quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Mergulhos, Pedregulhos e Pérolas




Mergulhos, Pedregulhos e Pérolas
“O fato de os americanos
desrespeitarem os direitos humanos
em solo cubano é por demais forte
simbolicamente para eu não me
abalar

A base de Guantánamo
A base da baía de Guantánamo
Guantánamo”
Caetano Veloso em “zii e zie” com a banda Cê

Obs. Todos os textos&frases são meus, exceto os que vierem com outras assinaturas.
Nelson Rodrigues de Souza
O fato de Lula em quem votei durante anos
Desrespeitar nossos sonhos e planos
Turvar nosso democrático sol
E ainda posar junto a um procurado pela Interpol
É por demais forte e de amargar
Simbolicamente para eu não me abalar

A foto de Lula com Maluf
A foto de Lula com Maluf
A foto de Lula com Maluf

Escola de Samba Brasil/ Enredo Eterno em Transe (?): “Lampedusa/Visconti na cabeça! É preciso mudar para que tudo continue como está”

O Inferno é um lugar onde se fala em Economia durante 24 horas por dia e ninguém pode dormir.

Todo gay é um pouco Madame Satã.

A diferença entre eu e Madame Satã é que ele usava a navalha propriamente dita. Já eu me valho do poder de navalha das palavras.

Quem vê PIB não vê coração nem vísceras.

O amor é a ausência de estratégias.

Não é que eu não me aceite enquanto homossexual. O que não aceito é essa farisaica e hipócrita que não me aceita e  os que contribuem para que ela continue assim, como a presidente e seus acordos para a “governabilidade”, tornando o Estado na prática nada laico.
Estamos sendo usados pela presidente, diz João Silvério Trevisan na 15ª Parada gay de SP.
Em entrevista na 15ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo, João Silvério, um dos fundadores do movimento homossexual no Brasil, afirmou que o movimento LGBT virou "moeda de troca" de parlamentares.


O grande desafio do ser humano é em tudo e por tudo procurar o caminho do meio budista,  mas sem cair na mediocridade ( as cordas do instrumento não podem estar frouxas senão o som sai muito ruim, mas não podem estar por demais apertadas senão arrebentam).
Com quem eu gosto eu quero que caiam  todas as paredes e o mundo inteiro saiba.

Se formar Engenheiro do ITA
Para o Bem e para o Mal
Uma façanha bonita?
Não é para qualquer mortal...

A perfeição é inimiga da realização.

Deus não criou o pau para o Diabo criar o ânus com suas maravilhosas profundezas de zona erógena bastante especial.   Para Adelia Prado

O eufemismo mais sórdido no novo milênio é chamar corrupção de mal-feito.

Bolsonaro declarou à  Playboy que ter vizinho gay desvaloriza o imóvel e nada aconteceu. E se tivesse dito, judeu, negro, mulher, deficiente etc...o que aconteceria? Choveriam processos e manifestos. E uma lei anti-homofobia não sai. “Eles” têm medo até de um kit anti-homofobia. Será que vamos ter que esperar para que de forma análoga um político de alto escalão em Brasília passeando com seu filho, tenha sua orelha quase que decepada  como aconteceu em São Paulo com um pai e filho, num ataque de neo-nazistas, impunes até hoje?????


A carne mais barata do mercado não é a carne negra. É a do “veado”.

O filme mais intensamente erótico que já assisti é “Mulheres Apaixonadas” ( Inglaterra/ 1969) de Ken Russell, baseado na obra homônima de D.H.Lawrence. É um cult movie aqui em casa. A sequência de luta entre Oliver Reed e Alan Bates que culmina na descoberta enquanto seres desejantes e apaixonados é arrebatadora, inesquecível. Isto vai determinar a relação que terão com as mulheres apaixonadas do filme. A aceitação conduz à potência de viver, a se impor diante de obstáculos.  A negação de si mesmo, aliada ao ambiente alienante e hostil de uma sociedade exploradora de minério desumana e rotineira, anti-vida,  conduzirá um personagem ao suicídio. Façam suas escolhas após descobrir aquilo que não se escolhe. Como Pasolini, D.H.Lawrence era alérgico à sociedade industrial. Como eu sou também.   


 “Escrevo, logo existo”. Não. Clarice Lispector não escreveu isso. Mas poderia tê-lo feito com o maior mérito.

Pelas suas intervenções descabidas, Lula está mais para um “rei da cocada preta” do que para um ex-presidente.

O que a gente considera uma declaração de sabedoria, pode ser lido por outros como uma platitude. E aqui não temos uma exceção.

Os meus desafetos não vão comemorar. Mas para o bem e para o mal, eu sou um brasileiro com memória afetiva de elefante. Posso perdoar mas esquecer jamais.

Cada um sabe o quanto lhe dói o “eu me calo”.

Vivemos sob a égide da ilusão de liberdade, da crônica e assumida desigualdade e a total falta de solidariedade.

As religiões são instrumentalizadas para ser o ópio dos povos. Não que necessariamente, assim o sejam.

O futebol não é, mas se tornou, instrumentalizado, o crack das massas-povo brasileiras. Nada de “Veneno Remédio”. É “Veneno Veneno “ mesmo, Zé Miguel Wisnick.

Não é sintomático que membros da corrente “Construindo um Novo Brasil” deturpem as eleições em Recife 2012 para prefeito , impondo um candidato externo às prévias  já realizadas que davam força a uma nova candidatura do atual prefeito e que isto tudo tenha o apoio autoritário do ex-presidente?

Não é entrar pelas portas dos fundos na Rio+20, um país que ainda não tem um Código Florestal devidamente discutido e aprovado e como se não bastasse na cidade onde se deu o evento planeja-se a destruição de várias árvores centenárias para construção de uma estação de Metrô? E o que dizer dos incentivos às montadoras automobilísticas, via isenção de IPI quando caos é uma palavra fraca para explicar o que acontece com o trânsito nos Centros Urbanos, com o excesso de automóveis ( poluidores...), com fraca política de transportes? Maldição seria uma palavra melhor.

Não entendo quase nada de futebol, mas não é digno do Guinnes um time estar ganhando e levar três gols em seis minutos do segundo tempo?

Malha-se tanto o socialismo ao Sul do Equador enquanto a Europa tenta reerguer-se justamente pelos ventos novos que vêm com a eleição do socialista Hollande na França democraticamente. Nada a ver com comunismo, ditadura do proletariado, partido único e nem tentativas de cercear a liberdade de imprensa. Já no Brasil o que temos é só fachada e peleguismo, fora o PSOL. PSTU e parentes são radicais demais pra meu gosto. E viva o euro-bônus, como uma ideia inicial.

BRICS
Guarda chuva chinês
No camelô a cinco reais
Não dura nem um mês
Assim eu não compro mais

Para a condição kafkiana do homossexual não vale o adágio popular: “Quem não deve, não teme”. Há muito que se temer sim. Mesmo sem dever nada.

Será que a presidente tem tido tempo de ir á missa aos domingos?

Para acabar com o aparelhamento do PT@companheiros&comissários(as)  do Estado Brasileiro sou capaz até de fazer uma loucura: votar no PSDB!!!!

