal e sim de visão ética do mundo. Ambos acreditam em transformações benignas do caráter humano mesmo em situações bastante adversas.

Em “Central do Brasil” acompanhamos a humanização da professora aposentada Dora que de trambiqueira que explorava analfabetos passa paulatinamente a ser, não sem oscilações, uma mãe substituta sensível de um garoto que corre risco de vida e quer juntar-se à família no Nordeste (um argumento que nos lembra, em parte, “Glória” (1980) de John Cassavetes). Em “A Vida dos Outros” somos testemunhas das transformações por que passa um rígido e profissional torturador, professor e espião da temida Stasi (polícia secreta da antiga República Democrática Alemã que contava com 100 mil membros oficiais e 200 mil informantes numa população de 17 milhões de pessoas) que invade e observa a vida de um escritor e sua namorada que é atriz.

No universo da Literatura o mais célebre personagem em que ocorre uma grande transformação espiritual é o Raskolnikoff de “Crime e Castigo” de Dostoiévski que de assassino convicto de uma velha usurária que desprezava, passa por intensa e dolorida busca, antes de qualquer coisa, por perdão a si mesmo. “A Vida dos Outros” não tem esta densidade filosófica e existencial. Mas dentro do tema das transmutações que pode ocorrer com as almas humanas tem pontos de contacto com este monumento literário.

No site oficial do filme, www.thelivesofothers.com, o diretor Florian explicita sua proposta, plenamente atingida:

No filme cada personagem responde questões com as quais nos defrontamos todos os dias: como lidar com poder e ideologia? Nós seguimos nossos princípios ou nossos sentimentos? Mais do que qualquer outra coisa, “A Vida dos Outros” é um drama humano sobre a habilidade dos seres humanos fazerem a coisa certa, não importa o quanto eles tenham percorrido uma trajetória errada.”

Em 1984 (um ano que nos remete obviamente à sociedade hipercontrolada de “1984” de George Orwell) o escritor Georg Dreyman (Sebastian Koch) é considerado o único confiável pelo regime comunista da República Democrática Alemã, uma pessoa fiel ao Partido Socialista Único, de forma tal que pode ser lido no Ocidente. Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck) é atriz, trabalha em peças de Georg, é sua namorada, mas ao mesmo tempo, bastante insegura, é amante do Ministro Bruno Hempf (Thomas Thieme), com quem consegue favores como remédios ilícitos e força para sua carreira. Para tirar Georg de seu caminho, o ministro pede (pedido que é uma ordem...) ao tenente coronel Anton Grubitz (Ulrich Tukur), chefe de segurança do Ministério da Cultura que descubra atividades do escritor que sejam contrarrevolucionárias em relação aos ditames do partido. Grubitz escala o metódico Capitão Gerd Wiesler (Ulrich Mühe, visto em “Violência Gratuita” de Michael Haneke e “Amém” de Costa Gravas), que monta um aparato de escuta fabuloso para acompanhar a vida do escritor.

O suicídio do diretor de teatro Albert Jerska (Volkmar Kleinert) que estava numa lista negra há sete anos sem poder trabalhar faz com que Georg tome posição e contrabandeie um belo artigo para a revista Der Spiegel, sobre o encobrimento das estatísticas de suicídio na República Democrática Alemã, um lugar onde havia dados sobre tudo menos sobre aqueles que não enxergavam ali mais nenhuma esperança. Capitão Wiesler terá que driblar seus superiores para não relatar o que constata, dentro de um processo desencadeado de transformações não só interiores como também enquanto agente de histórias da vida dos outros.

O trabalho de Ulrich Mühe, falecido em julho de 2007, é magnífico tanto em suas nuances silenciosas como na contenção e precisão de suas falas. Aquele ser que é visto dando uma aula de tortura gravada a um grupo de alunos, marcando com um x o nome de um deles que aponta para a desumanidade de manter alguém sem dormir, explicando que quem mente tem um discurso decorado que vai repetir sempre (daí a necessidade de deixá-lo sem dormir...), é o mesmo homem que constata sua solidão ao transar com prostitutas em comparação às relações amorosas de Georg e Christa, que derrama uma lágrima ao ouvir Beethoven e chega a roubar um livro de poemas de Brecht que lê com envergonhada emoção. Um ator menos habilidoso colocaria o brilhante roteiro de Florian Henckel von Donnersmarck a perder, pois muito da crença no filme repousa na credibilidade espantosa que Ulrich nos passa (o mesmo que ocorre com Fernanda Montenegro em “Central do Brasil” num outro tom).

