Mergulhos, Pedregulhos e Pérolas
“O
fato de os americanos
desrespeitarem
os direitos humanos
em
solo cubano é por demais forte
simbolicamente
para eu não me
abalar
A
base de Guantánamo
A
base da baía de Guantánamo
Guantánamo”
Caetano
Veloso em “zii e zie” com a banda Cê
Obs.
Todos os textos&frases são meus, exceto os que vierem com outras
assinaturas.
Nelson
Rodrigues de Souza
O fato de Lula em quem votei durante anos
Desrespeitar nossos sonhos e planos
Turvar nosso democrático sol
E ainda posar junto a um procurado pela Interpol
É por demais forte e de amargar
Simbolicamente para eu não me abalar
A foto de Lula com Maluf
A foto de Lula com Maluf
A foto de Lula com Maluf
Escola de Samba Brasil/ Enredo Eterno em Transe (?):
“Lampedusa/Visconti na cabeça! É preciso mudar para que tudo continue como
está”
O Inferno é um lugar onde se fala em Economia
durante 24 horas por dia e ninguém pode dormir.
Todo gay é um pouco Madame Satã.
A diferença entre eu e Madame Satã é que ele usava a
navalha propriamente dita. Já eu me valho do poder de navalha das palavras.
Quem vê PIB não vê coração nem vísceras.
O amor é a ausência de estratégias.
Não é que eu não me aceite enquanto homossexual. O
que não aceito é essa farisaica e hipócrita que não me aceita e os que contribuem para que ela continue
assim, como a presidente e seus acordos para a “governabilidade”, tornando o
Estado na prática nada laico.
Estamos sendo usados pela presidente, diz João
Silvério Trevisan na 15ª Parada gay de SP.
Em entrevista na 15ª Parada do Orgulho Gay de São
Paulo, João Silvério, um dos fundadores do movimento homossexual no Brasil,
afirmou que o movimento LGBT virou "moeda de troca" de parlamentares.
O grande desafio do ser humano é em tudo e por tudo
procurar o caminho do meio budista, mas
sem cair na mediocridade ( as cordas do instrumento não podem estar frouxas
senão o som sai muito ruim, mas não podem estar por demais apertadas senão
arrebentam).
Com quem eu gosto eu quero que caiam todas as paredes e o mundo inteiro saiba.
Se formar Engenheiro do ITA
Para o Bem e para o Mal
Uma façanha bonita?
Não é para qualquer mortal...
A perfeição é inimiga da realização.
Deus não criou o pau para o Diabo criar o ânus com
suas maravilhosas profundezas de zona erógena bastante especial. Para
Adelia Prado
O eufemismo mais sórdido no novo milênio é chamar
corrupção de mal-feito.
Bolsonaro declarou à Playboy que ter vizinho gay desvaloriza o
imóvel e nada aconteceu. E se tivesse dito, judeu, negro, mulher, deficiente
etc...o que aconteceria? Choveriam processos e manifestos. E uma lei
anti-homofobia não sai. “Eles” têm medo até de um kit anti-homofobia. Será que
vamos ter que esperar para que de forma análoga um político de alto escalão em
Brasília passeando com seu filho, tenha sua orelha quase que decepada como aconteceu em São Paulo com um pai e
filho, num ataque de neo-nazistas, impunes até hoje?????
A carne mais barata do mercado não é a carne negra.
É a do “veado”.
O filme mais intensamente erótico que já assisti é
“Mulheres Apaixonadas” ( Inglaterra/ 1969) de Ken Russell, baseado na obra
homônima de D.H.Lawrence. É um cult movie aqui em casa. A sequência de luta
entre Oliver Reed e Alan Bates que culmina na descoberta enquanto seres
desejantes e apaixonados é arrebatadora, inesquecível. Isto vai determinar a
relação que terão com as mulheres apaixonadas do filme. A aceitação conduz à
potência de viver, a se impor diante de obstáculos. A negação de si mesmo, aliada ao ambiente alienante
e hostil de uma sociedade exploradora de minério desumana e rotineira,
anti-vida, conduzirá um personagem ao
suicídio. Façam suas escolhas após descobrir aquilo que não se escolhe. Como
Pasolini, D.H.Lawrence era alérgico à sociedade industrial. Como eu sou
também.
“Escrevo,
logo existo”. Não. Clarice Lispector não escreveu isso. Mas poderia tê-lo feito
com o maior mérito.
Pelas suas intervenções descabidas, Lula está mais
para um “rei da cocada preta” do que para um ex-presidente.
O que a gente considera uma declaração de sabedoria,
pode ser lido por outros como uma platitude. E aqui não temos uma exceção.
Os meus desafetos não vão comemorar. Mas para o bem
e para o mal, eu sou um brasileiro com memória afetiva de elefante. Posso perdoar
mas esquecer jamais.
Cada um sabe o quanto lhe dói o “eu me calo”.
Vivemos sob a égide da ilusão de liberdade, da
crônica e assumida desigualdade e a total falta de solidariedade.
As religiões são instrumentalizadas para ser o ópio
dos povos. Não que necessariamente, assim o sejam.
O futebol não é, mas se tornou, instrumentalizado, o
crack das massas-povo brasileiras. Nada de “Veneno Remédio”. É “Veneno Veneno “
mesmo, Zé Miguel Wisnick.
Não é sintomático que membros da corrente “Construindo
um Novo Brasil” deturpem as eleições em Recife 2012 para prefeito ,
impondo um candidato externo às prévias
já realizadas que davam força a uma nova candidatura do atual prefeito e
que isto tudo tenha o apoio autoritário do ex-presidente?
Não é entrar pelas portas dos fundos na Rio+20, um
país que ainda não tem um Código Florestal devidamente discutido e aprovado e
como se não bastasse na cidade onde se deu o evento planeja-se a destruição de
várias árvores centenárias para construção de uma estação de Metrô? E o que
dizer dos incentivos às montadoras automobilísticas, via isenção de IPI quando
caos é uma palavra fraca para explicar o que acontece com o trânsito nos
Centros Urbanos, com o excesso de automóveis ( poluidores...), com fraca
política de transportes? Maldição seria uma palavra melhor.
Não entendo quase nada de futebol, mas não é digno
do Guinnes um time estar ganhando e levar três gols em seis minutos do segundo
tempo?
Malha-se tanto o socialismo ao Sul do Equador
enquanto a Europa tenta reerguer-se justamente pelos ventos novos que vêm com a
eleição do socialista Hollande na França democraticamente. Nada a ver com
comunismo, ditadura do proletariado, partido único e nem tentativas de cercear
a liberdade de imprensa. Já no Brasil o que temos é só fachada e peleguismo,
fora o PSOL. PSTU e parentes são radicais demais pra meu gosto. E viva o
euro-bônus, como uma ideia inicial.
BRICS
Guarda chuva chinês
No camelô a cinco reais
Não dura nem um mês
Assim eu não compro mais
Para a condição kafkiana do homossexual não vale o
adágio popular: “Quem não deve, não teme”. Há muito que se temer sim. Mesmo sem
dever nada.
Será que a presidente tem tido tempo de ir á missa
aos domingos?
Para acabar com o aparelhamento do
PT@companheiros&comissários(as) do
Estado Brasileiro sou capaz até de fazer uma loucura: votar no PSDB!!!!