Mais loucos e irresponsáveis do que estes papas que durante séculos pregaram contra os preservativos e métodos contraceptivos são os fiéis que esperaram Bento XVI ter certo lampejo de lucidez (depois de ter pregado contra até na África com tantos HIVs positivos) e não mais torná-los proibitivos “em certos casos” *, para então passarem a  utilizar as populares camisinhas. Até então HIVs, DSTs ( como a perigosíssima hepatite C) e filhos não desejados, cresceram  e se multiplicaram .... 

Depois de tantas utopias falhadas e/ou pervertidas o mundo não só não melhorou como aumentou a imundície.

Como tem comissárias mulheres no governo Dilma! Será meritocracia ou nepotismo sexista? Tudo bem. Quando eu me eleger presidente com coligações até com Malafaias, Bolsonaros, Crivellas etc.  vou escalar João Silvério Trevisan para o Ministério da Cultura, Gilberto Scofield Jr. para  Planejamento, Luiz Mott para Educação, Jean Wyllys para Relações Exteriores,  André Fisher como Porta-Voz do Planalto, Ney Matogrosso para Saúde, Ana Carolina para o Trabalho, Sérgio Bianchi para Defesa, Ângela Rô Rô para Agricultura, Luis Carlos Lacerda para a Pesca, Rogéria para o Trans-portes and soo n.....Ah sim...Os coligados eu os indicarei  para Embaixadas em países em guerra civil.....

O “Amai-vos uns aos outros” se transformou mesmo em “Armai-vos uns e outros”.

Se meu mundo cair eu que aprenda a “negociar”.

No Brasil em vez de “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”  tem-se “Grandes Empreitadas, Gigantes Negociatas”.

O sistema capitalista é tão bom que o sonho de muitos empregados é terem os seus próprios negócios e dar as costas aos patrões  ( “Fui!...), num ambiente de trabalho bastante “salutar”. E repetirão este círculo vicioso os que conseguirem.

O “Patrão Nosso de Cada Dia” é meu Senhor e tudo me faltará com tantas flexibilizações trabalhistas.

Quando a CPI do escândalo Cachoeira em curso, rejeita a convocação do ex-presidente da Delta, Cavendish, uma figura chave a se ouvir diante de tudo o que ocorreu, confirma Caetano: “Aqui tudo parece que é ainda construção é já é ruína” ( Fora da Ordem).

A retórica é o conto do vigário dos pseudo-filósofos.

O combustível que movimenta o país do “Nunca Antes “ é a corrupção em suas variadas camuflagens.

Minha proposta aqui
Que não sei se será bem sucedida
É escrever com humor, ironias
E por que não alguma poesia?
Sobre mazelas do nosso Haiti
Visando de forma mais decidida
Solapar, dissolver teias de hipocrisias.

O político é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é louvor, o que é corrupção evidentemente.  ( As exceções que me perdoem...os demais que vistam a carapuça....).

Algo que não se discutiu na Rio+20 foi como se dá sustentabilidade a uma família com pai, mãe e filho cuja única fonte é o salário mínimo ...( Peguem um dicionário de Economia, façam as contas e constatem que o valor praticado é anticonstitucional).

Eu prefiro ser poeta menor
E ter uma vida maior em todos os sentidos
Do que ser marginal genial numa curta vida
Colhendo flores só após a morte e dos arrependidos
A vida vencendo com mais astúcia
E não a arte em suas corridas.

Do jeito que estão as coisas temos que ter não um Plano B,  mas Planos C, D,E, .......Y,.Z e se possível ainda alfa, beta e gama.

Cabalistas e astrólogos precisam nos explicar porque em 2012 se comemora tantas efemérides: é trinta anos disso, 100 anos daquilo, 70 anos dacolá, 50 anos então...and so on....Vontade sincera de prestar homenagens, ou desespero de marketing e/ou de pauta para jornais????Estão comemorando até os 15 anos de Rede Cinemark!!!!

Rainer Werner Fassbinder, um genial diretor, ator, autor que foi “um artista que se deixou consumir pela própria arte” ( Macksen Luis) afirmou: “O amor é a maior forma de tirania que existe”. Eu não chego a tanto, mas que “o amor pode se transformar na maior forma de tirania que existe”, eu acredito. Já constatei/vivenciei.

Poetas de todos os países e matizes, uni-vos
Lancemos com força nossos uivos
Diante do Estado das Coisas tão nocivo.

Meu interior é decorado com as lágrimas vertidas quando você foi embora e com as flores que não mais lhe dei.   A Marcelo Jeneci  e Marisa Monte

Fanatismo é algo sempre perigoso. Mas o mais predatório deles é o religioso.

Quanta feiura e dor com a ausência de sua beleza e prazer.

O homem é uma ilha rodeada de mentiras por todos os lados.

Não é integrado nem apocalíptico. É político.

A Paisagem Carioca é agora merecidamente Patrimômio Mundial. Falta agora o Cristo Redendor acordar e nos proteger realmente de nossas autoridades. Estes braços não parecem abertos, mas cruzados.    A Cazuza

Dado a gravidade e afronta à dignidade da associação Lula/Maluf e o fato do primeiro ser presidente de honra do PT, partido que permite boa governabilidade à  presidente, não seria o caso da Interpol interpelar o governo brasileiro? Que edifício poderemos construir sobre estes alicerces tão apodrecidos?

Leitura afins:



“Até hoje se deve a esse articulador de consensos o exemplo de que um líder político pode ser esperto sem deixar de ser honesto, hábil sem apelar para trapaças.”- Zuenir Ventura








Em certas circunstâncias o filet mignon do amor é a solidão.

Eu acredito no sobrenatural. Este é o natural desconhecido, camuflado, que muitos não querem conhecer, até mesmo cientistas, filósofos, psicanalistas, psiquiatras. No fundo o receio maior é de perda de reserva de mercado.

Mesmo com a derrocada econômica e social dos EUA após a explosão da bolha imobiliária e com o navio europeu movido a euros naufragando, ainda há muitos dogmáticos que defendem o fim das ideologias e proclamam o capitalismo de mercado como o melhor dos mundos, sendo que os gravíssimos acontecimentos teriam sido apenas acidentes de percurso. O que é muito curioso (repito mais uma vez para ver se aprendem.....)é que o naufrágio europeu só encontrou saídas e esperanças através da eleição na França de Holland pelo Partido Social Democrata , sendo ele um agente catalisador que tem feito a neo-Margareth Thatcher, Angela Merkel, rucuar de algumas posições de “austeridade” para países se suicidarem.

“Não existem Ciências Econômicas. O que existe são Políticas Econômicas”. – Olgário Mattos

Paul Krugman, colunista e Prêmio Nobel de Economia escreveu que o problema da região do euro é o próprio euro, uma péssima ideia que surgiu, pois criou-se uma moeda única mas sem um comando político geral  que gerisse essa moeda.  Sempre tive a mesma opinião. E como Saramago que escreveu “A Jangada de Pedra”, onde Portugal se descola da Europa em vez de a ela se unir artificialmente, nunca consegui separar Economia de um país de sua cultura. Assim, dizer que os gregos são assim...assado...é má  fé..bobagem. Leiam o conto que escrevi no Blog, onde quase tudo é verdade ( aconteceu comigo), com as mentiras sinceras da ficção.