Se Ulrich Mühe é o ponto mais alto de interpretação, os demais atores também nos transmitem grande envolvimento e qualidade. Sebastian Koch como o escritor que de início se submete e vai perdendo o que tem de fé no regime, cresce mais ainda no final, mas logo no começo, tem uma sequencia chave onde George diz a Christa, depois de tocar uma sonata de Beethoven ao piano:

Você sabe o que Lênin disse sobre a “Apassionata”? Se eu ficar ouvindo isto eu não termino a revolução. Pode alguém que ouviu esta música, que a ouviu realmente, ser realmente uma má pessoa?”

Assim desenvolve-se “A Vida dos Outros”. Com excelente aproveitamento da tela larga, é um thriller singular que num eixo central comunga com o estilo hitchcockiano e vai agregando camadas surpreendentes de sentidos, de 1984 até ultrapassar a glasnot de Gorbatchov e a queda do muro de Berlim em 1989, culminando num desfecho inesquecível e de grande densidade poética.

“A Vida dos Outros” venceu o European Film Awards de 2006 nas categorias melhor filme, melhor ator e melhor roteiro e 7 Lola Awards, incluindo filme, diretor e ator. Na festa do Oscar 2007 desbancou o favorito, o extraordinário “O Labirinto do Fauno” na categoria de melhor filme de língua estrangeira. Suas qualidades não o fazem merecer tanto, mas este prêmio seguramente impeliu o mercado exibidor brasileiro a tornar este belíssimo filme, visível para nós, ainda que com certo atraso. A chancela Oscar faz alguns torcerem o nariz e investirem numa busca de grandes defeitos que diminuam o valor da obra. Atitude infrutífera. “A Vida dos Outros” é mais do que um grande trabalho. É um filme com eficiente estrutura de conto, sem pieguices, bastante urgente numa era em que estamos nos afogando num mar de cinismos e perdendo a fé no homem e no seu processo civilizatório.

“Luz Silenciosa” de Carlos Reygadas

Nas Malhas da Culpa

Num mundo tão cínico e com espiritualidades postiças e capengas em que vivemos a história de “Luz Silenciosa” (México/2007) seria banal. No contexto em que o filme a coloca ela se reflete em nós de forma sublime. Somos mergulhados no mundo dos menonitas no Norte do México, uma sociedade bastante rígida, puritana, com signos de progresso restritos. Há carros, as vacas são ordenhadas mecanicamente, mas reina uma vida bastante ascética, onde a linguagem é um dialeto que vem de uma ramificação da língua alemã: o plautdietsh. Os menonitas professam uma doutrina que nasceu no século XVI, um ramo mais radical do cristianismo. O filme trabalha com atores não profissionais e num só momento em que surge a ajuda de um mexicano numa estrada é que se fala espanhol.

Johan (Cornelio Wall) é casado com Esther (Miriam Toews) e os dois têm sete filhos. Johan apaixona-se por Marianne (Maria Pankratz), passa a tê-la como amante e não consegue esconder o fato de sua esposa por uma questão de aguda consciência e culpa. Logo no começo, depois de uma refeição em família com as rezas habituais, Esther sugere que o marido fique sozinho para meditar e o vemos chorando copiosamente. Não consegue decidir entre a família construída e para onde caminha o seu desejo. Ao contar para o pai, um pastor (Peter Wall), o que está lhe acontecendo, este diz que sentiu algo parecido anos atrás, mas optou por ficar com a família. Para o pastor o que está se passando é coisa do diabo e será superado. O filho lhe retruca que é coisa de Deus. Para este, Deus lhe traz uma culpa que ele deve vivenciar em seus extremos.

“Luz Silenciosa” é composto de planos muito longos, enquadramentos precisos, muitos silêncios, ausência de música e foi filmado com luz natural, num prodígio técnico e artístico fabuloso onde vemos um amanhecer e um anoitecer com nuances e paciência como nunca o cinema nos mostrou antes. Sente-se a respiração dos personagens a todo o momento. Estes se mostram de modo geral contidos, mas estão à beira da exaustão e da explosão. Como contraponto a toda esta tensão temos o banho da família em águas tranquilas evidenciando a paz familiar que está por um triz, sendo quebrada por sentimentos incontroláveis.