Mais loucos e irresponsáveis do que estes papas que
durante séculos pregaram contra os preservativos e métodos contraceptivos são
os fiéis que esperaram Bento XVI ter certo lampejo de lucidez (depois de ter
pregado contra até na África com tantos HIVs positivos) e não mais torná-los
proibitivos “em certos casos” *, para então passarem a utilizar as populares camisinhas. Até então
HIVs, DSTs ( como a perigosíssima hepatite C) e filhos não desejados,
cresceram e se multiplicaram ....
Depois de tantas utopias falhadas e/ou pervertidas o
mundo não só não melhorou como aumentou a imundície.
Como tem comissárias mulheres no governo Dilma! Será
meritocracia ou nepotismo sexista? Tudo bem. Quando eu me eleger presidente com
coligações até com Malafaias, Bolsonaros, Crivellas etc. vou escalar João Silvério Trevisan para o
Ministério da Cultura, Gilberto Scofield Jr. para Planejamento, Luiz Mott para Educação, Jean
Wyllys para Relações Exteriores, André
Fisher como Porta-Voz do Planalto, Ney Matogrosso para Saúde, Ana Carolina para
o Trabalho, Sérgio Bianchi para Defesa, Ângela Rô Rô para Agricultura, Luis
Carlos Lacerda para a Pesca, Rogéria para o Trans-portes and soo n.....Ah sim...Os coligados eu os indicarei para Embaixadas em países em guerra
civil.....
O “Amai-vos uns aos outros” se transformou mesmo em
“Armai-vos uns e outros”.
Se meu mundo cair eu que aprenda a “negociar”.
No Brasil em vez de “Pequenas Empresas, Grandes
Negócios” tem-se “Grandes Empreitadas,
Gigantes Negociatas”.
O sistema capitalista é tão bom que o sonho de
muitos empregados é terem os seus próprios negócios e dar as costas aos
patrões ( “Fui!...), num ambiente de
trabalho bastante “salutar”. E repetirão este círculo vicioso os que
conseguirem.
O “Patrão Nosso de Cada Dia” é meu Senhor e tudo me
faltará com tantas flexibilizações trabalhistas.
Quando a CPI do escândalo Cachoeira em curso,
rejeita a convocação do ex-presidente da Delta, Cavendish, uma figura chave a
se ouvir diante de tudo o que ocorreu, confirma Caetano: “Aqui tudo parece que
é ainda construção é já é ruína” ( Fora da Ordem).
A retórica é o conto do vigário dos pseudo-filósofos.
O combustível que movimenta o país do “Nunca Antes “
é a corrupção em suas variadas camuflagens.
Minha proposta aqui
Que não sei se será bem sucedida
É escrever com humor, ironias
E por que não alguma poesia?
Sobre mazelas do nosso Haiti
Visando de forma mais decidida
Solapar, dissolver teias de hipocrisias.
O político é um fingidor. Finge tão completamente
que chega a fingir que é louvor, o que é corrupção evidentemente. ( As exceções que me perdoem...os demais que
vistam a carapuça....).
Algo que não se discutiu na Rio+20 foi como se dá
sustentabilidade a uma família com pai, mãe e filho cuja única fonte é o
salário mínimo ...( Peguem um dicionário de Economia, façam as contas e
constatem que o valor praticado é anticonstitucional).
Eu prefiro ser poeta menor
E ter uma vida maior em todos os sentidos
Do que ser marginal genial numa curta vida
Colhendo flores só após a morte e dos arrependidos
A vida vencendo com mais astúcia
E não a arte em suas corridas.
Do jeito que estão as coisas temos que ter não um
Plano B, mas Planos C, D,E, .......Y,.Z
e se possível ainda alfa, beta e gama.
Cabalistas e astrólogos precisam nos explicar porque
em 2012 se comemora tantas efemérides: é trinta anos disso, 100 anos daquilo,
70 anos dacolá, 50 anos então...and so on....Vontade
sincera de prestar homenagens, ou desespero de marketing e/ou de pauta para
jornais????Estão comemorando até os 15 anos de Rede Cinemark!!!!
Rainer Werner Fassbinder, um genial diretor, ator,
autor que foi “um artista que se deixou consumir pela própria arte” ( Macksen
Luis) afirmou: “O amor é a maior forma de tirania que existe”. Eu não chego a
tanto, mas que “o amor pode se transformar na maior forma de tirania que existe”,
eu acredito. Já constatei/vivenciei.
Poetas de todos os países e matizes, uni-vos
Lancemos com força nossos uivos
Diante do Estado das Coisas tão nocivo.
Meu interior é decorado com as lágrimas vertidas
quando você foi embora e com as flores que não mais lhe dei. A Marcelo Jeneci e Marisa Monte
Fanatismo é algo sempre perigoso. Mas o mais
predatório deles é o religioso.
Quanta feiura e dor com a ausência de sua beleza e
prazer.
O homem é uma ilha rodeada de mentiras por todos os
lados.
Não é integrado nem apocalíptico. É político.
A Paisagem Carioca é agora merecidamente Patrimômio
Mundial. Falta agora o Cristo Redendor acordar e nos proteger realmente de
nossas autoridades. Estes braços não parecem abertos, mas cruzados. A Cazuza
Dado a gravidade e afronta à dignidade da associação
Lula/Maluf e o fato do primeiro ser presidente de honra do PT, partido que
permite boa governabilidade à
presidente, não seria o caso da Interpol interpelar o governo
brasileiro? Que edifício poderemos construir sobre estes alicerces tão
apodrecidos?
Leitura afins:
“Até hoje se deve a esse articulador de consensos o
exemplo de que um líder político pode ser esperto sem deixar de ser honesto,
hábil sem apelar para trapaças.”- Zuenir Ventura
Em certas circunstâncias o filet
mignon do amor é a solidão.
Eu acredito no sobrenatural. Este é o natural
desconhecido, camuflado, que muitos não querem conhecer, até mesmo cientistas, filósofos,
psicanalistas, psiquiatras. No fundo o receio maior é de perda de reserva de
mercado.
Mesmo com a derrocada econômica e social dos EUA
após a explosão da bolha imobiliária e com o navio europeu movido a euros
naufragando, ainda há muitos dogmáticos que defendem o fim das ideologias e
proclamam o capitalismo de mercado como o melhor dos mundos, sendo que os
gravíssimos acontecimentos teriam sido apenas acidentes de percurso. O que é
muito curioso (repito mais uma vez para ver se aprendem.....)é que o naufrágio
europeu só encontrou saídas e esperanças através da eleição na França de Holland
pelo Partido Social Democrata , sendo ele um agente catalisador que tem feito a
neo-Margareth Thatcher, Angela Merkel, rucuar de algumas posições de “austeridade”
para países se suicidarem.
“Não existem Ciências Econômicas. O que existe são
Políticas Econômicas”. – Olgário Mattos
Paul Krugman, colunista e Prêmio Nobel de Economia
escreveu que o problema da região do euro é o próprio euro, uma péssima ideia que
surgiu, pois criou-se uma moeda única mas sem um comando político geral que gerisse essa moeda. Sempre tive a mesma opinião. E como Saramago
que escreveu “A Jangada de Pedra”, onde Portugal se descola da Europa em vez de
a ela se unir artificialmente, nunca consegui separar Economia de um país de
sua cultura. Assim, dizer que os gregos são assim...assado...é má fé..bobagem. Leiam o conto que escrevi no
Blog, onde quase tudo é verdade ( aconteceu comigo), com as mentiras sinceras
da ficção.
As canções da Bossa Nova não dão mais conta do que é
a cidade do Rio de Janeiro hoje. A mais
certeira é de Fausto Fawcett: “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da
beleza e do caos”.