As canções da Bossa Nova não dão mais conta do que é a cidade do Rio de Janeiro hoje. A  mais certeira é de Fausto Fawcett: “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”.

Um dos sete cavaleiros do apocalipse é o mantra “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, muitas vezes repetido em ambientes civis e militares. Não. O mantra sagrado, não este maldito, deveria ser: “Manda quem tem poder e necessidade de mandar e com rápidas considerações ( de ordem interior e exterior) só obedece quem  considerar que quem mandou realmente tem juízo”.      Ao Capitão Sérgio Macaco, o brasileiro mais importante depois de Tiradentes, um herói brasileiro da abertura democrática que se recusou a explodir o gasômetro a mando do Brigadeiro Burnier
Leitura afim: “Tenho reiterado a necessidade de que todo o povo brasileiro conheça melhor e se engaje nos debates sobre esse setor estratégico para o país. A Defesa não pode ficar restrita ao meio militar. Nem mesmo deve a discussão sobre ela ficar limitada aos círculos governamentais. Deve ser assunto de todos os brasileiros.”- Celso Amorim


Alma é aquilo que em nós vibra quando somos expostos ao que se chama poesia/arte.

Que inocência a minha. Eu pensava que crakcolândia do Rio de Janeiro era o lugar abandonado onde jovens também abandonados viciados em crack se esbaldavam no consumo e ali moravam..O meu grande erro foi acreditar que existia  “A crackolândia”,quando o que existe são várias, até numa delegacia sucateada da Zona Norte.

Concordo com Seu Jorge. Uma UPP é uma ditadura militar. Tem de ser formados líderes comunitários, com a polícia só no seu papel de formação. Policial militar não é treinado para ser “juiz de paz na roça de Martins Pena”. E  por UPP eu entendo , Unidade de Polícia Para Futura Pacificação. É um caminho. Não é o destino final. O resto é propaganda eleitoral.
Leitura afim:

Ah! Se soubessem quanta antipatia
Tenho por esta epidemia de franquias
(Até mesmo independentemente da qualidade)
Que dominam o mercado exibidor brasileiro
Inundando as telas de todas as cidades
Como as águas inundaram as serras
Fazendo como que o Cinema Brasileiro, sem exagero
Continue “estrangeiro em sua própria Terra”.
A Paulo Emílio Salles Gomes

No O Globo de 12/07/2012: “ Calote do brasileiro cresceu 19% este ano”.
Cazuza num Centro Espírita: “ Eu alertei :” Meu cartão de crédito é uma navalha”


Num momento bastante infeliz de sua vida nos primórdios do aparecimento de vítimas fatais da  Aids, Dom Eugênio Sales , então arcebispo do Rio de Janeiro, declarou  que era um castigo de Deus para os homossexuais, o que deve ter amplificado a homofobia ( atávica) do machismo brasileiro . Só que este Deus do arcebispo além de muito cruel era burro, pois conforme se constatou depois os grupos de risco formam todos nós e numa análise comparativa as lésbicas mais bem comportadas teriam risco menores  do que casais heterossexuais e gays...

O historiador Helio Silva no fim da vida se resguardou em algo como um mosteiro católico em Minas Gerais. Ele era formado em Medicina ( Urologista) e nos anos 80 ( quando a OMS já não considerava mais a homossexualidade uma doença) apresentou-se de seu refúgio na TVE como alguém sem preconceitos , enfatizando como médico, que o ânus não foi feito para o pênis anatomicamente .....Em que mundo viveu Helio Silva? Será que nunca soube que de tempos imemoriais sempre se praticou a sodomia por diversas sexualidades, homo ou não, por se lidar com uma das zonas erógenas mais prazerosas do corpo humano? Será que ele nunca conversou seriamente com os amigos artistas de seu neto diretor e ator Buza Ferraz?
Leitura afim:
“Seu papel mais importante na TV, no entanto, foi na novela "O Rebu" (1972), que exibiu o primeiro caso homossexual da teledramaturgia nacional.”
Ps .A sexualidade de Buza Ferraz não me interessa. Aponto aqui a possibilidade que Helio perdeu em não aprender algo mais substancioso  sobre homoerotismo através dos contatos de Buza.


Já assisti a um longo e muito bom documentário sobre vida/obra de Rainer Werner Fassbinder com diversos depoimentos e abordagens . Mas sobre sua (bi) homossexualidade nada! Sobre as drogas, remédios, álcool, stress que o levaram à morte sim. Conclusão: Thanatos é bastante exposto. Eros não poderia. É maldito. Pegaria mal para um diretor que realizou três obras-primas, no mínimo, sobre relações homoeróticas: “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, “O Direito do Mais Forte a Liberdade ( Fox e Seus Amigos)” e “Querelle”.......

Na Literatura Brasileira quem era mais dionisíaco (“mal-comportado”)? Mário ou Oswald de Andrade? Claro que Oswald de Andrade que nos legou o “Manifesto Antropofágico”, “O Rei da Vela” com tantas influências como no Teatro de Zé Celso Martinez Correa e no Tropicalismo etc. Num dos seus poemas Mário relata que não há barulho mais bonito do que o cair de um cinto de um negro num quarto de hotel. No entanto quando os dois Andrades se desentenderam  e não se falaram nunca mais, uma das razões ( talvez a principal) tenha sido o fato de Oswald chamar  o homossexual Mário de forma pejorativa, sem atenuantes carinhosos: bicha/viado!  Reza a lenda que Oswald teria lançado a boutade: “Mário é um Oscar Wilde de costas”. Por ironia Zé Celso, o artista brasileiro mais influenciado por Oswald que conheço, com a clássica montagem “O Rei da Vela”, marco do Teatro Brasileiro, tem se esmerado em fazer espetáculos que transcendem bastante  o que se costuma considerar Teatro e com seu grupo Uzina Uzona do Teatro Oficina tem montado autênticos rituais dionisíacos consagrados ao Deus Baco e sempre que podendo carregando bastante no homoerotismo. Tempo...tempo...tempo....tempo...Zé Celso deve ser o cavalo do espírito de Mário “para se vingar de Oswald....”. And last but not least vale a pena lembrar que com tantas discussões que “Desde que o Samba é Samba” de Paulo Lins pode trazer, o romance tem sido criticado por alguns por conter diálogos com conversas sobre homoerotismo entre Mário de Andrade e Assis Valente....As tentativas de suicídio e o final tristíssimo de  Assis podem ser narrados, mas que ele era homossexual não...Haja preconceito...

.
Mundo imundo
Se eu me chamasse Dênis
Seria uma rima para meu pênis
E não uma solução
Para minha solidão.

Eu sempre fui muito mais sexo&cinema@mpb. Minhas drogas&rock and roll estrangeiro já estão no DNA da minha sexualidade desviante do que tolos chamam “a norma”.

Tá legal eu aceito o argumento. Mas não me alterem nomes tanto assim: Citibank Hall, Arena HSBS, Teatro Maison Du France PSA Peugeot  Citroën, Itau Arteplex, Espaço Sesc de Cinema, Cine Bombril, Teatro Net Rio, Vivo Rio, Estação Vivo Gávea etc. Olha  que  rapaziada está sentindo a falta de nomes afins enfim. E quando só houver sustentabilidade como Teatro Municipal EBX Eike Batista me avisem antes, que eu volto danado pra Catende....