Os desdobramentos desta história aparentemente simples no seio desta comunidade (tão estranha para nós como são os “amishs” mostrados por Peter Weir em “A Testemunha”-1985) não vão ser aqui adiantados, mas vale a pena lembrar que sem copiar simplesmente e sim homenageando, há uma parte crucial do filme que se inspira num milagre do clássico “A Palavra” (1955) de Carl Von Theodor Dreyer, um filme que também envolve comunidades de moral religiosa rígida e os conflitos que disso advém. Como Ingmar Bergman também bebeu na fonte Dreyer, “Luz Silenciosa” também não deixa de ser uma evocação de alguns procedimentos e temas de Bergman como religiosidade, culpa, indagações metafísicas, matéria em confronto com espiritualidade.

“Luz Silenciosa” é o terceiro e mais bem sucedido longa-metragem de Carlos Reygadas. Em comum os seus filmes têm o gosto pelos planos longos e detalhados e a vontade de conduzir o espectador a um universo que lhe cause estranhamento e que o cinema de modo geral lhe nega. Em “Japão” (2002) um homem vai até um povoado distante no interior do México com a intenção de dar cabo à vida, mas acaba encontrando vitalidade justamente num relacionamento amoroso consumado com uma anciã índia, mostrado sem nenhum pudor. Em “Batalha no Céu” (2005) temos personagens da periferia da Cidade do México onde sexualidade, violência e religiosidade se entranham de forma incomum e surpreendente, trabalhando novamente com atores não profissionais. De certa forma “Luz Silenciosa” é um filme mais inteligível que seus longas metragens anteriores, mas nem por isso menos complexo.

Com “Japão”, Reygadas ganhou prêmio especial Camera D’or para melhor filme de estreante da Quinzena dos Realizadores de Cannes 2002. “Batalha no Céu” participou da mostra competitiva de Cannes 2005. ”Luz Silenciosa” ganhou o prêmio especial do júri de Cannes 2007 e o Prêmio FIPRESCI de Melhor Filme Latino Americano do Festival do Rio 2007. Ainda assim há quem considere o diretor um impostor. Afinal “pão ou pães, é questão de opiniães” nos diz Riobaldo em “Grande Sertão Veredas”.... As sentenças negativas vêm do fato de Reygadas evocar Dreyer, Tarkovski, Buñuel. Não teria uma identidade própria. Mas a forma com que Reygadas lida com diferentes facetas da sociedade mexicana de uma forma rara, tornando-o singular dentro do panorama do cinema latino americano, faz destas evocações uma riqueza complementar e não uma desdita.

“Luz Silenciosa” com seus tempos dilatados é um filme que é muito mais para ser vivenciado, contemplado, sentido do que compreendido. O milagre que surge dentro do hiper-realismo com que o diretor trabalha nos conduz a um terreno que não estamos mais acostumados a pisar, sufocados que estamos por tanto materialismo e niilismo. De onde menos se espera vem um gesto que redunda mágico. É um ato de amor aonde poderia estar presente o ódio, o ciúme, a mesquinharia, o sabor da vingança.

Como contraponto ao mundo “atrasado” e “parado no tempo” dos menonitas, com seu tempo particular, sem neuroses competitivas de produção de bens de consumo especiais, é interessante a visão de “A Questão Humana” (França/ 2007) de Nicolas Klotz em que se traça paralelismos entre o modo de seleção via recursos humanos dos seres que merecem “um lugar ao sol” no universo das grandes corporações (com seus eufemismos como reengenharia e problema no lugar de questão) e os tecnicismos da ordem nazista para dar fim às vidas consideradas inúteis. Para esta situação não há milagre que resolva. Só uma grande reforma estrutural e de mentalidades.

Os dois primeiros filmes de Reygadas foram exibidos no Brasil apenas em festivais. Já “Luz Silenciosa” é uma luz que banhou silenciosa e magnificamente as telas do circuito exibidor de cinemas brasileiros, ainda que projetado em algumas praças com uma única cópia.

Ps Estes textos foram publicados originalmente no jornal Montblãat. Aqui se encontram com correções, cortes, atualizações e acréscimos.

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Nelson Rodrigues de Souza

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

“Consumir” Cultura é Um Bom “Negócio”?
















“Consumir” Cultura é Um Bom “Negócio”?