Um dos sete cavaleiros do apocalipse é o mantra
“manda quem pode, obedece quem tem juízo”, muitas vezes repetido em ambientes
civis e militares. Não. O mantra sagrado, não este maldito, deveria ser: “Manda
quem tem poder e necessidade de mandar e com rápidas considerações ( de ordem
interior e exterior) só obedece quem
considerar que quem mandou realmente tem juízo”. Ao
Capitão Sérgio Macaco, o brasileiro mais importante depois de Tiradentes, um
herói brasileiro da abertura democrática que se recusou a explodir o gasômetro
a mando do Brigadeiro Burnier
Leitura afim: “Tenho reiterado a necessidade de que
todo o povo brasileiro conheça melhor e se engaje nos debates sobre esse setor
estratégico para o país. A Defesa não pode ficar restrita ao meio militar. Nem
mesmo deve a discussão sobre ela ficar limitada aos círculos governamentais.
Deve ser assunto de todos os brasileiros.”- Celso Amorim
Alma é aquilo que em nós vibra quando somos expostos
ao que se chama poesia/arte.
Que inocência a minha. Eu pensava que crakcolândia
do Rio de Janeiro era o lugar abandonado onde jovens também abandonados
viciados em crack se esbaldavam no consumo e ali moravam..O meu grande erro foi
acreditar que existia “A crackolândia”,quando
o que existe são várias, até numa delegacia sucateada da Zona Norte.
Concordo com Seu Jorge. Uma UPP é uma ditadura
militar. Tem de ser formados líderes comunitários, com a polícia só no seu
papel de formação. Policial militar não é treinado para ser “juiz de paz na
roça de Martins Pena”. E por UPP eu
entendo , Unidade de Polícia Para Futura Pacificação. É um caminho. Não é o
destino final. O resto é propaganda eleitoral.
Leitura afim:
Ah! Se soubessem quanta antipatia
Tenho por esta epidemia de franquias
(Até mesmo independentemente da qualidade)
Que dominam o mercado exibidor brasileiro
Inundando as telas de todas as cidades
Como as águas inundaram as serras
Fazendo como que o Cinema Brasileiro, sem exagero
Continue “estrangeiro em sua própria Terra”.
A
Paulo Emílio Salles Gomes
No O Globo de 12/07/2012: “ Calote do brasileiro
cresceu 19% este ano”.
Cazuza num Centro Espírita: “ Eu alertei :” Meu cartão de crédito é uma navalha” ”
Num momento bastante infeliz de sua vida nos
primórdios do aparecimento de vítimas fatais da
Aids, Dom Eugênio Sales , então arcebispo do Rio de Janeiro,
declarou que era um castigo de Deus para
os homossexuais, o que deve ter amplificado a homofobia ( atávica) do machismo
brasileiro . Só que este Deus do arcebispo além de muito cruel era burro, pois
conforme se constatou depois os grupos de risco formam todos nós e numa análise
comparativa as lésbicas mais bem comportadas teriam risco menores do que casais heterossexuais e gays...
O historiador Helio Silva no fim da vida se
resguardou em algo como um mosteiro católico em Minas Gerais. Ele era formado
em Medicina ( Urologista) e nos anos 80 ( quando a OMS já não considerava mais
a homossexualidade uma doença) apresentou-se de seu refúgio na TVE como alguém
sem preconceitos , enfatizando como médico, que o ânus não foi feito para o
pênis anatomicamente .....Em que mundo viveu Helio Silva? Será que nunca soube
que de tempos imemoriais sempre se praticou a sodomia por diversas
sexualidades, homo ou não, por se lidar com uma das zonas erógenas mais
prazerosas do corpo humano? Será que ele nunca conversou seriamente com os
amigos artistas de seu neto diretor e ator Buza Ferraz?
Leitura afim:
“Seu papel mais importante na TV, no entanto, foi na
novela "O Rebu" (1972), que exibiu o primeiro caso homossexual da
teledramaturgia nacional.”
http://babado.ig.com.br/noticias/2010/04/03/morre+no+rio+o+ator+buza+ferraz+aos+59+anos+9447149.html
Ps .A sexualidade de Buza Ferraz não me interessa.
Aponto aqui a possibilidade que Helio perdeu em não aprender algo mais
substancioso sobre homoerotismo através
dos contatos de Buza.
Já assisti a um longo e muito bom documentário sobre
vida/obra de Rainer Werner Fassbinder com diversos depoimentos e abordagens .
Mas sobre sua (bi) homossexualidade nada! Sobre as drogas, remédios, álcool,
stress que o levaram à morte sim. Conclusão: Thanatos é bastante exposto. Eros
não poderia. É maldito. Pegaria mal para um diretor que realizou três
obras-primas, no mínimo, sobre relações homoeróticas: “As Lágrimas Amargas de
Petra Von Kant”, “O Direito do Mais Forte a Liberdade ( Fox e Seus Amigos)” e
“Querelle”.......
Na Literatura Brasileira quem era mais dionisíaco
(“mal-comportado”)? Mário ou Oswald de Andrade? Claro que Oswald de Andrade que
nos legou o “Manifesto Antropofágico”, “O Rei da Vela” com tantas influências
como no Teatro de Zé Celso Martinez Correa e no Tropicalismo etc. Num dos seus
poemas Mário relata que não há barulho mais bonito do que o cair de um cinto de
um negro num quarto de hotel. No entanto quando os dois Andrades se desentenderam e não se falaram nunca mais, uma das razões (
talvez a principal) tenha sido o fato de Oswald chamar o homossexual Mário de forma pejorativa, sem
atenuantes carinhosos: bicha/viado! Reza
a lenda que Oswald teria lançado a boutade: “Mário é um Oscar Wilde de costas”.
Por ironia Zé Celso, o artista brasileiro mais influenciado por Oswald que
conheço, com a clássica montagem “O Rei da Vela”, marco do Teatro Brasileiro,
tem se esmerado em fazer espetáculos que transcendem bastante o que se costuma considerar Teatro e com seu
grupo Uzina Uzona do Teatro Oficina tem montado autênticos rituais dionisíacos
consagrados ao Deus Baco e sempre que podendo carregando bastante no
homoerotismo. Tempo...tempo...tempo....tempo...Zé Celso deve ser o cavalo do
espírito de Mário “para se vingar de Oswald....”. And last but not least vale a pena lembrar que com tantas
discussões que “Desde que o Samba é Samba” de Paulo Lins pode trazer, o romance
tem sido criticado por alguns por conter diálogos com conversas sobre
homoerotismo entre Mário de Andrade e Assis Valente....As tentativas de
suicídio e o final tristíssimo de Assis podem
ser narrados, mas que ele era homossexual não...Haja preconceito...
.
Mundo imundo
Se eu me chamasse Dênis
Seria uma rima para meu pênis
E não uma solução
Para minha solidão.
Eu sempre fui muito mais sexo&cinema@mpb. Minhas
drogas&rock and roll estrangeiro já estão no DNA da minha sexualidade
desviante do que tolos chamam “a norma”.
Tá legal eu aceito o argumento. Mas não me alterem
nomes tanto assim: Citibank Hall, Arena HSBS, Teatro Maison Du France PSA
Peugeot Citroën, Itau Arteplex, Espaço
Sesc de Cinema, Cine Bombril, Teatro Net Rio, Vivo Rio, Estação Vivo Gávea etc.