Desde que eu me entendo por gente eu virei bicho para enfrentar estas selvas de pedra.

A evolução natural darwiniana após um Big-Bang ( do Nada/Vazio veio que energia para provocar esta explosão?) pode explicar a existência de um urubu mas jamais a beleza de um pavão macho de asas abertas, com seus infinitos detalhes, conforme nos mostra Fellini em “Amarcord”, numa epifania yunguiana. Há um Joãozinho Trinta por trás de toda estas belezas da Natureza,  homens e bichos incluídos. Este João muitos chamam de Deus.

O que é supersitição para uns pode ser rito sagrado para outros.

Para se ter fé em Deus, tem-se que aceitar o corolário popular: “Deus escreve certo por linhas tortas”. O desfecho de “PIckpocket-O Batedor de Carteiras” de Robert Bresson é exemplar neste sentido: “Que longo e tortuoso caminho eu tive de percorrer para chegar até você”.

O homem contemporâneo não só vendeu a alma ao Diabo do consumismo desvairado como também vendeu bem barato.

Dizem que rima na prosa é pobreza, vício de linguagem. Mas o que posso fazer se isto está na minha natureza, se vejo aí beleza para passar minha “mensagem” com a inteireza  desejada?

Vejam só como interpretar um texto está sujeito bastante a subjetividades. Sempre que ouço a belíssima “Nobreza” de Djavan ( “Uma grande amizade é assim/Dois homens apaixonados/.......Acenando pra gente/ O amor crescendo enfim/Como capim para os meus dentes”), eu logo imagino um fellatio homoerótico.Sendo bem objetivo: o que cresce é o pau do amante, o capim são os pelos ao redor. É por isso que desconfio de todas as críticas de arte (qualquer arte) que querem se mostrar bastante distanciadas, independentes e objetivas. Há que se deixar sempre graus de incerteza em muitos aspectos.


“Deus ajuda quem cedo madruga”. Este dito popular se tomado literalmente é uma bobagem.  Todos os artistas da noite, por exemplo, estariam condenados ao Inferno em vida. Mas se entendermos madrugar como batalhar para realização de nossos sonhos e desejos ( “não esperar cair do céu....”) aí sim faz sentido. Deus dá um empurrãozinho definitivo para as realizações.

“Nada me mete mais medo do que governos que  tratam criminosos com aperto de mãos e  artistas de maneira criminosa”- Felipe Hirsch em O Globo, 16/07/2012.  E eu incluo “ artistas e homossexuais”.


Minha beat generation são os tropicalistas. Caetano é meu Jack Kerouack. Gil meu Alan Ginsberg.  Ou seria o contrário? Mas meu Burroughs. certamente é Tom Zé.

Sim gente. Vamos contribuir para a reciclagem do lixo. Mas por favor, não confundir: reciclar políticos que se mostraram/mostram um  lixo de modo algum. Procurem outras opções para o voto consciente.

Deus não dá asas a cobras. Mas muitos povos majoritariamente já deram, dão e continuarão?

Do jeito que avançam as notícias sobre os tentáculos da corrupção do caso Cachoeira, vamos acabar chegando à  conclusão que a política no Brasil é uma escola de samba patrocinada em maior parte por um bicheiro.

Dentre incontáveis malefícios causados pela Ditadura Militar está a confusão entre o exercício da autoridade e autoritarismo. Até pais confundem estes conceitos em relação à educação dos filhos gerando muitas vezes desmandos e em outras permissividades e omissões.

O Mercado reagiu,sinalizou, transmitiu, reclama, ameaça, aquece, esfria etc. Até artistas se rendem e se referem ao “aquecimento do mercado” de musicais por exemplo. Meu Deus ! Ressuscite seu filho para expulsar com seu chicote os novos vendilhões do Templo Mercado, a religião hegemônica e mais fundamentalista e cheia de dogmas do mundo de hoje.


Sem nenhuma ironia, claro que sou a favor da ideia em prática  da Lei de Acesso à Informação Pública para tornar transparente os gastos em várias instâncias. Afinal o dinheiro vem dos impostos altíssimos que pagamos. Mas quem trabalha na chamada iniciativa privada dá sua força de trabalho, muitas vezes superando seus limites com efeitos até na saúde. Não seria o caso também de tornar transparentes balancetes de empresas etc, bens e salários de empresários, de executivos, enfim de todos os trabalhadores, para que se possa saber se o salário pago está sendo realmente justo e trabalhadores poderem então através de seus sindicatos reivindicarem o que merecem ganhar, tanto nas pequenas, médias ou grandes empresas?????. Ganhar remuneração à altura do trabalho realizado é tão importante quanto não pagar impostos abusivos e ter estes recursos bem empregados. Demonizar o Estado e achar que o mercado regula o resto é conto da carochinha. Trabalho não pago....Olha a mais valia de Marx aí gente se fazendo presente. Não se é contra o lucro. O problema é o lucro que vem do trabalho mal remunerado. Extração da mais valia era o que se dizia, mas a queda do muro não apagou esta mancha. Trabalhar cansa. Que seja bem pago o trabalho. Algo análogo também não deveria haver com serviços particulares pagos como planos de saúde etc.? Enfim: o corpo do trabalho social como um todo deve ser transparente, desnudado. O resto é empulhação e hipocrisia.


Sauna Rodriguiana Catolaica Evangelista
Todo Sêmem Derramado Será Castigado.

A UFRJ recuperou a posse do terreno do Canecão e nada faz com ele. Não fode,  nem sai de cima. Ninguém vai tomar nenhuma atitude?

E aí em Bruzundunga foi instalada uma CPI das CPIs anteriores para entenderem de uma vez por todas por que todas acabaram em pizza.  Desta vez até o presidente resolveu fazer parte da comissão de notáveis escolhidos.  Quando descobriram que um dos membros ( bem graúdo) era um das chaves do enigma, entenderam o que procuraram saber, foi lacrada e mais uma CPI acabou em pizza.

“Uma pessoa pode estar com a cabeça no congelador de uma geladeira e os pés numa bacia de água escaldante. Na média ela está bem”. É uma anedota apenas?Não. Atenção consumidoro&eleitor&cidadão&afins ! Muitas estatísticas oficiais e privadas que lhes são lançadas estão contaminadas por esta piada mortal. E não adianta apelar para o Batman. O Coringa está onde menos se espera também.

A mais bela obra de Oscar Niemeyer é sua frase que ele gosta tanto de repetir e está coerente com sua vida, sua invejável longevidade e criatividade. :”A Vida é mai importante que a Arquitetura”. O que ecoa também em Elis/Belchior: “Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa” em Como Nossos Pais, um clássico da MPB.

Estou fundando uma religião. Principal princípio: Vida (assim com V maiúsculo mesmo) antes da morte. Basta de “cadáver adiado” que procria ou não, conforme Fernando Pessoa sintetizou.