Há anos atrás o psicanalista Luiz Alberto Py cunhou a expressão “obesidade intelectual”. Referia-se às pessoas que se fartavam de leituras sem uma contrapartida de vida que as relativizasse, que as fizesse serem incorporadas à vida dos leitores como vivências também e não como algo que sobra, mal digerido.

Sabemos todos que vivemos num mundo onde a ideologia do “Eu consumo, logo existo” campeia em todas as formas e meios, inclusive no mundo da cultura. Basta dizermos que vimos tais e tais filmes que logo perguntam, mas estes tais e tais outros? Assim também pode acontecer (e acontece!) com espetáculos teatrais, livros, exposições, viagens etc.

No Rio de Janeiro a quantidade de Festivais/Mostras de cinema tem sido incrível e de muito boa qualidade. Sem exagero: se quisermos não fazemos nada mais do nosso tempo livre do que nos dedicarmos a ver filmes destes festivais. Num passeio às livrarias como a da Travessa e Saraiva MegaStore, dentre outras, se formos ficar empilhados pelos DVDs lançados e quisermos assistir tudo precisamos reservar uma próxima encarnação para tal. E ainda somos capazes de lembrar-se de muitos filmes importantes que ainda não atingiram este suporte.

Na MPB a quantidade de novas cantoras talentosas que vão surgindo e sendo lançadas como grandes revelações (e muitas são mesmo) é incrível. Por mais que nos esforcemos em conhecê-las, sempre ficaremos a desejar. Talvez nem críticos especializados estejam dando conta de tantas cantoras. É palmar que uma ou duas audições só, para apreciação de uma obra, é insuficiente para um juízo mais consequente. Na roda-viva das opiniões que tem que ser dadas “seguindo em frente porque atrás vem mais gente” muitos equívocos se cometem. Deste oceano de cantoras, pesquei e estou ouvindo com o maior prazer: Teresa Cristina, Mariana Baltar, Mariana Aydar, Nina Becker, Roberta Sá, Fernanda Takai, Maria Gadú, que se misturam a um panteão de divas já consolidadas historicamente como Ná Ozzetti, Mônica Salmaso, Maria Bethânia. Entre os cantores não consigo me conformar que o extraordinário Renato Braz ainda tenha um público bastante restrito. Outro cantor grandioso pouco comentado é Mateus Sartori. Já Marcelo Jeneci com “Feito para Acabar” estou curiosíssimo para conhecer, mas não o tenho encontrado em sites. No da FNAC aparece como esgotado.

Neste passeio às livrarias se nos focarmos só em livros que são anti-Lulismo e os que são pró-Lulismo já teremos leituras fartas para todas as férias de verão. Se formos adolescentes viciados nesta onda de vampiros e ainda não autossuficientes vamos balançar as finanças dos pais para darmos conta desta onda toda (ou praga?) que assola as livrarias. Claro que seríamos derrotados nos exames para faculdade, pois não teríamos tempo mais para nos dedicarmos aos estudos.

Se formos neófitos na obra do prêmio Nobel de Literatura Mário Vargas Llosa e quisermos tirar o atraso, haja tempo e dinheiro para darmos conta de tantos títulos expostos em altares especiais. Nada contra Mário escritor, ainda que tenha reservas com o pensador neoliberal. Mas se nem de Garcia Marquez consegui dar conta de tudo não vai ser com Mário que quebrarei algum recorde.

Outro motivo para “humilhação cultural” dos não afoitos como eu são as novas traduções “diretamente do original que finalmente captam.....”. Assim eu que pensava que tinha sido um bom leitor de Dostoiésvski tendo lido suas obras tidas como maiores como “Crime e Castigo”, “Os Irmãos Karamázovi”, “Noites Brancas”, “Notas do Subterrâneo”, “O Jogador” etc sou colocado em suspeição. Pobre coitado: ficou refém de traduções menores....

O que dizer então de minha coleção completa de “Em Busca do Tempo Perdido” da Editora Globo, com traduções de Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade etc. que está à espera de coragem para enfrentá-la? Devo vendê-la a um sebo e passar adiante “esta vergonha”? Claro, pois se eu entrar na pilha a última tradução feita “finalmente capta.....”. Ou seja, em termos de leitura e traduções se dermos ouvidos estaremos sempre endividados.

De Lygia Fagundes Telles li alguns livros de contos como “Antes do Baile Verde”. Será que devo reservar logo alguns exemplares, dado que a autora andou revisando textos e agora temos belíssimas edições com capa de Beatriz Milhazes? Sim porque de acordo com o andar da carruagem ter em casa um Lygia sem a grife Milhazes é um indício de atraso...