Olha que
rapaziada está sentindo a falta de nomes afins enfim. E quando só houver
sustentabilidade como Teatro Municipal EBX Eike Batista me avisem antes, que eu
volto danado pra Catende....
Desde que eu me entendo por gente eu virei bicho
para enfrentar estas selvas de pedra.
A evolução natural darwiniana após um Big-Bang ( do Nada/Vazio
veio que energia para provocar esta explosão?) pode explicar a existência de um
urubu mas jamais a beleza de um pavão macho de asas abertas, com seus infinitos
detalhes, conforme nos mostra Fellini em “Amarcord”, numa epifania yunguiana.
Há um Joãozinho Trinta por trás de toda estas belezas da Natureza, homens e bichos incluídos. Este João muitos
chamam de Deus.
O que é supersitição para uns pode ser rito sagrado
para outros.
Para se ter fé em Deus, tem-se que aceitar o
corolário popular: “Deus escreve certo por linhas tortas”. O desfecho de
“PIckpocket-O Batedor de Carteiras” de Robert Bresson é exemplar neste sentido:
“Que longo e tortuoso caminho eu tive de percorrer para chegar até você”.
O homem contemporâneo não só vendeu a alma ao Diabo
do consumismo desvairado como também vendeu bem barato.
Dizem que rima na prosa é pobreza, vício de
linguagem. Mas o que posso fazer se isto está na minha natureza, se vejo aí
beleza para passar minha “mensagem” com a inteireza desejada?
Vejam só como interpretar um texto está sujeito
bastante a subjetividades. Sempre que ouço a belíssima “Nobreza” de Djavan (
“Uma grande amizade é assim/Dois homens apaixonados/.......Acenando pra gente/
O amor crescendo enfim/Como capim para os meus dentes”), eu logo imagino um
fellatio homoerótico.Sendo bem objetivo: o que cresce é o pau do amante, o
capim são os pelos ao redor. É por isso que desconfio de todas as críticas de
arte (qualquer arte) que querem se mostrar bastante distanciadas, independentes
e objetivas. Há que se deixar sempre graus de incerteza em muitos aspectos.
“Deus ajuda quem cedo madruga”. Este dito popular se
tomado literalmente é uma bobagem. Todos
os artistas da noite, por exemplo, estariam condenados ao Inferno em vida. Mas
se entendermos madrugar como batalhar para realização de nossos sonhos e
desejos ( “não esperar cair do céu....”) aí sim faz sentido. Deus dá um
empurrãozinho definitivo para as realizações.
“Nada me mete mais medo do que governos que tratam criminosos com aperto de mãos e artistas de maneira criminosa”- Felipe Hirsch
em O Globo, 16/07/2012. E eu incluo “
artistas e homossexuais”.
Minha beat
generation são os tropicalistas. Caetano é meu Jack Kerouack. Gil meu Alan
Ginsberg. Ou seria o contrário? Mas meu
Burroughs. certamente é Tom Zé.
Sim gente. Vamos contribuir para a reciclagem do
lixo. Mas por favor, não confundir: reciclar políticos que se mostraram/mostram
um lixo de modo algum. Procurem outras
opções para o voto consciente.
Deus não dá asas a cobras. Mas muitos povos
majoritariamente já deram, dão e continuarão?
Do jeito que avançam as notícias sobre os tentáculos
da corrupção do caso Cachoeira, vamos acabar chegando à conclusão que a política no Brasil é uma
escola de samba patrocinada em maior parte por um bicheiro.
Dentre incontáveis malefícios causados pela Ditadura
Militar está a confusão entre o exercício da autoridade e autoritarismo. Até
pais confundem estes conceitos em relação à educação dos filhos gerando muitas
vezes desmandos e em outras permissividades e omissões.
O Mercado reagiu,sinalizou, transmitiu, reclama,
ameaça, aquece, esfria etc. Até artistas se rendem e se referem ao “aquecimento
do mercado” de musicais por exemplo. Meu Deus ! Ressuscite seu filho para
expulsar com seu chicote os novos vendilhões do Templo Mercado, a religião
hegemônica e mais fundamentalista e cheia de dogmas do mundo de hoje.
Sem nenhuma ironia, claro que sou a favor da ideia
em prática da Lei de Acesso à Informação
Pública para tornar transparente os gastos em várias instâncias. Afinal o
dinheiro vem dos impostos altíssimos que pagamos. Mas quem trabalha na chamada
iniciativa privada dá sua força de trabalho, muitas vezes superando seus limites
com efeitos até na saúde. Não seria o caso também de tornar transparentes
balancetes de empresas etc, bens e salários de empresários, de executivos,
enfim de todos os trabalhadores, para que se possa saber se o salário pago está
sendo realmente justo e trabalhadores poderem então através de seus sindicatos
reivindicarem o que merecem ganhar, tanto nas pequenas, médias ou grandes
empresas?????. Ganhar remuneração à altura do trabalho realizado é tão
importante quanto não pagar impostos abusivos e ter estes recursos bem empregados.
Demonizar o Estado e achar que o mercado regula o resto é conto da carochinha.
Trabalho não pago....Olha a mais valia de Marx aí gente se fazendo presente.
Não se é contra o lucro. O problema é o lucro que vem do trabalho mal
remunerado. Extração da mais valia era o que se dizia, mas a queda do muro não
apagou esta mancha. Trabalhar cansa. Que seja bem pago o trabalho. Algo análogo
também não deveria haver com serviços particulares pagos como planos de saúde
etc.? Enfim: o corpo do trabalho social como um todo deve ser transparente,
desnudado. O resto é empulhação e hipocrisia.
Sauna Rodriguiana Catolaica Evangelista
Todo Sêmem Derramado Será Castigado.
A UFRJ recuperou a posse do terreno do Canecão e
nada faz com ele. Não fode, nem sai de
cima. Ninguém vai tomar nenhuma atitude?
E aí em Bruzundunga foi instalada uma CPI das CPIs
anteriores para entenderem de uma vez por todas por que todas acabaram em
pizza. Desta vez até o presidente
resolveu fazer parte da comissão de notáveis escolhidos. Quando descobriram que um dos membros ( bem
graúdo) era um das chaves do enigma, entenderam o que procuraram saber, foi
lacrada e mais uma CPI acabou em pizza.
“Uma pessoa pode estar com a cabeça no congelador de
uma geladeira e os pés numa bacia de água escaldante. Na média ela está bem”. É
uma anedota apenas?Não. Atenção consumidoro&eleitor&cidadão&afins !
Muitas estatísticas oficiais e privadas que lhes são lançadas estão
contaminadas por esta piada mortal. E
não adianta apelar para o Batman. O Coringa está onde menos se espera também.
A mais bela obra de Oscar Niemeyer é sua frase que
ele gosta tanto de repetir e está coerente com sua vida, sua invejável
longevidade e criatividade. :”A Vida é
mai importante que a Arquitetura”. O que ecoa também em Elis/Belchior: “Mas também sei que qualquer canto é menor
do que a vida de qualquer pessoa” em Como Nossos Pais, um clássico da MPB.
Estou fundando uma religião. Principal princípio:
Vida (assim com V maiúsculo mesmo) antes da morte. Basta de “cadáver adiado”
que procria ou não, conforme Fernando Pessoa sintetizou.
Deus é um fogo. Não podemos provar sua existência, mas
podemos sentir sua fumaça ( como nos terreiros de candomblé e umbanda). E todos
sabemos que onde há fumaça, há fogo.