Deus é um fogo. Não podemos provar sua existência, mas podemos sentir sua fumaça ( como nos terreiros de candomblé e umbanda). E todos sabemos que onde há fumaça, há fogo.
A Prefeitura de Eduardo Paes resolveu dar ordem unida aos ônibus da Cidade do Rio de Janeiro. São todos agora brancos .  Asim eu que há uns 40 anos já estava acostumado em distinguir ao longe as linhas circulares ( vermelho e branco), a linha 409/410 para Tijuca ( azuis), etc. ando agora me  perdendo. Quando me dou conta o ônibus já está passando pelo ponto. Outras pessoas comentam a mesma coisa. Como se não bastasse trocaram números desnecessariamente. Não temos mais 571 e 572 (Glória-Leblon). Seriam agora 161 e 162? O caos é total quando se tem fileiras de ônibus brancos num ponto só. Quem planejou isto não entende nada de transportes e odeia os pedestres. A cereja do bolo teria sido pintar os ônibus de azul barateia ou verde oliva....Claro que o distintivo Cidade do Rio de Janeiro está impresso nos ônibus fazendo marketing.

Há anos atrás um chefe numa avaliação me disse: “Você é tímido”. Respondi de bate –pronto:  “Eu não sou tímido, eu sou intimidado”.

Quando tive minha primeira carteira assinada em regime de CLT um item logo me assustou: “Em caso de dúvidas sobre segurança pergunte ao seu capataz”(sic). Um grande avanço que nos foi concedido pelo ditador  Getúlio Vargas, segundo alguns historiadores.
Leia também:
Nazismo à Brasileira –Renato Grandele- O Globo-sábado  25.08.2012
“Com a conivência do governo de Getúlio Vargas, nazistas chegaram a explorar até mesmo a Floresta Amazônica”

“A História é um Pesadelo do qual estou tentando acordar”- James Joyce


Sou socialista democrático convicto. Não acredito em nenhuma forma de capitalismo, brando, médio ou selvagem. Numa análise lacaniana básica os capitalistas se entregam. Não há nada de humano na palavra capitalismo. Já socialismo nos lembra o básico: somos seres sociais. Já comunismo é outra onda na qual nunca surfei.

Quem ler meus contos de temática homoerótica já incluídos no Blog ( com a ressalva que também há aqueles em que esta temática não comparece) perceberá que procuro sempre articular “questões GLBT” com corrupções dos mais variados graus. Minha maior perplexidade na vida é porque vivo num país ( e no mundo todo?), em que de modo geral , com poucas exceções, é tão homofóbico e machista , intolerante neste aspecto vital pra mim e tolerante, submisso, subserviente, omisso, passivo e/ativo em relação aos “mal-feitos” (sic), numa relação de servidão voluntária  conforme enfatiza Étienne de La Boétie* ?

Uma dúvida atroz: haverá espaço ainda para a construção de um Monumento aos Mortos de uma Terceira Guerra Mundial?

Mais uma prova de que o acróstico BRICS como “países do futuro” é mistificador é o blackout para  670 milhões de indianos em dois dias seguidos( agosto/julho de 2012) em 20 estados dentre 28 da Federação. O Governo Federal culpou os estados por excesso de consumo de energia elétrica. ....Será que ainda há alguém realmente sério que acredite que PIB é um indicador apropriado para avaliar real desenvolvimento?

“A mais triste nação na sua época mais podre compõe-se de um grupo de linchadores”- Caetano Veloso em “O Cu do Mundo”. Deve-se fazer Justiça aos réus do mensalão, mas acrescento: “ A mais triste nação em sua época mais podre compõe-se  de grupos de pessoas que se lixam para a corrupção, sejam juízes ou “baixo clero” que se embriaga com Olimpíada em Londres e/ou Futebol etc.   (2/08/2012)

Anteontem morreu  o grande cineasta Cris Marker.  Ontem Gore Vidal, um escritor com E maiúsculo (seu romance “Juliano” é um dos mais influentes em minha visão de mundo) .Outros grandes em suas áreas também se foram nos últimos tempos. Enquanto isto tem várias criaturas por aí com seus “sacos de maldades” “fazendo hora extra”, esticando-a. Deve ser verdade mesmo que “vaso ruim não quebra.” ( 1/08/2012)

 Policiais federais ameaçam fazer operação padrão em fronteiras, portos aeroportos. Ou seja, ameaçam seguir leis de operação para segurança  ipsis litteris , o que provoca transtornos. Isto é mais um sintoma do surrealismo irresponsável brasileiro. Tudo se passa como se dissessem ao governo: “Olha, atendam nossas reivindicações salariais, de efetivo etc. ,senão cumpriremos as normas à risca conforme determina a lei. Quer dizer então que cotidianamente em condições normais  trabalham na ilegalidade? Estas leis de operação conforme estão esmiuçadas são realmente necessárias  ou precisam ser mudadas, para sairmos do ridículo impasse? ( agosto de 2012)

Perto de casa há um amplo tapume nos fundos de um hospital onde deve ser proibido colocar cartazes há anos, mas a prática com o famoso jeitinho brasileiro já vem de anos. Há cartazes lado a lado em disputa, havendo sucessivas renovações. Assim observa-se um festival de anúncios de shows pela cidade de A, B, C....na Lapa, na Barra, no Recreio, na Lagoa, no Centro etc. Mas não se esclarece onde haverá o evento. Na Lapa pode ser Fundição Progresso, Circo Voador, Bar Semente etc....Na Barra HSBS Arena, Citibank Hall etc. Na Lagoa Miranda.... Assim temos um sintoma da sociedade brasileira metaforizado: produtores fingem que cumprem a lei e pode público finge que fiscaliza. Como disse Stanislau Ponte Preta: “Ou nos locupletemos todos, ou restauremos a moralidade”.

Em termos de delito não vejo diferença entre camelôs que vendem DVDs piratas para sobreviver e  pessoas da classe média ( incluindo a tal “emergente”) que faz downloads em casa, grava em CDs, tira cópías e distribui para os amigos e a pessoas que se tornam amigas ( entenda-se aqui amizade não como aquela que é integra e verdadeira mas sim aquela que é puro verniz social). Estes últimos passam a ser convidados para festas, reuniões, ganham convites Vips, DVDs, camisetas e outros regalos. A diferença maior mesmo é que os primeiros põem suas caras à tapa e trabalham com dinheiro vivo. Os segundos operam em surdina e trabalham com escambo. Acredito que seja desnecessário acrescentar,  mas não resisto: se tenho alguma simpatia e solidariedade nesta história toda é com os primeiros....Com os segundos tenho feito cortes de escorpião, meu signo que tem um arquétipo com o qual me identifico.

Não são apenas os Bolsonaros, Malafaias, uma porção de evangélicos, católicos, grupos da família (sic) etc. que devem temer uma lei anti-homofobia séria, bem feita e que seja realmente bem aplicada, (como a Lei Afonso Arinos para os negros, a Lei Maria da Penha para as mulheres), não sendo mais uma lei que “não pega” na sociedade brasileira. Algumas autoridades que tem o poder de recomendação de filmes em cinema ou DVDs com cenas de homoerotismo que imprimem o anátema “desaconselhável para menores de 16/18 anos por conter cenas de desvirtuamento ético.” também deveriam ser enquadradas nesta lei.

Eu sei que sou suspeito,  pois com exceção de Copas do Mundo de futebol, acompanhar esportes em que mídia for ou ao vivo me provoca profundo tédio. Mas a impressão que tenho é que a máxima do espírito olímpico “O importante não é ganhar e sim competir” está cada vez mais rara, se é que já não acabou de vez.