No Teatro a quantidade de peças em cartaz é fabulosa. Mas o que vale mais a pena: assistir a mais de uma vez à extraordinária “Antes da Coisa Toda Começar” do Grupo Armazém, algo de uma complexidade e beleza poética estonteante sobre processos criativos em meio ao caos, que merece ser mais bem apreciado ou nos embrenharmos logo por novas peças? Eu pessoalmente prefiro esta revisita, antes que os ingressos da temporada se esgotem. O grupo Companhia do Latão estreou no Rio de Janeiro seu último espetáculo “Ópera dos Vivos” com três horas e meia, trabalhando várias ambiências no CCBB-RJ e foi pouco visto e comentado, envolvendo teatralmente 4 partes Teatro, Cinema (com alusões a “Terra em Transe”), Show e Televisão. Lamentavelmente, pois se trata de um espetáculo singular, que mesmo com seus excessos, discute com direção vigorosa e trabalho de atores surpreendente, um tema próximo ao que tento desenvolver em parte com este meu texto: a transformação da cultura em mercadoria durante as últimas décadas. Valeria a pena eu ter feito uma revisita ao espetáculo, mas como também, por mais que tente, não estou totalmente imune ao consumismo cultural, privilegiei outras “mercadorias”. Curiosa e sintomaticamente a peça “Hair” na versão bela, jovem, dinâmica e atraente da dupla Claúdio Botelho e Charles Möeller é vista no Teatro Oi Casa Grande a preços salgados, o que contrasta com o despojamento dos personagens e ressalta de certa forma o que há de ingênuo no texto, apesar da beleza das canções. Nosso mundo agora é outro e não permite mais os despojamentos que vemos em cena. Tem-se mais um retrato de época do que de utopias a serem com mais firmeza retomadas.

E quanto ao “consumo” de ideias, o que dizer? Há anos atrás li algo no Caderno Ideias do finado JB que não mais esqueci: “Com Adorno aprendemos que Marx lia Hegel com olhos de Kant”. Será que há alguém que realmente aprendeu algo com esta afirmação? Se disser que sim estará mentindo, pois antes de concordar com isto temos que ler um tanto de Kant, Hegel, Marx, Adorno, fazermos esta conexão e concordarmos com ela, se isto for possível e significar alguma coisa...

Obviamente se há momentos de trevas nos cadernos culturais há também muitos momentos inspirados. O Segundo Caderno de O Globo, por exemplo, numa “linguagem de gente” tem trazido temas complexos que não nos provocam complexo de inferioridade. São imperdíveis, especialmente, as colaborações semanais de José Miguel Wisnick, Hermano Vianna, Caetano Veloso, Francisco Bosco. Deste último, a mais bela composição do grande artista João Bosco (mas não com seu grande parceiro Aldir Blanc...) li quarta-feira, 1 de dezembro, um grande texto que de forma simples e sofisticada faz uma extraordinária análise de “Doze Homens e Uma Sentença” de Sidney Lumet de onde Bosco extrai/explica os conceitos de real, simbólico e imaginário de Lacan. Algo que muitos reais lacanianos mais realistas que o rei não conseguem nos explicar, mergulhados que estão num hermetismo resvalando à soberba. Felipe Hirsch, imenso diretor de teatro, também escreve em O Globo, mas se perde numa trama muito exagerada de citações pop só atraente para iniciados.

Como a enxurrada de textos que surgem por via virtual ou impressa é absurda, um trabalho de exceção como este de Bosco pode passar despercebido. Tudo se passa como se estivéssemos numa guerra medieval em que a todo o momento estão nos lançando coisas e temos que nos defender com nossos escudos. Haja discernimento para separarmos o joio do trigo e escolher o que merece nos atingir para então refletirmos.