A Prefeitura de Eduardo Paes resolveu dar ordem unida
aos ônibus da Cidade do Rio de Janeiro. São todos agora brancos . Asim eu que há uns 40 anos já estava acostumado
em distinguir ao longe as linhas circulares ( vermelho e branco), a linha 409/410
para Tijuca ( azuis), etc. ando agora me perdendo. Quando me dou conta o ônibus já está
passando pelo ponto. Outras pessoas comentam a mesma coisa. Como se não
bastasse trocaram números desnecessariamente. Não temos mais 571 e 572 (Glória-Leblon).
Seriam agora 161 e 162? O caos é total quando se tem fileiras de ônibus brancos
num ponto só. Quem planejou isto não entende nada de transportes e odeia os
pedestres. A cereja do bolo teria sido pintar os ônibus de azul barateia ou
verde oliva....Claro que o distintivo Cidade do Rio de Janeiro está impresso
nos ônibus fazendo marketing.
Há anos atrás um chefe numa avaliação me disse: “Você
é tímido”. Respondi de bate –pronto: “Eu
não sou tímido, eu sou intimidado”.
Quando tive minha primeira carteira assinada em
regime de CLT um item logo me assustou: “Em caso de dúvidas sobre segurança
pergunte ao seu capataz”(sic). Um grande avanço que nos foi concedido pelo
ditador Getúlio Vargas, segundo alguns
historiadores.
Leia também:
Nazismo à Brasileira –Renato Grandele- O
Globo-sábado 25.08.2012
“Com a conivência do governo de Getúlio Vargas,
nazistas chegaram a explorar até mesmo a Floresta Amazônica”
“A História é um Pesadelo do qual estou tentando
acordar”- James Joyce
Sou socialista democrático convicto. Não acredito em
nenhuma forma de capitalismo, brando, médio ou selvagem. Numa análise lacaniana
básica os capitalistas se entregam. Não há nada de humano na palavra
capitalismo. Já socialismo nos lembra o básico: somos seres sociais. Já comunismo
é outra onda na qual nunca surfei.
Quem ler meus contos de temática homoerótica já
incluídos no Blog ( com a ressalva que também há aqueles em que esta temática
não comparece) perceberá que procuro sempre articular “questões GLBT” com
corrupções dos mais variados graus. Minha maior perplexidade na vida é porque
vivo num país ( e no mundo todo?), em que de modo geral , com poucas exceções,
é tão homofóbico e machista , intolerante neste aspecto vital pra mim e
tolerante, submisso, subserviente, omisso, passivo e/ativo em relação aos
“mal-feitos” (sic), numa relação de servidão voluntária conforme enfatiza Étienne de La Boétie* ?
Uma dúvida atroz: haverá espaço ainda para a
construção de um Monumento aos Mortos de uma Terceira Guerra Mundial?
Mais uma prova de que o acróstico BRICS como “países
do futuro” é mistificador é o blackout para
670 milhões de indianos em dois dias seguidos( agosto/julho de 2012) em
20 estados dentre 28 da Federação. O Governo Federal culpou os estados por
excesso de consumo de energia elétrica. ....Será que ainda há alguém realmente
sério que acredite que PIB é um indicador apropriado para avaliar real
desenvolvimento?
“A mais triste nação na sua época mais podre
compõe-se de um grupo de linchadores”- Caetano Veloso em “O Cu do Mundo”.
Deve-se fazer Justiça aos réus do mensalão, mas acrescento: “ A mais triste nação
em sua época mais podre compõe-se de
grupos de pessoas que se lixam para a corrupção, sejam juízes ou “baixo clero”
que se embriaga com Olimpíada em Londres e/ou Futebol etc. (2/08/2012)
Anteontem morreu
o grande cineasta Cris Marker.
Ontem Gore Vidal, um escritor com E maiúsculo (seu romance “Juliano” é
um dos mais influentes em minha visão de mundo) .Outros grandes em suas áreas
também se foram nos últimos tempos. Enquanto isto tem várias criaturas por aí
com seus “sacos de maldades” “fazendo hora extra”, esticando-a. Deve ser
verdade mesmo que “vaso ruim não quebra.” ( 1/08/2012)
Policiais
federais ameaçam fazer operação padrão em fronteiras, portos aeroportos. Ou
seja, ameaçam seguir leis de operação para segurança ipsis
litteris , o que provoca transtornos. Isto é mais um sintoma do
surrealismo irresponsável brasileiro. Tudo se passa como se dissessem ao
governo: “Olha, atendam nossas reivindicações salariais, de efetivo etc. ,senão
cumpriremos as normas à risca conforme determina a lei. Quer dizer então que
cotidianamente em condições normais
trabalham na ilegalidade? Estas leis de operação conforme estão
esmiuçadas são realmente necessárias ou
precisam ser mudadas, para sairmos do ridículo impasse? ( agosto de 2012)
Perto de casa há um amplo tapume nos fundos de um hospital
onde deve ser proibido colocar cartazes há anos, mas a prática com o famoso
jeitinho brasileiro já vem de anos. Há cartazes lado a lado em disputa, havendo
sucessivas renovações. Assim observa-se um festival de anúncios de shows pela
cidade de A, B, C....na Lapa, na Barra, no Recreio, na Lagoa, no Centro etc.
Mas não se esclarece onde haverá o evento. Na Lapa pode ser Fundição Progresso,
Circo Voador, Bar Semente etc....Na Barra HSBS Arena, Citibank Hall etc. Na
Lagoa Miranda.... Assim temos um sintoma da sociedade brasileira metaforizado:
produtores fingem que cumprem a lei e pode público finge que fiscaliza. Como
disse Stanislau Ponte Preta: “Ou nos locupletemos todos, ou restauremos a
moralidade”.
Em termos de delito não vejo diferença entre camelôs que
vendem DVDs piratas para sobreviver e pessoas
da classe média ( incluindo a tal “emergente”) que faz downloads em casa, grava
em CDs, tira cópías e distribui para os amigos e a pessoas que se tornam amigas
( entenda-se aqui amizade não como aquela que é integra e verdadeira mas sim
aquela que é puro verniz social). Estes últimos passam a ser convidados para
festas, reuniões, ganham convites Vips, DVDs, camisetas e outros regalos. A
diferença maior mesmo é que os primeiros põem suas caras à tapa e trabalham com
dinheiro vivo. Os segundos operam em surdina e trabalham com escambo. Acredito
que seja desnecessário acrescentar, mas
não resisto: se tenho alguma simpatia e solidariedade nesta história toda é com
os primeiros....Com os segundos tenho feito cortes de escorpião, meu signo que
tem um arquétipo com o qual me identifico.
Não são apenas os Bolsonaros, Malafaias, uma porção de
evangélicos, católicos, grupos da família (sic) etc. que devem temer uma lei
anti-homofobia séria, bem feita e que seja realmente bem aplicada, (como a Lei
Afonso Arinos para os negros, a Lei Maria da Penha para as mulheres), não sendo
mais uma lei que “não pega” na sociedade brasileira. Algumas autoridades que
tem o poder de recomendação de filmes em cinema ou DVDs com cenas de
homoerotismo que imprimem o anátema “desaconselhável para menores de 16/18 anos
por conter cenas de desvirtuamento ético.” também deveriam ser enquadradas
nesta lei.
Eu sei que sou suspeito, pois com exceção de Copas do Mundo de futebol,
acompanhar esportes em que mídia for ou ao vivo me provoca profundo tédio. Mas
a impressão que tenho é que a máxima do espírito olímpico “O importante não é
ganhar e sim competir” está cada vez mais rara, se é que já não acabou de vez.