Deus: a metáfora de todas as metáforas.

Tédio, resultado do assédio do tempo sobre os sonhos.

Enquanto os pobres vêm e vão de vans (muitas clandestinas), os ricos vão ao divã.

Viver é a arte de administrar o cobertor curto da existência. É só nos descuidarmos por um lado que sentimos um frio na alma por outro.

Para quem quiser relaxar um pouco diante de tantas questões colocadas sugiro, mui amigo, a visão deste filminho que Glauber Rocha fez por encomenda de José Sarney: “Maranhão 66 “

Antes de chegar no Rio de Janeiro para trabalhar e aqui me estabelecer até hoje, em janeiro de 1979, eu ouvia falar que a Lapa era um dos bairros mais famosos do Rio, principalmente pelos sambas históricos e seus Arcos. E assim continuei pensando, morando de início no contíguo bairro da Glória. Não é que em 2012 surge a criação do finalmente oficial,  pela prefeitura, do Bairro da Lapa, com limites que vão até perto da Cruz Vermelha? O que esperar de uma cidade onde isto acontece? Se não era um bairro era o que então? Se falassem em ampliação do bairro eu entenderia, mas criação? O espírito de Madame Satã e até do Noel de Vila Isabel, devem  estar aturdidos como eu, dentre outros.
Leitura afim:

Para mim o rock do anos 80 ( o chamado BRrock segundo Artur Dapieve), o iê-iê-iê de Roberto, Erasmo e da Jovem Guarda, o samba, o xote, o xaxado, o baião, a ciranda, o choro, o sertanejo, a milonga gaúcha, o samba-enredo, a bossa nova,  o tropicalismo, o funk e rap das periferais, o mangue-beat etc., tudo é MPB ou seja Música Popular Brasileira, onde as qualidades estarão nas músicas e não no gênero, para não cairmos numa geleia geral de aceitarmos tudo com sendo bom. E não é que ainda há premiações que separam discos de samba, pop e de MPB? Mais popular e brasileiro que o samba impossível! É preciso sempre relembrar Gilberto Gil: raiz é mandioca. Será que ainda temos  Jotas Ramos Tinhorões na praça? O próprio é um grande pesquisador da Musica Popular ( só ele mesmo para fazer uma História neste sentido na Literatura Brasileira). Mas ele superpõem ideias marxistas a sentimentos mais legítimos e íntegros, impalpáveis mas reais. Ele parece se comunicar mais com a  sociologia que estudou do que com a própria alma. Descartava o genial Johnny Alf ( o grande pai da Bossa Nova)  só pelo nome americanizado. Juro que li no JB. Não foi delírio meu.  Tinhorão: “Gonzaguinha não passa de um Ari Barroso” (sic). Sobre Elis escreveu que ele não entendeu Cartola em “Basta de Clamares Inocência”, como se houvesse uma forma só de se interpretar Cartola.

Uma crítica de shows do JB, Maria Helena Dutra chegou a escrever que “Conversando num Bar-Saudades dos Aviões da Panair era “uma das piores canções de Milton Nascimento” (sic).  E Sílvio Lancelloti um dos que mais detonaram “Odara” de Caetano Veloso  por supostamente ser algo bastante alienante numa era de ditadura militar  ( quando no fundo é um hino à alegria de viver e dançar) que de crítico musical passou a ser crítico de gastronomia....E pra terminar estes verbetes sobre MPB: reza a lenda que quando disseram que Maria Bethânia desafinava as vezes ela declarou: “Mas  se a gente desafina na vida, por que é que não pode desafinar na música?


Do jeito que anda a Medicina hoje, conforme acompanhamos pelos jornais e Michael Moore expôs muito bem com seu humor afiado ( necessário senão o filme ficaria doloroso demais ) em “Sicko-$O$ Saúde”, sobre planos privados americanos que inspiraram planos de outros países ( Brasil incluído), acredito que há médicos que fizeram não o juramento de Hipócrates, mas para o “deus” Hipócritas mesmo.

Vamos ao Cinema (com spoilers,detalhes adiantados para a análise pretendida) 

Quando assisti em 2011 “Melancolia”( Dinamarca/2011)de Lars Von Trier pela primeira vez não tive dúvidas: é uma obra-prima do Cinema Mundial. Um clássico instantâneo. O que se confirmou numa revisão. Não bastasse sua visão aguda do que é o universo da depressão ( como já fizera em “Anti-Cristo”), ele nos conduz tanto a especulações metafísicas  com a uma visão do mundo contemporâneo em derrisão, especialmente da Europa que parece estar a beira de ser destruída pelo planeta Melancolia. Logo depois aconteceu o que já previa ( um filme superararia ainda mais “Melancolia”): assisti no Cinema cada vez mais encantado e maravilhado quatro vezes  “A Árvore da Vida” de Terrence Malick, (EUA/2011),  um filme deísta que aponta para várias religiões mas não fecha com nenhuma. Isto irrita tanto materialistas empedernidos como religiosos fanáticos que ficam desapontados por não enxergarem no filme com mais ênfase a religião que cultuam. Mas aonde entra “Melancolia” em “A Árvore da Vida” ( filmes complementares cuja simultaneidade de lançamento mundial não foi por acaso).Ora, nos olhos tristes e desencantados de Jack ( Sean Penn) tanto em elevadores de edifícios modernos, no ambiente de trabalho, na relação fria dele com uma mulher separada, distante no leito etc. É esta melancolia que o move à busca de resgate com o pai fanático religioso Sr. O’Brien ( Brad Pitt, magnífico),músico frustrado que tentou impingir aulas de música aos filhos, descartado do trabalho depois de anos de dedicação, como algo agora imprestável,como tem acontecido neste nosso mundo de perversas reengenharias . “Trabalhar Cansa” (Brasil-2011) de Juliana Rojas  e Marco Dutra,  também trata deste tema com um final tão impactante e “lógico” dentro da narrativa quanto o de “Melancolia”, com o grito primal animal de Marat Descartes, digno de qualquer antologia do Cinema, fazendo a ponte entre tudo o que havia de estranheza com o que sai das vísceras de um homem humilhado por gerência de recursos humanos nazista).
Jack é movido também à busca do Pai, da transcendência. Considero muita arrogância quem assisti a estes três filmes tão ricos, singulares  e complexos ( principalmente o de Malick) uma única vez e já emite juízos definitivos. A rigor toda obra de arte tem de ser assistida, lida, ouvida, contemplada mais de uma vez. O que acontece com músicas que a princípio não nos seduzem, mas que depois de outras audições tornam-se repertórios de nossas vidas, também vale para todas as artes. O problema é que tudo agora é para ser rapidamente consumido, inclusive cultura. Está aí o gigantismo tolo persistente do Festival do Rio para confirmar isto ( Leia http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com.br/2010/12/consumir-cultura-e-um-bom-negocio.html  e http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com.br/2010/09/vem-ai-mais-um-festival-internacional.html ). Claro que há os fatores tempo, dinheiro, locomoção, oportunidade etc. que conspiram contra esta atitude necessária . Se críticos de arte pudessem em muitos casos não ter de dar respostas mais imediatas às mídias que os sustentam creio que a História de todas as artes que temos como legado seria outra. Até mesmo os ensaístas são afetados por estes fatores circunstanciais.  
“A Árvore da Vida” ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2011. Nas premiações de final de ano no mundo anglo-saxônico se destacou quase que como unanimidade “O Artista” de Michel Hazanavicius, um filme simplesmente muito bom, não havendo nada que o eleve ao patamar de clássico instantâneo. Até mesmo a premiação de Jean Dujardin é questionável. Brad Pitt está magistral no filme de Malick. É terno, cruel, fanático, pleno de fé, angustiado, opressor, sutil, oprimido, rude, agressivo, castrador, com religiosidade “fora de lugar”, com uma pletora de emoções das mais díspares. Já “Melancolia” recebeu o European Awards de melhor filme europeu de 2011, dentre outros prêmios.