Voltando um tanto à questão do cinema é importante ressaltar que uma obra como “Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas” (Tailândia/2010) de Apichatpong Weerasethakul mais do qualquer outra exige do espectador uma postura quase que zen para que o que tenha em si de zen, dentre outros elementos, seja realmente vivenciado pelo espectador. Aqui o espectador enredado numa cadeia de consumismo cultural, vai se deparar com fortes barreiras para “compreender/sentir” este filme. Sei de pessoas que na roda-viva do Festival do Rio e da Mostra de São Paulo o detestaram. Não é de se surpreender, pois se pode acontecer com qualquer grande filme, o consumismo desvairado de cinema especialmente com este filme na cadeia, pensando-se no que se viu antes e no que se verá depois, é totalmente contraproducente. Mesmo nos Festivais Internacionais como Cannes, Veneza, Berlim etc. não é difícil descobrirmos depois autênticas joias que foram exibidas e nenhum destaque recebeu na imprensa nem dos júris, como por exemplo aconteceu com o extraordinário “A Troca” de Clint Eastwood”, com Angelina Jolie, para ficarmos num só exemplo.

Recentemente no CCBB-RJ foi exibida uma Mostra Kiyoshi Kurosawa com 15 filmes inéditos no país. Somos então compelidos a ver todos eles. Mas são filmes que só pela sinopse já se percebe que são muito duros e de certa forma bem cruéis. O ideal mesmo seria vê-los, não em quinze dias criando couraças para não sofrer, mas sim em exibições regulares no circuito. Mas é uma questão de pegar ou largar. Eu para sentir o gosto “peguei” “Cure”( 1977), com um carrossel de assassinatos e intrincado jogo psicológico de certa forma previsível. Voltei mais ao fim da mostra para ver o comentado “Sonata de Tóquio” (Japão/2008), um filme extraordinário, atualíssimo, que mostra de forma suis generis a desintegração progressiva de uma família quando o pai perde o emprego e não conta à mulher e aos dois filhos. O menor gosta de música e escondido gasta a mesada para refeições na escola, para ter aulas de piano. O maior opta por alistar-se no exército americano para lutar no Iraque. Poucas vezes se viu tanta crueldade no cinema, com uma gangorra emocional de tirar o fôlego. Mas o mais surpreendente de tudo é que o filme ainda consegue de uma forma mágica e poética nos surpreender ainda mais. No dia em que vi o filme havia meia dúzia de gatos pingados na sala de cinema. Neste mar de consumismo de Kiyoshi Kurosawa não houve nenhum jornalista de O Globo (a rigor nosso único jornal aqui no Rio de Janeiro) que destacasse a excepcionalidade do filme. Para um cinéfilo desatento este era simplesmente mais um da Mostra, quando na realidade é um dos grandes filmes japoneses do milênio que se iniciou.

Em “Apocalipse e O Homem que Morreu” (Companhia das Letras/1990) D.H. Lawrence além de rechaçar esta noção de Apocalipse que de tempos em tempos vem à tona, narrar a história de Cristo com pontos de contacto com “A Última Tentação de Cristo” de Nikos Kazantizákis / Martin Scorsese, comenta que preferia ler bem um livro várias vezes do que ler muitos livros. Esta também é minha tendência. Quando me agarro a um livro, eu não o leio simplesmente. Eu o estudo. Levei quatro meses para me desgarrar de “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa, mas posso dizer que realmente compreendi a maior parte do que li e me impregnei do livro de tal forma que ele faz parte de mim, tendo até me impulsionado a fazer análise lacaniana, pois o que são as pensatas de Riobaldo senão a ideia básica lacaniana de que “o inconsciente se estrutura como linguagem”?

O mesmo se dá como os DVDs que vejo. Volto, avanço quantas vezes achar necessário como se estivesse lendo um livro. Terminado o filme, no mínimo, vejo o primeiro capítulo novamente e o mesmo acontece com o último, analisando as circularidades. No cinema gosto muito mais de rever os filmes dos quais gostei bastante do que ver novos filmes, o que nem sempre é possível, principalmente quando se trata de filmes vistos em festivais.

Jorge Luis Borges ao dar aulas de Literatura recomendava a seus alunos que não insistissem muito com um livro que não estivessem gostando, pois a quantidade de livros extraordinários no mundo é fabulosa e não faltariam livros como esses de que gostassem. Apesar das aparências em contrário estas ideias completam as de D.H.Lawrence.