Deus: a metáfora de todas as metáforas.
Tédio, resultado do assédio do tempo sobre os sonhos.
Enquanto os pobres vêm e vão de vans (muitas clandestinas),
os ricos vão ao divã.
Viver é a arte de administrar o cobertor curto da existência.
É só nos descuidarmos por um lado que sentimos um frio na alma por outro.
Para quem quiser relaxar um pouco diante de tantas
questões colocadas sugiro, mui amigo, a visão deste filminho que Glauber Rocha
fez por encomenda de José Sarney: “Maranhão 66 “
Antes de chegar no Rio de Janeiro para trabalhar e
aqui me estabelecer até hoje, em janeiro de 1979, eu ouvia falar que a Lapa era
um dos bairros mais famosos do Rio, principalmente pelos sambas históricos e
seus Arcos. E assim continuei pensando, morando de início no contíguo bairro da
Glória. Não é que em 2012 surge a criação do finalmente oficial, pela prefeitura, do Bairro da Lapa, com
limites que vão até perto da Cruz Vermelha? O que esperar de uma cidade onde
isto acontece? Se não era um bairro era o que então? Se falassem em ampliação
do bairro eu entenderia, mas criação? O espírito de Madame Satã e até do Noel
de Vila Isabel, devem estar aturdidos
como eu, dentre outros.
Leitura afim:
Para mim o rock do anos 80 ( o chamado BRrock segundo
Artur Dapieve), o iê-iê-iê de Roberto, Erasmo e da Jovem Guarda, o samba, o
xote, o xaxado, o baião, a ciranda, o choro, o sertanejo, a milonga gaúcha, o
samba-enredo, a bossa nova, o
tropicalismo, o funk e rap das periferais, o mangue-beat etc., tudo é MPB ou
seja Música Popular Brasileira, onde as qualidades estarão nas músicas e não no
gênero, para não cairmos numa geleia geral de aceitarmos tudo com sendo bom. E
não é que ainda há premiações que separam discos de samba, pop e de MPB? Mais
popular e brasileiro que o samba impossível! É preciso sempre relembrar
Gilberto Gil: raiz é mandioca. Será que ainda temos Jotas Ramos Tinhorões na praça? O próprio é
um grande pesquisador da Musica Popular ( só ele mesmo para fazer uma História
neste sentido na Literatura Brasileira). Mas ele superpõem ideias marxistas a
sentimentos mais legítimos e íntegros, impalpáveis mas reais. Ele parece se
comunicar mais com a sociologia que
estudou do que com a própria alma. Descartava o genial Johnny Alf ( o grande
pai da Bossa Nova) só pelo nome
americanizado. Juro que li no JB. Não foi delírio meu. Tinhorão: “Gonzaguinha não passa de um Ari
Barroso” (sic). Sobre Elis escreveu que ele não entendeu Cartola em “Basta de
Clamares Inocência”, como se houvesse uma forma só de se interpretar Cartola.
Uma crítica de shows do JB, Maria Helena Dutra
chegou a escrever que “Conversando num Bar-Saudades dos Aviões da Panair era
“uma das piores canções de Milton Nascimento” (sic). E Sílvio Lancelloti um dos que mais detonaram
“Odara” de Caetano Veloso por
supostamente ser algo bastante alienante numa era de ditadura militar ( quando no fundo é um hino à alegria de
viver e dançar) que de crítico musical passou a ser crítico de gastronomia....E
pra terminar estes verbetes sobre MPB: reza a lenda que quando disseram que
Maria Bethânia desafinava as vezes ela declarou: “Mas se a gente desafina na
vida, por que é que não pode desafinar na música?
Do jeito que anda a Medicina hoje, conforme
acompanhamos pelos jornais e Michael Moore expôs muito bem com seu humor afiado
( necessário senão o filme ficaria doloroso demais ) em “Sicko-$O$ Saúde”, sobre
planos privados americanos que inspiraram planos de outros países ( Brasil
incluído), acredito que há médicos que fizeram não o juramento de Hipócrates, mas
para o “deus” Hipócritas mesmo.
Vamos
ao Cinema (com spoilers,detalhes adiantados para a análise pretendida)
Quando assisti em 2011 “Melancolia”(
Dinamarca/2011)de Lars Von Trier pela primeira vez não tive dúvidas: é uma
obra-prima do Cinema Mundial. Um clássico instantâneo. O que se confirmou numa
revisão. Não bastasse sua visão aguda do que é o universo da depressão ( como
já fizera em “Anti-Cristo”), ele nos conduz tanto a especulações
metafísicas com a uma visão do mundo
contemporâneo em derrisão, especialmente da Europa que parece estar a beira de
ser destruída pelo planeta Melancolia. Logo depois aconteceu o que já previa (
um filme superararia ainda mais “Melancolia”): assisti no Cinema cada vez mais
encantado e maravilhado quatro vezes “A
Árvore da Vida” de Terrence Malick, (EUA/2011), um filme deísta que aponta para várias
religiões mas não fecha com nenhuma. Isto irrita tanto materialistas
empedernidos como religiosos fanáticos que ficam desapontados por não
enxergarem no filme com mais ênfase a religião que cultuam. Mas aonde entra
“Melancolia” em “A Árvore da Vida” ( filmes complementares cuja simultaneidade
de lançamento mundial não foi por acaso).Ora, nos olhos tristes e desencantados
de Jack ( Sean Penn) tanto em elevadores de edifícios modernos, no ambiente de
trabalho, na relação fria dele com uma mulher separada, distante no leito etc.
É esta melancolia que o move à busca de resgate com o pai fanático religioso
Sr. O’Brien ( Brad Pitt, magnífico),músico frustrado que tentou impingir aulas
de música aos filhos, descartado do trabalho depois de anos de dedicação, como
algo agora imprestável,como tem acontecido neste nosso mundo de perversas
reengenharias . “Trabalhar Cansa” (Brasil-2011) de Juliana Rojas e Marco Dutra, também trata deste tema com um final tão
impactante e “lógico” dentro da narrativa quanto o de “Melancolia”, com o grito
primal animal de Marat Descartes, digno de qualquer antologia do Cinema,
fazendo a ponte entre tudo o que havia de estranheza com o que sai das vísceras
de um homem humilhado por gerência de recursos humanos nazista).
Jack é movido também à busca do Pai, da
transcendência. Considero muita arrogância quem assisti a estes três filmes tão
ricos, singulares e complexos (
principalmente o de Malick) uma única vez e já emite juízos definitivos. A
rigor toda obra de arte tem de ser assistida, lida, ouvida, contemplada mais de
uma vez. O que acontece com músicas que a princípio não nos seduzem, mas que
depois de outras audições tornam-se repertórios de nossas vidas, também vale
para todas as artes. O problema é que tudo agora é para ser rapidamente
consumido, inclusive cultura. Está aí o gigantismo tolo persistente do Festival
do Rio para confirmar isto ( Leia http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com.br/2010/12/consumir-cultura-e-um-bom-negocio.html e http://pelaluzdosmeusolhos.blogspot.com.br/2010/09/vem-ai-mais-um-festival-internacional.html
). Claro que há os fatores tempo, dinheiro, locomoção, oportunidade etc. que
conspiram contra esta atitude necessária . Se críticos de arte pudessem em
muitos casos não ter de dar respostas mais imediatas às mídias que os sustentam
creio que a História de todas as artes que temos como legado seria outra. Até
mesmo os ensaístas são afetados por estes fatores circunstanciais.