PS1 O Deus Cronos ( que come os próprios filhos ou as horas ) está associado à  melancolia/depressão e ao tempo.

PS2 Cabala corresponde a “A Árvore da Vida”. Mas o cabalismo se encontra em várias culturas, não apenas na judaica. Há judeus que se apoiam simplesmente no Torá , mas há outros que incorporam o cabalismo como o Rabino Nilton Bonder, que não por acaso escreveu “A Alma Imoral” que tanto sucesso fez e ainda faz no monólogo com desempenho assombroso de Clarice Niskier. O filme é uma viagem no tempo não cronológica que vai do Big-Bang a Jack atravessando um portal onde encontra redenção e se regenera.
 The  End 

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Quando uma regra passa a ter um considerável número de exceções é por que nunca se tratou mesmo de uma regra. Pessoas por aí ditando regras sejam estéticas, ideológicas etc. já são suspeitas e de certo modo ridículas. Quando comparecem muitas exceções é algo mais ridículo ainda.

Muitos escritores relatam que houve pessoas importantes na família que foram boas contadoras de histórias.  No meu caso só minha querida mãe exerceu esta função. Mas foi com limitações, pois havia muitas histórias interessantes exaustivamente reiteradas. Assim, em retrospecto, o grande contador de histórias para mim foi o Cinema, depois o Teatro e por fim a própria Literatura lida nestes anos todos, aliados às histórias que se pode depreender de muita coisa da MPB ( Já reparam que Lupicínio Rodrigues é além de tudo o mais, um grande contador de histórias?) e as ditas reais, extraídas de jornais, revistas,  docs., cursos livres feitos etc. Tudo isto é ainda conjugado com experiência pessoais ( como incursões em cultos afro-brasileiros) e  observações privilegiadas de outras pessoas ( incluindo artistas consagrados etc.). Este amálgama influenciou muito meus escritos, muitos ainda fantasmas de gaveta que estão clamando por arrombar cadeados.  Resolvido um problema de herança que se arrasta há mais de dez anos terei capital próprio para bancar minhas edições impressas sem cortes de editores em livros. Não me satisfaz ter textos só na web, que são só uma pequena parte do que já tenho escrito. E mais esboços anotados não faltam para serem mais trabalhados enquanto poemas, contos, crônicas de cinema etc. Mas não à exaustão. Não tenho nenhuma vocação para busca de perfeccionismos como Flaubert e João Cabral de Melo Neto tinham, por exemplo.

Wim Wenders tem um dos títulos de filme dos mais interessantes: “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti”. Sempre que vou à Copacabana vejo sempre o mesmo filme: “O medo do camelô de DVDs piratas diante do “rapa” “

A montagem recente de O Beijo no Asfalto de César Rodrigues com Roberto Bomtempo  é excelente. É uma das grandes obras-primas de Nelson Rodrigues, onde um homem atropelado agonizando pede a um estranho que o acode que lhe dê um beijo na boca. Este ato poético de compaixão, generosidade será o estopim de uma desagregação familiar, de uma tragédia. Há muito machismo, truculência policial, sensacionalismo barato da imprensa, preconceitos que tecem ficções como se fatos fossem. É atualíssima. Vertiginosa. Nelson não dá um ponto sem nó. O texto não tem nada de datado. Foi escrito nos anos Jânio Quadros e sua temporada de um ano e meio no Teatro Ginástico próximo à embaixada americana, região palco de muitos conflitos de rua após a renúncia com o “Fi-lo-por-que-quilo”, foi suspensa por segurança. Uma peça que foi escrita por encomenda para Fernanda Montenegro fazer Selminha. Não vejo nela nada de  homofobia de Nelson ao mostrar o perverso sogro homossexual apaixonado pelo genro, corroído pelo ciúme. Não podemos esquecer que o autor é um anjo pornográfico. Não podemos enxergar só o substantivo ou o adjetivo. É nesta visão de mundo que Nelson desmascara grandes hipocrisias sociais, sempre eivado de sórdida e pura poesia.
Leia


Existem os gays, lésbicas e bissexuais no armário. Mas também existe os “homofóbicos no armário.”, ou seja, posam de liberais, simpatizantes, amigos do pessoal GLBT mas é tudo puro fingimento. Na hora em que algum desentendimento forte ocorrer ( um “Deus da Carnificina” de Polanski/Yasmina Reza atacar....) , pode surgir com toda força o preconceito enrustido ( “Seu viadinho filho da puta!”, por exemplo). De forma análoga existe o racismo no armário. Pessoal GLBT e negros/morenos devem estar mais alertas e precavidos.

O caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, mas o mais bonito é uma curva bem sinuosa. As curvas do Pão de Açúcar são muito mais interessantes que o caminho reto do bondinho.
Quando faço uma ligação e ouço: “Seu recado será convertido em texto e enviado por torpedo” tenho vontade de puxar meu revólver.

Gosto muito da Língua Portuguesa, mas não ao ponto de estar disposto a servi-la. Eu gosto de me servir dela para expressar o que desejo/sinto. Minha pátria é minha língua até certo ponto.

Atenção bolsonaros, malafaias, crivellas, papistas e congêneris! Tirem os espinhos que lançaram no meu caminho que eu quero e vou passar com meu amor.

Prefiro muito mais ser mais um Ed Wood das Letras do que um Orson Welles de maratonas culturais sublimadoras, excessivas, sem o menor vestígio de criação artística.

Seriam os críticos de modo geral, estilistas de idiossincrasias?

Essa grande obsessão de muitas pessoas trazerem para o tempo que passa, signos artificiais da juventude me cheira a mofo.

O que distingue filmes de arte que abordam sexo de forma bem explícita (como “O Império dos Sentidos” de Nagisa Oshima, “Intimidade” de Patrice Chereau, “Desejo e Perigo” de Ang Lee etc.) de filmes pornôs é a carga de emoções em suas variadas formas. Os filmes que eu chamaria de pornô ( sem nada de moralismo) seriam aqueles onde não haveria a menor emoção nas relações explícitas ( além de  conter ângulos dos mais deploráveis em termos estéticos, onde se tem a impressão de vermos um parafuso sendo apertado), acrescidos de um clima que sugere mais uma prática de halterofilismo, uma ginástica vulgar. Estes me entediam profundamente. Os primeiros me deixam aceso, quando não despertam tesão. Sou um voyer. Mas um sofisticado voyer. Creio eu.

Não. Ele não vendeu a alma ao Diabo. Vontade não lhe faltava. É que já  tinha vendido à Satanás.