Quando surgiu o fenômeno editorial Harry Potter e suas sequências de K.D. Rolling levadas ao cinema com muito sucesso, viu-se nele a constatação de que os jovens liam sim e que dali poderiam passar a novas leituras. A impressão que me passa é que os que lêem Harry Potter querem mais é ler mesmo Harry Potter em outras de suas aventuras e confrontá-las com as filmagens que por incrível que pareça ainda promete mais uma aventura. É algo como o jogo de xadrez. Jogado com moderação é um ótimo estímulo ao desenvolvimento do raciocínio lógico estratégico. Mas quando se mergulha demais no xadrez, estudando jogadas clássicas, tendo-as na ponta da língua, jogar xadrez ensina cada vez mais a jogar xadrez cada vez mais. Ou seja, um fim em si mesmo. Quando o fenômeno Paulo Coelho surgiu tive esperança de que em meio a tanto marketing ( “saber fazer chover” etc, ritual de roupa preta com espada preta para o fim de tarde etc) o leitor deste tipo de livro esotérico procurasse depois conhecer os trabalhos maravilhosos de Herman Hesse, por exemplo, como “Sidharta”, “Demian”, “O Lobo da Estepe”, “Narciso e Goldmund”, “Contos”, “Poemas”, “O Jogo das Contas de Vidro”, obras que devorei com sofreguidão. Que nada: quem lê Paulo Coelho, com exceções, tem desenvolvido sua capacidade de ler cada vez mais ....Paulo Coelho. Uma afirmação de Sérgio Sant’anna vem à tona: Quem procura o fácil, encontra o fácil.

Com os CDs sou mais obsessivo. Não sei quando e se entrarei na onda de músicas baixadas pela internet colocadas às pencas num aparelhinho que devo depois acoplar aos ouvidos. Ainda gosto imensamente de curtir o trabalho gráfico original de um CD, bem como acompanhar as letras e ter toda a ficha técnica do trabalho, para poder evoluir em certa cultura musical. Com a indústria do CD em baixa e a noção de que há males que vem para bem, tenho comprado muita coisa boa (principalmente MPB que é o que mais gosto) por uma pechincha, valor este que muitos viciados em internet mesmo assim não estão dispostos a pagar mais. Aonde isto tudo vai nos levar eu não sei. Mas sei que tenho muita coisa boa para ouvir várias vezes, pilhas de Cds das quais não tenho dado conta. É o consumismo me pegando também. Mas existe a questão da oportunidade. Hoje vemos algo sendo oferecido a baixo preço. Amanhã não está mais. O mesmo acontece com DVDs e já expressei num post aqui meu receio que haja uma hegemonia do Blue-Ray e nos meus piores pesadelos não fabriquem mais nem deem manutenção aos aparelhos de DVDs e nem os aparelhos de Blue-Ray fabricados rodem mais em edição os DVDs. Dizem-me que isto não vai acontecer. Espero que sim. Mas nutro minhas desconfianças, pois conforme já comentei num Post vivemos uma sociedade das obsolescências compulsórias para consumos também compulsórios. Hoje há certa recuperação do vinil mas vá procurar um toca-discos decente que não tenha preço abusivo...

“Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” (2010) de Woody Allen se visto apressadamente se mostra mais do mesmo da obra do cineasta. Mas com paciência além de uma nova teia de relações, temos aqui algo que destoa do niilismo bem humorado de muito de seus filmes: há um elemento transcendente que move o destino da senhora que perde o marido para uma pessoa mais jovem, só vê verdades numa cartomante e se envolve com um senhor viúvo que precisa do consentimento da mulher que já morreu para se juntar a outra pessoa. De uma forma bem humorada repito, Woody procura por uma “saída existencial” um tanto esotérica.

Numa das sequências mais emblemáticas do Cinema, o fotógrafo de “Blow-Up-Depois Daquele Beijo” (Inglaterra/Itália/1966) de Michelangelo Antonioni assiste a um show de rock. Um roqueiro quebra sua guitarra, joga na plateia e há uma disputa acirrada por ela. O fotógrafo a conquista. Ao sair do teatro, joga o que conquistou no chão. Mais até do que a explosão de bens de consumo ao final de “Zabriskie Point” (1970) de Antonioni, em maravilhosa câmera lenta, este ganhar e logo se enfastiar é sintomático de um regime que estão nos impondo a todo o momento e que mesmo conscientes dele, somos algumas vezes comandados por ele. Eu, que o diga. Vade retro Satanás. “Consumir” cultura é um bom “negócio”. Mas não para nós.

Ps. O texto citado de Francisco Bosco, com o tempo, deve constar no site Conteúdo Livre http://sergyovitro.blogspot.com/ , onde trabalhos de vários autores em diversas mídias são catalogados por ordem alfabética.

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Nelson Rodrigues de Souza