“A Árvore da Vida” ganhou a Palma de Ouro em Cannes
2011. Nas premiações de final de ano no mundo anglo-saxônico se destacou quase
que como unanimidade “O Artista” de Michel Hazanavicius, um filme simplesmente
muito bom, não havendo nada que o eleve ao patamar de clássico instantâneo. Até
mesmo a premiação de Jean Dujardin é questionável. Brad Pitt está magistral no
filme de Malick. É terno, cruel, fanático, pleno de fé, angustiado, opressor, sutil,
oprimido, rude, agressivo, castrador, com religiosidade “fora de lugar”, com uma
pletora de emoções das mais díspares. Já “Melancolia” recebeu o European Awards
de melhor filme europeu de 2011, dentre outros prêmios.
PS1 O Deus Cronos ( que come os próprios filhos ou
as horas ) está associado à
melancolia/depressão e ao tempo.
PS2 Cabala corresponde a “A Árvore da Vida”. Mas o
cabalismo se encontra em várias culturas, não apenas na judaica. Há judeus que
se apoiam simplesmente no Torá , mas há outros que incorporam o cabalismo como
o Rabino Nilton Bonder, que não por acaso escreveu “A Alma Imoral” que tanto
sucesso fez e ainda faz no monólogo com desempenho assombroso de Clarice
Niskier. O filme é uma viagem no tempo não cronológica que vai do Big-Bang a
Jack atravessando um portal onde encontra redenção e se regenera.
The End
&&&&&&&&&&&&&&
Quando uma regra passa a ter um considerável número
de exceções é por que nunca se tratou mesmo de uma regra. Pessoas por aí
ditando regras sejam estéticas, ideológicas etc. já são suspeitas e de certo
modo ridículas. Quando comparecem muitas exceções é algo mais ridículo ainda.
Muitos escritores relatam que houve pessoas
importantes na família que foram boas contadoras de histórias. No meu caso só minha querida mãe exerceu esta
função. Mas foi com limitações, pois havia muitas histórias interessantes exaustivamente
reiteradas. Assim, em retrospecto, o grande contador de histórias para mim foi
o Cinema, depois o Teatro e por fim a própria Literatura lida nestes anos
todos, aliados às histórias que se pode depreender de muita coisa da MPB ( Já
reparam que Lupicínio Rodrigues é além de tudo o mais, um grande contador de
histórias?) e as ditas reais, extraídas de jornais, revistas, docs., cursos livres feitos etc. Tudo isto é
ainda conjugado com experiência pessoais ( como incursões em cultos
afro-brasileiros) e observações
privilegiadas de outras pessoas ( incluindo artistas consagrados etc.). Este
amálgama influenciou muito meus escritos, muitos ainda fantasmas de gaveta que
estão clamando por arrombar cadeados.
Resolvido um problema de herança que se arrasta há mais de dez anos
terei capital próprio para bancar minhas edições impressas sem cortes de editores
em livros. Não me satisfaz ter textos só na web, que são só uma pequena parte
do que já tenho escrito. E mais esboços anotados não faltam para serem mais
trabalhados enquanto poemas, contos, crônicas de cinema etc. Mas não à
exaustão. Não tenho nenhuma vocação para busca de perfeccionismos como Flaubert
e João Cabral de Melo Neto tinham, por exemplo.
Wim Wenders tem um dos títulos de filme dos mais
interessantes: “O Medo do Goleiro Diante
do Pênalti”. Sempre que vou à Copacabana vejo sempre o mesmo filme: “O medo do camelô de DVDs piratas diante do “rapa”
“
A montagem recente de O Beijo no Asfalto de César
Rodrigues com Roberto Bomtempo é
excelente. É uma das grandes obras-primas de Nelson Rodrigues, onde um homem
atropelado agonizando pede a um estranho que o acode que lhe dê um beijo na
boca. Este ato poético de compaixão, generosidade será o estopim de uma
desagregação familiar, de uma tragédia. Há muito machismo, truculência
policial, sensacionalismo barato da imprensa, preconceitos que tecem ficções
como se fatos fossem. É atualíssima. Vertiginosa. Nelson não dá um ponto sem
nó. O texto não tem nada de datado. Foi escrito nos anos Jânio Quadros e sua
temporada de um ano e meio no Teatro Ginástico próximo à embaixada americana,
região palco de muitos conflitos de rua após a renúncia com o “Fi-lo-por-que-quilo”,
foi suspensa por segurança. Uma peça que foi escrita por encomenda para
Fernanda Montenegro fazer Selminha. Não vejo nela nada de homofobia de Nelson ao mostrar o perverso
sogro homossexual apaixonado pelo genro, corroído pelo ciúme. Não podemos
esquecer que o autor é um anjo pornográfico. Não podemos enxergar só o
substantivo ou o adjetivo. É nesta visão de mundo que Nelson desmascara grandes
hipocrisias sociais, sempre eivado de sórdida e pura poesia.
Leia
Existem os gays, lésbicas e bissexuais no armário.
Mas também existe os “homofóbicos no armário.”, ou seja, posam de liberais,
simpatizantes, amigos do pessoal GLBT mas é tudo puro fingimento. Na hora em
que algum desentendimento forte ocorrer ( um “Deus da Carnificina” de
Polanski/Yasmina Reza atacar....) , pode surgir com toda força o preconceito
enrustido ( “Seu viadinho filho da puta!”, por exemplo). De forma análoga
existe o racismo no armário. Pessoal GLBT e negros/morenos devem estar mais
alertas e precavidos.
O caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, mas
o mais bonito é uma curva bem sinuosa. As curvas do Pão de Açúcar são muito
mais interessantes que o caminho reto do bondinho.
Quando faço uma ligação e ouço: “Seu recado será
convertido em texto e enviado por torpedo” tenho vontade de puxar meu revólver.
Gosto muito da Língua Portuguesa, mas não ao ponto
de estar disposto a servi-la. Eu gosto de me servir dela para expressar o que
desejo/sinto. Minha pátria é minha língua até certo ponto.
Atenção bolsonaros, malafaias, crivellas, papistas e
congêneris! Tirem os espinhos que lançaram no meu caminho que eu quero e vou
passar com meu amor.
Prefiro muito mais ser mais um Ed Wood das Letras do
que um Orson Welles de maratonas culturais sublimadoras, excessivas, sem o
menor vestígio de criação artística.
Seriam os críticos de modo geral, estilistas de idiossincrasias?
Essa grande obsessão de muitas pessoas trazerem para
o tempo que passa, signos artificiais da juventude me cheira a mofo.
O que distingue filmes de arte que abordam sexo de
forma bem explícita (como “O Império dos Sentidos” de Nagisa Oshima,
“Intimidade” de Patrice Chereau, “Desejo e Perigo” de Ang Lee etc.) de filmes
pornôs é a carga de emoções em suas variadas formas. Os filmes que eu chamaria
de pornô ( sem nada de moralismo) seriam aqueles onde não haveria a menor
emoção nas relações explícitas ( além de
conter ângulos dos mais deploráveis em termos estéticos, onde se tem a
impressão de vermos um parafuso sendo apertado), acrescidos de um clima que
sugere mais uma prática de halterofilismo, uma ginástica vulgar. Estes me
entediam profundamente. Os primeiros me deixam aceso, quando não despertam
tesão. Sou um voyer. Mas um sofisticado voyer. Creio eu.
Não. Ele não vendeu a alma ao Diabo. Vontade não lhe
faltava. É que já tinha vendido à
Satanás.