Da mesma forma que dizem “quem não cuida da política, a política acaba cuidando dele”, podemos dizer nós GLBTs que “quem não cuida da religião, a religião acaba cuidando dele”. Eu, pelo menos, não tenho a menor vocação, para a servidão voluntária à repressão dos meus desejos mais íntimos e legítimos me submetendo a obscuros desígnios.

Quando leio num jornal que certo líder político está em processo de fritura no Planalto, confirma minha impressão de que se tem alguém na Caldeira do Diabo. Por pior ou melhor que seja um líder, se governado por pessoas honestas,  deve ser chamado logo para conversas claras e objetivas e decisões superiores imediatas devem ser tomadas. Frituras política me soam como atividades mafiosas homeopáticas no mínimo, algo desprovido de noções éticas básicas.
“O deputado Arlindo Chinaglia, líder do governo na Câmara, está em processo de fritura no Planalto.Não se sabe se fritarão também suas guarnições no Ministério da Saúde e nas agências reguladoras do setor.”- Elio Gaspari

O Brasil anda tão mal que não sabemos mais nem quem é Luiza Erundina: aquela que desistiu de ser vice de Haddad pela foto de Lula com Maluf ou esta que agora é vista em fotos fazendo campanha para Haddad. Isto agora confirma o fio da suspeita que me acometia: afinal Erundina deixou de ser vice por causa da foto, mas teria continuado se estas costuras políticas tivessem sido feitas nos bastidores? Este pragmatismo desvairado vai nos conduzir ainda a mais pragas e abismos.
Leituras afins:
Não concordo com muita coisa a varejo que Arnaldo Jabor escreveu mais adiante. Ele continua ignorando a privataria tucana, segundo aguda acepção de Elio Gaspari; não comenta a compra de votos para reeleição de FHC; ignora o pé maldito do tripé do Plano Real  que são os juros altíssimos que  provocaram desendustrializaçao no país etc. Mas no atacado Jabor está corretíssimo. E eu prefiro mil vezes Jabor com suas hipérboles poéticas apocalípticas tucânicas do que o silêncio conveniente das Marilenas Chauís que não publicam mais nada na chamada grande imprensa, pois ela seria golpista. No atacado concordo em muito com Jabor e este mundo descrito por ele me assusta bastante também, ainda mais sendo homossexual, conhecedor do que podem fazer evangélicos fanáticos com as causas GLBTs e outros “islâmicos”.


Mas uma luz no fim do túnel chega, sem que seja a de um trem camuflado. Imperdível o artigo irretocável de Francisco Bosco.

Ou o Rio de Janeiro acaba com a cultura de VIPs com a fatia do Leão em espetáculos singulares ( como os de Peter  Brook no Rio de Janeiro) e a patuléia  ignara, a choldra, a chusma indócil que se estapeie  pelas sobras, este num caso mais agudo, dentre tantos outros, ou estes VIPs e patrocinadores acabam com a Cultura do Rio de Janeiro.

Entreouvido no Complexo do Alemão: “Meu filho, o que você quer ser quando crescer”. “Eu quero ser VIP para arrombar bocas livres”.

Quando a barra econômica pesa, muitos executivos despedem não quem realmente presta para o trabalho, mas quem se presta a ....( vocês sabem.....).
O máximo de ironia é estar sendo torturado na Ditadura Militar ou numa delegacia do novo milênio e ouvir ao longe uma rádio tocando: “O melhor  lugar do mundo é aqui e agora”. Lembremos de Millôr: “A música é a única arte que nos ataca pelas costas”
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Para chegarmos até à Arte podemos pegar os atalhos do coração, mas para atingir a Ciência não há como evitar os caminhos ásperos da razão.

Existe algo de muito errado em um mundo onde o que muitos homossexuais mais desejam receber de forma natural e legítima é por muitos dirigidos a outros em momentos de raiva extrema como se prazer e legitimidade nesta intimidação não existissem e sim vergonha.  Ora, vão tomar cuidado com frases tolas!

A grande genialidade de Nelson Rodrigues está em captar o que há de mais irracional nos sentimentos e relações humanas, dostoievskianamente, com a maior clareza e “lógica narrativa possível”, com histórias que fluem como água no torvelinho do ralo.

Há intelectuais que citam Adorno só para adornar suas pensatas.

O meu suposto niilismo é apenas um chiste diante do abismo: “A mim, não me tragas não”.

Acreditando estar pleno de altruísmos no fundo estava vazio com seus truísmos banais, simplistas, conformistas.

Quando alguém diz/escreve que acabaram todas as ideologias, esquece-se de que esta afirmação já é uma ideologia. O verso mais preciso de Cazuza seria: “Eu quero uma ideologia decente para viver”.

Brasil, de1500 ad aeternitatem : “Desculpem o transtorno. Estamos em  obras.”

Um dos quesitos para não sermos hipócritas é termos um razoável discurso teórico comprovado por nossa prática. Coerência total é impossível. Lembremos que aquele que disse “Amai-vos uns aos outros”, perdeu a paciência, com toda razão e expulsou com açoites os vendilhões do templo.Mas acrescento: há incoerência perdoáveis e outras nem um pouco.

Ampliando Bertold Brecht: “Primeiro comer depois a moral”. Para os políticos eleitos, primeiro a moral ,depois pensar /agir sobre com dar de comer aos famintos.

Ah!Meu sacro-santo! Quanto pendor tenho para confundir/fundir o sagrado pelo/com o profano.

Para uns Deus é um delírio. Para mim é um colírio para as infecções das janelas da minha alma.

Não perca por nada o lançamento em DVD de “Elvis e Madona” de Marcelo Laffitte. O filme seria assinado por Pedro Almodóvar sem nenhum favor. Só que sai a Espanha e entra o Brasil pela ótica de Copacabana. O conceito de “de perto ninguém é normal” ou seu equivalente “de perto todo mundo é normal” almodovariano encontra sua melhor expressão aqui, dentro da História do Cinema Brasileiro. Em suma trata-se de uma grande história de amor ( improvável?) entre uma lésbica fotógrafa que ganha a vida entregando pizza Elvis ( Simone Spoladore, esplêndida) e um travesti que vive como michê e sonha em fazer um grande show, Madona  ( Igor Cotrin, não menos esplêndido). Tudo no filme é excelente: direção, fotografia, roteiro ( premiado no Festival do Rio), atores principais e coadjuvantes, montagem, música. Os críticos estrangeiros que trabalham no Brasil deram prêmio este ano de interpretação aos dois atores principais, algo mais do que justo, o que me espanta não ter acontecido em outras premiações. A história caminha de forma vertiginosa até um desfecho arrebatador. Marcelo Laffitte precisa ser descoberto pela produtora El Deseo de Pedro e Agustin Almodóvar, que já produziu filmes de Lucrecia Martel. O filme passou batido pelo circuito de cinemas. Mas o vi três vezes, maravilhado. É um show de humanidade e humor, às vezes negro. O roteiro vive de dar rasteiras no comodismo e preconceitos do público médio. Espera-se que o filme encontre melhor o público de modo geral em seu lançamento agora em DVD. Como os de Almodóvar não é filme de gueto.

Nelson de Souza- nome de batismo
Nelson Rodrigues de Souza- nome artístico, incorporando o Rodrigues de minha mãe.