Da mesma forma que dizem “quem não cuida da
política, a política acaba cuidando dele”, podemos dizer nós GLBTs que “quem
não cuida da religião, a religião acaba cuidando dele”. Eu, pelo menos, não
tenho a menor vocação, para a servidão voluntária à repressão dos meus desejos
mais íntimos e legítimos me submetendo a obscuros desígnios.
Quando leio num jornal que certo líder político está
em processo de fritura no Planalto, confirma minha impressão de que se tem
alguém na Caldeira do Diabo. Por pior ou melhor que seja um líder, se governado
por pessoas honestas, deve ser chamado
logo para conversas claras e objetivas e decisões superiores imediatas devem
ser tomadas. Frituras política me soam como atividades mafiosas homeopáticas no
mínimo, algo desprovido de noções éticas básicas.
“O deputado Arlindo Chinaglia, líder do
governo na Câmara, está em processo de fritura no Planalto.Não se sabe se
fritarão também suas guarnições no Ministério da Saúde e nas agências
reguladoras do setor.”- Elio Gaspari
O Brasil anda tão
mal que não sabemos mais nem quem é Luiza Erundina: aquela que desistiu de ser
vice de Haddad pela foto de Lula com Maluf ou esta que agora é vista em fotos
fazendo campanha para Haddad. Isto agora confirma o fio da suspeita que me
acometia: afinal Erundina deixou de ser vice por causa da foto, mas teria
continuado se estas costuras políticas tivessem sido feitas nos bastidores?
Este pragmatismo desvairado vai nos conduzir ainda a mais pragas e abismos.
Leituras afins:
Não concordo com
muita coisa a varejo que Arnaldo Jabor escreveu mais adiante. Ele continua
ignorando a privataria tucana, segundo aguda acepção de Elio Gaspari; não
comenta a compra de votos para reeleição de FHC; ignora o pé maldito do tripé
do Plano Real que são os juros
altíssimos que provocaram desendustrializaçao
no país etc. Mas no atacado Jabor está corretíssimo. E eu prefiro mil vezes
Jabor com suas hipérboles poéticas apocalípticas tucânicas do que o silêncio
conveniente das Marilenas Chauís que não publicam mais nada na chamada grande
imprensa, pois ela seria golpista. No atacado concordo em muito com Jabor e este
mundo descrito por ele me assusta bastante também, ainda mais sendo
homossexual, conhecedor do que podem fazer evangélicos fanáticos com as causas
GLBTs e outros “islâmicos”.
Mas uma luz no fim
do túnel chega, sem que seja a de um trem camuflado. Imperdível o artigo irretocável
de Francisco Bosco.
Ou o Rio de Janeiro
acaba com a cultura de VIPs com a fatia do Leão em espetáculos singulares (
como os de Peter Brook no Rio de
Janeiro) e a patuléia ignara, a choldra,
a chusma indócil que se estapeie pelas
sobras, este num caso mais agudo, dentre tantos outros, ou estes VIPs e
patrocinadores acabam com a Cultura do Rio de Janeiro.
Entreouvido no
Complexo do Alemão: “Meu filho, o que você quer ser quando crescer”. “Eu quero ser
VIP para arrombar bocas livres”.
Quando a barra
econômica pesa, muitos executivos despedem não quem realmente presta para o
trabalho, mas quem se presta a ....( vocês sabem.....).
O máximo de ironia é
estar sendo torturado na Ditadura Militar ou numa delegacia do novo milênio e
ouvir ao longe uma rádio tocando: “O melhor
lugar do mundo é aqui e agora”. Lembremos de Millôr: “A música é a única
arte que nos ataca pelas costas”
.
Para chegarmos até à
Arte podemos pegar os atalhos do coração, mas para atingir a Ciência não há
como evitar os caminhos ásperos da razão.
Existe algo de muito
errado em um mundo onde o que muitos homossexuais mais desejam receber de forma
natural e legítima é por muitos dirigidos a outros em momentos de raiva extrema
como se prazer e legitimidade nesta intimidação
não existissem e sim vergonha. Ora, vão
tomar cuidado com frases tolas!
A grande genialidade
de Nelson Rodrigues está em captar o que há de mais irracional nos sentimentos
e relações humanas, dostoievskianamente,
com a maior clareza e “lógica narrativa possível”, com histórias que fluem como
água no torvelinho do ralo.
Há intelectuais que
citam Adorno só para adornar suas pensatas.
O meu suposto niilismo
é apenas um chiste diante do abismo: “A mim, não me tragas não”.
Acreditando estar
pleno de altruísmos no fundo estava vazio com seus truísmos banais, simplistas,
conformistas.
Quando alguém
diz/escreve que acabaram todas as ideologias, esquece-se de que esta afirmação
já é uma ideologia. O verso mais preciso de Cazuza seria: “Eu quero uma
ideologia decente para viver”.
Brasil, de1500 ad aeternitatem : “Desculpem o transtorno.
Estamos em obras.”
Um dos quesitos
para não sermos hipócritas é termos um razoável discurso teórico comprovado por
nossa prática. Coerência total é impossível. Lembremos que aquele que disse
“Amai-vos uns aos outros”, perdeu a paciência, com toda razão e expulsou com
açoites os vendilhões do templo.Mas acrescento: há incoerência perdoáveis e outras
nem um pouco.
Ampliando Bertold
Brecht: “Primeiro comer depois a moral”. Para os políticos eleitos, primeiro a
moral ,depois pensar /agir sobre com dar de comer aos famintos.
Ah!Meu
sacro-santo! Quanto pendor tenho para confundir/fundir o sagrado pelo/com o
profano.
Para uns Deus é
um delírio. Para mim é um colírio para as infecções das janelas da minha alma.
Não perca por
nada o lançamento em DVD de “Elvis e Madona” de Marcelo Laffitte. O filme seria
assinado por Pedro Almodóvar sem nenhum favor. Só que sai a Espanha e entra o
Brasil pela ótica de Copacabana. O conceito de “de perto ninguém é normal” ou
seu equivalente “de perto todo mundo é normal” almodovariano encontra sua
melhor expressão aqui, dentro da História do Cinema Brasileiro. Em suma
trata-se de uma grande história de amor ( improvável?) entre uma lésbica
fotógrafa que ganha a vida entregando pizza Elvis ( Simone Spoladore, esplêndida)
e um travesti que vive como michê e sonha em fazer um grande show, Madona ( Igor Cotrin, não menos esplêndido). Tudo no
filme é excelente: direção, fotografia, roteiro ( premiado no Festival do Rio),
atores principais e coadjuvantes, montagem, música. Os críticos estrangeiros
que trabalham no Brasil deram prêmio este ano de interpretação aos dois atores
principais, algo mais do que justo, o que me espanta não ter acontecido em
outras premiações. A história caminha de forma vertiginosa até um desfecho
arrebatador. Marcelo Laffitte precisa ser descoberto pela produtora El Deseo de
Pedro e Agustin Almodóvar, que já produziu filmes de Lucrecia Martel. O filme
passou batido pelo circuito de cinemas. Mas o vi três vezes, maravilhado. É um
show de humanidade e humor, às vezes negro. O roteiro vive de dar rasteiras no
comodismo e preconceitos do público médio. Espera-se que o filme encontre
melhor o público de modo geral em seu lançamento agora em DVD. Como os de
Almodóvar não é filme de gueto.
Nelson de Souza- nome
de batismo
Nelson Rodrigues
de Souza- nome artístico, incorporando o Rodrigues de minha mãe.